━ 032.
🏹 - olivia castro's point of view
Já havia três semanas que eu estava no Brasil e ainda não tinha me adaptado, mesmo sendo brasileira. Em alguns lugares, eu até errava o idioma e acabava por falar espanhol ao invés do português.
Eu reencontrei uma amiga de infância, Stella, e ela tem me ajudado a procurar pelo meu pai biológico, ela também me contou que o meu padrasto havia se mudado para São Paulo faz quase um ano e desde então não apareceu mais em Porto Alegre, que é onde eu nasci e fui criada e onde estou morando agora.
Eu não contei a Stella o motivo de ter voltado, mas confesso que pensei se deveria e o que ela acharia depois disso. Todo santo dia eu sinto falta de Pablo e aquilo me tortura demais, porém eu tento sempre me convencer de que o que eu fiz foi para o bem dele.
─ Ei, gostei da camisa... parece... masculina? ─ Stella disse me conferindo.
─ Ahn... a loja disse que era unissex. ─ Menti. Era uma camisa de Pablo.
─ É linda de qualquer forma. ─ Ela disse e eu abri a porta do carro.
─ Obrigada. Então, o que você conseguiu? ─ Lhe perguntei.
─ Minha irmã topou, ela não vai mais poder ficar... então você está com sorte. ─ Ela disse.
─ Sério? ─ Perguntei animada e ela assentiu antes de dar partida no carro.
─ Sim, a loja é sua. E o aluguel é bem baratinho, juro. ─ Ela disse e eu bati palmas em empolgação.
─ Não sei nem como te agradecer pelo que fez por mim. ─ Eu disse e ela sorriu.
─ Me paga um almoço que fica tudo certo. ─ A loira disse me fazendo rir.
─ Sorte a sua que eu estava pensando mesmo nisso... ─ Eu disse ainda rindo.
Nós pedimos um almoço e fomos comer na casa dela, estavamos colocando nossos pratos quando o telefone tocou com um número desconhecido e eu atendi.
─ Alô? ─ Perguntei e eu ouvi um chiado.
─ Olivia? ─ Ouvi a voz que balançava com o meu coração. ─ Oli, se você estiver aí, me responde, por favor. ─ Ele disse, sua voz era de súplica.
Mas eu rapidamente desliguei a ligação, com os meus olhos já marejados. Stella não estava entendendo nada, entretanto correu para me abraçar e tentar me acalmar. Alguns minutos depois, eu contei por cima a minha história com Pablo, tendo coragem de mencionar até mesmo o plano sobre o meu visto.
Ela obviamente ficou chocada, mas não me julgou e entendeu o porquê que eu não queria falar com Pablo, eu ainda estou totalmente confusa e ela tentou me animar falando sobre a loja durante o almoço.
Stella era uma boa amiga e eu senti saudade de conversar com ela desde que fui embora e sei que a abandonei de certa forma, mas ela foi a única a me ajudar na época em que meu padrasto me aterrorizava.
─ Eu até te comprei um presentinho. ─ A loira disse.
─ Stella, não precisava. ─ Eu sorri de leve quando ela me veio com uma sacolinha.
─ Precisava sim, você adorava quando éramos mais novas. ─ Ela disse e eu abri a sacola encontrando uma caixa.
─ Ah não... ─ Arregalei os olhos. ─ Era nosso perfume favorito. ─ Eu disse rapidamente me livrando da embalagem.
─ Será que o cheiro continua o mesmo? ─ Ela perguntou e eu abri a caixa.
Espirrei a fragrância no meu pulso e ela cheirou antes de mim sorrindo em seguida, logo eu fiz o mesmo, mas no instante seguinte senti meu estômago embrulhar.
Coloquei a mão na boca causando uma expressão estranha na loira, senti que tudo o que comi iria voltar e corri pro banheiro colocando tudo pra fora.
─ Oli, você está bem? ─ Stella bateu de leve na porta.
─ Sim. ─ Respondi, mesmo não sendo verdade.
Passei alguns minutos naquele banheiro pondo pra fora e quando me olhei no espelho percebi que estava pálida, lavei meu rosto e boca e abri a porta do banheiro vendo Stella preocupada encostada na parede do corredor.
─ Graças a Deus, o que houve com você? ─ Perguntou me guiando para a sala.
─ O cheiro do perfume revirou todo o meu estômago. ─ Eu disse e ela passou álcool no meu pulso afim de se livrar do cheiro.
─ Que estranho, você gostava tanto dele. ─ Ela disse e eu concordei.
─ Não entendi também. ─ Eu disse e ela tirou a caixa do perfume de perto.
─ Amiga, será que foi a comida? ─ Perguntou cheirando o prato.
─ A comida é fresca, Stella, não entendo... ─ Eu disse levantando pra tomar um ar.
─ Se não foi a comida, eu acho que só tem uma opção. ─ Ela disse e eu a encarei sem entender.
Ela saiu da sala enquanto eu estava na janela, alguns minutos depois ela voltou com uma caixinha nas mãos que eu só reconheci ao ver uma moça grávida na embalagem. Neguei com a cabeça e ela me entregou a caixinha.
─ Faz, só para tirar a dúvida. ─ Ela sugeriu.
─ Eu estava me cuidando, Stella. Não estou grávida do Pablo. ─ Eu disse soltando uma risada nervosa.
─ Camisinha? Pílula? Injeção? Nada disso é cem por cento seguro, Oli... ─ Disse me empurrando levemente de volta pro banheiro.
Eu estava quase tremendo de tanto medo, mas no fundo sabia que Stella estava certa, fiz o processo do teste de gravidez e enquanto esperava eu fiquei olhando minha barriga no espelho.
Não via nada, nenhuma alteração e nada que indicasse uma gravidez, mas confesso que isso me fez lembrar da conversa que tivemos no dia do jantar sobre filhos... Meus pensamentos sumiram quando meu alarme tocou indicando que já haviam passado os minutos que informava no teste.
Peguei-o e minhas mãos tremiam até aquilo chegar ao alcance dos meus olhos com palavras escritas, que me assustaram completamente.
Grávida, 4 semanas.
•••
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