05 | aventure.
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── ATO UM
Estávamos todos reunidos na frente da abertura do labirinto, cada um lutando contra o medo que se instalava em nossos corações ao pensar na possibilidade de perder mais dois de nossos clareanos. Pelo menos era isso que eu sentia desde o momento em que soube que Alby e Minho haviam entrado. A ansiedade e o mau pressentimento me corroíam por dentro. Por que a demora? Eu simplesmente não entendia.
— Gente, não podemos mandar ninguém atrás deles? — Thomas quebrou o silêncio, sua voz carregada de inquietação. Ele parecia não conseguir ficar parado, suas mãos apertando e soltando nervosamente a barra de sua camisa.
— É contra as regras. Ou eles voltam pra cá, ou não voltam. — Respondeu Gally, sua voz fria e distante, sem sequer olhar para Thomas. Seus olhos estavam fixos na abertura do labirinto, como se tentasse encontrar o paradeiro dos dois.
— Não podemos arriscar perder mais alguém. — Newt concluiu, cruzando os braços e lançando um olhar severo para o moreno.
Bufei, a frustração tomando conta de mim. Comecei a me aproximar da entrada, minha mente já formulando planos de como poderia entrar e procurar por eles.
— É a regra, mas se eles não voltarem, eu vou entrar. Não vou arriscar perder mais dois. — Declarei, virando-me para encarar os garotos, minha voz firme.
Antes mesmo que eles pudessem rebater, o som das engrenagens começou a ecoar pela clareira, aumentando a cada segundo. Todos que antes estavam sentados pelo cansaço da espera, levantaram-se abruptamente. O chão parecia tremer levemente, e a poeira subia em nossa direção com o vento, impulsionada pela força das paredes cinzas que começavam a se mover.
— Ai não... — Chuck murmurou baixinho, quase inaudível.
Senti minha respiração sumir, enquanto meu coração acelerava mais. As portas estavam fechando, e se Alby e Minho não chegassem a tempo, estariam sujeitos a passarem uma noite lá dentro. Eu não podia aceitar isso.
— Eu vou entrar. — Avisei, começando a caminhar em direção ao labirinto. Mas antes que pudesse dar mais um passo, senti uma mão agarrando meu pulso com força. Olhei para trás e vi que era Gally, seus olhos arregalados de preocupação.
— May, você sabe que é perigoso. Está fechando! — Ele explicou, praticamente gritando, sua voz carregada de desespero.
— Não vou deixá-los lá! Eu não posso perder mais ninguém. — Respondi no mesmo tom, minha voz tremendo com a urgência de correr para dentro e procura-los.
De repente, a voz de Thomas tomou nossa atenção. Olhei para ele e o vi apontando para dentro do labirinto, seus olhos fixos em um ponto específico.
— Lá! — Gritou, parecendo surpreso e aliviado ao mesmo tempo.
Em uníssono, viramos nossos olhares para onde ele apontava. Meu coração se apertou ao ver Minho virando uma curva, com Alby pendurado em seus ombros. A princípio, estranhei a imobilidade de Alby, mas achei que era apenas pela distância que estava me impedindo de ver claramente.
Os gritos começaram a se espalhar, cada um de nós tentando motivar Alby e Minho a chegarem até nós. As palavras se misturavam em um grito coletivo, como uma prece desesperada.
— Anda logo! Vocês conseguem! — A voz de um dos garotos, carregada de tensão, ecoou pelo local. Outros se juntaram, suas vozes se entrelaçando em um coro frenético. O som era quase ensurdecedor, mas parecia inútil frente as circunstâncias.
A abertura do labirinto estava quase completamente fechada. O som das engrenagens girando era um estrondo metálico que preenchia o espaço. Minho, com os olhos fixos na saída, tropeçou. Seu corpo se estendeu para frente em um movimento desajeitado, e ele caiu pesadamente no chão, arrastando Alby consigo.
A cena se desenrolava diante de meus olhos em uma sucessão de movimentos lentos e angustiantes. Minho olhou para nós com um olhar carregado de resignação e desespero, seus olhos encontrando os nossos por um breve momento.
O tempo parecia ter desacelerado. Minhas mãos tremiam descontroladamente, e a sensação de urgência tomou conta de mim com uma intensidade esmagadora.
Eu não ouvia mais nada além do zumbido constante em meus ouvidos. Meu coração batia fortemente no peito, e cada movimento parecia estar envolto em uma camada de lentidão. Meu objetivo era claro e singular: alcançar Minho e Alby antes que a porta se fechasse completamente.
Somente quando meus joelhos se chocaram contra o chão duro, e a dor intensa me fez acordar de um transe, percebendo o quão arriscada havia sido minha atitude. Minha visão estava turva, como se tivesse saído de um pesadelo, e o zumbido constante havia desaparecido, substituído pelo som definitivo da porta se fechando completamente e pela minha respiração irregular.
Levantei a cabeça lentamente, minha mente ainda tentando processar o que estava acontecendo. Encarei Minho, que me olhava com os olhos arregalados, mas logo desviou o olhar para um ponto atrás de mim.
— Parabéns, vocês acabaram de se matar. — A voz de Minho soou com um tom de deboche e desdém. Ele inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, exausto, enquanto tentava controlar sua respiração.
Arqueei as sobrancelhas, confusa com a palavra "vocês". O que ele queria dizer com isso? Lentamente, com uma sensação crescente de apreensão, virei meu pescoço para trás e arregalei os olhos. A surpresa se misturou com uma raiva ardente em meu peito, ameaçando explodir.
— Mas que porra você está fazendo aqui? Você é maluco? — Gritei, levantando-me com rapidez e indo até Thomas. Agarrando a gola de sua blusa, puxei-o para mais perto, minha raiva crescendo a cada instante. Meu coração batia forte, e a adrenalina ainda corria pelas minhas veias.
— Você entrou... Eu... — Thomas gaguejou, sua voz cheia de desespero enquanto tentava encontrar palavras. Seus olhos passavam nervosamente entre meus olhos e minha boca, como se procurasse uma maneira de justificar sua presença ali.
— Você não entende, né? Tudo o que Alby disse para você, você simplesmente não entende! — Minha voz estava carregada de frustração, a raiva pelo descuido e a gravidade da situação transbordando em cada sílaba.
Estava assustada, o medo crescente me dominava. Ver Thomas ali parecia ter desencadeado uma onda de pânico que eu não conseguia controlar. Uma parte de mim não aceitava a ideia de colocá-lo em risco dessa forma.
Com um gesto brusco, soltei o mesmo e o empurrei para o lado, avançando em direção a Minho e Alby. Meu coração se apertou ao ver Alby desacordado, com um machucado visível na cabeça.
Com as mãos trêmulas, peguei o pulso do moreno e verifiquei seus batimentos. Uma onda de alívio me invadiu quando senti o ritmo fraco, mas constante, do seu coração. Levantei o olhar e encarei Minho, que ainda estava com os olhos fechados. Caminhei até ele, me agachando à sua frente com preocupação.
— O que houve com ele? — Perguntei, minha voz carregada de repreensão. Minho me encarou imediatamente.
— O que parece que aconteceu? Ele foi picado. — Minho respondeu com um tom grosso, desviando o olhar para longe, como se não pudesse suportar a culpa que estava sentindo.
Respirei fundo, lutando para manter a calma. O nó se formava na minha garganta, um nó de angústia que dificultava minha respiração. Tentava organizar meus pensamentos.
— O que aconteceu com a cabeça dele? — Thomas perguntou, sua voz cortando o silêncio tenso. Foi então que percebi que ele estava ao lado de Alby, observando a cena com uma expressão preocupada.
— Eu fiz o que precisava fazer. — Minho respondeu, sua voz agora mais baixa, quase um sussurro inaudível.
Um silêncio tenso pairou sobre nós, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos, enquanto o peso da situação se instalava. De repente, um barulho inesperado nos fez estremecer, e um espasmo de susto escapou dos meus lábios. Era um som que eu conhecia muito bem, e que odiava com todas as minhas forças.
— Me ajudem a levantá-lo. — Thomas disse rapidamente, a urgência em sua voz me tirou do estado de choque. Levantei-me e fui até ele, ajudando a erguer Alby com dificuldade. Colocamos um dos braços de Alby sobre meu pescoço e o outro no pescoço de Thomas, os músculos tensionados pelo esforço.
— Temos que ir. O labirinto já está mudando. — Minho disse, começando a caminhar. Não conseguia acreditar no que ele estava cogitando fazer.
— Depois de tudo o que ele fez pela gente, você vai mesmo deixá-lo para trás? — Minha voz saiu trêmula, era como se as palavras tivessem escapado sem eu perceber. Minho parou abruptamente, o peso das minhas palavras o atingindo em cheio. Ele virou-se lentamente para me encarar por breves segundos.
Não sei quanto tempo havíamos andado, mas sabia que foi o suficiente para deixar nós três ofegantes e exaustos. O ar parecia pesar em nossos pulmões, e cada passo era um esforço monumental, como se o solo estivesse conspirando contra nós, tentando nos prender em sua implacável gravidade. O suor escorria por nossos rostos, misturando-se com a sujeira e o cansaço.
Minho e Thomas carregavam Alby. Insistiram que não era para eu segurar tanto peso, mas sabia que estavam apenas tentando ser gentis. A cada passo, eu podia ver o esforço em seus rostos, as veias saltadas em seus pescoços, e os músculos tensionados sob o peso de Alby, que, apesar de inconsciente, parecia mais pesado a cada momento.
Eu guiava ambos, os dois me seguindo em silêncio, de vez em quando soltando gemidos de desdém pelo peso do corpo de Alby, que, querendo ou não, tinha um porte grande.
— Meninos, deixem ele sentado aqui. Descansem um pouco. — Falei, apontando para o lugar onde deveriam colocá-lo. Assim fizeram, ambos soltando um suspiro de alívio ao se livrarem do peso. O som de seus suspiros parecia quase um grito no silêncio ao nosso redor.
Notei Thomas se sentar ao lado do corpo desacordado, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto tentava recuperar o fôlego, já Minho andava de um lado para o outro, visivelmente inquieto. Seus passos rápidos e irregulares denunciavam sua ansiedade.
— Ei, fica tranquilo. — Tentei amenizar seu pânico, mas sabia que não ia adiantar. Minha voz soou mais fraca do que eu pretendia, a exaustão me roubando a firmeza.
— É fácil pra você falar já que já passou uma noite aqui. — Respondeu afiado, o medo exposto em seu tom. Revirei os olhos, sentindo raiva por ele descontar sua frustração em mim, mas resolvi ignorar.
Encostei-me na parede para me recuperar da caminhada extenuante, sentindo a aspereza da pedra fria contra minhas costas. O mesmo som familiar ecoou, e olhei ao redor, atenta à sua origem. Notei Minho começar a caminhar mais rápido, cada vez mais agitado, seus olhos arregalados e a respiração pesada.
— Isso não vai funcionar! Temos que ir! — Ele falou, e Thomas imediatamente o encarou.
— O que? O que você está falando? Precisamos esconder ele! — Thomas disse, começando a se desesperar.
— O que!? Onde? — Minho gritou, no ápice de sua paciência. Um grito de socorro disfarçado de raiva.
— Eu não sei, Minho! Pensa... Vai me dizer que não tem um lugar seguro pra deixar ele?! — Thomas respondeu, seus punhos cerrados, e eu podia ver a tensão nos músculos de seu pescoço.
Foi quando Minho grunhiu de raiva e avançou em Thomas, empurrando-o contra a parede e segurando com força sua gola. O impacto fez um som surdo, e por um momento, tudo que eu podia ouvir eram suas respirações pesadas e o som de tecido se esticando.
— Olha aqui, seu mértila, tá bom? Olha à nossa volta, não temos pra onde ir! — Antes que ele pudesse continuar, empurrei seu braço para longe de Thomas, fazendo com que ambos me olhassem. Minho, entendendo o recado, se afastou, seu peito subindo e descendo rapidamente.
— Eu acho melhor você começar a se controlar. Estou falando sério. Todos nós estamos no mesmo barco, não está vendo? Agora use seu cérebro e nos ajude a achar algum lugar. — Minha voz era um sussurro cortante, minha paciência se esvaindo. Estava próxima do asiático, enquanto meu dedo indicador estava apontado para seu rosto.
— Vocês não entendem... Nós já estamos mortos! — Minho respondeu baixo, de forma debochada, e eu bufei.
— Se eu sobrevivi, vocês também sobrevivem. Pare de ser tão orgulhoso! — Respondi firme, virando-me e olhando ao redor, no objetivo de encontrar algo que pudesse servir para esconder Alby. Meus olhos vasculhavam o ambiente desesperadamente, passando pelas paredes ásperas, até que finalmente pararam em um lugar específico.
Era uma parede coberta por uma densa rede de trepadeiras, seus ramos entrelaçados formando um manto verde que ocultava quase toda a superfície. A visão me deu uma ideia genial.
Minhas mãos estavam em carne viva, os cortes profundos marcados pela força com que agarrava as trepadeiras, ajudando os meninos a erguer o corpo inerte de Alby. Cada puxão enviava ondas de dor através dos meus dedos, mas a urgência da situação sobrepunha-se a qualquer sofrimento físico.
— Um, dois, três... — Contei, a voz trêmula com o esforço, e com um impulso sincronizado, puxamos novamente a trepadeira, erguendo o corpo de Alby mais uma vez, seus braços e pernas balançando pesadamente.
De repente, um som cortante e horrível rasgou o ar, ecoando pelas paredes de pedra. Era um som metálico e gutural que fazia o sangue gelar nas veias e os músculos se contraírem involuntariamente. O verdugo estava próximo. Ficamos todos paralisados, como estátuas esculpidas pelo medo
Minho foi o primeiro a recuperar o movimento, seus olhos arregalados refletindo o pânico. — Temos que ir, agora! — sussurrou com urgência, o medo evidente em cada sílaba.
— O quê? Não, não, não. — Exclamei, o desespero crescendo dentro de mim. Sabia que apenas Thomas e eu não conseguiríamos suportar o peso de Alby.
— Temos que ir. — Repetiu Minho, enquanto seu corpo estava levemente inclinado, encarando algo ao longe com pavor.
— Minho, fica com a gente, só mais um pouquinho. — Thomas praticamente implorou, suas mãos tremendo enquanto tentávamos, mais uma vez, levantar o corpo de Alby.
— Desculpa, May. — Foi a última coisa que Minho disse antes de soltar a trepadeira e começar a correr, seus passos rápidos ecoando enquanto se afastava.
Meu corpo e o de Thomas escorregaram, caindo no chão com uma brutalidade que tirou o fôlego. Mesmo assim, não soltamos a trepadeira, nossas mãos entrelaçadas numa tentativa desesperada de não deixar Alby cair.
Um gemido do verdugo reverberou pelo ar, cada vez mais perto. Sentia minha respiração descontrolada, o pânico ameaçando me consumir.
— Mavie, foge. — Thomas falou, sua voz trêmula de medo, virando o pescoço para me encarar. Estávamos tão próximos que podia sentir o calor de sua respiração.
— O quê? Não! — Exclamei, arregalando os olhos em incredulidade.
O som das garras metálicas se aproximava com uma intensidade insuportável, e meu pavor crescia a cada instante. Eu olhei para trás e, como um milagre, avistei uma pequena abertura nas densas paredes cinzas. Com um esforço desesperado, arrastei meu corpo em direção à fenda, minha respiração ofegante e meus movimentos apressados. Thomas, com a mesma expressão tensa, me seguiu rapidamente, seu olhar fixo no mesmo ponto de fuga.
Meu corpo estava quase sobre o de Thomas, já que ajudava a segurar a trepadeira, meus cotovelos apoiados em seu peitoral que se movia descontroladamente com cada respiração ansiosa. O espaço era tão apertado que nossos corpos se comprimiam um contra o outro, criando um contato próximo e desconfortável, mas vital para nossa sobrevivência.
De repente, paramos de respirar, o medo nos paralisando. Encarei Thomas, nossos olhos se encontrando em um silêncio carregado de terror. O som das garras de metal arranhando o piso na curva onde estávamos escondidos preenchia o ar, cada batida um lembrete da proximidade do perigo.
Sentia a dor latejante em minha mão, o pulsar intenso sugerindo que provavelmente amanheceria roxa, mas não me importava. Meu foco estava inteiramente voltado para o som ameaçador que se aproximava. Desviei o olhar de Thomas quando percebi que a criatura estava passando bem ao nosso lado. A sombra monstruosa se movia com uma agilidade aterrorizante, suas garras batendo no chão.
Finalmente, o som começou a se afastar, mas a tensão não diminuiu. Estávamos paralisados, nossos corpos imóveis como se uma simples movimentação pudesse atrair a atenção do bicho.
Estranhei quando Thomas saiu da abertura, fazendo-me soltar a trepadeira com um gesto brusco. Sem hesitar, ele segurou o peso sozinho, com um esforço visível. Observando-o, vi-o amarrar a trepadeira a um pedaço de madeira que havia encontrado e, rapidamente, saí do esconderijo, levantando-me e escaneando o ambiente ao redor em busca de possíveis ameaças.
Thomas, com força e urgência, confirmou se o corpo estava seguro, e quando teve certeza, me encarou em silêncio. Eu o olhei de volta, confusa e perdida, sem saber qual seria nosso próximo passo. O silêncio foi interrompido por um gemido do verdugo, que fez um espasmo de susto escapar de meus lábios. Thomas, com rapidez, agarrou minha mão e me puxou para uma curva, pressionando-me contra a parede e cobrindo minha boca com a mão para abafar a respiração ofegante. O verdugo estava se aproximando.
Podíamos ouvir o bicho se movendo lentamente, como se estivesse vasculhando cada canto em busca de presas. Meus olhos estavam fixos nos de Thomas, que me encarava com um medo evidente.
Após alguns segundos intermináveis, o som das garras metálicas começou a se distanciar. Com agilidade, retirei a mão de Thomas da minha boca e me inclinei para verificar se o animal realmente havia ido embora. Olhei para cima e vi que Alby ainda estava no mesmo lugar, ao que parece, seguro.
Comecei a andar de volta, mantendo a vigilância ao redor e tentando ouvir qualquer sinal de perigo. O silêncio era total, aumentando minha ansiedade. Thomas estava logo atrás de mim, e continuei a avançar até que, de repente, senti algo gosmento sob meus pés. Levantei a perna e vi uma substância viscosa grudada na sola do meu cuturno. Olhei para Thomas com uma pergunta silenciosa, que sabia que ele não poderia responder.
Então, percebi um líquido amarelado e gosmento caindo sobre seus ombros, igual ao que estava embaixo dos meus pés. Quando me dei conta do que estava acontecendo, já era tarde demais. Thomas olhou para cima, e seus olhos se arregalaram em horror. O animal estava caindo do teto com uma força brutal, e o som do impacto foi seguido por um rugido ensurdecedor. O moreno soltou um grito abafado, enquanto eu sentia um déjà vu perturbador que preferi ignorar naquele momento.
Entrelaçando minha mão na de Thomas, puxei-o para começar a correr. O bicho estava logo atrás de nós, seus passos pesados e ameaçadores ecoando na perseguição frenética. Corríamos lado a lado, com a adrenalina impulsionando nossos movimentos, enquanto o monstro se aproximava, ameaçando nos alcançar a qualquer momento.
Viramos uma curva abruptamente, nossas mãos se soltando com o movimento. Um grito de surpresa escapou de mim quando nos deparamos com o animal logo a nossa frente. Suas garras metálicas reluziam ameaçadoramente, e por um instante, senti o frio da lâmina passar muito perto de mim. Thomas, com um reflexo rápido, agarrou minha cintura e me puxou para outra curva, nos lançando novamente na corrida.
— Não pare! — Ele gritou com urgência, a voz carregada de pânico.
De repente, chegamos em um beco sem saída, com paredes ao redor, e nenhuma delas oferecia uma rota de escape. O desespero tomou conta de nós e paramos bruscamente, olhando ao redor em busca de uma solução.
— Droga... — Thomas resmungou, a frustração clara em sua voz. Percebi que o verdugo estava perigosamente perto, seus passos pesados reverberando nas paredes estreitas.
Sem pensar duas vezes, puxei Thomas comigo, minha mente acelerada tentando encontrar uma saída. — Nas trepadeiras, vamos! — Gritei, e sem hesitar, corri para a parede, agarrando as trepadeiras com toda a força que me restava. O esforço era extenuante, meu corpo se esforçando para subir enquanto a adrenalina me dava uma sensação de quase vertigem.
Thomas me seguiu, suas mãos se juntando nas trepadeiras enquanto ambos lutávamos para elevar nossos corpos. Meu coração batia descontrolado, e uma leve tontura me invadia devido ao excesso de adrenalina. O bicho, furioso, começou a tentar nos prensar, suas garras arranhando as paredes e ecoando com um som ameaçador, um sinal de que não estava disposto a nos deixar escapar facilmente.
Agradeci mentalmente ao conseguirmos subir para a parte superior da parede, mas a sensação de alívio foi momentânea. O animal estava logo atrás de nós, e o chão quebrado diante de nós oferecia apenas uma única saída.
— Thomas, pula! Encontre uma forma de descer e procure Minho! — Ordenei, Thomas, com os olhos arregalados de terror, compreendeu a urgência e saltou para a outra superfície com uma rapidez desesperada.
Voltei minha atenção para o bicho, que estava parado, e preparando-se para atacar. O terror era palpável enquanto a criatura tomava impulso.
— Mavie, pula! — Thomas gritou, a confusão estampada em seu rosto ao me ver imóvel. Seus olhos imploravam, mas eu mal conseguia registrar suas palavras. A criatura diante de mim ocupava todo o meu campo de visão, bufando furiosamente.
Quando o monstro começou a avançar em minha direção, meu corpo reagiu com uma precisão instintiva, quase sobrenatural. Sem hesitar, mergulhei para baixo, rolando para debaixo da criatura. Senti o toque gelado do metal de seu corpo contra minha pele e a pressão esmagadora enquanto ele passava por cima de mim.
Assim que o verdugo se afastou, libertando-me de sua presença opressora, aproveitei o momento e corri na direção oposta. O monstro, confuso e furioso, girava em círculos, seus olhos ferozes buscando meu rastro. Um rugido ensurdecedor irrompeu de sua garganta, reverberando pelas paredes e fazendo o chão tremer.
Corri de volta para a parede onde tínhamos subido, meu coração batendo freneticamente, cada pulso ecoando em meus ouvidos. Lancei-me para baixo com uma urgência desesperada, utilizando as plantas trepadeiras como apoio. Bufei impaciente ao perceber que ele já havia notado minha estratégia e começava a me seguir, suas garras arranhando a parede com um estrondo.
Com um salto desesperado, lancei-me para baixo quando a distância parecia segura. O impacto foi brutal, arrancando de mim um gemido de dor, mas não havia tempo para lamentações. Ignorando a pontada aguda que percorria meu corpo, ergui-me imediatamente e disparei pelos corredores. O som dos passos pesados do verdugo ecoava atrás de mim, cada batida ameaçando me alcançar.
Virei bruscamente para a direita, correndo como se minha vida dependesse disso – e dependia. O labirinto ao meu redor era um emaranhado de paredes altas e sombrias, e eu conhecia bem o setor 6. Sabia que, ao avançar, as paredes mudariam de cor para um cinza mais desgastado, indicando minha proximidade com o setor 4.
O monstro não desistia, avançava faminto com uma fúria descontrolada. Mas eu corria com uma determinação implacável, o fogo da sobrevivência queimando em minhas veias. Afinal, já havia tirado a vida de alguns deles antes. Então, por que não adicionar mais um à minha lista?
Passei por uma abertura estreita entre duas paredes, deslizando por ela com a rapidez de um raio, tentando ganhar mais distância do monstro. Meu coração martelava no peito, não podia parar.
Uma das garras do monstro cravou no chão ao meu lado, errando a mira por um triz. Um sorriso desafiador se formou em meus lábios, e soltei uma risada debochada, ecoando pelos corredores escuros como uma provocação. O monstro rangeu alto, o som reverberando com uma fúria crescente, como se minha audácia o estivesse enlouquecendo ainda mais.
A verdade é que eu começava a achar suas tentativas falhas um tanto divertidas. Cada vez que suas garras erravam, eu me sentia mais viva, mais determinada. Meu corpo parecia agir por conta própria, movendo-se com uma graça feroz. Desviei de mais uma investida, meus sentidos aguçados pela adrenalina, cada músculo pronto para reagir.
O monstro rugia atrás de mim, suas garras cravando-se nas paredes e no chão em um frenesi frustrado. Mas eu não era uma presa fácil. Já havia chegado no setor 3, passando pelo 4 sem ao menos perceber pela rapidez que corria.
Precisava alcançar o setor 1 para encontrar a abertura que se revelaria em poucos minutos. Meu coração disparou quando, ao virar uma esquina, dei de cara com outro monstro. A surpresa me fez recuar instintivamente, e ao olhar para trás, percebi que o primeiro monstro estava perigosamente próximo, suas garras traçando um caminho mortal em minha direção.
Uma ideia audaciosa surgiu, e um sorriso malicioso se espalhou pelos meus lábios, iluminando meu rosto com um brilho de desdém. O plano era arriscado, mas confiava em mim mesma.
— O que estão esperando? Venham me pegar! — gritei, minha voz carregada de um desdém audacioso. Num instante, como se caíssem na provocação, os dois monstros avançaram com uma fúria sincronizada. Um bloqueava minha frente, suas garras se estendendo com um zumbido ameaçador, enquanto o outro se posicionava atrás de mim, pronto para cercar a presa.
Com um movimento preciso, me abaixei e rolei para o lado, escapando do monstro que avançava pela frente. Aproveitei o impulso para deslizar por baixo da garra estendida, meus músculos trabalhando em perfeita harmonia. O segundo monstro, que estava atrás de mim, avançou cegamente, suas garras arranhando o chão com um estrondo ensurdecedor.
Enquanto o primeiro monstro tentava corrigir sua trajetória, desferi um chute ágil na lateral do segundo, forçando-o a recuar. Levantei-me rapidamente, com o coração batendo forte e o corpo vibrando com a tensão da perseguição.
O som das garras arranhando o chão era quase uma melodia assombrosa. Enquanto os monstros tentavam se reagrupar, usei o caos a meu favor, acelerando o ritmo da minha corrida e me dirigindo para o setor 1 com velocidade.
Me assustei quando senti meu braço ser puxado em uma das curvas. Virei o rosto e vi que era Minho, com Thomas ao seu lado, correndo e verificando se eu estava machucada. Seu olhar passava por cada centímetro do meu corpo, uma mistura de preocupação e alívio estampada em seu rosto.
— Vocês são malucos! — Minho gritou, sua voz carregada de deboche e surpresa. Eu permaneci em silêncio, sentindo a tensão ainda vibrar em meus músculos, lembrando-me do momento em que ele decidiu nos deixar para trás.
Meu coração se aliviou por um breve segundo quando avistei a abertura a poucos metros de distância. Minho foi o primeiro a atravessá-la, seguido por Thomas, que lançou um último olhar preocupado em minha direção. Ambos me esperavam do outro lado, confusos, observando por que eu estava parada enquanto os monstros se aproximavam com uma fúria assassina.
Cada passo dos monstros era uma batida surda no chão, o som de suas garras arranhando as pedras ecoava como um prenúncio de morte. Eles estavam perto demais, e a abertura quase se fechando. Com o coração martelando no peito, comecei a correr com todas as minhas forças, cada músculo em meu corpo gritando em protesto, mas a necessidade de sobreviver me impulsionava adiante.
A distância parecia uma eternidade, o ar ao meu redor se tornando pesado com a proximidade do perigo. Os rugidos das criaturas misturavam-se com o som frenético da minha respiração, criando uma sinfonia de sobrevivência.
Com um último esforço desesperado, mergulhei através da abertura, sentindo-a se fechar com um estrondo logo atrás de mim. Rolei pelo chão, meus pulmões queimando e o corpo vibrando com a intensidade da fuga. Minho e Thomas me puxaram para cima, seus rostos um misto de alívio e exasperação. O som horrível dos monstros sendo esmagados pela abertura que se fechava ressoou, um alívio macabro de que o perigo estava, pelo menos por agora, eliminado.
— Nunca mais faça isso! — Minho bufou, sua voz tremendo de raiva e preocupação. Seus olhos estavam arregalados, e seu rosto estava contorcido de fúria, o queixo tenso como se estivesse segurando o impulso de gritar ainda mais.
Thomas balançava a cabeça lentamente, os olhos brilhando com uma mistura de reprovação e preocupação. — Você poderia ter morrido! — A voz dele saiu em um sussurro angustiado, carregada de um medo que ele tentava esconder.
Ele colocou ambas as mãos em minhas bochechas, e, embora eu estranhasse o gesto, não recuei. O toque dele era firme, mas gentil, os polegares acariciando levemente minha pele enquanto ele estudava cada detalhe do meu rosto. Seu olhar penetrante analisava cada centímetro, buscando freneticamente por qualquer mínimo machucado ou arranhão.
Eu sorri, um sorriso cansado, mas com satisfação, enquanto o perigo ficava para trás, apenas mais uma lembrança de uma corrida pela sobrevivência. — Acho que precisávamos de um pouco de emoção, não?
QUE CAPÍTULO!!
Quando prometi capítulos maiores, nunca imaginei chegar a mais de 4.800 palavras!
Estou simplesmente apaixonada por este capítulo e por cada pequena interação entre Mavie e Thomas.
Se vocês gostaram, deixem seus comentários e curtam. Isso realmente me motiva muito!
Um beijo gigante,
Liss. ♥
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