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Louise corria pela floresta, ela estava seguindo os rastros dos lobos, apesar do medo crescente em si, ela queria saber como havia entendido o lobo, se ao menos poderia conversar com ele.

━ Procurando por mim?

Assustou-se ao ouvir a voz ao seu lado.

— Como posso entender você?

━ Isso não é importante agora. Apenas saiba que estarei aqui para te proteger.

— Você é a Besta?

━ Assim você me ofende, princesinha. – Soltou um choramingo.

— Por que não sinto medo de você? É como se meu corpo soubesse que posso confiar em você.

━ É porque você pode confiar em mim, eu sou o único nesse mundo que pode te proteger. – Aproximou-se calmamente dela. ━ Jamais te machucarei, minha pequena.

Seu focinho frio tocou na pela quente da bochecha esquerda dela, causando um arrepio em sua espinha dorsal.

— Eles vão me machucar? – Referiu-se aos outros seis lobos que estão sentados assistindo tudo.

O lobo negro rosnou para eles, mandando-os embora, mas nenhum moveu-se.

━ Eles não vão te machucar, não se preocupe com eles.

O lobo cinzento com uma cicatriz em um olho aproximou-se dela, em seguida os dois brancos também.

— Por favor, não me machuquem.

Ela pediu em um fio de voz assustado.

Lágrimas quentes rolaram pelas suas bochechas. Um dos lobos brancos passou o focinho nas lágrimas e chorou junto com ela.

Louise tomou seu fôlego novamente em um suspiro e afastou-se abruptamente de ambos os lobos.

— Eu não deveria estar aqui. – Ela balbuciou em um lamentar mentiroso e triste.

Correu de volta para Gévaudan. Sua cabeça rondava em milhões de pensamentos, não sabia exatamente porque se sentia segura perto dos lobos, não são eles os perigosos? Todos sempre disseram que os animais são os vilões, então por que sente que há algo errado nessa afirmação? Que talvez, apenas talvez, dessa vez sua avó estivesse certa sobre os lobos.

Vovó Marie. Com esse pensamento, ela direcionou-se a casa da matriarca.

— Vovó! – Exclamou ao chegar na casa pequena de madeira.

— Louise? – A senhorinha de cabelos grisalhos apareceu na escada, suas roupas rasgadas e sua aparência cansada denunciava algo ruim para Louise.

— O que houve com a senhora?

— Apenas um desentendimento com o seu pai. – Ela sorriu calorosa ao se aproximar da jovem loira. — Está ainda mais linda. – Tocou delicadamente as suas bochechas. — O que a traz aqui?

— A Besta de Gévaudan. – Ao falar este nome, a mais velha estremeceu. — O que a senhora sabe sobre?

— Não é como dizem. – Ela fechou a porta atrás de Louise. — Venha se sentar. – Chamou-a para o pequeno sofá na sala. — É um lobo negro que procura por vingança, ele não mata apenas os mais fracos como crianças, mulheres e idosos, mas sim, todos aqueles que são uma ameaça para si. Há muitos anos, tivemos uma série de ataques em Gévaudan, mais tarde soubemos que isso se deu ao fato do ancião Nil ter matado a companheira e filhotes do lobo, obviamente a fera não ficou feliz e procurou vingança até matar todos os envolvidos no massacre que acometeu sua família.

Louise arregalou os olhos chocada, a história que ouvira antes era uma mentira absurda.

A Besta de Gévaudan não era o verdadeiro vilão, nunca fora, mas os humanos o fizeram um monstro.

— Coitado. – A mais jovem dissera horrorizada.

— Querida, as pessoas tendem a acreditar em besteiras faladas por bocas e bocas. – Marie alegou com ressentimento. — O lobo não é o inimigo, não tenha medo dele, entregue-se de corpo e alma a ele, será feliz e protegida eternamente.

A garota não entendeu o que sua avó disse, era como um enigma para si. Ela estava dizendo para se entregar de oferenda? Isso era além de bizarro, mas não diria nada, ao menos agora não.

— Eu preciso voltar, vovó. – Sorriu se levantando.

— Leve isso com você. – Entregou-lhe uma capa vermelha. — Soube que hoje irá ter uma terrível nevasca.

Louise pegou a capa e foi de volta para sua casa. Infelizmente sua avó morava longe de todos, localizada mais adentro da floresta, era perigoso ir em sua casa, por isso seu pai proibia ela e suas irmãs de visitarem sua avó.

Ao chegar em casa, sua mãe a abraçou fortemente, molhando seus cabelos pelas lágrimas.

— Onde você estava? – Gritou desesperada. — A Besta matou mais duas pessoas hoje. Eu estava surtando achando que havia levado minha filha.

— Fique calma. Eu fui na vovó.

— Isso não é o mais importante agora, e sim o fato de que agarrou o senhor Jeon na frente de todos e o beijou. – Seu pai falou seriamente. — Irá se casar com ele hoje mesmo.

— Como é? – Indagou preocupada.

— Jogou-se contra um homem e o beijou sem pudor, sabe do que estão  chamando-a? Sabe do que estão me chamando? – Apertou seu pescoço, sufocando-a. — De prostituta! Se bem que o seu comportamento é de uma vadia! – Jogou-a no chão. — Acha que pode pegar em espadas, acha que pode lutar, acha que pode fazer o quiser, mas adivinhe só, você não pode! – Pegou-a pelo cabelo e a arrastou até o seu quarto. — Nunca mais faça isso, garota, nunca mais me envergonhe! – Deu-lhe um tapa certeiro em sua bochecha esquerda.

O pai de Louise costumava ser doce com suas filhas, mas quando se trata de sua imagem as coisas mudavam, era tudo questão de manter as aparências, negócios e mais negócios, admitia que às vezes era uma garota petulante, queria aprender a lutar e pegar a Besta de Gévaudan, mas começou a se questionar de quem era o verdadeiro vilão da história.

— Papai saiu. – Mia avisou ao adentrar seu quarto. — Eu trouxe gelo.

— Sabe onde Jungkook está? – A mais velha indagou sem olhar sua irmã mais nova.

— Na pousada.

Louise levantou-se de cabeça erguida e seguiu para o local.

— Louise! – Megan chamou-a, mas não obteve resposta.

A garota seguiu seu caminho andando até a pousada, onde encontrou os sete caçadores juntos, eles estão conversando e rindo de algumas coisas.

— Jungkook. – Só de falar seu nome, sua pele arrepiou-se em expectativa.

— Sim. – A voz aveludada inundou sua audição, causando formigamento em regiões íntimas demais.

O que merda está havendo comigo? Por que me comporto como uma vagabunda perto dele? Eu nem sei o que é tudo isso que sinto perto dele.

A necessidade aumentava a cada segundo em ambos, Jungkook sabia por causa da ligação de companheirismo, mas Louise não sabia e isso assustava tudo.

— Precisamos conversar. – Ela falou, agora olhando para os outros telespectadores ali presentes.

— Certo, entendi. – Jimin riu erguendo ambas as mãos. — Vamos pessoal, nossa alfa está nos mandando embora.

Piscou divertido para ela. Louise não entendeu o porquê de Jimin se referir a ela como "nossa alfa", e isso irritou Jungkook.

— Ela não é de vocês, putos. – Jogou com raiva para eles.

— Não irrite ele, cara. – Hoseok avisou dando um peteleco em Jimin.

Agora sozinhos, Louise sentiu-se mais intimidada pelo olhar arrogante de Jeon direcionado a ela, aquelas íris escuras como o céu noturno era assustador da maneira inexpressiva dele.

— Estou ouvindo você, princesinha.

Um leve sorriso surgiu em seus finos lábios, trazendo ao seu rosto um aspecto mais leve.

— Meu pai disse que devemos nos casar. – Suspirou. — Eu sinto muito por ter te beijado daquela maneira, mas agora não posso desfazer nada do que foi dito e feito. – Jeon levantou-se abruptamente e a agarrou pela cintura possessivamente.

— Você é minha. – Afirmou perdido no olhar expressivo dela. — Não me arrependo de nada que tenha a ver com você. – Aproximou-se dos lábios dela. — Porque malditamente a quero para mim, como um louco obcecado, como um lobo faminto. – Soprou contra seus lábios e então separou-se dela, sem soltar sua cintura. — Nos casaremos o quanto antes. Estou ansioso para ter você só para mim o resto da vida, porque sou um puto egoísta que odeia a ideia de deixar os outros verem o que é meu.

E então a soltou, indo atrás dos seus amigos.

Louise ficou estática, tentando processar o que acabara de acontecer entre eles.

CONTINUA...

©nskslamansjakanz