01. el comienzo de todo
As nuvens cinzentas e carregadas escondiam o sol naquele dia, deixando tudo ainda mais mórbido. A garota sorriu enxugando as lágrimas que havia deixado cair sem querer; aquele era o dia do seu aniversário de dezoito anos e também o dia em que perdeu a mãe, a mulher que sempre ouviu falar, mas nunca pode conhecer. Luna se ajoelhou em frente ao túmulo, não se importando em sujar sua calça jeans com a terra molhada da chuva de horas atrás, sorrindo levemente e colocou os cabelos escuros atrás da orelha tentando não desabar em lágrimas.
- Hola Mamá. Lo siento, no vine antes - ela murmurou, sentindo a dor no coração. - Hoje é meu aniversário, pensei em passa-lo aqui com você. Papai me comprou um carro de presente, aquele que eu te falei mês passado. Ele é o carro mais lindo que eu já vi! Dylan ficou triste, mas ele só tem quatorze anos, então não é como se ele pudesse dirigir...
Ela arrumou o buquê de rosas vermelhas, colocando com cuidado o buquê na lápide da mãe. - Eu queria que você estivesse aqui comigo. Às vezes é tudo tão solitário e triste, mamá - sussurrou, a foto desgastada pelo tempo de sua mãe a olhando. - Eu ainda não acredito que nunca a conheci...
E então ela chorou.
Seus soluços eram angustiados e quem os ouvisse se sentiria compelidos à ajudar, pois o que a garota sentia era a pior dor de sua vida. Apesar de fingir estar tudo bem, era inevitável não sentir uma dor no peito sempre que via alguém conhecido ao lado da mãe e essa pessoa não dar valor á isso. Luna faria qualquer coisa para ter a mãe ao seu lado, poder conversar com ela e ser respondida e ouvir a risada contagiante que seu pai dizia que a falecida tinha.
- Papi também sente sua falta, e você adoraria conhecer Dylan. El es una plaga, mas é o meu irmãozinho... - Luna soluçou. - Hoje o dia amanheceu tão triste, parecia que até a natureza chora sua perda, mas eu não fiquei triste, mamá, eu estou bem e não ando fazendo nada de errado. Eu acho. Bem, não podemos esquecer que eu tenho dezoito anos e minha pureza permanece intacta, então eu acho que está tudo bem.
O homem permaneceu de braços cruzados, encarando a garota em silêncio. Ele não queria interromper a filha, mas já estava na hora de irem para casa.
- Eu acho que já é hora de ir - ouviu barulhos de passos vindo de trás, supondo que fosse do seu pai e se apressou a levantar e limpar a sujeira na calça. - Eu prometo voltar mais vezes para te visitar. Yo te amo mamá.
Alonzo tentou não demonstrar o quão triste estava pela visão da sua lua com os olhos vermelhos pelo choro. Ele apenas deu um meio sorriso, passando os braços pelos ombros da menor, a dando um abraço lateral e beijou sua testa afetuosamente.
- Está tudo bem, querida, ela está feliz pela mulher que está se tornando. - Luna apenas colocou a cabeça no ombro dele, apreciando suas palavras carinhosas. - Tenha certeza disso, lua.
Então, ambos se viraram e caminharam sem pressa para a saída do cemitério, não notando, é claro, o corvo em cima de uma lápide os olhando intensamente.
"Em memória de Chung-Ae Hernandez, una maravillosa esposa y madre.
1973-1991."
[...]
Aquele dia já tinha começado fora da linha. Luna Hernandez bufou, afundando o rosto no travesseiro e tentando, inultimente, abafar os sons vindo do quarto ao lado, a onde seu irmão pequeña plaga tocava incansavelmente sua maldita guitarra.
Ela choramingou, soltando um grito logo em seguida, que foi abafado pelo travesseiro.
- PAPI! Manda o Dylan parar com essa mierda en un momento como este! - Berrou, cheia de ódio na voz.
Seu irmão caçula era a personificação do capeta e só a opinião dela importava.
Em vez do som parar, parecia que o garoto encapetado tinha aumentado o volume. Luna jogou o cobertor para o lado, não se importando com o frio que se chocou contra sua pele e a arrepiou dos pés a cabeça ou muito menos a onde seu cobertor amarelo dos Minions tinha caído. Saiu marchando pelo corredor, parando na frente a porta de madeira pintada de um preto desgastado, escrito em letra maiúscula "Los proyectos de anime están prohibidos!", bem ao lado da sua.
Ele só faz isso para me irritar, pensou.
- Abra essa porta AGORA, seu monstrengo! - Luna gritou a plenos pulmões, chamando a atenção do homem da casa, Alonzo Hernandez, que se arrumava para o trabalho no quarto ao fim do corredor. - Anda logo Dylan Hernandez, eu não estou brincando! Fique sabendo que quando eu colocar as minhas mãos em você, vou torcer esse seu pescoço fino! - ameaçou, mas o garoto não abriu a porta. Exclamou, frustada, pronta para arrancar os cabelos da cabeça: - Aaah! Eu odeio esse garoto!
Alonzo apareceu no fim do corredor, olhando para a filha vestida com seu pijama vermelho de bolinhas pretas estilo LadyBug, os pés descalços e com os cabelos escuros parecendo um ninho de passarinho, se segurando para não rir da adolescente.
- Lua, porquê todo esse escândalo? Ainda são, o quê, cinco horas da manhã? - Perguntou confuso, olhando seu relógio de pulso para confirmar as horas.
Ela revirou os olhos, mais do que irritada.
- Dylan não me deixa dormir, ele fica tocando essa merda até altas horas da noite e de manhã cedinho! - reclamou, e fez um biquinho fofo implorando para o homem. - Papi, por favor, fala para esse demônio parar de tocar esse troço!
Alonzo revirou os olhos, igualzinho á garota, mas andou até a porta do filho mais novo e batendo três vezes seguidas.
- Dylan Hernandez, abra essa porta agora! - Ele ordenou, engrossando a voz para parecer mais ameaçador.
O garoto parou rapidamente de tocar a guitarra, abrindo a porta e dando de cara com o pai e a irmã mais velha. Irmã essa tinha no rosto um sorriso vitorioso, sorriso esse que só significava uma coisa: "se ferrou otário!"
- 'Qualé, pai? - Murmurou.
- Quantas vezes tenho que te dizer para não ficar tocando essa coisa às cinco da manhã? - Alonzo o repreendeu, passando as mãos pelos cabelos em um claro sinal de irritação. Não era nem sete da manhã e esses dois já estavam o tirando do sério, seus pobres cabelos já estavam grisalhos. - Guarda essa guitarra e vá se arrumar para o colégio!
- Ah não, pai, qual é... Eu 'tava ensaiando, hoje é o ensaio para a apresentação do baile e eu queria tocar lá. - Dylan falou, fuzilando a irmã com o olhar. Na verdade, ele não está nem aí para o porcaria do baile, bailes eram chatos, o seu prazer mesmo era infernizar sua irmã chatonilda.
- Não acredita nele, papi, ele estava fazendo isso de propósito só para me deixar com raiva! - Rebate, irritada com a fala do mais novo.
Em segundos o corredor se tornou uma luta de MMA onde a principal forma de luta era o diálogo, Luna gritava de um lado e Dylan do outro, cada um tentando se ofender com os piores palavrões.
- Pois fique sabendo, sua peste, que você foi achado no lixo! - Ela sorriu debochada, deixando o garoto vermelho de raiva.
Luna sabia que ele odiava ser chamado assim, esse era um dos pontos fracos dele. Afinal, Dylan foi achado ainda bebê dentro de uma cesta na porta da casa da xerife.
- Olha ela, pai. Olha ela!
Alonzo respira fundo, tentando se controlar e repetindo para si mesmo que assassinar seus filhos não era uma boa ideia. Ele era jovem demais para ir para a cadeia.
- CHEGA! Quero os dois em seus quartos, se arrumando para o colégio! - Olhou para os dois, querendo pegar os dois pelas orelhas e jogar para fora de casa. - E ISSO É UMA ORDEM!
Então ele saiu andando pelo corredor como se nada tivesse acontecido, cantarolando Sweet Dreams do Eurythmics na sua voz de taquara rachada, deixando os irmãos Hernandez com uma briga de olhares.
- Isso não vai ficar assim, projeto de anime - Resmunga irritado, passando por ela e entrando no quarto, fechando a porta com força.
Não sem antes ouvir a irmã falar com maldade na voz: - Vou estar esperando, pequeña plaga.
[...]
- Olá, meninas! Qual a nova? - Luna sorriu ao avistar Elena e Bonnie, os olhos se fechando levemente ao ato.
Elena sorri para a amiga enquanto a mesma abraçava a Bennett e depois a si.
- Bem, nada demais, apenas a festa do Tyler. A festa que você não foi. - falou Bonnie, sorrindo.
- Ah, meu pai me colocou de castigo por colocar tinta permanente no shampoo e óleo corporal do Dylan, lo siento - Luna sorriu ao lembrar da cara que seu irmão fez quando se olhou no espelho e se viu azul igual um smurf.
Ainda bem que ela tirou uma foto para ficar olhando quando se sentir triste.
- Mas e então Elena, e o seu namorado, o Salvatore? Vocês vão ao baile dos anos 70? - ela pergunta quando começaram a caminhar em direção a sala de aula.
Elena olhou para Bonnie e a bruxa Bennett a olhou de volta, mordendo os lábios nervosamente.
- Luna, eu acho melhor você não ir ao baile. - Elena fala suavemente, Bonnie confirma com a cabeça deixando a garota com um ponto de interrogação na testa.
As três juntas entraram na sala.
- O que? Vocês estão ficando loucas, não é? Eu estou ajudando a organizar aquela merda de baile há três semanas por causa do diretor Wilson. Aquele velho do Satanás vive pegando no meu 'pé - reclama, arrancando do corpo de forma irritada a jaqueta de couro e a jogando de qualquer jeito em cima da mesa. - Se eu não for a esse baile idiota, vou ser expulsa do colégio.
- Olha, não é como se estivéssemos escondendo algo de você, é só que é para sua segurança. - Bonnie fala.
A mestiça a encara com desconfiança, tentando achar alguma verdade nos olhos verdes da amiga. Quando de fato encontrou, bufou. A Hernandez não precisava de ninguém se preocupando á toa com ela e muito menos que mandassem nela, ela podia muito bem cuidar e mandar em si mesma. Além de quê era só um baile cheio de adolescentes hormonais.
O que podia dar errado?
- Certo, mas o que teria de perigoso em um baile de escola, Bonnie? Porque eu mesma ajudei Caroline no preparo dele, então é justo que eu veja com meus próprio olhos como tudo ficará. Sem falar que preciso servir as bebidas e ficar de olho nesse bando de imaturos.
Elena olhou para a melhor amiga amiga, tentando achar uma maneira de falar para a garota que um híbrido psicopata de mil anos estava solto por Mystic Falls e que ele poderia usá-la como alavanca para chegar até ela, mas a Gilbert sabia que contar a verdade para a de olhos puxados não era uma opção, pelo menos não naquele momento.
- Quer saber uma coisa? Eu não preciso da opinião de vocês! Eu vou sim á esse baile e vocês que lutem para me impedir!
A Hernandez suspeitava que suas melhores amigas estavam escondendo algo dela. Desde que o novato Salvatore e seu irmão bonitão se mudaram para Mystic Falls coisas ruins começaram a acontecer, inclusive o distanciamento de suas amigas. Poxa, antes as quatro faziam tudo juntas, agora nem conversar direito elas conversavam! Até mesmo Caroline, que era a mais fofoqueira e extrovertida do grupo, tinha se distanciado.
Luna estava á ponto de surtar.
- Por favor, amiga, é para o seu bem... - Elena murmurou, mas ela fez a egípcia olhando para a porta da sala, bem quando o professor Alaric estava entrando na sala.
A mestiça sentiu um arrepio sinistro quando os olhos claros dele se chocaram contra os dela e logo depois os de corça de Elena. A Gilbert parecia estar alheia á isso, mas Luna pegou os olhares apreciativos que Alaric lançava para a garota de cinco em cinco minutos. Ela achou estranho, claro; não era feitio de Elena se envolver com professores, isso estava mais para Caroline. Então Luna resolveu ficar de olho nos dois pombinhos, ela era fã de romances proibidos e, se fosse o caso, ajudaria sua amiga a ficar com o professor gostosão.
Estava decretado, Luna Hernandez ficaria de olho em Elena Gilbert e Alaric Saltzman. Talvez fosse isso que todos estavam escondendo dela, não é? Deveriam estar com medo da sua reação.
Ela sorriu, se sentindo uma Sherlock Holmes.
- Então, turma, estávamos falando dos anos 20? - Alaric pergunta á todos e Luna tentou esconder seu riso atrás da sua mão.
O professor estava estranho, será que só ela tinha percebido isso? Olhou para os lados, vendo Bonnie escrevendo algo em seu caderno, distraída demais para perceber qualquer coisa e Elena, que olhava para o professor de forma não suspeita.
Bem, ninguém notou, mas Luna sabia que ele estava agindo de forma diferente. Não pergunte como, mas ela sabia que algo não estava certo.
- É os anos 70, Rick - Elena respondeu com um sorrisinho no rosto bronzeado, mas Luna estava mais ocupada analisando a forma como o professor agia e como não parava de encarar Elena com um brilho calculista nos olhos do que prestando atenção na aula. - Quero dizer, professor Saltzman.
Bem, ali estava um mistério. Luna adorava mistérios, amava ainda mais soluciona-los. A estante cheia de livros de enigmas, seres policiais e sobrenatural no seu quarto comprovava isso. A Hernandez estava mais do que disposta a descobrir o que era todo aquele mistério em volta de suas amigas e Alaric. E, para isso, precisava ir ao baile.
E, ah, ela iria.
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