01 ﹚﹒🩸, 𝗪𝖤𝖫𝖢𝖮𝖬𝖤 𝗧𝖮 𝗧𝖧𝖤 𝗙𝖠𝖬𝖤 𖤐 ⤸ ❜

ꉂ ˖ ݁ ˓ 𒀭 𝖓.𝔬𝔱𝔞𝔰 𝖎𝖓𝖎𝖈𝖎𝖆𝖎𝖘: demorei para postar, mas em minha defesa a culpa era da ansiedade sobre a nota do enem, que não fui tão ruim quanto achava (mas passei longe de bem). acho provável de terem que reler o prólogo de WTD para entenderem melhor esse, enfim, votem ai e comentem, é isso, fiquem com o capítulo 💪🏽

Porque eles veem através de mim
Eles veem através de mim
Eles veem através
Você pode ver através de mim?
Eles veem através
Eles veem através de mim
Eu vejo através de mim
Eu vejo através de mim

the archer, taylor swift...

𓍼  𝐧𝐮𝐦𝐞𝐫𝐨 𝐮𝐦 ˖ ࣪ ˒ Ꮺ ❗ 𓆪 
⋆ ⋆ 🩸a fama  !
▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
⩩ -𝗌𝗅𝗒𝗍𝗁𝖾𝗉𝗋𝗈𝗇𝗀𝗌, 2024 ↓ܺ ⃮■

dois mêses até o ressurgimento...

POR QUE VOCÊ ACHA que pode morrer? — a pergunta de Brooke reverberou os pensamentos confusos de Michael Afton.

Era o que ele sabia. Antes de receber o aviso, já teorizava. Se alguém havia atacado o seu irmão que não fazia mal a uma mosca, ele com certeza seria um alvo em potencial, justamente por ser igual a Ash, porém muito pior em comportamentos e atitudes.

Não sabia como Brooke reagiria se soubesse que negou o pedido de seu irmão gêmeo por mais de uma semana desde que o fez naquele carro, e até agora, não voltou a falar, e nem abrir os olhos. Ele tinha medo de reencontrar sua paixão adolescente, a qual ele ferrou completamente. Além disso, ciúmes por saber que os dois estavam juntos em, talvez, todo aquele tempo.

Ash foi atacado a uma semana, e recebi um bilhete de ameaça hoje. — tomou a coragem para falar. Recebeu em troca algo muito pior do que todos os socos que ela já o havia dado quando eram inimigos no início de tanto caos.

O olhar amendoado dela, castanho profundo, afundou-se ainda mais nele, fitando-o com fúria. Brooke desviou seu olhar e mordeu a bochecha forte o suficiente para sangrar, afundando seus dedos na jaqueta de coro que cobria seus braços.

— Quando penso que você não pode ser alguém mais desprezível, consegue me mostrar que é sim. — devolveu a mulher, enraivecida.

Michael abaixou o olhar. Imaginou que ela ficaria com raiva, contudo, não contava que se magoaria tanto com suas palavras após tantos anos. Doeu profundamente seu coração.

— Sabe, fiquei aqui apenas por alguns minutos e sinto que já não posso mais respirar o mesmo ar que você, que aliás, fede a cigarros. — levantou-se, pisando firme caminhando novamente a porta. Corroia por dentro saber que Ash tinha sido atacado e ninguém a tinha comunicado, sabendo da história que tiveram. A consideração foi para o espaço.

Foi impedida de ir pela figura que viu saindo de um dos quartos. Abby correu para os braços de Brooke, chorando sem cessar em seu colo. A garota quase considerava a Emily como uma irmã mais velha pelo tanto de tempo que passaram juntas. Numa situação de tanta ansiedade e preocupação a uma criança, pensava que a mulher fosse uma salvação a si mesma e ao seu irmão.

Brooke olhou diretamente a Michael enquanto afagava os cabelos curtos de Abby. Seus olhos avelãs tinham lágrimas que lutava para não cair. Apesar de saber que suas palavras atiraram para o matar e de fato, feriu o homem, não sentiu nem um pingo de dó. Na verdade, imaginava que merecia algo muito pior do que isso.

— Seu irmão tem cuidado bem de você? — indagou a criança, que assentiu com um fungar.

— Sempre cuidei bem de meus irmãos. — devolveu ele, aborrecido com a pergunta dela.

— Tanto que um foi atacado. — rebateu, gerando fúria no Afton, que levantou-se furioso e tomou Abby dos braços de Brooke, atitude que deixou a criança triste. — Não dou a mínima para esse seu olhar de pitbull irritado. Apenas quero que me fale o que aconteceu com ele e como está agora.

— Ele foi atacado por alguém que não sabemos quem foi. Vanessa e Brigite estão investigando, porém ele estava a beira da morte. — Brooke prendeu a respiração sem nem pensar nisso. Não questionou o nome que nunca ouviu falar. Seu mundo chacoalhou nas últimas palavras de Michael. — Passou por diversas cirurgias desde então, mas ainda está em coma e com riscos no hospital.

Brooke sentia seu coração acelerar fortemente numa onda de ansiedade ao saber que o seu Ash estava correndo riscos. Já havia passado por essa sensação e não tinha memórias positivas das pessoas que perdeu nelas. Todas ainda a assombravam, literalmente. Não queria que Ash se tornasse mais uma. Não suportaria a ideia desse risco tornar-se algo ainda mais sério e pudesse o levar a ser um dos túmulos que fez ao sair dessa cidade na última vez.

Ela realmente poderia superar e encarar tudo, menos isso. Não conseguiria. Todas as memórias que tinham seriam as armas que a matariam mais do que a própria adaga já fez uma vez.

Todos os seus pensamentos foram interrompidos pela porta da casa ser aberta de repente, assustando Brooke. Surpreendeu-se ao ver Vanessa após cinco anos. Não esforçou-se para parecer simpática com ela. Não merecia, tal como Michael.

— Oi, Brooke. — saudou a loira com um sorriso em seu rosto. Brooke apenas acenou. Ainda tinha educação, embora também pensasse que era demais eles merecerem até isso.

Outra surpresa fora ver outra silhueta atrás de Vanessa. Era uma mulher alta de cabelos castanhos, pele branca e olhos esverdeados. Tinha uma beleza bastante notável. Sua expressão, no entanto, mostrava que não usava da mesma simpatia de Vanessa. Não surpreendeu Brooke. Ninguém de Hurricane gostava dela. E preferia que continuasse assim, pois era recíproco.

— Brigite. — apresentou-se, movendo-se para apertar a mão dela. — Que tal sairmos para comermos alguma coisa e discutirmos um pouco sobre... bem, o motivo de estar aqui.

Brooke gostou dela. Brigite foi direto ao ponto. Não enrolou para falar o que queria, e era disso que precisava. Não tinha todo o tempo do mundo, aliás estava muito apertado, e Mike enrolando do jeito que acontecia, apenas a atrapalharia.

Balançou sua cabeça, forçando um sorriso gentil. O Afton mais velho deixou uma pizza em cima da bancada e pediu para Evan, com seus quase catorze anos, cuidar de suas irmãs. Brooke viu também quando Michael, Vanessa e Brigite trocaram olhares, como em um assunto secreto deles. Nem ligou. Seu único objetivo ali era saber o ocorrido com Ash e encontrar uma forma de o ajudar, independente de qual fosse.

No carro de Vanessa, ficou escorada na porta do banco de trás, o mais longe possível de Michael, que também estava ali, próximo novamente. Muitos sentimentos voltavam a tona ao estar a sua presença. O que mais chegava próximo de positivo era saber que corria risco de vida.

Foram anos longos para ela por culpa dele. Demorou muito para superar aquela maldita paixão. Machucou pessoas por conta disso, e ele estava curtindo sua vida como se nada tivesse acontecido. Sabia disso por ele ainda ser muito famoso. Foi visto em festas e baladas durante o ano seguinte todo ao abandona-lá na cama do hospital. Apenas Oliver sabia como Brooke sentia-se horrível por conta de suas paranoias. Ainda pensava até os dias de hoje que nunca a amou de verdade. Foi tudo uma fachada para o plano de Lilith. Não fazia sentido amar alguém e a abandonar quando ela mais precisa de você, para em seguida estar se divertindo como se tivesse livrado-se do maior peso de sua vida.

Ela agradecia a parte do seu cérebro que resolveu ignorar todo o trauma que ele lhe fez, porque independente disso, significava o bem-estar do garoto que sim se importou com ela. Michael não merecia que ela viajasse o país por ele, quando na vez dela, ele viajou o país para longe dela.

Pensar nisso agora a deixava mais irritada do que triste, um sinal ótimo. No início, a raiva não era mais presente do que o sentimento de abandono e a paranoia enorme de que todas as pessoas que ela amasse fariam a mesma coisa.

Brooke rejeitou a chamada de Carter Colton na primeira vez que tocou. Dava graças a Deus — Oliver — por seu pai continuar aperfeiçoado a tecnologia, pois mandar uma mensagem dizendo que estava muito ocupada e que mais tarde estaria disponível não seria possível naquele tempo sem isso.

O mundo ao qual entrou exigia que não se atrasasse numa cidade de traumas. Se exluirmos todos os podres de Hollywood e os atores e produtores problemáticos, Brooke poderia dizer que adorava. Mas não era a mais pura verdade.

Brooke Emily era um nome que não poderia ser esquecido por todo o peso que carregou na adolescência. Ninguém simpatizou com aquela garota, e nem estariam dispostos a aceitar em projetos diretos. Poderia atrair atenção, só que jamais positiva. Haviam poucas pessoas que entendiam os motivos de sua rebeldia revelada pelos jornalistas tendenciosos. Algumas alegavam que eram cruéis demais por ela ter perdido a mãe e a irmã. Se soubessem que a lista era tão maior. Apesar disso, a poucos gente que a defendia pararam após ela ressurgir dos mortos, junto ao seu pai, Henry. Nessa época, a família Emily teria sido jogada de escanteio e sofrido uma chuva pesada de ódio por terem fingido a morte. Gastaram muito dinheiro para impedir isso, e só não aconteceu mesmo assim por de fato precisararem dos serviços que podiam oferecer.

Ninguém num mundo de famosos iria querer ter Brooke Emily, uma das mulheres mais odiadas da década, em seu estúdio. O que era uma droga porque era o sonho dela. Queria fazer qualquer coisa que envolvesse a arte, em específico no cinema.

Pensou que após o seu sucesso dirigindo "O Senhor dos Chifres" esse pensamento mudaria, para entenderem que além dos boatos, havia uma garota com talento e vontade de ser grande. Estava terrivelmente enganada.

Brooke foi praticamente humilhada na frente dos diversos produtores e coordenadores importantes de Lumina Flix, um dos estúdios mais famosos de Hollywood. Ela apenas queria um emprego, como diretora, roteirista, ou e principalmente, atriz. Uma das coordenadoras jogou em sua cara que aquilo estava fora de cogitação. Ninguém queria alguém que traria tanta polêmica negativa ao estúdio. Ninguém tão instável. talento dela era bom, porém, não o bastante para correr esse risco.

Mais tarde, no bar, conheceu Carter. Homem alto, musculoso, bem vestido, olhos azuis e cabelos pretos. Uma perfeição aos olhos amedoados de Brooke — embora achasse que estava longe da perfeição de seu Ash. Ele estava lá, perdido em pensamentos enquanto bebia.

Brooke se sentou longe. Queria apenas beber tanto que não lembraria do quase linchamento público que recebeu mais cedo. Nem mesmo as ligações com Ash bastariam depois disso. Não queria o incomodar com seus problemas, apesar de desejar muito ouvir de sua boca os xingamentos aos que ousaram falar dela, e suas confirmações de que era perfeita em todos os sentidos da palavra.

Quando fez dezoito anos, foi diagnósticada com Transtorno de Personalidade Bordelaine, algo que ela praticamente já sabia ter. Ela era intensa demais, agia na impulsividade na maior parte do tempo em que não se medicava. Tinha problemas com isso assim como Melinda. Sempre achava que estava bem. Isso fez com que ela largasse a faculdade após um ano nela e se mudasse a cidade daquele estúdio, achando que já era garantido a vaga de emprego.

Carter se aproximou, absolto pela curiosidade do desabafo daquela mulher bêbada. Ela falava com o bartender como se fosse seu psicólogo, e mesmo que o homem não ligasse, não era o mais certo descarregar os problemas em um desconhecido. Ela fez exatamente a mesma coisa minutos depois com Carter.

Ambos estavam com problema a respeito da reputação. Brooke por já estar com ela ferrada e Carter por medo de ferrar a sua. Obviamente não revelou a ela o motivo disso, apenas deixou subtendido por saber que uma bêbada jamais entenderia uma quase confissão.

As circunstâncias não eram as melhores para se conhecer alguém, obviamente. Entretanto, uma amizade genuína entre eles se formou. Isso nunca foi difícil a Brooke se a pessoa não a odiasse prematuramente. Ela conseguia tirar a risada da pessoa mais depresssiva e ansiosa do mundo até se estivesse da mesma forma.

Carter revelou-se mais tarde um ator importante do estúdio Lumina Flix. Ele convenceu os coordenadores a contratarem Brooke para um papel pequeno. Quando viram o resultado, a atuação vivida, como se ela tivesse um talento surreal para qualquer coisa que se propusesse a fazer, perceberam que deixar ela ir embora era um erro que poderia custar milhões de dólares.

Carter a moldou para aquele mundo. Foi um professor do mundo cinematográfico tanto quando Theo foi seu professor do mundo sobrenatural. Sua personalidade agora era bem diferente da Brooke que saiu de Hurricane a cinco anos. Ela precisava ser outra pessoa para se adequar. Não agradava a maioria, contudo, não se importava se significasse que poderia chegar ao topo sem qualquer influência de seu sobrenome — que nesse caso apenas a atrapalhou.

Sua missão nisso estava cada vez obtendo mais sucesso. Já havia participado de dois filmes como coadjuvante, dirigido e produzido um outro e exatamente a dois dias começaria a protagonizar um projeto que Carter garantia que podia a render uma estatueta do Oscar.

Infelizmente, como dito anteriormente, tudo o que fazia, seu caminho ao topo, a fama por mérito — sem ser apenas por ser filha de um empresário —, não agradava a todas as pessoas, e isso incluia Ash. Era o seu arrependimento, sua amargura e sua raiva.

— Está me ouvindo? — indagou Vanessa a garota. Só então percebeu que já estavam dentro de uma lanchonete.

Já havia estado ali, óbvio. Era uma reforma da Freddy's Fazbear Pizzaria. Haviam animatronics ainda no palco. Eram diferentes dos de cinco anos atrás. Esperava que as crianças que William Afton matou e posto nos robôs tivessem sido retirados e os espiritos finalmente descansassem em paz, e que, a única coisa que fazia Freddy, Bonnie, Chica e Fox se movimentarem no palco fossem apenas a configuração ao qual foram criados.

— Desculpa, estava com a mente em outro lugar. — respondeu ela para a loira ao seu lado, tentando fingir que se sentia bem estando no mesmo espaço que ela e Michael.

As mudanças físicas do Afton não a surpreenderam porque ele era gêmeo de Ash, ou seja, era quase igual. As únicas diferenças que podia perceber eram no cabelo, com o de Michael sendo totalmente escuro, o de Ash tinha luzes loiras; os olhos avelã dele até combinava com o azul de Ash. Se olhasse de uma forma muito fixa, o rosto do Afton era menos arredondado. Contudo, a maior diferença eram a ausência de tatuagens no corpo de Michael.

Vanessa, por outro lado, sempre foi linda, e não parou de evoluir. Seus cabelos louros iam até o seu ombro como pequenas ondas brilhantes. Seus olhos esverdeados eram cativantes se a Emily ignorasse que fora ela que tirou a vida da sua irmãzinha.

— Estávamos falando sobre o possível culpado do ataque do Ash. — explicou Michael, sem olhar diretamente nos olhos amendoados de Brooke. — E que agora está nos ameaçando. Mandou bilhetes para mim e Vanessa ontem a noite. Decidimos ligar para você depois disso.

Brooke permaneceu quieta até a garçonete chegar com um bloco de notas e uma cabeta para anotar os pedidos. Ela não parecia ligar para o fato de Michael Afton estar ali. Ele era famoso, porém não por algum feito em específico, além de, sempre estar na cidade. Porém quando os olhos castanhos da mulher pousaram em Brooke, que ainda observava a madeira da mesa para evitar deixar seus pensamentos saírem em palavras, acabou por arfar e arregalar os olhos.

— Meu deus, você é Brooke Emily! — ela exclamou, chamando a atenção de todos na mesa. Brooke imaginou que a mulher a acusaria de alguma das várias mentiras que a mídia usava para ganhar dinheiro com seu nome, no entanto, foi completamente enganada. — Eu sou muito sua fã!

— O quê...? — foi pega de surpresa. Era a primeira vez, mesmo sempre sendo famosa, a ouvir essa junção de palavras.

— Desde que assisti "O Senhor dos Chifres" eu adoro todos os seus trabalhos. Achei incrível a sua direção e principalmente a sua atuação em Queen Bird interpretando a Margot! Você é simplesmente demais! — ela falava tudo exasperada, sorrindo tão grande que acabou por fazer Brooke abrir outro sorriso. O primeiro em mêses que era verdadeiro. — Pode me dar um autógrafo?!

— É... Claro! — aceitou Brooke, levantando-se. Pegou a caneta ao qual a garota escreveria os pedidos e quando iria registrar seu nome no próprio uniforme de trabalho dela, percebeu semelhanças que doeram em seu coração. — Você me lembra alguém...

Os cabelos ruivos que deslizavam lisamente até as costas. A forma como ela era animada a elogiando. Seus olhos castanhos brilhantes de energia.

Becky.

Brooke balançou sua cabeça para afastar os pensamentos tristes que envolvia sua melhor amiga morta. Em seguida, assinou na roupa e no caderno da garota. Ela ainda continuava a olhar para Brooke com um olhar de admiração enorme, que encheu o coração da Emily de orgulho e felicidade.

— Meu sonho é ser atriz e você é minha inspiração. — disse por fim, levando a Brooke um corar em suas bochechas. — Sério mesmo.

— Sem querer ser chato. — começou Mike. — Mas pode, por favor, anotar nossos pedidos, Greta?

A garçonete que Brooke descobriu se chamar Greta se desculpou, timidamente. Era uma ruiva, com um corpo gordo e pele muito branca, então seu rosto vermelho entregava como estava envergonhada.

Brooke ficou muito irritada. Michael viu que ela ficou feliz com as palavras da garota e a quis cortar de uma vez, sem dar chances de Brooke conversar um pouco mais com alguém que finalmente a via como mais do que uma simples vadia mimada. Não sabia se ele fez isso por estar com fome para comer logo, ou foi por apenas ter o ego ferido pela constatação de que Brooke era alguém além do que foi para ele.

— Espera, Greta. — falou Brooke, chamando a atenção de todos. — Não precisa anotar nossos pedidos.

A garota que aparentava ter seus dezoito ou dezenove anos franziu o cenho. Brooke sorriu, pegando sua bolsa e de lá retirando um pedaço de papel. Com a caneta de Greta, assinou seu nome e o rasgou na linha divisória, entregando para a garçonete. Gostou de ver o arregalar de olhos em seguida do lacrimejar.

— Não posso aceitar isso... é muito dinheiro! — falou, exasperada.

— Não tem nenhum problema. — Brooke deu de ombros. — Eu tenho mais dinheiro do que preciso. Não gosto de esbanjar mais do que o necessário para viver confortável, e acho que todos deveriam ter a chance de ter esse conforto, então pode sim aceitar, Greta.

A garota a abraçou apertando enquanto chorava, logo retirando seu avental de garçonete, quase surtando de felicidade.

— Muito, muito obrigada mesmo! — agradecia com os olhos marejados. — Você é um anjo!

A quantia que Brooke a deu deixaria a mulher em conforto por muito tempo, sem precisar trabalhar, e até podendo escolher fazer alguma faculdade no processo. Essa não era uma atitude incomum para ela. Sua família era bilionária e continuava a enriquecer mais dia a dia. A única vez que a Emily usou de vantagem essa riqueza toda fora quando comprou uma mansão repentinamente quando estava sem sua humanidade. Em geral, não gastava mais do que precisava para estar confortável. Não esbanjava. A maior parte do que tinha e recebia, doava para a caridade e ONGS de ajuda a causas sociais, como pesquisar para descobrir curas de doenças, ou então, combate ao racismo, causas feministas, e uns do que mais precisava na época, a luta do movimento LGBTQIA+. O dinheiro nunca foi um alvo em toda a sua missão em ser uma estrela. Ela queria apenas se expressar da forma que podia.

— Eu apenas estava com fome. — defendeu-se Mike pela forma como todos encaravam-o após sua grosseria.

— Com certeza. — afirmou Brooke, com um tom de deboche que irritou o moreno.

— O que quer dizer com isso? — estava nítido que sua paciência com Brooke tinha se exaurido desde o momento em que tirou Abby dela, o que ela só permitiu por ter assuntos mais importantes a se pensar.

— Não sei. O "expert" em pedir desculpas não sou eu. — respondeu, seu olhar podendo ser visto uma pontada de mágoa que atingiu o peito de Mike em cheio. — Você deveria desenvolver mais, queria saber se consegue pessoalmente ou apenas tenta em cartas que destroem os corações das pessoas como se fosse aoenas mais um de seus brinquedinhos.

Vanessa e Brigite perceberam que estavam sobrando naquela conversa e saíram de perto dos dois.

— Sabe, você é inacreditável. — devolveu Michael, deixando Brooke surpresa com a falta de vergonha que ele tinha ao expressar esses pensamentos, ou talvez fosse o álcool.

E então, disse algo que a deixou realmente de olhos arregalados:

— Eu sei da briga de você e do meu irmão, por isso penso na sua capacidade incrível de nunca pensar em alguém além de si mesma, em discussões ou não. É sempre você a vítima! — a sua fala a deixaria desestabilizada se ela ligasse para qualquer coisa que saísse da boca dele. Percebendo isso e se irritando mais, resolveu usar mais uma carta na manga para mostrar que não era inferior a ela, que não iria ter seu ego ferido assim. — Sabe, eu já pensei que eu, Ash e Nate não te mereciamos, porque você é muito bonita... mas acho que acaba aí. Não passa de um corpo que as pessoas usam quando querem. Eu não precisei me esforçar muito para te comer, Ash também não. E aposto que Carter também. — agora sim a sua frase deixou ela abalada, e Mike só entendeu a dimensão de memórias e traumas que poderia ter desencadeado quando as proferiu. — Desculpa... Passei dos limites...

— Como você tem coragem de me dizer isso depois de tudo que passamos? — disse, embargando sua voz para que imediatamente a culpa que atingiu Mike fosse muito superior ao que a própria foi.

Ela não deu a mínima para o que ele disse. Óbvio, achou a fala babaca e no fundo, estragou o pouco de memória positiva que havia do relacionamento deles, mas ser sexualizada como nas palavras dele não era uma coisa ao qual não estava acostumada, entretanto.

Isso era algo que tinha em comum com seu pai. Eram muito bonitos, a ponto da maior parte da população que os conheciam por ser famosos, terem desejos, porém isso vinha com malefícios.

Oliver desde sempre fora sexualizado, a prova disso era como Becky, os Aftons e quase todos que o conheciam, pensavam de seu corpo. Não julgavam conforme um sentimento. Não diziam que queriam se apaixonar, viver um romance ou algo feliz ao seu lado, era apenas sexo. Pensavam e falavam depravações a respeito de seu corpo, especulando e desejando. Sempre sentiu que queria ser visto como algo a mais do que um corpo ou um órgão sexual para trazer prazer e depois acabar. Não era legal ser assediado todos os dias, principalmente quando parecia tão normal quanto necessidades básicas. Ninguém se importava, e com o tempo, nem ele.

E exatamente a mesma coisa acontecia com Brooke, sua filha. A genética não falhava.

Sempre foi assim. Na adolescência, Henry processou diversas pessoas, principalmente jornalistas, que sexualizavam discretamente Brooke em suas matérias. Com o tempo passando e sua fama aumentando, assim como seu corpo, isso apenas tomou proporções maiores. Os homens não tinham vergonha de comentar sobre seus peitos, bunda e até especularem sobre sua intimidade. Numa boa parte das vezes, desejava não ser atraente aos olhos dessas pessoas para não ter que ouvir assobios enquanto andava na rua, para não ter de cuidar caso um homem esteja a filmando por debaixo da saia sem que ela veja, para poder se vistir como quiser sem precisar se importar em olhares fixos.

A pior parte de ser sexualizada para Brooke, era ter de relembrar sempre a cena de seu abuso naquela maldita banheira. Mesmo matando estupradores após ter suas memórias de volta, estava longe de superar um de seus maiores traumas. Seu único avanço foi entender que não foi sua culpa.

Antigamente, ainda se sentia suja, se culpava por isso ter acontecido. Se não fosse tão manipulável, não teria ido aquela festa. Se não tivesse uma queda por Michael, não teria entrado na banheira. Se não quisesse perder a virgindade com alguém que sentia gostar, não teria o feito buscar preservativos. Se fosse mais forte, poderosa, para superar o poder de William, teria conseguido escapar.

Eram muitos "se" que rodeavam uma culpa de algo que não havia nenhum culpado exceto o próprio estuprador, algo que as vítimas de abuso tinham muita dificuldade de entender, e ninguém as poderia culpar. A dor não iria embora facilmente, e muitas vezes, nem ia. Para sempre se lembraria, as vezes até reviveria em seus malditos pesadelos. Um inferno agonizante.

Brooke percebeu depois de tanta experiência num mundo dominado por homens, que mesmo que não fosse atraente, os assédios ainda aconteceriam, em menos escala, porém e pior, as pessoas começariam a sempre te dizer o que estava errado em seu corpo, como ser, se vestir, o que comer, como melhorar, e principalmente, como ferrar sua auto imagem.

Se você tiver um rosto bonito, parabéns, você será assediado. Se não tiver, parabéns, você será criticado.

— Você é um monstro e só me machuca... — ela atuou, lágrimas descendo por suas bochechas ao mesmo tempo em que seus lábios tremiam em desespero.

Brooke sabia que para Michael, a ver chorando novamente por conta dele, seria uma facada muito maior do que se ela de fato o golpeasse com uma. Saber que estragou tudo mais uma fez faria uma cicatriz profunda em que se culparia por muito mais tempo do que o tempo de se recuperar de um golpe de faca, como o que ele acabou por desferir nela no passado.

Era justo, ainda tratando da desculpa estar bêbado e magoado pelo irmão em situação grave. Provavelmente não. Era tão cruel que o poderia causar crises de culpa, ansiedade e depressiva. Sim, e?

Se importar com quem não a merecia com todas as letras não era uma coisa que essa Brooke Emily continuava fazendo, e por isso, não dava a mínima se ele ou Vanessa estavam ameaçados. Nenhum tentou sequer conversar civilizadamente com ela após saber que eram culpados pela morte de sua irmã e suas duas melhores amigas. Caso morressem, ela lamentaria por Ash, os irmãos mais novos deles, e por Theo. Apenas.

— Não aguento mais ficar aqui. — falou, se levantando e correndo dramaticamente para a rua movimentada, onde fez sinal para pedir um taxi, tendo em vista que não veio com seu carro e não poderia ir a pé com tanta chuva que fazia.

Era uma ótima desculpa para não ajudar Mike e Vanessa, pois assim, a culpa iria totalmente para o gatoto e não para ela. Seu único objetivo na cidade sempre foi Ash. Ela atendeu Michael por saber que ele estava na mesma cidade que seu gêmeo e isso significar que algo sério tinha acontecido. A mulher tinha pessoas importantes a dar atenção merecida, e também, sua carreira não esperaria para se formar. Seu filme começaria a ser produzido daqui dois dias. Não podia perder isso por eles.

Em que mundo Brooke Emily viria correndo para salvar alguém que a destruiu sem nem olhar em seus olhos? Poderia se humilhar apenas em situações que significariam sua própria ascensão, e talvez, umas poucas pessoas que ainda se importava.

— Brooke, por favor me perdoa. — sentiu seu braço ser puxada com um toque a mais de gentileza. Ao se virar, viu lágrimas de desespero nos olhos avelãs de Michael.

Imaginou que amoleceria ao nota-las ali, tão tristes. O efeito foi muito ao contrário. Ver ele chorando apenas a deixou com raiva porque sentia que aquilo não era nada diante todo o trauma que Michael a deixou. Ser abanadonada e forçada a se desapaixonar por alguém que já tinha planos muito mais avançados foi uma bomba em seu caminho. E quando finalmente criou coragem a se relacionar novamente, tudo decaiu como uma avalanche.

Ela via por aqueles olhos que imploravam o perdão a paixão que ele ainda sentia por ela. Era palpável e não necessitava muita leitura de gestos para perceber isso. Michael parecia a um passo de adentrar a algo bastante comum em alguns livros ou filmes de romances. Se desculpar/reconciliar a base de sexo. Ele até mesmo encarava os lábios vermelhos de batom de Brooke com desejo acima do normal.

Nunca na vida que Brooke se submeteria a algo assim, principalmente depois dele a tratar como um objeto sexual, como uma boneca inflável de vários homens, sem qualquer sentimento ou vontade de recusar um pênis.

Vai se fuder, seu babaca! — Brooke o empurrou com um pouco mais de força, o suficiente para Michael se desequilibrar e cair no chão.

A garota não perdeu tempo e entrou no primeiro taxi que apareceu, já que ela ainda tinha sua mão direita esticada como um sinal. Seu cabelo castanho curto estavam molhados assim como sua roupa pela chuva. Se desculpou com o motorista pelo banco do carro que ficaria úmido demais.

— Brooke! — berrou Michael, se levantando e correndo até o vidro do carro amarelo, ao qual permanecia fechado. — Você não pode ir assim! Por favor...

— Eu posso ir, senhorita...? — questionou o motorista, confuso quanto ao homem batendo em seu vidro.

— Pode sim, e me desculpa por isso, por favor. — respondeu Brooke, muito educada. — Para o hospital de Hurricane, por favor.

Ela viu a fúria nos olhos de Michael se derreterem para culpa e pânico quando o carro deu partida. Brooke não parou a atuação. Colocou a expressão mais magoada, triste e traída que conseguiu até que parasse de enxergar ele pelo vidro. Quando o carro afastou-se o suficiente, ela soltou uma risada presa.

Você é cruel.

Brooke levou um susto enorme com aquela voz conhecida vinda do seu lado. Ele sempre estava ao seu lado. Era o que carregava uma culpa esmagadora no coração dela. Um que sofreu e teve seu fim para que ela pudesse viver.

No início quando começou, a mais ou menos dois anos, pensou que estava louca — talvez estivesse —, depois teorizou que o espirito de seu tio de alguma forma tivesse ancorado com a alma dela por ele ter se sacrificado. Theo afirmava que era um espirito, porém levando em conta que ela via o seu próprio reflexo a chamando de vilã no espelho, não poderia simplesmente confiar. Podia o ver, ouvir e sentir, o que era muito estranho para um espirito.

Com o tempo, parou de se importar com o que podia ser e passou a apenas aproveitar a presença do espírito, ou da alucinação de seu tio.

— Ele merecia. — respondeu ela, baixo para que o motorista não ouvisse.

Brooke notou que estava com sono apenas quando a silhueta alta de Theo, expressão tão calma e carismática, cabelos brancos com pretos levemente bagunçados e olhos verdes onde tudo remetia a uma figura que poderia acalmar até o pior dos sentimentos que poderia haver em alguém. Era isso que ele sempre fez.

Com certeza, querida.

Brooke desejou muitas coisas quando se ajeitou no carro, ou em específico no ombro de Theo, a caminho do hospital. Brooke desejou que não parecesse tão estranha para o motorista ao estar escorada contra a porta do outro lado que entrou. Desejou que não tivesse nenhum repórter o paparazzi para fotografar fotos dela em uma situação tão complicada com seu ex-namorado, onde poderia prejudicar muito sua situação de boa moça e boa esposa que tentava construir a mídia. Desejou que seu pai estivesse cuidando bem do pequeno Theo e também de Simone Jackson, que a garota não piorasse em seu estado clínico no tempo em que estava fora. E, principalmente, desejou que Asher Kinglson estivesse bem.

Não poderia ter uma lista de desejos tão rejeitada por aqueles que escrevem nossa história.

ꉂ ˖ ݁ ˓ 𒀭 𝖓.𝔬𝔱𝔞𝔰 𝖋𝖎𝖓𝖆𝖎𝖘:

I. novamente, peço mil desculpas pela demora em postar esse capítulo. Mas enfim, o que vocês acharam? Gostaram da nova Brooke Emily, tanto de aparência quanto personalidade? A diva tá bem mudada vius. Sentiram algo com a relação dela com o Mike? Comentem mto por favor, é mto importante para mim saber o que acharam desse capítulo, porque ele é meio que muito importante por ser o primeiro! Caso ainda não tenham votado, por favor o façam e é isso, nos vemos no próximo, bye bitch 💋

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top