𝟬𝟮. JANTAR COM A NOVA FAMÍLIA


─ O que eu disse sobre se meter nesses assuntos, Hong Yeoboo? ─ Hong Chayoung falou séria, aumentando o tom de voz aos poucos e cruzando os braços. Estava chateada com a filha se pondo em grande perigo. ─ E você também, Junho! Você disse que falaria com ela!

Meia hora atrás, quando ela, Junho e Matteo chegaram ao galpão que o Cassano indicou, os jovens deram de cara com Hong Chaeyoung e Vincenzo Cassano. Diferente de Matteo que não parecia nenhum pouco surpreso, Yeo-boo e Jun-ho ficaram completamente surpresos e souberam no mesmo instante que levariam, no mínimo, um grito histérico vindo de Chayoung ─ porque isso não era bem uma novidade.

Eles já haviam se metido em tantos assuntos, que já voltavam esperando receber reclamação.

Assim que Vincenzo pediu para o irmão mais novo seguir os dois melhores amigos e o jovem mafioso encontrou eles no cassino, Matteo avisou a Vincenzo onde eles estavam e que, assim que terminasse o serviço, os levaria até o galpão.

─ Desculpa senhorita Hong, é que eu não podia deixar ela ir sozinha. ─ O rapaz se curvou por respeito, estreitando os olhos para ver se ela estava acreditando nele. ─ A senhora sabe que a Boo é muito teimosa.

─ Qual é a sua, em? Tá do meu lado ou não? ─ Ela cutucou o Yang, dando um empurrão no ombro dele.

─ Mas eu disse que você não deveria ter ido! ─ Retrucou arregalando os olhos. O pobre o Junho não sabia o que fazer, porque estava no meio de duas feras.

─ Mas eu disse que iria mesmo assim! ─ Respondeu ficando de frente para ele. ─ Eu não te pedi pra ir comigo, Junho!

─ Mas eu não podia deixar você ir sozinha! ─ Disse batendo um dos pés. Junho passou as duas mãos pelos cabelos, os jogando para trás. ─ A sua mãe tem razão, isso é perigoso!

─ Mas o meu avô morreu e foram eles que mataram! ─ Yeoboo falou apontando para os dois homens desmaiados nas cadeiras. ─ Eu não posso ficar sem fazer nada!

─ Chega! ─ Vincenzo falou usando um tom de voz mais alto que os dois e se aproximou de um deles, do mais velho. ─ Ela já fez e agora ele está aqui. ─ O Cassano olhou de ladino para o outro lado, alguns metros pra frente, onde o corpo de Park Song-hyuk estava. ─ E o Matteo disse que você conseguiu desmaiar ele sozinha... ─ O mais velho agora ergueu os olhos para ela, a encarando. ─ Meus parabéns.

─ "Meus parabéns"? ─ Chayoung riu sarcástica, virando a cabeça de lado. ─ Eu avisei a você que não era pra nenhum dos dois estarem envolvidos nisso.

─ Não é minha culpa se sua filha é parecida com você, senhorita Hong. ─ Disse olhando para a arma que portava nas mãos, se referindo ao fato de Chayoung ter ajudado ele a desmaiar o assassino mais velho poucas horas atrás.

Ele disse que não queria nenhum dos dois ali e por dentro estava bravo por não ter conseguido controlar isso, mas não adiantava se irritar atoa, se tudo já havia acontecido.

O homem mais velho acordou segundos depois da fala do mafioso. Vincenzo se aproximou ainda mais dele e, quando menos o outro esperou, engatilhou a arma colada no pescoço do homem, que se assustou.

─ É uma pistola russa... Não é usada pelo exército e nem pelo serviço de inteligência. ─ Falou o mafioso para o homem, tirando a arma de perto do pescoço dele logo em seguida. ─ Como será que um civil teve acesso a uma arma dessas? ─ Perguntou no ar, caminhado ao redor da cadeira. ─ Mas vocês dois serviram na divisão de inteligência do exército...

─ Ele era a divisão de inteligência do exército? ─ Yeoboo abriu a boca em um perfeito 'o', ficando chocada com a revelação. Ela olhou para Park Song-hyuk, que agora estava acordado.

─ Sim e você poderia ter morrido. ─ Chayoung sussurrou próximo ao ouvido da filha, enquanto segurava uma pá e observava Vincenzo.

─ Deve ser moleza conseguir uma arma ilegal como essa.

Os dois assassino se olharam, temendo mentalmente do que poderia acontecer. Chayoung se aproximou mais de Vincenzo, com a pá de pedreiro da mão, ficando quase ao lado dele para servir de apoio. Yeoboo e Junho se olharam, se comunicando pelo olhar e nem se importando mais com a discussão que tiveram minutos atrás. Eles estavam sentindo sua adrenalina lá encima, gritando pelos ares ao ver aquela cena. Parecia mais um daqueles filmes ou séries de ação que você olha e pensa "como seria se eu estivesse lá".

E agora eles estavam.

Agora eles faziam parte disso, os outros querendo, ou não.

─ Me responda. ─ Vincenzo falou, olhando para Park Song-hyuk. ─ Me diga quem foi que mandou matar o senhor Hong.

Song-hyuk negou, balançando a cabeça e estando claramente assustado. Yeo-boo fez uma careta, rangendo os dentes, mas antes que pudesse dar qualquer passo na direção do rapaz, Matteo segurou seu braço, pedindo para que ela deixasse ele fazer o que havia planejado.

─ Odeio desperdiçar o meu tempo, assim como eu odeio... ─ O Cassano fez uma pausa dramática, olhando para os dois assassino, um por vez. ─ Macarrão mal cozido.

Junho riu, achando a pausa dramática um pou o engraçada. Mas logo voltou a sua postura anterior, quieta, para não acabar levando outra bronca dos mais velhos.

─ Se você não falar, vai acabar exatamente como Lee Chang-yoo. ─ Chayoung disse alterando a voz e os ameaçando.

─ E quem vai acabar com você sou eu em seu idiota. ─ Yeoboo falou apontando para Song-hyuk, passando o dedo polegar no próprio pescoço. Ela tinha certeza que nunca materia ninguém de verdade, mas ameaçar nunca tirou pedaços.

─ Balance a cabeça quem estiver disposto a falar conosco e eu pouparei suas vidas.

O homem charmoso vestindo um terno azul marinho, se aproximou mais uma vez do assassino mais velho e ficou de frente para ele. Vincenzo esticou seu braço na frente dele e, punhando a arma na mão direita, apontou o cano diretamente para a testa do assassino.

─ Se não falar eu vou enfiar isso na sua cabeça. ─ Chayoung falou alto, fazendo menção de quem iria bater nele com um pá.

Vincenzo tirou a arma da frente do rosto do assassino apenas para puxar o gatilho e atirar no chão, causando um barulho imenso por estarem em um local fechado. Chayoung, Yeoboo e Junho foram mais para trás, assustados com o fato da arama ser real e estar carregada com balas.

─ Essa é a sua última chance. ─ O mafioso disse o encarando. ─ Quem foi? ─ Perguntou novamente, mais o homem mais velho negou.

─ Conta logo! ─ Yeoboo falou, dando um tapa nas costas do homem. Estava com medo que Vincenzo realmente matasse ele, mesmo que o odiasse por ter matado seu avô. ─ Você quer morrer?

─ É, conta logo ou ele vai te matar! ─ Junho, também desesperado, pediu para que ele falasse. Não estava pronto para ver ninguém mais morrendo na sua frente.

─ Senhor Vincenzo, toma cuidado... com essa arma. ─ Chayoung disse calmamente, tentando deixá-lo mais tranquilo. Assim como os outros, ela não estava preparada para aquilo.

Vincenzo virou sua cabeça de lado e olhou profundamente para Chayoung. Seus olhos se ficaram no da moça, demonstrando que não estava pronto para voltar atrás e que iria até o final se nenhum deles confessassem.

─ Irmão, acho que ele não vai responder. ─ Matteo, que agora estava ao lado de Park Song-hyuk, conversou com Vincenzo.

─ Contem logo tudo, isso não é uma brincadeira! ─ A Hong mais velha gritou, olhando desesperadamente para os dois lados.

No entanto, de repente, o gatilho foi pressionado mais uma vez ─ agora, no meio do peitoral de Park Song-hyuk, quando o Cassano mais velho fez questão de se virar para atirar nele. A cadeira caiu com tudo para trás. Junho e puxou Yeoboo para perto dele, a protegendo com os braços. Chayoung cobriu os ouvidos com as mãos, sentindo seu ouvido apitar um pouco depois do disparo.

─ Você achou que eu não ia atirar? ─ O mafioso virou-se para o homem que arregalava os olhos. ─ Uma arma serve pra matar.

─ Porque você fez isso? ─ Chayoung perguntou, parecendo atormentada. ─ A gente combinou que não iria matar ninguém.

─ Eu disse que ele era maluco! ─ Junho explanou, apontou o dedo. O coração do garoto palpitava a mil por hora e ele não conseguia largar Yeo-boo de forma alguma.

─ E se ele contar pra todo mundo o que aconteceu? ─ Yeo-boo perguntou inocentemente, achando que viriam atrás deles logo depois.

─ Tem razão, senhorita. ─ Vincenzo concordou, balançando a cabeça de maneira positiva. ─ Bom, então nesse caso, deveríamos mata-lo.

Ele apontou a arma mais uma vez para a testa do homem, sem piedade alguma. Yeo-boo caminhou até o mafioso e ficou ao seu lado, pedindo para que ele não fizesse isso.

─ Não precisa fazer isso! ─ Ela tentou conversar com ele, recebendo um olhar apavorante do mais velho. ─ O senhor é tão bonito, não precisa ficar matando as pessoas por aí não. ─ Riu de nervoso, balançando as mãozinhas. ─ A gente pode resolver isso de outro jeito.

─ Mas a senhorita me disse que queria se vingar deles. ─ O Cassano falou, fazendo aquele típico biquinho pensativo. ─ Digo que foi muito bem trazendo eles para cá, agora deixe que eu termino, por favor.

─ Tá bom, tá bom, eu conto! ─ O homem gritou, quase pulando da cadeira. As amarras o impediram de fazer iaso. ─ Foi a Choi Myeong-hui.

Vincenzo tirou a arma de testa do homem e concordou, se afastando dele. O senhor Nam apareceu de uma das portas do galpão, sendo acompanhado pelo Cassano e pela Hong mais velha que foram até Park Song-hyuk. Yeoboo e Junho se entre olharam novamente e não entenderam, então resolveram segui-los para ver o que aconteceriam.

Em seguida, levantou a cadeira na qual Park Song-hyuk estava caído e pôs novamente em pé, revelando para os dois jovens e para o assassino do outro lado que o mesmo estava vivo.

─ O que? ─ Yeoboo se aproximou ainda mais, conferindo para ver se era verdade. ─ Como isso é possível?

─ Você demorou muito tempo, deveria ter puxado mais rápido! ─ Exclamou Chayoung para o senhor Nam.

─ Olha, puxar um nylon exige muita força! ─ Ele se defendeu, tirando um aparelho que estava colocado próximo de onde Songhyuk havia levado um tiro. ─ Além disso ele é muito pesado... não sei como conseguiu desmaiar ele, senhorita Yeoboo!

─ Então vocês armaram tudo isso? ─ Perguntou para eles, pondo a mão no peitoral, próximo do coração. ─ Eu estava quase tendo um ataque cardíaco!

─ Você é muito mole. ─ Matteo riu achando graça. ─ Não se preocupa Yeoboo, era só um dos efeitos especiais do senhor Nam.

─ O emprego do senhor Nam veio em boa hora. ─ Chayoung abriu um sorriso, dando duas batidinhas no ombro de Songhyuk. Vincenzo fez uma careta, com o mesmo biquinho marcado e concordando. ─ Quem diria que já havia trabalhado com efeitos especiais.

Daebak! ─ Falou Boo, cobrindo a boca por estar supresa. ─ Isso foi incrível! Eu achei mesmo que tinha acontecido.

O Cassano arrancou com tudo a fita prateada que cobria a boca de Park Songhyuk e se agachou, para ficar na altura do mesmo. Ele que havia contado primeiro sobre Choi Myeong-hui, para Vincenzo e Chayoung.

─ Eu vou poupar sua vida, mas de agora em diante você vai fazer tudo que eu mandar. ─ Disse fitando o rapaz, que concordou imediatamente. Bom, ele não tinha muitas escolhas. ─ Nós precisamos de todas as informações do galpão da Babel farmacêutica.

─ Certo. ─ Respondeu, de cabeça baixa.

─ Ah, e outra coisa... ─ O italiano chegou mais perto de Songhyuk e falou bem baixinho, para que ninguém mais pudesse escutar. ─ Nem pense em sequer olhar para a senhorita Yeo-boo, pois estou de olho em você.

Usando um outro celular, Matteo Cassano enviou uma foto de Park Song-hyuk no chão, come se estivesse morto e mandou para Choi Myeong-hui ─ junto com um cesto com os casacos sujos de sangue das suas bolas de cristal. Além de claro, passar o celular para seu irmão mais velho ameaça-la psicologicamente, tanto com palavras, quanto por ações, como mandar um caminhão quase atravessar a lavanderia onde ela estava.

Mesmo método utilizado para matar Hong Yu-chan.

─ Amanhã iremos até a Babel farmacêutica, então fale com quem precisar. ─ O Cassano falou para Chayoung, retirando seu isqueiro do bolso da frente do terno. ─ Então estejam todos prontos.

─ Eu quero ajudar. ─ Yeoboo falou, se intrometendo na conversa. ─ Sei que nenhum dos dois quer que eu vá, mas preciso ajudar.

─ Vocês dois podem ajudar preparando os processos contra a Babel. ─ Vincenzo respondeu. Eles estavam prontos para logo mais abrir vários inquéritos contra a empresa, então precisavam estar prontos.

─ Exatamente, temos muitos papéis. ─ Chayoung concordou, querendo evitar mais um problema e, principalmente, que os dois ficassem em perigo. ─ Vocês também são estagiários nesse caso, então estarão me ajudando na audiência.

─ Não adianta de nada argumentar, vocês vão continuar me tratando como uma criança. ─ A ruiva abriu os braços, se rendendo ao cansaço. Yeoboo estava tão cansada de querer salvar ou fazer justiça pelas pessoas que perdeu, mas nunca conseguia porquê a justiça nunca era justa para eles. E isso era frustante.

A Hong mais nova deu meia volta e caminhou para fora do galpão, querendo ficar um pouco sozinha. Junho até tentou ir, mas foi impedido por Chayoung, que resolveu ir falar com a filha ela mesma.

Yeo-boo nunca foi o tipo de filha que fazia birra ou implicava. Pelo contrário, a garota sempre era muito compreensiva, parceira e compreensiva, até mesmo servindo como conselheira para sua mãe, todas as vezes em que ela e seu avô acabavam discutindo. Mas ninguém é perfeito, não é? Yeoboo só queria ajudar. Queria dar o troco, queria justiça... Ou será que era vingança? Bem, ela nunca soube decifrar desde o dia em que foi abandonada. A amargura de ser largada, separada de seu irmão mais velho e agora, em uma família nova, ter visto seu avô ser assassinado, enquanto ela e sua mãe estavam indo jantar com ele.

Era a primeira vez em um longo tempo que Chayoung havia aceitado ir comer com seu pai em um restaurante, mas infelizmente, nunca aconteceu.

O lado advogado da Hong mais nova aclamação por justiça, queria que todos eles pagassem pelo que fizeram. Yeoboo nunca quis a morte de ninguém, porque ela realmente achava que isso não deveria ser ela e nem ninguém a decidir. Por mais cruel que fosse, por mais raiva que desse, matar outra pessoa nunca foi uma opção. Elas preferia que todos eles passassem o resto de suas vidas pagando pelos seus crimes e observando a vida passar através das grades quadriculadas de uma cela.

Porém, isso nem sempre acontecia, pois a lei não era justa com todos.

Chayoung saiu do galpão e logo viu Yeoboo de braços cruzados olhando para o horizonte. A mulher suspirou, colocando os fios de cabelo para trás da orelha e caminhando em direção a filha. Chayoung nunca achou que fosse boa com palavras, mas desde o dia em que resolveu adotar Yeo-boo e considera-la como sua filha, a Hong aprendeu muito como era ser mãe. Claro, ela nunca entenderia 100% sua filha, assim como qualquer outra mãe, mas se esforçaria para sempre estar de bem com ela.

Chayoung e Yeoboo sempre tiveram uma a outra.

─ Você é muito teimosa. ─ Chayoung disse parando ao lado da menor. ─ Acho que é de família. ─ Continuou, cruzando os braços.

─ Você e o vovô viviam brigando, não pode falar nada de mim. ─ A ruiva retrucou, jogando os ombros para cima. Desde o dia em que conheceu os dois, Yeoboo percebeu a semelhança entre eles.

─ Querida, olha pra mim. ─ Chayoung pediu calmamente, virando-se para ela. ─ Vamos Yeoboo, olha pra sua mãe.

─ O que? ─ Perguntou fazendo o que a mais velha pediu. Boo também cruzou os braços, esperando a mãe continuar.

─ Eu sei que você já é uma adulta, mas mesmo assim, eu amo você o suficiente para não querer te perder. ─ A de cabelos mais longos falou, agora esticando os braços para segurar os ombros da filha. ─ Isso tudo é muito perigoso, não quero que se machuque.

─ Mas você está envolvida nisso... de uma forma ou de outra, eu também estou. ─ Respondeu. Yeoboo sabia que, se a Babel fosse contra-atacar, também poderia vir para cima dela, independentemente se estivesse participando ou não do que Chayoung e Vincenzo estavam fazendo. ─ Me sentiria uma covarde se não fizesse nada. Tudo bem, eu sei que somos advogados e não mafiosos, mas... Omma, sabe que não vai ser fácil contra a Babel, não é?

Nunca seria. A Babel faria de tudo para se livrar daqueles que tentassem os destruir, assim como a Wusang advocacia.

─ Fez um acordo com o senhor Cassano porquê sabe que é verdade. ─ Chayoung não gostava de pedir ajuda a ninguém, então para ter pedido ajuda de Vincenzo, era porque ela tinha certeza que ele poderia ajudar. ─ Pediu porque, de algum modo, sabe que ele não é apenas um advogado na Itália... Ninguém que age como ele é apenas um advogado.

─ Você é muito espertinha... ─ Chayoung riu. Não estava admirada, pois já imaginava que a filha, curiosa do jeito que era, poderia desconfiar de algo. ─ E tem razão. Não sei o que vamos precisar para derrotar a Babel, então no momento acho que o senhor Cassano é nossa melhor opção.

─ Eu posso ajudar... Até mesmo o Junho pode ajuar. ─ Yeoboo pediu mais uma vez, esperando que dessa, Chayoung compreendesse que o melhor a se fazer seria que todos eles ficassem juntos. ─ Claro que ele não é lá tão ameaçador, mas sabe que ele faria qualquer coisa para por o pai dele na cadeia.

E o pai de Yang Jun-ho não era nada menos do que o chefe da promotoria de Namdongbong. Um dos maiores ladrões, salafrário e defensor de bandido que existe na Coreia do Sul ─ e bom, o assassino da mãe de Junho, que foi inocentado depois de conseguir colocar a culpa na empregada.

─ Mas ele não pode fazer qualquer coisa. ─ Chayoung repreendeu essa ideia.

─ Eu sei, por isso precisamos ajudar ele a fazer isso da melhor forma. ─ Inicialmente, era isso que elas achariam. Que poderiam conseguir ajudar Jun-ho a prender seu pai.

Mas o futuro ainda revelaria muitas coisas.

Chayoung pensou muito antes de responder, porque um 'sim' ou um 'não' mudaria tudo. A Hong sabia que Yeoboo não desistiria de ajudar e de que Junho, por consequência, se intrometeria para não deixá-la sozinha. Em algum momento aqueles dois se meteram em mais algum problema, em mais alguma cena e estariam mais uma vez desprotegidos, sem que ela ou o próprio Vincenzo soubessem de que os dois estavam se metendo nesses assuntos novamente... Mas Chayoung entendia.

Entendia que Yeoboo queria ajudar a pobre alma do seu avô descansar em paz, mesmo que isso custasse bater de frente com os poderosos.

Então era melhor que aqueles dois estivessem com Chayoung e Vincenzo sabendo quais eram seus passos, para depois não serem surpreendidos com uma terrível notícia.

─ Tudo bem, mas se não... ─ Chayoung até tentou completar a frase, mas não conseguiu, já que foi atacada com um abraço apertado vindo da filha.

─ Vamos acabar com eles, omma! ─ Yeo largou Chayoung dos braços e levantou a mão, esperando que a mesma desse um high-five, como de costume.

A Hong mais velha sorriu e fez, espalmando na mão da filha.

─ Senhoritas, estamos indo. ─ Vincenzo falou, aparecendo ao lado das duas com as mãos nos bolsos. Matteo veio logo em seguida. ─ Até amanhã.

─ Espere, senhor Cassano. ─ Chayoung o chamou, o fazendo parar no meio caminho, antes que os dois entrassem no carro. ─ Vocês não querem jantar conosco? ─ Perguntou, intercalando seu olhar entre eles. ─ Conheço um ótimo restaurante que serve um macarrão muito bom.

─ Ah, é verdade, vamos lá todas as sextas. ─ Yeoboo concordou, se lembrando também de que era uma sexta. ─ Vocês vão gostar.

─ Acho melhor não, estou um pouco... ─ O Cassano ia negando, mas foi interrompido antes de concluir o que estava faltando.

─ Por favor senhor Cassano, é um agradecimento. ─ A ruiva de cabelos curtos se aproximou do mafioso, com os olhinhos brilhando e um rostinhos pidão. ─ Além disso deve ser muito quieto só vocês dois. ─ Sim, e era disso que Vincenzo gostava. ─ Teo oppa, você não está com fome?

Vincenzo olhou para Matteo e só pelo olhar o mais jovem pode perceber que seu irmão queria que ele falasse que não ou que já tinha outro compromisso. O Cassano rolou os olhos de um lado para o outro, pedindo para que Matteo negasse e os dois fossem embora ─ mas era complicado, porque Teo sempre olhava para Yeo-boo e acabava cedendo. Sendo, é claro, julgado por Vincenzo, que desacreditava que um mafioso pudesse ser sentimental a esse ponto.

─ Na verdade eu estou. ─ Matteo falou, recebendo um virar de olhos de Vincenzo. ─ E ele também não comeu nada, não é fratello?

Matteo cutucou Vincenzo com o cotovelo até que ele falasse.

─ É, mas não precisam se preocu...

Era tarde demais, ele já estava sendo arrastado por Chayoung até o carro, sem direito à contradições ou réplicas.

A viagem de uma hora e vinte minutos de volta foi bem tranquila. Chayoung, Vincenzo e Nam Juseong vinherem juntos no carro do mafioso, enquanto Yeoboo, Junho e Matteo voltaram na SUV preta do Yang. Eles pararam na frente de um restaurante coreano de massas, que fazia pratos em uma mistura de sabores ocidentais com os orientais.

Pegaram uma mesa bem reservada e aconchegante no fundo, que tinha boa iluminação. Ao total eram uma mesa grande com seis lugares, cadeiras estofadas e bem climatizada, pois ficava perto do ar condicionado que mantinha uma boa temperatura ambiente. Boo e Junho se sentaram um do lado do outro, assim como Chayoung e Vincenzo respectivamente, na frente dos mais jovens. Matteo se sentou na ponta esquerda, ao lado das duas mulhers e o senhor Nam na ponta direita, ao lado dos homens.

─ Estou morrendo de fome! ─ Boo comentou, puxando a cadeira mais para frente. ─ Mãe, você já pediu o macarrão? ─ Chayoung acenou que sim com a cabeça, colocando o celular encima da mesa. ─ Hm, ótimo. Vocês vão amar.

Matteo sorriu, agradecido. Vincenzo, que havia desistido de estar de mal humor, há que não adiantaria de nada, sorriu minimamente para a ruiva, confirmando que tudo bem.

Yeoboo e Junho então abriram as garrafas de Soju e serviram aos mais velhos, daquela mesma maneira educada que os coreanos tinham quando iam servir ou entregar algo para alguém. Por fim, os dois se serviram e brindaram, tomando um shot de uma vez só dá popular bebida coreana.

─ Nossa, eu estava precisando disso! ─ Disse Junho sorrindo. O garoto se serviu mais uma vez, apreciando o bom gosto da bebida que já havia se acostumado a beber.

─ Você é teimoso, mas tem modos. ─ Vincenzo comentou, se referindo a Junho. Não tinham como confiar tão rápido em alguém, mas de qualquer forma, eles se veriam bastante até o fim da estadia do italiano.

─ Com certeza não foi meu pai que me ensinou. ─ O Yang riu zombando do próprio progenitor. Ele odiava mesmo o pai e não tinha nenhum problema em demonstrar isso. ─ Um pouco veio da minha mãe, mas não deu pra aprender muito com ela, pois meu pai fez questão de mata-la. ─ O garoto olhou para o copo de soju, o encarando como se fosse a salvação. ─ Eu aprendi muitas coisas sozinho, mas depois que conheci a Yeoboo-ah, o senhor Yu-chan me ensinou algumas coisas...

Ou seja, Hong Yuchan foi um pouco o pai, tio, ou o que quer que seja que Junho nunca teve, assim como Chayoung foi a parente que ele nunca teve. Então os Hong eram muito importantes para Junho. Eram sua família.

─ É, pelo visto o senhor Hong gostava de adotar desordeiros. ─ O mafioso virou o copo de Soju, ainda se acostumando com o gosto forte e nada bem preparado como seus vinhos.

─ Ele gostava muito do Junho. ─ O senhor Nam comentou e Junho sorriu, se lembrando de como era bem tratado pelo senhor.

─ Senhor Cassano, eu tenho uma pergunta. ─ O Yang colocou um pouco de Soju para ele e para si mesmo, já que o copo dos dois estava vazio. ─ O senhor disse que nunca ajudaria uma traição de família, porquê ai não poderia achar ruim se fizessem o mesmo com você. ─ Vincenzo concordou, cruzando as pernas e encostando na cadeira, tentando entender até onde ele chegaria. ─ Mas e se alguém já fez isso primeiro? Nesse caso, não seria traição.

─ Você lembra daquele trabalho que fizemos sobre a máfia italiana no segundo período? ─ Yeoboo lembrou e cutucou o mais velho, que concordou se lembrando. ─ Um dos princípios da máfia é que não se pode trair sua família. Se você é capaz de trair quem confia em você de olhos fechados ou que dorme ao seu lado, você não é digno de confiança de ninguém.
─ Essa foi exatamente a frase que escreveu em uma das parte do trabalho, que inclusive, remetia muito ao que Vincenzo estava falando. ─ Era disso que o senhor estava falando?

O Cassano travou. Nenhum deles sabia que ele era mesmo da máfia, mas as duas Hong e o Yang pareciam bem informados para a qualquer momento não acabarem desconfiando de nada. Matteo, que havia acabado de levar o copo de soju a boca, paralisou, erguendo os olhos para o irmão mais velho.

─ Bem, é... mais ou menos isso. ─ O mafioso admitiu, mas sem deixar muito na cara que havia outras intenções por baixo disso. ─ Enquanto a sua pergunta senhor Yang... É um bom ponto. Traidores que traem sua própria família não merecem piedade.

─ Nossa senhor Cassano, não precisa exagerar! Parece até um mafioso falando! ─ Chayoung riu acompanhada do senhor Nam. Matteo fez o mesmo apenas para tentar disfarça.

─ Então não seria errado se nós ajudasse a destruir o meu pai também, não é? ─ Jun perguntou um pouco receoso, pois não queria receber um 'sim'.

─ Mas porquê? ─ Não que fosse da conta dele, mas sempre ficava curioso para conhecer o outro lado das pessoas. E, pela forma como o Yang estava falando, Junho sentia muita raiva.

─ Ele matou minha mãe. ─ Seus olhos lacrimejaram um pouco ao se lembrar dela. Nunca perdoaria seu pai pelo fez... mesmo que tivesse que viver com esse ódio pelo resto da sua vida. ─ E apesar dele ter sido inocentado e culpado a senhora Oh Gyeong-ja, eu sei que não foi ela... Eu vi meu pai matando minha mãe na minha frente.

Oh Gyeong-ja, a mãe biológica de Vincenzo.

O Cassano não havia feito conexões sobre o acusado da mãe ou coisas do tipo. Ele sabia quem era, mas não havia se ligado que Junho era seu filho. Em outra página o italiano até poderia usar da sua forte influência e capacidade enganatória para se aproveitar dele, mas os dois estavam no mesmo barco. Ainda que Vincenzo estivesse em um grande empasse entre tentar ou não analisar o caso da sua mãe que o senhor Yuchan estava sendo o advogado, no fundo, sua raiva pela injustiça de ver a mãe presa injustamente era maior.

─ Eu tentei de diversas formas fazer ele pagar... ─ Junho continuou, erguendo os olhos para o Cassano. ─ Mas não deu certo. Ele foi inocentado e arranjou em forma de culpar a senhora Oh... ─ O rapaz bufou, um pouco decepcionado. ─ Quando o senhor Hong pegou o caso dela eu fiquei muito feliz, pois queria ajuda-lo a tirar ela da prisão... Mas isso aconteceu.

─ Nós vamos continuar com todos os casos do meu pai, incluindo o da senhora Oh, Junho. ─ Chayoung falou, dando apoio. Desde que ficou com a Jipuragi a Hong decidiu continuar com todos os casos do pai, independente da gravidade deles. ─ Eu não sou meu pai, mas você pode me ajudar.

─ Claro que vou querer, senhorita Hong. ─ O rapaz concordou, dando um sorrisinho.

─ Tudo bem. ─ Vincenzo falou depois de comer um pedacinho de pão e tomar outro shot de Soju. ─ Seu pai deve está envolvido nisso tudo de qualquer forma.

─ Então vai nos ajudar com isso também? ─ Junho perguntou mais animado. Eles ainda não haviam se tornado bons conhecidos, mas já era meio caminho andado. O Cassano concordou.

Ele resolveria dois problemas com um só gatilho.

─ Licença, aqui está seu macarrão. ─ Uma das duas garçonetes falou assim que o prato ficou pronto.

A mais velha colocou a enorme bacia cheia de macarrão banhado a queijo e outras especiarias no meio da mesa para que todos pudesse pegar. Já a mais nova distribuiu alguns pratinhos pequenos e mais fundos para colocar o macarrão que fossem comer. Além de claro, distribuir os hashis.

─ Vocês são uma família muito bonita. ─ A garçonete mais nova falou.

Yeoboo, Junho e Matteo olharam um para o outro e riram, achando engraçado. Nam Ju-seong balançou a cabeça de maneira positiva, concordando com as palavras da mulher, já que gostava de sentir que eles agora eram uma família ─ pois era o que parecia. Vincenzo piscou os olhos duas vezes para ter certeza que havia escutado mais aquilo. "Onde diabos eles pareciam uma família?", se perguntou, quase engasgando com a água.

Aquela palavra, "família", era sempre um pouco estranha de ser ouvida.

─ Não somos uma... ─ O mafioso ia repreender, mas Chayoung falou por cima.

─ Ah, muito obrigado, adoramos o macarrão daqui! ─ A coreana de cabelos longos sorriu, animadíssimo para comer. ─ Pode fazer aqueles bolinhos apimentados também? Eu e minha filha amamos.

As duas Hong deram um sinal de 'positivo' para moça e partiram para o macarrão. Estavam morrendo de fome. Antes que elas fossem embora, Chayoung rapidamente pediu para a mais velha, mais algumas garrafas de Soju.

─ Porquê não a corrigiu? ─ Vincenzo perguntou a Chayoung, que já estava ocupada demais com o macarrão para se preocupar com as perguntas dele. ─ Senhorita Hong?

─ Mas nós agora somos uma família, senhor Cassano. ─ O senhor Nam falou pela mulher, enquanto mastigava e apreciava o bom gosto do macarrão. ─ Somos a família Jipuragi!

─ Não me importo. Eu gostei. ─ Matteo deu de ombros, se sentindo confortável em estar desenvolvendo essas amizades. ─ Wow, questa pasta è fantastica! ─ O italiano mais novo comemorou, batendo palmas. ─ Como não conhecemos isso antes? Fratello, mangia!

Vincenzo suspirou, desistindo mais uma vez de argumentar com aqueles coreanos intrometidos. Ele realmente demoraria para entender como eles poderiam ser tão... Assim? Não tinha uma explicação. Vincenzo não sabia como explicar, porque era muito diferente da educação ou cultura que teve na Itália ─ não apenas como italiano, mas também como mafioso.

Ao menos havia gostado do macarrão, já que provou e balançou a cabeça aprovando o prato.

Eles passaram mais umas duas horas conversando, bebendo e comendo. Vincenzo e Matteo aprenderam um pouco sobre cada um deles. Suas personalidades eram bem distintas, mas em um breve momento se completavam e causavam aquele "pavoroso" palco de risadagem. Chayoung e Yeoboo, mesmo com suas diferenças, eram muito parecidas, então facilmente qualquer um diria que as duas eram mãe e filha. Junho era um bom garoto, persistente, mas sua maior fraqueza eram aquelas pessoas. Já o senhor Nam era muito inocente e acreditava demais no "futuro melhor", assim como o Yuchan.

Todos eles tinham muito o que aprender para conseguir lidar com seus problemas futuros, mas ao menos, diferente de muitas pessoas, estavam dispostos a aprender e serem um pouco carrascos.

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