𝟬𝟬. PROLOGUE

00. as aventuras eletrizantes de kenai ohana e sua coleção de corações.

VESTINDO RAPIDAMENTE SUAS ROUPAS, Kenai Ohana se preparava pela primeira, segunda, terceira... Milésima vez? ─ quem conta isso, para tentar escapar dos pais ricos e furiosos, que tinham pavor de ouvir seu nome e o de sua própria filha na mesma frase. Depois de pegar basicamente todas as garotas e todos os garotos do condomínio, sempre deixando com um gostinho de quero mais, era normal que os pais soubessem de sua má reputação.

Ele não fazia isso só para irritar os pais de seus ficantes, era um bônus. O garoto nunca se apegou a ninguém de verdade e estava solteiro, então qual o problema de curtir a vida? A culpa não era dele se os riquinhos, de maioria mimada, se sentiam atraídos pelo garoto do Brooklyn.

─ Vai logo! ─ A garota falou ao ouvir a voz do pai dizendo que em dois minutos iria no quarto dela.

─ Relaxa, seu pai não consegue correr pelas escadas. ─ Kenai riu, colocando as calças o mais rápido que conseguia. Claro, ele passa o dia sentado na porcaria de uma cadeira fingindo que trabalha.

─ Posso te ligar amanhã? ─ Perguntou receosa de ouvir um não.

─ Mas a gente não combinou de fazer isso na próxima semana? ─ Indagou sem entender o verdadeiro sentido da pergunta. Ou ele havia se esquecido de algo, ou aquilo não acabaria bem para um dos dois.

─ É que eu queria sair com você... De verdade. ─ Mia encarou as próprias mãos. E ali estava o que ele temia, ela quer se apegar. ─ A gente só faz sexo. Eu não quero só isso.

Merda, não era para ter chegado nisso. Kenai sabia que sentimentos como esse não eram uma surpresa para ele. Não seria a primeira vez a acontecer isso e pelo visto, nem a última. Ele tentava e tentava, diversas vezes, falar para as pessoas com quem ficava, que ele não queria nada sério. Sinceridade era um ponto importante, mas ninguém mandava no coração.

─ Mia, você sabe que eu não estou afim de nada sério. Principalmente porque eu não quero meter você nas minhas confusões. ─ Ohana nunca mentiu para ela e sempre foi claro quanto às suas intenções. Pelo visto não daria mais para continuar. ─ Se você não quiser mais fazer isso tudo bem, eu entendo.

Melhor acabar logo com aquilo, do que ficar se iludindo e machucando um ao outro. Kenai poderia ser muitas coisas, mas não gostava de brincar com o sentimento das outras pessoas. Além disso, o que ele disse sobre não querer metê-la em suas confusões, era verdade. Já tinha muitos problemas para lidar.

─ Não, não! Eu ainda quero ficar com você. ─ Voltou atrás. Para ela, era melhor ficar com ele, do que ficar sem ele. ─ Mas a gente pode pelos menos sair pra almoçar como amigos?

─ Mia... ─ Insistiu em fazê-la pensar melhor no assunto. Isso não vai acabar bem.

─ Por favor. ─ Vacchiano quase implorou para que ele não desistisse.

Miannine Kim Colette. Filha de mãe coreana e pai francês, que ironicamente nasceu nos Estados Unidos. Dois irmãos. Um mais velho de 25 anos e a outra, uma irmã mais nova de 15 anos. De família rica ─ o que era notável pelo sobrenome Kim, já que este acompanhava todos os membros da dinastia Kim, uma das famílias mais poderosas da Coreia do Norte. Família, riquezas e poder. Tudo que ela queria, poderia ter. Contudo, era infeliz.

Seus pais cobravam ela e seus irmãos mais do que o necessário e faziam chantagem emocional se os filhos contestassem. Toda a encenação que fazia, bancado as "meninas malvadas" e sendo o padrão de "garotinha mimada e riquinha" que ela gostava de manter, era uma mentira. E a única pessoa que sabia disso? Kenai.

Infelizmente, Mia se tornou emocionalmente dependente dele. Kenai, por sua vez, não sabia o que fazer e tentava fazê-la se livrar daquela dependência aos poucos. Se não fizesse isso, estaria concordando em manter um relacionamento tóxico com uma pessoa que já estava tão machucada por dentro. Ele gostava dela e a achava uma garota incrível, mas apenas como amiga.

─ Como amigos. ─ Rendeu-se. No fundo gostou da ideia de saírem um pouco como amigos. Ohana não confiava, de verdade, em quase ninguém. ─ Onde vamos?

─ City Vineyard. ─ Um dos restaurantes mais ricos de Nova York, ótimo. Ficava em Manhattan.

─ Tá, vou vender um dos meus rins para ver se consigo pagar nossa bebida. ─ Disse com tamanho sarcasmo. Deixando bem claro o quão caro era o restaurante. ─ Tenho dois rins. Posso sobreviver só com um e vários problemas renais.

─ Eu pago.

─ Não,você sabe que eu não gosto disso. ─ Ele podia até não ter dinheiro, mas odiava quando as pessoas tentavam pagar por ele. Assim como sua mãe.

─ Só porque você é homem e quer pagar? ─ Não era uma visão tão radical assim. Muitos garotos que ela já havia ficado eram assim.

─ Não, é porque eu não tenho dinheiro e não sou interesseiro. ─ Respondeu colocando o moletom, o casaco por cima e pegando as meias para vestir. ─ A gente se fala, beleza? ─ Mia concordou. ─ Não fica chateada. Você vai encontrar seu amor correspondido.

Ohana não acreditava em amor correspondido, alma gêmea ou coisas do tipo, mas sabia que ao contrário dele, a Colette, sim.

─ Queria que fosse você. ─ Falou jogando no ar. ─ Vou pedir de Natal.

─ Sou um presente bem concorrido. ─ Riu acabando de colocar as meias e abrindo a janela. Concorrido inclusive para ver quem vai me prender primeiro. ─ Agora eu preciso mesmo ir. Não estou afim de levar um tiro do seu pai.

Kenai já havia visto duas pistolas dentro de uma gaveta na casa. No dia em que não havia nenhum familiar dela em casa e eles ficaram a sós.

Quando o rapaz fez menção a sair pela janela, Mia o puxou pela gola da camiseta e juntou seus lábios. Passando a mão esquerda pelos fios pretos e enrolados, desceu com a direita por todo abdômen definido de Kenai. Bem na hora que ia enfiando a mão por dentro da calça, o pai dela entrou.

─ Merda! ─ Kenai se afastou imediatamente da moça.

─ Eu vou matar você! ─ Luigi gritou para o garoto.

Ele jogou os tênis pela janela e saiu para o telhado. Como o quarto dela ficava no segundo andar, era impossível pular e não quebrar alguma parte do corpo ou até morrer. Pensando nisso, viu uma árvore consideravelmente próxima. Era a única saída. Mas,antes de sair, precisou segurar a janela por alguns segundos, já que o pai furioso da Kim, tentou forçar a saída pelo mesmo lugar, na intenção e pegar o mais jovem.

─ Démon, reviens ici! ─ Falou em francês, o chamando de demônio e ordenando que ele voltasse.

─ Porquê você está com tanta raiva? Não comeu seu Ratatouille, Linguini? ─ Kenai disse rindo, segurando a janela com a maior força que conseguia promover. O pai dela era forte, porém o Ohana bem mais esperto. Sabia exatamente como distrair o velho. ─ Olha, ali é seu rato de estimação?

Luigi não tinha um rato de estimação, mas se distraiu com aquilo, assim como várias pessoas acabavam se distraindo com sua curiosidade.

Aproveitando o momento, Kenai soltou as barras da janela e correu em direção à árvore. Sem olhar para trás ou nem pensar duas vezes, ignorou a temida morte vinda daquele precipício chamado por ele de "sacada da salvação'' e soltou muito alto para um dos galhos. Por sorte, era um bem firme e forte, mas que lhe fez gelar quando o próprio ouviu um "tec". Fechou os olhos por alguns segundos e respirou fundo quando nada mais aconteceu.

Ao abrir os olhos e olhar na direção da janela, Kenai viu um pai furioso e uma filha feliz. O contraste entre as duas cenas fez o garoto abrir um sorriso e gargalhar daquela imagem. Ficaria para sempre na sua cabeça.

─ As aventuras mirabolantes de Kenai Ohana e suas confusões matinais. ─ Ele disse para si mesmo, ainda se segurando no galho da árvore. ─ Daria um belo filme.

─ Segurança! ─ O francês gritou, ligando para a portaria.

Na mesma hora, o rapaz se esgueirou pelos galhos da árvore e pulou em terra firme quando conseguiu chegar até uma altura adequada o suficiente para ganhar apenas uma arranhão.

Como já havia aprendido a se virar diversas vezes, correndo pelas ruas nova-iorquinas ou fugindo das casas de seus peguetes ─ nem sempre temporários, se formou no próprio curso que criou "as diversas maneiras de fugir de situações que você mesmo procura se meter". E cá para nós, se esse curso realmente existisse, ele já estaria rico de verdade.

Ao pousar no chão, Kenai calçou os tênis com certa pressa e apressou os passos ao longe, ver mais ou menos cinco seguranças correndo até a casa dos Kim-Colette.

─ Tchau Linguini! ─ Kenai gritou. Ele ria e corria ao mesmo tempo, excitado pela adrenalina. ─ Vamos pessoal, vocês conseguem ir mais rápido que eu sei.

Lógico que ele sabia, não era a primeira vez. E em todas, eles perderam.

Sem temer por nada e nem ninguém, Key levantou as duas mãos e virou-se apenas para dar os dois dedos do meio para o francês e para os seguranças. Kenai era rápido, ágil e muito mais preparado para conseguir sair daquela situação ileso. Tanto que, depois de toda a correria, chegou no portão de seis metros e com muita habilidade, escalou para chegar do outro lado.

Os tênis preto com branco, seus favoritos, já se acostumaram com tantas situações, que encaixavam perfeitamente em qualquer superfície. Para combinar, Kenai vestia uma calça e um moletom com capuz, preto e um casaco branco por cima, pois estavam em Dezembro e era uma época bastante fria.

Os seguranças tentaram abrir o portão o mais rápido possível, mas que por ser lento e pesado, demorou mais do que o esperado.

Aproveitando a circunstância, o jovem apressou os passos, chegando até sua bicicleta, que escondeu por trás das folhagens verdes que enfeitavam a entrada do condômino. Brincando com a sorte, ainda teve de colocar os fones sem fio e subir no último segundo para conquistar o primeiro lugar em "fugas muito bem sucedidas contra seguranças aparentemente preparados para prender jovens que infrinjam a lei e invadam um local no qual já foram expulsos".

Para animar, Kenai clicou em sua playlist favorita no Spotify, que começou a tocar Let 's Get It Started. Ele já amava a música original, feita pelo grupo The Black Eyed Peas e havia se apaixonado ainda mais quando a banda Maneskin fez um cover. No qual, estava escutando.

─ Cause everybody, everybody, just get into it and get it started, get it started, get it started, get it started... ─ Gritava pelas ruas, cantando perfeitamente cada palavra. O fôlego dele era impressionante e a voz ainda mais. Pois, apesar de nunca ter tido a vontade de ser cantor, amava música e também, cantar. ─ Let's get it started, ha, let's get it started in here, let's get it started, ha, et's get it started in here.

De Manhattan até o Sul do Brooklyn, onde ele morava, era mais ou menos uma hora e vinte minutos de trem ou de bicicleta ─ transportes no qual ele tinha o costume de pegar. Ohana amava esportes radicais e o seu favorito era os que envolviam bicicleta, principalmente o Mountain Bike. Foi daí, que ele começou a ficar profissional e no começo da adolescência, fazer entregas rápidas pelas ruas de Nova York. Perigoso, mas eletrizante.

Quando chegou na ponte do Brooklyn ─ também chamada de Brooklyn Bridge, os fones já tocavam American Idiot, da banda Green Day. O toque da bateria e da guitarra agitavam e animavam a viagem, estrondando os ouvidos e chamando atenção de todos por onde ele passava. Em específico, por causa da cantoria sem limites.

Ao atravessar a ponte, Ohana saiu em um beco do Brooklyn, que era um dos cartões postais mais famosos da cidade. Esse ponto turístico ficava no fim da rua Washington Street, uma rua sem saída, que dava a oportunidade para se ter uma das vista intrigantes da Manhattan Bridge.

Ele morava em Coney Island, bem ao lado do Aquário de Nova York e da Coney Island Beach. Coney Island é uma península, antes considerada uma ilha e a maior cidade de Nova York. Diferente da megalópole, com muita modernidade, arranha-céus e diversos letreiros luminosos, o local era muito popular pelos parques de diversões, praias e pontos turísticos, como o próprio aquário. Tinha sua paisagem parecida com aqueles clássicos e muitos cenários de filmes antigos.

Sol, praia, areia e diversão. Apesar do jeito praiano de se viver, todos naquela cidade trabalhavam bastante, levando a vida de uma maneira muito mais leve do que as pessoas que moravam nas outras cidades nova-iorquinas. Esse foi o melhor lugar que os Ohana poderiam ter ido morar. Para quem havia voado 7.896,05 quilômetros, do Hawaii até Nova York para recomeçar a vida, a vida em Coney Island era a mais próxima de seu antigo lar.

Antes de ir para casa, ele decidiu passar em uma loja de penhores, em Downtown Brooklyn, para vender algumas coisas.

Chegando lá, Kenai estacionou a bicicleta ao lado de um poste, passou as correntes para deixá-la mais segura e entrou na loja. A mesma na qual tinha o hábito de ir sempre que roubava alguma coisa. A dona da loja Jennifer, de 30 anos, que herdou o lugar da família, sabia muito bem de onde vinham os pertences, mas não se importava nem um pouco. Tudo que ela queria era ganhar dinheiro e o rapaz era o mais lhe fazia lucrar. Os dois saíam ganhando e ninguém abria o bico.

─ Então, gatinho, o que conseguiu para mim hoje? ─ Jennie sorriu para ele, apoiando os cotovelos na bancada. Mascava um chiclete de menta. ─ Coisas boas?

─ Ah, você nem imagina. ─ Kenai fechou a porta da loja e a trancou por segurança. ─ Mas só consegui um relógio.

─ Só isso? ─ A garota murchou. Havia criado altas expectativas quando viu o rapaz entrando na loja. ─ Espero que pelo menos seja um dos bons.

─ Adivinha. ─ Aproximou-se da bancada, provocando sua curiosidade.

Quando Kenai chegou perto o suficiente, Jennifer o puxou pela gola da camisa, deixando o espaço que tinha entre eles, livre. Ohana não sabia que ela estava prestes a lhe beijar pela segunda vez, ou só tentando fazer medo nele. Ela tinha uma boa postura, era provocativa e dona de si. As coisas funcionavam quase sempre como ela queria ─ menos quando era o havaiano que encontrava-se na sua frente. Não dava para enganá-lo.

─ E odeio adivinhar. ─ Disse olhando no fundo dos olhos do rapaz.

Ele enfiou a mão dentro do bolso esquerdo da calça e de lá, tirou um relógio. Levantou o objeto na altura dos olhos deles e tombou a cabeça para o lado, fazendo Jennifer também olhar para a riqueza em sua mão. A garota arregalou os olhos, espantada.

─ Louis Moinet Meteoris. ─ O nome do relógio saiu como música para os ouvidos. Propositalmente, falou devagar. ─ Contém a droga de um fragmento do raríssimo meteorito lunar Dhofar 459. ─ O tom de voz no "droga" não parecia que ele estava com raiva de verdade. Pelo contrário, pareceu bem atraente. ─ Faz parte de uma edição limitada com apenas quatro exemplares no mundo. Cada um com um pedaço da rocha espacial. ─ Sorriu. O mesmo sorriso satisfatório de quando os assaltantes realizavam grandes roubos. ─ Avaliado em exatamente quatro, milhões, de dólares.

─ Merda, onde você roubou isso? ─ Ela perguntou sem tirar os olhos do relógio, largando a gola do rapaz. Jennifer tentou pegá-lo das mãos de Kenai, mas o mesmo foi muito mais ágil e afastou a mão. ─ Me deixa ver!

─ Lembrando que eu não vendo nada falso. ─ Cuidadosamente, ele colocou o relógio em cima de um pano cor de vinho, estirado por completo.

Só haviam três coras, mas que tornavam o relógio ainda mais espetacular. Um preto cintilante na pulseira e no cristal entre os ponteiros, ouro puro na peça inteira do meio e prata onde havia o nome do relógio cravado. Sem contar, é claro, com a quantidade de detalhes feitos a mão.

─ Então, meus quatro milhões de dólares? ─ Perguntou logo, desinteressado em mais discussões sobre o assunto.

─ Eu não tenho isso agora. ─ Disse Jennie. Quatro milhões de dólares é muito dinheiro. ─ E eu não vou te dar quatro milhões. No máximo, metade.

─ Você está brincando comigo, não é? Acha que eu sou idiota? ─ Kenai pegou o relógio em cima da bancada e guardou no bolso, dando meia volta para ir embora.

Jennifer saiu de trás da bancada e correu para não deixá-lo sair. Os olhos castanhos claro brilhavam, assustadoramente como os de uma sereia, prestes a atacar sua próxima presa com seus encantos. Jennie tinha cabelos ruivos com fogo e vestia uma roupa provocante, como ela gostava. Uma calça colada preta, camisa cinza com estampa de leão, tênis de corrida e um casaco azul escuro.

─ Key, porque você não deixa aqui e depois vem buscar o dinheiro? ─ Tentava conquistá-lo com a voz manhosa, deixando entender que ela estava afim dele e que se ele seguisse seu conselho, teria chances de ter algo a mais com ela. A doce ilusão. ─ Aí quando você voltar, nós fazemos o que você quiser. ─ Propôs, beijando o queixo do rapaz, que se afastou mais um pouco. ─ Sabe, eu odiaria que o FBI soubesse tudo o que você anda fazendo.

Ela fez menção a colocar as mãos por dentro da camisa dele, mas Kenai a impediu e afastou as duas, ignorando o papinho furado e muito menos a proposta sem sentido dela.

─ Arruma os quatro milhões, ou eu vendo para o seu amigo aqui da frente. ─ Falou com um sorriso falso no rosto, mostrando que mais uma vez, as investidas haviam falhado. Não dá para enganar um ladrão como Kenai. Pelo menos, não quando se trata de dinheiro. ─ E não adianta me chantagear, porque adivinha, eu não tenho medo de você. Se eu for preso, você também vai.

Ohana nunca cederia ao pedido. Não eram amigos, apenas negócios.

─ Três milhões. ─ Aumentou um pouco mais o preço, mesmo que ainda sim, estava abaixo do valor original do produto.

─ Beleza, agora eu quero cinco milhões. ─ Retrucou a oferta, cruzando os braços.

─ Você tá maluco? ─ Ela arregalou os olhos, expressando raiva. ─ Não vou fazer isso.

Seis milhões. ─ Falou pausadamente, para irritá-la ainda mais. Ele não voltaria atrás. Era um objeto muito valioso, outras pessoas cobrariam o dobro pra revender. ─ Ou então acho melhor você encontrar as outras três partes e tentar vender elas. não sei se você lembra, mas ele é exclusivamente raro.

Seu filho da puta. Nenhum dos dois gostava de perder ou estar num negócio onde saíam perdendo. A ruiva estava morrendo de raiva, pois ele tinha razão. Era um item de colecionador e só mais três pessoas ─ obviamente, milionárias, tinham o produto.

─ Quer que eu aumente para oito? ─ Kenai sabia que ela era inteligente o suficiente para saber que, se não comprasse, perderia milhões de reais. Caso ela quisesse revender depois.

─ Beleza, seis e não se fala mais nisso.

─ É ótimo fazer trabalho com você. ─ Ele estendeu a mão, com um sorriso debochado no rosto. De alguém que havia acabado de ganhar um campeonato mundial. E mais uma vez, Kenai faz uma tacada espetacular.

─ Vai se foder. ─ Jennifer dispensou a mão dele, dando o dedo do meio para o garoto. ─ Espera um segundo.

A garota retirou o celular do bolso e foi direto para um aplicativo secreto na qual guardava uma quantia exagerada de dinheiro. Como um banco normalmente suspeitaria dos altos depósitos da moça, Jennie, assim como outros que trabalhavam secretamente, acessavam esse aplicativo. Criptografado para manter a segurança dos clientes.

Plim, plim, plim. ─ Ohana falou, sonorizando o mesmo barulho de notificação que o celular fazia, toda vez que o dinheiro caía na conta. A quantia caiu na conta dele em segundos. ─ Esse som é perfeito, não é mesmo?

Kenai despediu-se da mulher e saiu da loja satisfeito. Sistematicamente, tirou a corrente que prendia a bicicleta e começou a andar com ela ao lado. Antes de ir para casa, resolveu passar na lanchonete e levar as comidas favoritas de sua mãe e sua irmã. Porém, no momento em que o rapaz dobrou a rua, alguém o puxou para dentro de um beco sem saída, lhe assustando.

─ Calma, espera aí! Espera aí! ─ Gritou de olhos fechados, levantando as mãos em rendição. ─ Eu sou pobre, não tem o que me roubar! Sou um garoto de família.

─ Você não tem vergonha mesmo. ─ Falou o homem em ironia. Sua voz era grossa e ele era muito forte, pois segurava o garoto contra a parede com muita facilidade. ─ Abre a merda dos olhos e deixa de ser frouxo.

─ Se você for me matar, prefiro continuar assim, obrigado.

─ Abre logo! ─ Ordenou. Kenai tinha a sensação de que tudo havia caído por terra.

─ Olha, eu não...

E ai, veio o bom. Ele conhecia os dois. Em situações diferentes, mas conhecia. A pergunta era: o que estavam fazendo ali e porque ele foi abordado pelos dois?

─ Espera aí... Você é aquele cara das flechas. Gavião Arqueiro? É isso? ─ Kenai não era fã alucinado de heróis, ou muito menos ficaria eufórico se encontrasse um deles na rua. Mas era impossível não saber os nomes. ─ Porra, tá ruim pra você também? ─ Perguntou, fazendo referência a Barton estar tentando lhe roubar.

─ Você está me zoando? ─ Clint o empurrou contra a parede, apertando o braço direito do havaiano. ─ Kate, a flecha.

─ Peraí, que flecha? Flecha o que? ─ Desesperado, tentou se soltar diversas vezes, mas sem sucesso. Merda, merda, merda. ─ O que vocês vão fazer comigo? Isso é sequestro? Vão levar meus órgãos? ─ Nervoso, não parava de fazer perguntas, que não tinha nenhuma vontade de ouvir as respostas. ─ Dá pra alguém me falar alguma coisa!

Saindo das sombras e fazendo uma entrada digna de um Oscar, a garota de cabelos pretos e rabo de cabelo, sorriu para ele. Kenai também a conhecia.

─ Kate? ─ Ela concordou, fazendo continência. Puta merda, ela ficou ainda mais bonita. ─ Kate Bishop?

─ E aí, hawaii. ─ Chamou pelo apelido que os alunos do colégio o batizaram. ─ Temos que conversar, porque você nos meteu em uma puta de uma confusão.

─ Onde estão as Katanas? ─ Interrogado, Kenai arregalou os olhos, entendendo o motivo da perseguição.

Fudeu.

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