𔒥 - 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐅𝐈𝐕𝐄 ៸៸ ㅤ𝆬

@ 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐅𝐈𝐕𝐄  | 05 ⛲
Em meio ao seu caos.

Grécia — Atenas.
Próximo do bairro Camellia.
Residência da família Blake.

Ponto de vista do Scott.

Os pássaros cantavam animados do lado de fora, eu terminava de tirar os bacons da frigideira e os colaca-lo sobre a mesa.

— Felix! Já terminei o café, desça antes que se atrase.

Felix é meu irmão mais novo, não tanta semelhança já que ele é filho do segundo casamento de mamãe, mas isso não me faz ama-lo menos. O mesmo ainda tem catorze anos, olhos escuros e misteriosos quais eram acompanhados por longos cílios.
Seu cabelo é preto com um corte bem baixo como se fosse um low fade, o que valorizava seu rosto. Haviam algumas mechas loiras espalhadas pela parte superior, quais eu tinha o ajudado a fazer.

— Ovos e bacon outra vez? — Bocejando o mesmo se sentou.

— As despesas aumentaram, foi o que eu consegui comprar essa semana. — Expliquei acariciando a mão do menor — Mas eu te prometo que amanhã podemos ir tomar sorvete.

Um sorriso apareceu no rosto pálido de Felix e logo voltou a comer, eu precisava urgentemente conseguir outro emprego. Eu queria proporcionar uma vida melhor para Felix e para minha mãe, eu quero ser tudo o que meu pai não foi por nós.
Ao terminarmos de comer me prontifiquei de arrumar a louça e terminar de organizar tudo enquanto Felix se trocava. Era um apartamento simples, mas foi conquistado com muito trabalho.

Felix havia me implorado para deixá-lo na casa de uma colega após o colégio, meu peito ficava apertado, talvez essa fosse a sensação de um pai preocupado. Bati meus dedos sobre o volante, conferindo o horário no relógio, já era por volta das duas da manhã. 
Deixei meu carro em casa e caminhei até o estacionamento de veículos para taxistas, do aplicativo para qual eu trabalhava, engatando a marcha tirei o veículo de cor prata da garagem. Abri o aplicativo em meu celular, o carro foi preenchido pela luz branca que exalava do visor, meus serviços raramente eram pedidos uma vez ou outra conseguia descolar meu dinheiro fazendo esses corres.

Desci meus dedos até o ícone de "pedidos" me deparando com um único pedido, a conta estava em anônimo sem nenhuma foto de perfil como se tivesse sido criada apenas para essa ocasião. O cliente se denominava como James e precisava de um carro urgentemente, sua localização era a uma quadra antes de uma balada luxuosa de Atenas, a After Wine. Desci o automóvel pelas ruas, agora já não tão movimentadas, enquanto murmurava a letra da música que tocava no rádio, ao chegar no local me deparei com dois jovens sentados em um banco de madeira. 

Um deles tinha longos cabelos azuis, talvez no estilo chanel? Não tive tempo de  reparar o suficiente, o mesmo  vomitava em uma lixeira enquanto era segurado pelo outro garoto,  diferente do outro ele tinha seus cabelos castanhos em um corte curto, acredito que quase raspado em baixo. O mesmo vestia uma roupa totalmente all black apenas a camiseta branca por de baixo da jaqueta que mudava o look, seu rosto era preenchido pela expressão de arrependimento, como se nao quisesse estar aqui.

Apesar da expressão de descontentamento, ele é muito bonito. Tenho a sensação de nunca tê-lo visto por aqui, não é como se eu tivesse tempo para sair em baladas também.

Abaixei o vidro escuro do carro colocando meu cotovelo apoiado na janela, cocei a garganta pensando que assim eles me notariam alí.

— Foi aqui que pediram uma carona? — Perguntei com um sorriso tímido mas tentando ser receptivo.

O garoto se cabelos castanhos se virou assustado e seu olhos azuis petróleo se encontram com os meus, sua maçã do rosto começava a ficar avermelhada, um tom de vermelho que nem mesmo a escuridão da noite apagava.
Alguns minutos se passaram e o mesmo não havia esboçado nenhum reação, a não ser me encarar como se fosse um ser divino, suspirei levando a mão até a buzina do carro e apertando-a, o outro deu um pequeno pulo no lugar como se tivesse voltado a realidade.

Vi o mesmo segurando o outro bêbado em seus braços, retirei o cinto de segurança me prontificando a ajudá-lo, mas essa ajuda foi rejeitada em poucos minutos. Apenas concordei com a cabeça enquanto voltava a ligar o carro, espero que não seja uma corrida desconfortável.
O mesmo sentou-se ao meu lado esfregando o rosto enquanto suspirava, seu rosto ainda tinha um leve tom avermelhado mas agora provavelmente da bebida se fazendo presente em seu corpo.

Trocamos pouquíssimas palavras, provavelmente apenas um diálogo normal. Me concentrei na estrada esburacada enquanto o outro encarava a cidade iluminada pela janela, seu amigo murmurava alguns sons incompreensíveis no banco de trás.
Apertei o volante ao ouvir uma melodia viciante tocar, se eu estivesse certo aquela era minha música fav. Encarei o de olhos azuis e perguntei se poderia aumentando o volume, acredito que o conforto do cliente venha sempre antes da minha vontade de ouvir alguma coisa, mas dessa vez eu torcia para que ele dissesse sim.

Felizmente hoje é meu dia de sucesso, o garoto concordou em me deixar aumentar a música e também se apresentou. James, era ele que havia pedido pelo meu serviço. Como alguém tão bonito assim não usaria nenhuma foto de perfil em algum aplicativo.
Girei meus dedos sobre o botão de som, a voz rouca mas também melodiosa da Rihanna preenchia o ambiente.

You was good on the low for a faded fuck, on some faded love
(Você era bom no baixo para uma foda desbotada, em algum amor desbotado)

Shit, what the fuck you complaining for?
(Merda, por que diabos você está reclamando?)

Feeling jaded huh?
(Sentindo-se cansado hein?)

Mormurei alguns trechos da música, com certeza essa mulher sabe fazer músicas viciantes e que se encaixam em momentos especiais, direcionei meus olhos até James, seus dedos apertavam o couro sintético do banco e seus dentes mordiam seu lábio inferior, qual já se encontrava vermelhas. 

Demorei meu olhar em seu rosto, diversas pintinhas espalhadas pelas bochecha e descendo até seu pescoço, a orelha com alguns brincos e o cabelo jogado para trás, mostrando como a lateral era raspada. Seus ombros eram largos e musculosos, talvez menores que os meus mas mesmo assim, mostrava que talvez ele fizesse academia ou algum esporte. Meus olhos encontraram o profundo azul dos seus, me lembrando uma manhã fresca na praia, a praia mais linda de Atenas.

Fui tirado dos meus pensamentos quando notei que já havíamos chegado no destino e que meu cigarro já havia acabado — qual não me recordava ter acendido — estacionei o carro perto da portaria. Esfreguei os olhos quando os raios solares já começavam a se fazer presente, chuto dizer que já estávamos perto das cinco da manhã.
Vi o mais baixo retirar uma carteira surrada do seu bolso e algumas cédulas de dentro da mesma, no calor do momento segurei seu pulso o fazendo guardar as mesmas.

— Deixa pra pagar na próxima, aliás bem vindo a Grécia! — Sem saber como terminar a frase apenas soltei uma piscada singela e voltei até meu carro.

Aquele dinheiro seria útil para pagar o tratamento da mamãe e trazê-la feliz para casa, mas mesmo assim, sinto que não é o dinheiro dele que fariam as coisas melhores. Acelerei o veículo desejando chegar em casa um pouco mais cedo, para pelo menos poder dormir alguns minutos antes de ir buscar Felix.

A quinta-feira havia sido mais um dia repleto de afazeres, muito trabalho e provas na faculdade. Girei o volante entre meus dedos manobrando o carro, acabei de visitar mamãe no hospital, seu quadro médico havia piorado de maneira surpreendente e com isso as despesas hospitalares aumentaram. Levei uma das mãos ajeitando meu cabelo, talvez se eu tivesse aceitado o dinheiro daquele cara — como era o nome dele mesmo?— eu não iria ter que me preocupar com isso.

Suspirei tentando afastar esses pensamentos enquanto planeja uma forma de contar isso ao Felix, ele tem lidado com isso melhor do que uma pessoa adulta, observei as placas nas ruas algumas indicavam que estava perto do litoral. Decidi passar pela pista em frente a entrada da praia de Alimos, mesmo que fosse rápido poderia ter um pequeno vislumbre da imensidão azul do mar, qual me lembro de mamãe gostar muito e também me lembraram um certo par de olhos azuis.

Como havia imaginando o mar estava magnífico, o sol beirando entre as ondas que se quebravam perto da areia, diminui a velocidade do automóvel quando vi uma cabeleira familiar caminhando pela calçada, o mesmo garoto que havia levado embora no dia da balada. Engoli seco pensando se deveria oferecer uma carona para o garoto de cabelos castanhos — talvez ele aceitasse ou me consideraria um perseguidor maníaco  — balanço a cabeça me livrando desses pensamentos.

— Andando desse jeito vai criar raízes na calçada!  — Comentei com um sorriso presunçoso enquanto estendia meu braço para fora da janela.

O mesmo se virou ainda desnorteado, confirmei minhas suspeitas quando pude ver seu rosto por inteiro. Quem diria que James ficaria ainda mais bonito com o sol da manhã. Revirei os olhos segurando um riso quando o mesmo comentou sobre meu carro, meu bebezinho, meu pequeno Polara 1969, ninguém pode falar mal dele.

Assim que James entrou no carro tive uma leve sensação de deja-vu, o veículo foi preenchido por um leve odor de morangos frescos, como se me levassem direto á uma plantação dos mesmo, me lembrando exatamente da nossa conversa depois da balada, seus dedos cutuvam freneticamente sua própria coxa e seus olhos evitavam o máximo me encarar. Durante todo o trajeto trocamos pouquíssimas palavras sendo apenas confortados com a presença um do outro, minha mente girava me questionando o porquê simpatizei com esse garoto, ao ponto de levá-lo á algum lugar. Estacionei o carro em frente ao colégio que o mesmo havia citado. Felix comentava diversas vezes no dia como ele queria estudar aqui algum dia, nao posso negar que também desejava isso.

— Já está entregue príncipe! — Um pequeno sorriso preencheu meu rosto, estiquei meu braço alcançando a porta do outro lado, abrindo a mesma para o garoto ao meu lado que me encarava fixamente.

— Hm! Obrigado novamente! — O mesmo agradeceu enquanto descia do carro rapidamente. Eu assustei ele de alguma maneira?

Acenei enquanto via sua figura sumindo em direção ao prédio, se eu não me engano seu rosto estava levemente vermelho, talvez ele estivesse passando mal. Tenho certeza que já vi ele em algum lugar, e nem foi só na balada, comentei enquanto ligava novamente o automóvel.

— Cara por que você quer tanto que eu vá nessa festa? — Encaixei o celular entre meu ombro e orelha, girando uma caneta em meus dedos enquanto olhava as novas contas do hospital.

— Eu tenho certeza que você vai se divertir, e sei como voce ta precisando disso! — Suspirei um pouco alto — Por favor Scott, você não vai se arrepender! — Marcos pode ser extremamente insistente as vezes.

— Se essa festa for uma merda eu nunca mais vou confiar em você, fique ciente disso! — Comentei com um tom divertido, meus olhos se direcionaram para a porta da cozinha aonde Felix esfregava seus olhos — Eu tenho que desligar, depois você me passa a localização.

— Pode ter certeza que vai ser incrível, promessa de dedinho! — Ouvi um estrondo do outro lado da linha, como se garoto tivesse derrubado o celular e em seguida a chamada foi encerrada.

Soltei um riso anasalado deixando a caneta sobre a mesa e caminhando até o pequeno garoto.

— O que você faz acordado uma hora dessas carinha? — Esfreguei a palma da minha mão por sua costa, sentindo o relaxar.

— Eu tive um pesadelo, não consigo mais dormir. — Olhei o relógio no topo da parede, o mesmo marcava as exatas duas e meia da manhã. Já era sexta feira.

— Vêm, hoje você pode dormir na minha cama. — Puxei Felix colocando-o em meu colo, senti o mesmo aconchegar sua cabeça em meu pescoço e apertar minha camiseta entre seus dedos.

Caminhei em direção ao meu quarto — qual um dia foi o de hóspedes — coloquei o mesmo na cama procurando por um edredom mais quente e confortável. Senti a barra da camiseta ser puxada, me fazendo virar para o mais novo, encarei seus olhos pretos lacrimejando e a ponta do seu nariz enrugado.

— Aonde você vai? Eu não quero ficar sozinho! Eu não quero que você suma igual a mamãe! — Senti meu peito estremecer, as vezes eu me esquecia como Felix conviveu pouca vezes com a nossa mãe e mesmo assim era extremamente apegado a ela.

Joguei meu tênis por qualquer lugar no quarto me deitando embaixo do edredom, o garoto ao meu lado se aninhou em meu peito enquanto fungava. Acariciei seu cabelo tentando acalmá-lo, Felix cresceu mais rápido que muitas crianças na idade dele e isso nem é sobre idades.

— Eu te prometo que sempre vou estar aqui carinha, em breve vamos ser uma família completa. — Apertei o mesmo entre meus braços ouvindo-o roncar baixinho, quase caindo no sono. — Vamos ser eu, você e mamãe novamente.

Por volta das cinco da tarde, Felix havia me pedido para ficar na casa da nosso avô, dizendo que aprendeu muita coisa nova na escola e teria que ensinar ao mais velho. Não neguei o pedido do mais novo quando me lembrei que ele poderia se divertir mais com o avô do que apenas ficar jogando um vídeo game comigo, sorri com a lembrança dos bons momentos que passamos juntos, como uma família completa.

Quando nossa mãe ficou hospitalizada pela primeira vez, vovô arcou com todas as despesas e se responsabilizou por cuidar de nós dois, nesse período Felix e ele se aproximaram ainda mais. Eu devo tanto á esse homem.
Já fazia algumas horas que havia deixado meu irmão lá, chutava dizer que já eram meia noite e meia. Dei um leve sobressalto no sofá quando meu celular começou a tocar, arregalei meus olhos quando vi o nome de remetente, Marcos.

— Ei cara você não esqueceu da festa ou esqueceu? — O mesmo soltou um riso abafado quando não ouviu uma resposta da minha parte. — Coloca a melhor roupa que você tiver e a gente se encontra lá! Não vou conseguir passar pra te buscar, vou arrastar alguns amigos da faculdade também. 

— Cara não sei se deveria ir, isso não combina comigo. — Mormurei passando por vários canais de televisão, procurando algo realmente interessante.

— Ah para né Scott! Você é o cara que dá as melhores festas de Atenas! — Escutei o mesmo suspirar pelo outro lado — Eu vou estar lá com você mano, eu sei que não tem sido nada fácil tudo isso que você tá passando. E por isso mesmo, eu tenho certeza que a sua mae iria gostar de te ver se divertindo!

Encostei minha cabeça no acolchoado do sofá, ter começado uma amizade com Marcos foi a melhor coisa que fiz na minha época de fundamental. Ele é o tipo de cara que está ao seu lado em todos os tipos de momentos — principalmente os mais constrangedores — não saberia o que fazer sem á ajuda dele.

— Devo levar um casaco ou está muito frio?

Não me segurei e comecei a rir quando ouço Marcos comemorar animadamente, o mesmo comentou algo sobre estar extremamente quente e me recomendou colocar algo bem casual mas com um toque de Scott. Revirei meu armário atrás de algumas peças que se complementassem e que também não parecessem estranhos no meu corpo. Optei por uma camiseta azul com alguns detalhes em branco — provavelmente um emblema do time de basebol — e uma calça cargo com uma lavagem mais escura, como sapato fui no óbvio meu inseparável par de tênis branco e para finalizar coloquei alguns acessórios, grande maioria em tons pratas.

Enviei uma mensagem rápida para meu avô avisando que pegaria Felix por volta do horário de almoço enquanto ligava o carro, conectei minha playlist favorita e relaxei com as batidas que preencheram o ambiente. Batuquei meu indicador sobre o volante conferindo a localização no gps, a casa aonde rolava a festa era razoavelmente grande e um pouco afastado do meu apartamento.

Algumas pessoas estavam dançando sendo iluminadas pelas luzes coloridas, outras preferiam ficaram sentadas aproveitando a música que tocava, procurei por Marcos através da multidão o encontrando sentado próximo ao pequeno bar que tinha ali, o mesmo enrolava uma mecha do seu cabelo castanho entre os dedos enquanto conversava com alguém.

— Se eu te pagasse uma bebida você iria gostar? — Deixei um sorriso de canto escapar quando ouvi a voz do mesmo, entre algumas falas enrolandas ele tentava passar uma cantada para a garota.

Seus cabelos castanhos com a parte de baixo roxas chamavam a atenção, com a péssima iluminação consegui apenas distinguir as sardas que pintavam seu rosto. A mesma usava um uniforme elegante de barista enquanto preparava uma bebida, seus movimentos eram ágeis e seus olhos não desviavam do rosto de Marcos.

— Ei cara você finalmente chegou! Estava quase saindo pra te buscar. — Comentou o mesmo levantando-se para me abraçar – Aliás esse é minha nova parceira....companheira.... amiga! Reagan!

Cumprimentei a mesma com um sorriso, Marcos não perde a oportunidade de conhecer pessoas novas, principalmente garotas. Me sentei pedindo uma bebida leve para começar a noite, não iria conseguir beber sem me preocupar com a visão que Felix teria de mim.

— Vocês dois se conhecem....a muito tempo? — Apontei para os dois ao meu lado, estranhamente Marcos anotava seu número de telefone em um guardanapo rasgado.

— Desde sempre? Né vida- REAGAN NÉ! — Vi o moreno ficar avermelhado, seus olhos me encaravam como se pedisse ajuda.

A garota apenas revirou os olhos, guardando o guardanapo no bolso do seu uniforme. Sua expressão parecia cansada, talvez por muito tempo atendendo os clientes ou pela companhia de Marcos.

— Nós acabamos de nos conhecer, mas até que ele tem um bom gosto pra bebida. — A mesma inclinou-se sobre a bancada deixando um sorriso tomar conta do seu rosto.

Soltei um riso anasalado observando a interação dos dois, me sentia feliz vendo que Marcos superou seu ex namoro, qual o deixou com muitas inseguranças. A felicidade dele também é a minha.

— Então, aonde estão os "amigos" que você disse que iria trazer? — Questionei fazendo as famosas aspas com os dedos indicadores.

— AH VERDADE! — Marcos desviou seus olhos do pescoço de Reagan, agora me encarando — Deixei eles sentados com uns conhecidos, já já eles aparecem aí.

Apenas concordei com a cabeça, o moreno sempre teve essa mania de acabar se distraindo facilmente e esquecer de coisas importantes. A festa já se encontrava razoavelmente cheia, me fazendo duvidar se caberiam mais pessoas dentro dessa casa. Passei meu indicador sobre a borda do copo, encarando a multidão que dançava animadamente pista, vez ou outra alguns vinham pedir uma bebida no bar.

Desviei minha atenção daquele mar de pessoas quando um forte aroma de hortelã e maçã verde tomou conta dos meus sentidos, alguns banco mais a frente foi preenchido por um garoto de cabelos castanhos. Reagan caminhou até o mesmo começando a engajar uma longa conversa com ele, estiquei meu pescoço na intenção de poder visualizar melhor seu rosto o que foi totalmente em vão.

— Então essa vai ser sua vítima da noite. — A voz rouca de Marcos me fez gargalhar pela primeira vez nessa noite.

— Óbvio que não, não sou igual você! — Inclinei minha cabeça assim que percebi a presença de um loiro ao lado do garoto, talvez seja seu namorado — Vou deixar a Reagan avisada sobre você hein.

— Não fala isso nem brincando Scott, estou apaixonado nela cara nao sei como isso aconteceu. — Segurei minha risada quando Marcos deitou a cabeça sobre a bancada.

Voltei minha atenção para os dois garotos que pareciam conversar ou melhor discutir, Reagan me encarou suplicando por ajuda, mormurei um já volto para Marcos e caminhei até eles.
O loiro se encontrava de costas para mim, falando mais alto do que o necessário — quase gritando — frases de puro ódio gratuito para o outro. Senti meus olhos arregalarem, apertei meus dedos sobre a palma da mão tentando me controlar, decidi que era a hora de interferir quando percebi que aquilo passaria de apenas xingamentos para uma agressão física.

Me aproximei dos dois puxando levemente o ombro do loiro e me colocando na frente do outro garoto, que até agora não teve nenhuma reação. Esse cara é um merda.

— Você é o único que está estragando a noite de todos aqui. — Cruzei meus braços sobre o peito, encarando o garoto de cima á baixo.
Seus olhos azuis se arregalaram revelando alguns pontos avermelhados, provavelmente de tanto beber, seus cabelos loiros tinham um corte parecido com o de Felix me fazendo lembrar do mesmo por um segundo. Ele nao iria se importar do seu irmao brigar pra defender alguém, nao é? Observei a sobrancelhas do mesmo em minha frente se enrugaram, deixando uma carranca tomar conta do seu rosto.

— E quem você pensa que é? Meu assunto não é com perdedores, se bem que James é um tremendo perdedor. — Escutei o loiro soltar uma risada nasal.

James? Esse nome é familiar.
É o mesmo garoto da balada, é o mesmo garoto que aceitou minha carona até a sua faculdade e também, é o dono dos olhos mais azuis que eu já conheci.

Percebi que uma pequena rodinha de pessoas se iniciou ao nosso redor, desviei meu olhar para o garoto atrás de mim, o mesmo estava encolhido segurando a barra da sua camiseta entre os dedos. Eu definitivamente tenho que acabar com essa discussão e isso sem brigas físicas.

— Discutir com você não vale a pena. E pra deixar claro, o único que foi rejeitado aqui é você então eu não diria que James é o perdedor. Certo? — Cocei minha garganta e me virei rapidamente passando meu braço pela ccintura do garoto de cabelos castanhos levando-o para longe dessa confusão. 

Atravessamos um grande mar de pessoas até chegar em um lugar menos barulhento, me certifiquei de não soltar a mão do garoto durante o processo — já que poderíamos nos perder — procurei por um canto silencioso aonde deixei o garoto se escorrar.  Suas mãos tremiam enquanto sua respiração estava ofegante.

— Ei cara, vai ficar tudo bem! Você não deveria se importar com o que aquele babaca disse, se você conseguiu essa oportunidade foi porque você trabalhou duro. — Cutuquei seu peito com meu dedo — E não aquele idiota. 

Seus olhos brilhavam por conta das lágrimas que começavam a surgir, o azul deles se tornou mais marcante me fazendo acreditar que estava dentro do oceano, sentindo e vendo todas as suas belezas. James se encontrava pálido e dos seus lábios rachados não saíam nenhuma palavra, minha respiração começava a pesar e minga nente a divagar entr "eu disse algo errado?" ou "aquele loiro fez alguma coisa pior com ele?".

Puxei o mais baixo lentamente, suas mãos se encaixaram firmemente em minha cintura e eu descansei meu queixo sobre sua cabeça.

— Obrigado, isso é tão vergonhoso. — Murmurou entre fungadas.

Não pude evitar de sorrir, ele ficava adorável quando constrangido. Afaguei seu cabelo castanho, sentindo o aroma de avelã se espalhar pelo ar.

— Relaxa, não esquenta a cabeça com isso. Eu conheço o Perrin com a palma da minha mão, esse garoto é insuportável — Percebi o mesmo relaxar e soltar um aceno com a cabeça — Você veio aqui pra se divertir não é? Então vamos nos divertir!

Puxei o mais baixo pela mão, nos levando até o meio da pista de dança, aonde muitos casais e pessoas solteiras curtiam a festa. Me aproximei do garçom pegando dois drinks diferente da sua bandeja, chuto dizer que um era uma Marquerita e outro um Aperol Spritz.
Estendi o Aperol ao James que aceitou de bom grado, murmurando um obrigado duas vezes mais baixo que o normal — graças a música alta do lugar — beberiquei um pouco da minha Marquerita, deixando-me olhar vagarosamente pela primeira vez o rapaz em minha frente.

O mesmo usava roupas comuns do dia a dia, mas que estranhamente o deixavam ainda mais atraente do que o normal. Seu cabelo que antes era penteado para trás com um pouco de gel, agora se encontrava totalmente livre com alfuns fios bagunçados, seu rosto parecia ter alguns minúsculos fraquementos de glitter quais desciam por seu pescoço até em direção da sua clavícula. 

— Eu sinto muito por atrapalhar a sua noite Scott — Senti minhas bochechas esquentarem assim que James me pegou encarando-lhe, seu rosto estava tão vermelho quanto o meu — Alex não me escutou quando neguei de vir até aqui, obviamente era um sinal!

Gargalhei mais alto que o normal o que chamou a atenção de algumas pessoas ao nosso redor, James me encarava com os lábios entreabertos e uma expressão carrancuda sobre seu doce rosto.

— Desculpe, desculpe! Você precisava ter visto sua cara! — Tentei controlar minha crise de riso — Eu não queria que tudo isso tivesse acontecido com você James, mas, pode ter certeza que você só melhorou a minha noite.

Me sentia totalmente radiante com a presença do moreno, era como se todos os problemas fossem sumindo aos poucos. Como se mamãe nunca tivesse ido para o hospital, como se meu irmão não estivesse me esperando ou até mesmo, como se nosso pai não tivesse nos abandonado aqui.

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