𝟯𝟴 - 𝗖𝗔𝗥𝗟𝗢𝗦 𝗦𝗔𝗜𝗡𝗭

﹙✿𝅼 — CAPÍTULO TRINTA OITO. 𓂂꣒ 𓈒
carlos sainz jr.
Sempre é tempo de aproveitar.

(pedido feito por pprettyanna)

! não incentivo uso de cigarros/pod ou qualquer outra droga prejudicial a vossa saúde!

Melbourne — GP da Austrália 2016.

Suspirei ao ver a nuvem de fumaça escapar dentre meus lábios, a lua já tomava conta do céu, iluminando qualquer alma existente naquela montanha. Algumas pessoas insistiam em me alertar que o consumo de cigarros poderia acabar com toda a minha vida, mas talvez não restasse muito com o que acabar.

Aquilo era relaxante, sabia conscientemente que era um vício, qual eu nao sabia quando deveria parar, quanto aquilo me prejudicava ou até que ponto eu iria me colocar por aquilo, em outras palavras, eu não ligava e como meus pais diziam eu nunca ligava pra nada. Talvez em algumas situações eu sentisse falta da eu do passado, minha mente me torturava com a idéia de que nunca mais poderia tê-la, nunca mais poderia ser ela.

Até conhecer ele.

Sainz apareceu despretensiosamente em minha vida, ainda tinha meus dezenove anos e trabalhava alugando chalés para acampamento junto com os meus pais, quando em certo dia de outono toda a sua família espanhola apareceu em minha recepção. Digamos que na noite daquele mesmo dia, acendia mais uma vez aquele vício entre meus dedos, balançava meus pés sem preocupação sobre a colina, passar a minha noite toda ali parecia uma ótima ideia até uma sombra sentar-se ao meu lado.

— Você sabe que isso pode te matar não é? — Sua voz era grossa, carregava o sotaque junto à si.

— E o que você sabe sobre a morte? — A fumaça evaporou entre as árvores robustas e grossas, voltei meus olhos para a a pessoa ao meu lado.

Seus olhos eram escuros assim como o céu noturno sobre nossas cabeças, seu cabelo parecia acompanhar a mesma tonalidade mas pareciam tão sedosos quanto aqueles comerciais de shampoo's profissionais. Entretanto sua expressão era uma das piores que já havia visto, normalmente as pessoas se incomodavam com o meu vício sempre dizendo o quanto aquilo às irritava, mas ele, ele parecia chateado.

— Talvez mais do que você. — O mesmo estendeu sua mão em minha direção. — Aliás, sou o Carlos! Carlos Sainz se preferir.

Encarei-o por alguns minutos, jogando a bituca que restava entre meus dedos e deixando que o resto de fumaça esvaisse para fora. Envolvi minha mão quente sobre a sua gelada, o choque térmico foi inevitável assim como o sorriso pequeno que tomou conta dos lábios do espanhol.

— É eu já sei disso, tanto quanto você já sabe meu nome. — Desviei meus olhos novamente, meu estômago borbulhava. A mesma sensação que meu vício resultava.

O moreno ergueu suas mãos em sinal de rendição, pegando um punhado de pedras e jogando ladeira abaixo. O silêncio reinava entre nós dois, mas não era algo desconfortável igual quando precisava dividir o mesmo ambiente com a minha família, era agradável ou melhor reconfortante.

— E também não precisa me lembrar as consequências dos meus próprios atos. — Aleguei encarando minhas mãos, elas já estavam trêmulas, sedentas por algo novo.

— Não quero te lembrar disso, na verdade quero saber o porquê. Por que você fuma tanto?

Senti minhas pupilas dilatando assim como os lábios secando, como ele poderia ter tanta certeza que isso era algo rotineiro, esse cara nem é daqui. Comprimi meus lábios tentando — e falhando — acabar com o ressecamento antes de respondê-lo, mas não tive essa oportunidade.

— Serei hipocrisia dizer que não pensei na sua saúde também, mas então, o que te faz fumar como se não existisse amanhã? — Agora toda a sua atenção estava voltada sobre a minha pessoa.

Por quê eu fazia isso?
Por quê...
Porque aquilo me saciava ou porque aquilo me deixava fora de órbita, mas por quê eu realmente fazia isso?

— Eu não sei. — Mormurei evitando acompanhar suas mudanças de expressão.

— Você quer parar com isso? — O espanhol aproximou-se cuidadosamente, tombando sua própria cabeça para conseguir ver os meus olhos. — Você quer parar com isso?

Muitas pessoas não ligariam em ter continuado essa conversa depois das minhas respostas anteriores, eu não imaginava que estaria falando sobre vícios com um completo estranho. Alguns chamariam Sainz de louco, louco por estar se metendo em uma estrada sem saída, que restava com apenas uma poça de problemas.

E talvez eu fosse ainda mais louca de escutá-lo e depositar toda a minha confiança em si, repentinamente sentia que meu corpo não precisaria mais daquilo e que finalmente eu voltaria a ser o que eu sempre quis.

Eu quero.

O moreno estava surpreso tanto quanto eu, ao ouvir as duas palavras que escaparam de dentro da minha alma. Eu precisava daquilo, precisava de alguém que pudesse confiar, alguém que me oferecesse ajuda sem me humilhar por algum motivo, alguém que me fizesse sentir em casa.

Foram messes e mais messes em que Carlos me ajudou, conversávamos todos os dias e todos os minutos, confia todos os meus segredos mais obscuros à ele enquanto o mesmo me contava seus sonhos, principalmente o de ser um piloto de fórmula um mundialmente famoso. Com o passar do tempo o que era inevitável se concretizou, o consumode tabaco era nulo nao me sentia na necessidade de ficar fora de órbita e além de que os meus sentimentos de amizade se afloreceram, indicando que agora me encontrava perdidamente apaixonada por ele.

Entre inúmeras pesquisas me planejava com as melhores ideias para confessar esse sentimento, Carlos era uma pessoa admirável, com o semblante passivo e a personalidade atenciosa, ele não era qualificado pessoa e nunca seria comparado com qualquer outra pessoa, ele era único, ele era o meu perto seguro, ele era o meu melhor amigo. Talvez eu não tivesse tanta sorte com o mundo como eu gostaria que fosse, era o último dia de outono, muitos campistas estavam deixando as montanhas mas isso não me preocupava porque sabia que a família de Sainz ficaria mais alguns meses por aqui.

E isso foi o meu maior erro.

Tinha acordado atordoada, completamente perdida ao escutar as batidas incessantes em minha porta, ao abri-la encontrei minha mãe com uma expressão — qual deduzi — triste devido aos seus olhos avermelhados e o lenço seu suas mãos.

— Querida você não vai se despedir do seu amigo? — A mesma assoprou o nariz contra seu lenço.

— O quê? — Minhas cordas vocais pareciam ter desistido de funcionarem naquele momento, eles sentiam que tudo estava novamente dando errado. — Como assim?

— Os pais de Carlos decidiram voltar um pouco antes pra casa, o menino recebeu uma proposta de uma equipe de fórmula um! Isso não é incrível! — Então suas lágrimas não eram de tristeza e sim de felicidade, ele havia conquistado seu sonho.

Meu estômago estava embrulhado, a culpa tomava conta do meu corpo assim como a fumaça se espalhava pelo meu pulmão, eu estava orgulhosa dele obviamente, sempre foi o seu sonho mas lá no fundo, bem ao fundo, eu gostaria de poder deixar o meu egoísmo falar mais alto. Naquele mesmo dia vi o meu melhor amigo e a minha primeira paixão partindo sem pensar duas vezes, as palavras de carinho estavam entaladas em minha garganta enquanto minhas mãos voltavam a ser trêmulas.

Todo o meu incentivo parecia ter desaparecido diante dos meus próprios olhos e eu não pude fazer absolutamente nada. Eu perdi a minha motivação, perdi o meu amor verdadeiro mas o que mais me machucou foi ter perdido a única pessoa que me fazia sentir em casa.





 ...   🗯 NOTAS DA AUTORA  ﹗

01: É necessário ressaltar aqui que não apoio o uso de drogas ou algo do tipo, não sei em que crise existencial eu estava quando escrevi isso. Aqui está o seu pedido meu bemmm! Espero que goste, não havia nenhum tema citado então deixei a minha mente trabalhar sozinha, espero que goste 🥺🥺🥺

02: Guardar seus sentimentos é a coisa mais torturante do mundo

03: Termino as aulas de direção (teorica) essa quarta mas em compensação, minhas aulas  do médio voltaram 💔💔💔💔

04: Estou tentando atualizar o mais rápido possível, deixando claro que a minha prioridade no momento são as one-shots dps as long fic!

05: Espero que gostem ♥︎.

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