𝟬𝟯 - 𝗚𝗘𝗢𝗥𝗚𝗘 𝗥𝗨𝗦𝗦𝗘𝗟𝗟
﹙✿𝅼 — CAPÍTULO TRÊS 𓂂 ꣒ 𓈒 ׄ
george russell.
Um ombro amigo.
Itália — GP da Itália 2020.
Apertei a caneta entre meus dedos encarando fixamente o monitor, era a última volta de treino para o grand prix no dia seguinte, sol começava a se pôr deixando a visão da pista ainda mais bonita. Minha vida no meio do automobilístico começou assim que me interessei por aulas de kart e foi lá que eu conheci o meu melhor amigo, George Russell.
Costumávamos ser parceiros nas competições de kart e aposto dizer que éramos considerados os melhores. Com uma certa idade Russell decidiu que iria investir na sua carreira me deixando sozinha em King's Lynn, não foi o melhor momento da minha vida ter que conviver com a saudade apertando em meio peito. Ao passar dos anos percebi que o meu lugar sempre foi na garragem ao invés de estar nas pistas.
Deixei um sorriso tomar conta do meu rosto assim que Russell e Hamilton fizeram a sua última volta, ambos com um tempo distinto durante o lap de 30 voltas mas de qualquer forma foi um dos melhores resultados. George caminhou entre pulos e saltos até a garagem enquanto Hamilton saiu a procura de Toto Wolf — acredito que seja algo relacionado com problema em seus pneus — os mecânicos, estrategistas e engenheiros cumprimentaram Russell qual tinha um sorriso gigantesco em seu rosto.
— Sinto que vamos pegar um pódio amanhã! — Puxando-me para um abraço. — Também tendo a melhor estrategista da equipe comigo!
Não consegui esconder a vermelhidão tomando conta de mim — felizmente poderia dizer que era efeito do calor — levei minhas mãos até sua costa dando leves tapinhas, por mas que eu quisesse abraçá-lo e nunca mais soltar ainda estávamos em nosso ambiente de trabalho.
— Aliás eu preciso te pedir um favor. — George nos afastou levemente me encarando.
— Claro, qualquer coisa Ru! — Apertei suas mãos nas minhas, respirando fundo. Eu adorava esse apelido desde criança.
— Eu preciso de dicas para conquistar uma garota e como você é minha melhor amiga, tenho certeza que você consegue me ajudar!
Lambi meus lábios sentindo um
desconforto tomar conta do meu peito, a sensação de felicidade foi passageira como uma brisa fresca nos dias quentes de verão, sabia que minha expressão não era uma das melhores já que George franziu suas sobrancelhas. Desviei meus olhos dos seus acreditando que tudo isso era uma piada, mas quem eu quero enganar.
O que George Russell veria na sua amiga de infância...apenas sua melhor amiga.
— Tudo bem se você não puder, eu entendo... — Apoiou sua mão sobre meu ombro, sua expressão parecia decepcionada. — Você foi a primeira pessoa que eu contei sobre isso, espero que fique só entre a gente.
Eu não me perdoaria se deixasse Russell lidar com isso sozinho, o sorriso trêmulo que tomou conta do seu rosto fez cada partícula do meu corpo se entristecer. Ele confiou seus sentimentos nas minhas mãos, tudo que passamos juntos pareciam flashbacks e eu mesma sabia que jamais conseguiria dizer não à ele.
— Qual é Russell, parece que não me conhece! Eu adoraria poder te ajudar com isso. — Sorri pegando minha bolsa.
Seus olhos agora pareciam radiantes, tão radiantes quanto um por do sol na Itália, tão radiante quanto quando estão pilotando, tão radiante quanto a maior estrela do sistema solar. E no fundo, bem no fundo do meu peito a sensação de inveja aflorecia, eu queria ser o motivo dos seus olhos radiantes, ser o motivo de deixá-lo feliz.
— Obrigado, obrigado, obrigado! Você não faz ideia do quão isso é importante pra mim! — Apertei a gola da sua camisa assim que nos abraçamos, sentindo a fragrância cara tomar conta de mim.
Eu não tinha coragem de encara-lo, sei que se fizesse isso acabaria por desmoronar em lágrimas, lágrimas quais tenho feito de tudo para deixá-las trancadas atrás das pupilas. Felizmente Toto convidou George para dar uma entrevista, o mesmo despediu-se com um sorriso de orelha à orelha enquanto eu sentia minhas pernas falharem enquanto caminhava para fora do paddock.
Tudo que eu mais desejava era deixar essas lágrimas escorrerem com a água quente do chuveiro, deixá-las irem embora junto com esse sentimento que custei a descobrir o que significa no pior momento possível.
Assim que dobrei o corredor do meu quarto no hotel senti um aperto firme em meu ombro, me fazendo parar no mesmo instante. Levantei a cabeça torcendo para que meus olhos não estivessem vermelhos pelo pouco tempo que chorei no carro, Carlos Sainz usava uma roupa comum e me encarava preocupado.
Toda essa confusão de sentimentos me fez esquecer que haveria uma festa após a classificação. Sainz abaixou levemente sua cabeça para me encarar melhor, seus olhos se encontrando com os meus se arregalaram, eu devo estar tão ridícula com essa cara de choro.
— Ter esquecido a festa não é tão importante assim pra fazer uma dama chorar! — O mesmo soltou uma risada baixa mas se calou assim que percebeu minha expressão. — Ei está tudo bem?
Balancei minha cabeça em negação, senti minha garganta fechar e meus olhos arderem pela vigésima vez no dia. Os braços forte de Sainz puxaram meus ombros para um abraço apertado, sua mao firme esfregando círculos em minha costa.
Quem diria que eu acabaria em um quarto de hotel escolhendo vestido enquanto desabafo com Carlos Sainz sobre meu melhor amigo.
Encarei meu reflexo, o vestido verde musgo escorria entre meus dedos chegando até metade da coxa, seu tecido leve e fresco era perfeito para a sensação térmica das noites na Itália.
Carlos levantou-se apertando meus ombros em uma massagem, tentando me deixar menos nervosa.
— Todos podemos passar por isso, mas não se submeta á algo que vai te magoar. Você me entende?
Concordei com um "sim" rouco, me olhando mais uma vez no espelho os últimos raios de sol atravessavam a cortina se chocando no vestido deixando-o mais claro, exatamente da cor dos olhos de Russell. Exatamente da mesma forma que os olhos dele brilharam quando ganhou sua primeira corrida de kart. Exatamente como seus olhos brilhavam quando estávamos juntos.
Sainz e eu entramos no salão com os braços entrelaçados, o espanhol tinha um sorriso radiante em seu rosto principalmente quando avistou seu companheiro de equipe e amigo Charles Leclerc se aproximar.
— Podemos ver que Sainz tem novas companhias!
O monegasco selou seus lábios em minha mão enquanto sorria, tentei ignorar toda a situação desgastante que havia acontecido a segundos atrás e sorri.
— O smooth operator é uma companhia agradável se me permite dizer!
Os dois pilotos riram, desviei minha atenção para as várias pessoas espalhadas pelo salão de festa, era quase como uma balada particular para todos os funcionários e pilotos.
George caminhava a passos rápidos e com um grande sorriso em seu rosto até nos três, sorriso qual diminuiu ao me ver tão próxima de Sainz, o espanhol acenou em sua direção chamando-o para se juntar à conversa.
— Belo desempenho no treino Russell! — Leclerc fez um toque de mãos com o mesmo enquanto sorria.
— Os créditos são para minha engenheira particular! — Abaixei minha cabeça sentindo seus olhos queimarem em minha direção.
— A ferrari ficaria feliz em tê-la trabalhando com a gente no próximo ano, principalmente o Sainz.
Charles soltou uma risada seca ao levar uma cotovelada "inofensiva" do espanhol, levantei minha cabeça pela primeira vez desde que Russell juntou-se à nos. Suas sobrancelhas estavam espremidas em uma expressão de pura confusão e até mesmo incômodo? O mesmo passou a língua sobre os lábios voltando seus olhos em minha direção, disparando um sorriso delicado.
— Vou precisar rouba-lá de vocês por alguns minutinhos ou melhor, por algumas horas! Até mais rapazes. — Rindo o de olhos verdes rodou minha cintura com sua mao, me levando até um lugar menos movimentado. — Eles sabem como dar um festa de verdade.
Apertei meus lábios sabendo que cedo ou mais tarde iriamos ter que falar sobre a tal garota, suas mãos demoraram para sair da minha cintura analisando por alguns segundos o vestido. Não pude deixar de encara-lo brevemente, George usava sua típica calça preta com sapatos sociais e uma camiseta de botões verde, julgo dizer que é o mesmo tom do vestido.
Evito deixar um sorriso genuíno aparecer em meu rosto ao pensar que parecíamos ter combinado.
— Você fica linda de verde! — Apertando minha cintura Russell tinha suas bochechas em tons de vermelho. — Você sempre está, mas principalmente hoje.
— Valeu Ru...Você até que dá pro gasto!
Foi inevitável não soltamos uma gargalhada baixa, meu medo é que esses momentos nunca mais aconteçam, que nossas conversas não existam mais.
— Por um momento achei que você não fosse vir, você saiu tão apressada do paddock mais cedo!
Suspirei pensando na desculpa mais plausível, não poderia simplesmente olhar nos seus olhos e soltar "não queria te ouvir falar sobre outra mulher, porque eu gosto de voce" George nunca mais olharia na minha cara se fizesse isso.
— Esse calor da Itália meche comigo. — Sorri — Mas é aí, como tá se sentindo depois dessa disputa acirrada?
Aquela era a desculpa mais esfarrapada que meu cérebro foi capaz de trabalhar em poucos minutos, seus olhos verdes me analisavam a todo momento, George parecia aceitar esse motivo já que não havia me questionando mais uma vez sobre o assunto.
Senti meu estômago embrulhar assim que o Britânico decidiu aproximar ainda mais — se isso for possível — nossos corpos, retirando algumas mechas de cabelo que insistiam em cair sobre meus olhos seu rosto se aproximou da minha orelha.
O odor da sua colônia adocicada tomou conta de cada fraquemento do meu corpo, deixando minha pele completamente arrepiada.
— Você acha, que eu não sei quando tem algo te incomodando? — Seu braço direito soltou minha cintura, afastando-se levemente. — Era óbvio que você não parecia bem depois do treino de manhã. Somos melhores amigos desde sempre, quando começamos a esconder coisas uns dos outros?
Engoli seco enquanto minha boca formigava, meu sangue começa a esquentar dentro daquele vestido o único pensamento que vaga minha mente era contar tudo, esclarecer tudo á respeito dos meus sentimentos. Russell ainda me encarava fixamente sua expressão nao era de raiva e sim de preocupação, era visível o suor escorrendo por sua testa e descendo por todo seu pescoço.
— Não é nada com que você precise se preocupar George. Eu posso lidar com isso sozinha! — Envolvi meu corpo com os próprios braços, Sainz estava certo eu não deveria continuar fazendo isso comigo mesma.
— Eu sei que você pode, eu nunca disse ao contrário! Só queria saber o que vem incomodando minha melhor amiga. — Nós dois parecíamos estar no nosso mundo, sem nos importarmos se nossas vozes estão alta demais. — Já que éramos pra comemorar juntos essa noite!
Seus olhos verdes desviaram para Sainz que dançava ao lado de Charles, ambos acompanhados de duas mulheres morenas, antes de voltar sua atenção para mim. Esfreguei o rosto sem me preocupar caso a maquiagem ficasse borrada, nada mais estragaria essa noite sem ser essa conversa.
— Eu só não queria te ouvir falando de outra mulher! Satisfeito? — Questionei — Eu não posso te ajudar a conquistar outro alguém, sinto muito Russell mas isso não é pra mim.
Estava feito, agora não tinha como voltar atrás. O britânico passou a mão entre seus fios bagunçando seu tão famoso topete, os olhos verdes brilharam exatamente como se o sol estivesse colidindo contra eles, brilharam como eu nunca tinha visto antes.
Já estava cogitando na hipótese de apenas correr até o banheiro e sair de lá quando tivesse certeza que a festa já havia acabado, a pista de dança agora se encontrava lotada juntamente da música alta que tomava conta dos meus ouvidos.
— O que você quer dizer com isso?
— Não é óbvio o bastante Ru? Eu pensei que você fosse mais inteligente. — Puxei seu rosto próximo ao meu, nossas testas se encostando. — Eu gosto de você George Russell, sei que deveria ter te contado isso antes mas foi agora que eu realmente entendi os meus sentimentos. Eu não consigo te ouvir falando de outra mulher enquanto sou completamente apaixonada por você.
George enroscou sua mão entre meu cabelo, empurrando minha nuca á colidir com seus lábios em um selinho que depois de alguns segundos tornou-se um beijo. Acariciei sua bocheca me deliciando desse momento, beijá-lo é como se um sonho estivesse se tornando realidade, eu adoraria que esse momento não acabasse nunca.
— A mulher que eu gosto é você. Os conselhos que eu precisava eram pra mim te conquistar! — Russel sorriu acariciando meu pescoço.
Meu sorriso mal cabia no rosto, a visão já estava turva graças as lágrimas que insistiam em aparecer — agora lágrimas de felicidade — puxei Russell para um abraço apertado, enterrando meu rosto na curvatura do seu pescoço. Sainz fazia um sinal de joia em nossa direção, grande parte disso eu devia ao espanhol que me ouviu falar por horas e me fez entender que as vezes devemos correr o risco, principalmente sobre confessar seus sentimentos durante o verão italiano.
┈ ( 🛞 ) NOTAS DA AUTORA ˖ ࣪
01 - Sainz sendo um irmão babão que defende a mais nova, queria 😔
02 - Eu tava bem capenga quando escrevi isso por isso ficou meio longo.
03 - O Charles quase falando nada com nada pq tá bêbado amo.
04 - Espero que vcs gostem ♥︎.
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