◞ 𓍢 𝟬𝟬. ERA UMA VEZ
GAME
quebra-cabeça
ERA UMA VEZ uma garotinha chamada Kobayashi Alice. Seu pai, um contador e escritor de histórias infantis, colocou esse nome após ler o livro do fabulista Lewis Carroll, criador de "Alice no País das Maravilhas". Diferente da maioria das fábulas, que sempre estavam lá para ensinar as crianças como é ser um bom garoto ou uma boa garota, "Alice no País das Maravilhas" contava com uma criança travessa e curiosa que, ao invés de só seguir o que os outros falavam e se deixar levar pela utopia de que "crianças nunca estão certas", era a pequena Alice que ensinava.
A narrativa girando em torno de uma criança que ao invés de receber, dava bronca nos adultos, lhe dando conselhos, ajudando com suas boas maneiras e os ensinando a serem mais "empáticos". Sem tanta indelicadeza ou loucura. Aquele mundo às vezes não parecia ser tão diferente do meu do real. Os seres humanos às vezes eram bem cruéis, não eram? Indelicados, ilógicos e loucos. A garotinha entendeu que nem naquele mundo e mundo menos no real, adultos poderiam ser confiáveis.
A maneira como os adultos viam as crianças sempre foi, de certa forma, deturpada. Retratadas sempre como aquelas que não sabiam o que falavam. Que viviam em um mundo de fantasia e que não sabiam o que era o mundo real. Crianças não tinham ideia do que falavam. Então qual deveria mundo ideia para elas? Tão novas e sonhadoras, para a maioria dos adultos, as crianças deveriam cair na real e parar de sonhar.
─ Querida, saber diferenciar a fantasia da realidade é muito importante, mas também devemos sonhar com um mundo melhor. ─ Kobayashi Kotaka, pai de Alice, disse para filha sentada em seu colo. A garotinha, por volta de seus 10 anos de idade, fez um beicinho. ─ Os adultos também deveriam sonhar mais. Deveriam acreditar que é possível tornar o que eles acham fantasia, real.
─ Então é por isso que eles acham que o senhor é louco? ─ Peguntou ao pai, esfregando os olhinhos para limpar as lágrimas. ─ Porque todo mundo fala mal do senhor? Papai, eu gosto de quem o senhor é! ─ As lágrimas rolavam pelos olhos da pequena Alice, que se controlava para não soluçar. ─ Eu não quero que falem mal do senhor!
Depois de voltar do colégio, Kotaka encontrou a filha mais nova no chão. Agarrada as próprias pernas e chorando horrores depois de voltar do colégio. Dori, o filho mais velho, chamava sua irmã, mas não obtinha nenhuma resposta. O pai se aproximou dela, perguntando o que havia acontecido, entretanto Alice só conseguia chorar. O rosto inchado, os olhinhos encharcados e bochechas e nariz avermelhados.
Uma hora se passou até que a garotinha se acalmasse. Quando seu pai sentou ao seu lado na cama e perguntou mais uma vez o que havia acontecido, ela revelou que seus colegas do colégio haviam falado mal dele. Que as crianças, escutando os próprios pais, chamavam o senhor Kotaka de louco, irresponsável e alucinado por ser escritor e contador de histórias. "Quem hoje em dia trabalha com isso? É por esse motivo que eles são pobres", Kotaka se lembrou da frase sussurrada, que escutou de um dos pais no dia da reunião de pais.
─ Querida, tudo bem, não se preocupe. Eu não ligo. ─ Kotaka limpou as lágrimas da filha, se controlando para também não chorar. ─ Contanto que você continue acreditando em mim, eu estarei bem.
o jogo a seguir é original.
─ ALICE, ACORDA! ─ Seu irmão a sacudiu, gritando para que ela agisse.
A mulher acordou de seus devaneios. Assustada, notou que o chão da sala na qual estavam jogando começou a cair rapidamente. Ela estava bem no meio, Dori Kobayashi, seu irmão mais velho, próximo da porta por onde entraram e Cho Hayato Duramitsu, em uma ponta mais próxima da saída. Vendo as peças do chão caírem a cada minuto que passava, a garota se movia para mais perto da porta.
Aquele já era o terceiro jogo que ela, seu irmão e seu noivo estavam jogando. Se chamava "quebra-cabeça", com uma dificuldade de quatro de paus. Ou seja, um jogo em equipe. Todos os outros participantes haviam morrido em alguma etapa. Eles tinham uma hora para completar seis fases, pegar as peças do quebra cabeça e montar antes que o tempo acabasse. Já faziam cinquenta minutos que estavam jogando e faltava apenas a última fase.
─ O que faremos? ─ Dori perguntou a Alice e a Hayato. ─ Se precisamos trabalhar em equipe, temos que descobrir como nos ajudar a abrir essa porta. Ela tem uma entrada, não tem, Lice? ─ Dori perguntou a irmã que estava próximo da porta.
─ Sim, tem uma entrada... Mas não é uma fechadura de chave. ─ Falou analisando a abertura da porta. ─ É em formato de uma... Árvore? ─Arqueou a sobrancelha. Se perguntando porque havia uma fechadura naquela sala, se nas outras não tinham. ─ Que inferno! Essa música vai estourar meus miolos.
Além de ter que pensar na forma mais rápida de abrir a porta da sala e ter apenas dez minutos para conseguirem sair vivos, a última e mais difícil fase tocava no volume máximo uma música de infância japonesa.
─ Espera! ─ Duramitsu gritou, chamando atenção dos irmãos. Ele havia pensado em algo. ─ Você disse que é em formato de uma árvore, não é? A música. ─ Apontou para cima, de onde a música saia. ─ A música se chama "debaixo de uma grande castanheira". Escutem a música!
Ookina kuri no ki no shita de
(Debaixo da grande castanheira)
Anata to watashi
(Você e eu)
Tanoshiku asobi mashou
(Vamos brincar alegremente)
Ookina kuri no ki no shita de
(Debaixo da grande castanheira)
Anata wa iro ga kagayaite iru no o miru koto ga dekimasu
(Você pode ver as cores japonesas brilhando)
─ Eu já ouvi essa música... Mas esse final... ─ Dori ficou um pouco confuso. Ele identificou qual era a música, mas achava que havia algo diferente. ─ Eles por acaso lançaram uma versão nova que inclui "você pode ver as cores japonesas brilhando"? ─ Perguntou aos outros dois.
Alice não se lembrava de tantas músicas de infância, mas também tinha entendido que aquela última parte não fazia parte da canção original. Ela olhou para os lados, notando que entre muitas das frechas da parede haviam peças de acrílico de cores variadas. Todas em formato de árvore. Para testar a sua hipótese, ela esticou o braço para pegar uma das peças, conseguindo solta-la da parede.
─ Hayato. ─ Chamou o rapaz, que olhou na mesma hora para ela. Kobayashi balançou a peça na mão, mostrando parte da resposta.
─ É isso. Pra abrir temos que colocar as cores na ordem. ─ O homem apontou para a peça, mas sem se soltar de onde se segurava. Estava encolhido no canto da parede, apoiando-se em uma das partes acimentadas da parede para não cair. ─ Mas como...
─ Tem um papel ali. ─ Dori apontou para uma fresta no teto.
─ Vou pegar! ─ Alice disse sem pensar duas vezes. Não tinham tempo para medo.
─ Toma cuidado. ─ Hayato falou.
Alice colocou a peça de volta no lugar e foi se segurando entre outros buraquinhos na parede para escalar até o teto. Os dois rapazes não tiraram os olhos dela, com medo de que ela pudesse escorregar. Já Kobayashi, muito habilidosa e forte, escalou a parede inteira em um menos de um minuto. Quando chegou lá encima, se preocupou menos ainda, pois haviam barras de ferro atravessadas de um lado para o outro no teto.
─ Você já pensou em fazer algo que explore mais essas suas habilidades de mulher-aranha, irmãzinha? ─ Dori perguntou para quebrar o clima. Ele era ótimo nisso, mesmo sabendo que eles tinham menos de dez minutos para concluir a última fase. ─ Está perdendo tempo trabalhando escrevendo.
─ Na verdade já. O papai falava que eu seria uma ótima heroína... mas eu achei que ser vilã seria mais legal. ─ Alice respondeu o irmão, de bom humor. Dori Kobayashi era o único que nunca era ignorado. Deve ser um bom irmão mais velho. ─ O que acha?
─ Contanto que você me deixe vivo, eu apoio. ─ Deu uma risada, tirando um sorriso desacreditado da mais nova.
Kobayashi se segurou nas barras de ferro e se pendurou, usando uma a uma para chegar até o meio do teto.
─ Beleza, peguei! ─ Gritou para os dois. Alice impulsionou suas pernas para cima e se pendurou, ficando de cabeça para baixou e lendo a frase que tinha no papel.
Se você voltar para o começo, saberá da resposta que lhe livrará da morte. Porém, sempre se atente as variações presentes na sua vida, podem acabar atrapalhando. Então, se precisar, agregue o segundo ou terceiro plano para concluir a missão. E se você ainda estiver na dúvida, troque a última palavra da resposta e a coloque na frente.
─ Nossa, não entendi nada dessa merda. ─ Falou assim que acabou de ler, guardando o papel no bolso da saia. Que para constar, continha um short por baixo.
─ Início do jogo? ─ Dori se perguntou, tentando raciocinar o que havia acabo de escutar. Sabia que era uma dica, mas não conseguia decifrar.
─ Alice, tem quantos espaços para encaixar? ─ Hayato perguntou.
─ Espera.
Lice saiu da posição em que estava, escalando novamente as barras de ferro e a parede para voltar para frente da porta. Ao chegar, colocou os olhos na altura da fechadura e contou as silhuetas dentro. Haviam cinco ao total, designando que eram cinco peças a serem colocadas.
─ Cinco.
─ São as iniciais das frases. O-A-T-O-A. ─ Duramitsu respondeu, avançando mais um pouco na resposta que achou ser a final. Ele tinha certeza que era aquilo. Até analisou também as iniciais que haviam nos nomes das salas, mas não chegou em numa conclusão que pudesse levar ao nome das cores. Não batia. Já as letras iniciais das frases da música, encaixavam perfeitamente. ─ Orendi, Laranja. Aka ou Ao, Vermelho ou Azul. Tyairo, marrom. Orendi, Laranja. Aka ou Ao, Vermelho ou Azul.
─ Mas nós vamos usar vermelho ou azul? ─ Dori questionou, já que não podiam usar mais de uma cor.
─ É na ordem. Deveríamos seguir a regra do alfabeto também. ─ Alice pensou, imaginando que assim como as cores, se precisassem descartar alguma cor, teria que ser constando a ordem alfabética. Como por exemplo, o a vindo antes do i. Assim, a letra mais próxima da primeira teria prioridade.
─ Primeiro vem as vogais. Ou seja, A, I, U, E e O. Então é azul, ao. ─ Seguiu o mesmo pensamento, entendendo que fazia sentindo seguir aquela lógica. ─ Beleza. Hayato, as Laranjas estão do seu lado, as azuis desse aqui e tem um marrom em cima da porta, Lice. Vamos, falta pouco tempo!
Alice foi a primeira a conseguir pegar. Como estava muito próximo, ela escalou a parede por alguns centímetros e conseguiu tirar a peça. Já Dori, que havia ficado de pegar as azuis, quase escorregou ao tentar pisar em um pedaço de cimento. Ele respirou fundo e se concentrou, mas ao chegar próximo das peças azuis, notou algo que poderia complicar tudo.
─ Espera, são... Tipos diferentes de azul? ─ Falou em voz alta para que os outros escutassem. Cho, que chegou na parte onde as peças laranjas se encontravam, notou o mesmo. ─ Droga! Precisamos saber o tipo de variação de azul e laranja.
Mas apesar do empecilho no caminho, Hayato Duramitsu não demorou para achar uma ligação para tentar concluir a resposta. A palavra "variação" veio em sua mente. Ele havia escutado essa palavras em algum lugar.
─ "Porém, sempre se atente as variações presentes na sua vida, podem acabar atrapalhando. Então, se precisar, agregue o segundo ou terceiro plano para concluir a missão". ─ Era isso! A frase também falava sobre variações. Nesse caso, levando em conta as cores, eles também teriam que achar a variação de cores para completar os tons de laranja e azuis. ─ Quais são as segundas palavras nas frases?
─ Kuri, To, Kuri e ... Wa? ─ A última palavra impediu que Dori achasse a resposta completa. ─ Não tem nenhuma variação com Wa.
─ Qual a terceira palavra? ─ Hayato perguntou.
─ Iro. ─ Respondeu o Kobayashi, ainda um pouco confuso. ─ Mas não tem uma variação que se inicia com Iro. Ah não ser que...
─ "E se você ainda estiver na dúvida, troque a última palavra da resposta e a coloque na frente". ─ Alice proferiu a última frase da dica que eles receberam. Bingo. ─ Mizu iro. É isso? Ao contrário fica Iro mizu.
─ Então é OK-AT-T-OK-AI. ─ Duramitsu completou as palavras chave que faltavam, recitando em seguida em japonês, as cores que eles precisavam. ─ Orendi Kohaku iro, Ao Taakoizu buruu, Tyairo, Orendi Kohaku iro e Ao "Iro Mizu"!
─ Dois minutos! ─ Dori gritou, vendo o tempo em seu celular. ─ Vamos jogar na ordem. Laranja Âmbar, Azul Turqueza, Marrom, Laranja Âmbar e Azul claro.
Cho Hayato por ser alto e ter os braços compridos pegou a primeira peça, Laranja Âmbar e jogou para Alice. Dori, que estava próximo do Azul Turquesa, pegou a peça e fez o mesmo. Chegou a vez de Alice e, tirando do bolso, encaixou a terceira peça da fechadura. Hayato aproveitou que Alice colocava as duas peças e se moveu para conseguir pegar a outra Laranja Âmbar. Assim que possível, jogou. Dori usou todas as suas forças e colocou o medo de lado e pegou a última peça, Azul claro, jogando para sua irmã.
FALTA UM MINUTO PARA O JOGO ENCERRAR.
A garota encaixou a última peça e a porta abriu. Não deu tempo de comemorar pois faltava apenas um minuto para o final do jogo. Por estar mais perto dela, Alice ajudou Hayato, esticando uma de suas mãos para que ele segurasse, enquanto usava a outra para segurar uma barra de ferra presa na parede. Porém ainda faltava seu irmão, que para infelicidade, estava ao lado da porta de entrada.
─ Dori, você vai ter que pular. ─ A mais nova gritou, explicando que só havia uma única opção. ─ Não dá tempo de tentar escalar.
─ Eu vou morrer! ─ Ele gritou de volta, se segurando na parede para não acabar escorregando. ─ Alice, eu não sou você!
─ Hayato, segura nas minhas pernas. Eu vou segurar ele. ─ Ela se deitou no chão, se arrastando para a borda da sala e esperando que ele a segurasse.
─ Ficou maluca? Ai vocês dois morreram!
─ Cala a boca e me ajuda. Não tem outra opção. ─ Ela o olhou brava, insistindo que o mesmo ajudasse. Era um jogo de equipe, então para sobreviver, eles precisavam achar uma alternativa de salvar todos. Principalmente, por essa pessoa ser irmão dela.
Duramitsu respirou fundo e fez o que foi mandado. O rapaz segurou nas pernas de Alice, se agarrando a elas e abrindo as pernas para fazer força contra as paredes da porta. Assim, teria mais segurança para os três não acabarem caindo e conseguir ter força para puxa-los.
─ Quantos porcento de chance disso dar certo? ─ Ela perguntou arregaçando as mangas do blazer. Piscou os olhos duas vezes, ignorando o sangue que descia para sua cabeça. Por estar de cabeça para baixo.
─ 10%. ─ Cho havia calculado as probabilidades no mesmo segundo em que ela deu a ideia.
─ Ótimo, melhor que zero. ─ Falou baixo, para que apenas eles escutasse. ─ Irmão, o Hayato disse que tem 70% de chance de dar certo. Vamos, eu vou te segurar! ─ Lice gritou para Dori, dando forças e esperanças de que o plano dela daria certo.
20 segundos.
─ Eu não consigo! ─ Choramingou, tentando ser corajoso. Dori tinha um certo medo de altura.
15 segundos.
─ Dori Kobayashi, impulsiona na porra da parede e pula agora caralho! ─ Alice gritou, sendo considerado até mesmo como histerismo por puro desespero de ver seu irmão morto.
Ele, vendo que seu tempo estava acabando, tomou toda coragem do mundo e pulou. Seu mundo parecia estar girando e podia ter certeza que estava passando mal. Os pelos do seu corpo todos em alerta. O suor descendo pela testa e a visão da sua irmã de cabeça para baixo, fazendo de tudo para salva-lo. Ele não queria arriscar a vida dela, mas ao mesmo tempo não queria morrer e ficar sem ela.
Dori esticou o braço e sentiu um mísero alivio quando Alice conseguiu segura-lo. Ela estava vermelha, as mãos tremendo e os músculos do braços completamente aparentes. Nem ela imagina a que havia tanta força dentro dela... Ver seu irmão em perigo lhe fez ainda mais forte.
─ Te peguei irmãozinho. ─ Lice tirou um segundo para sorrir, falando com o irmão. ─ Não olha pra baixo.
10 segundos.
─ Rápido, Hayato puxa a gente!
08 segundos.
O Cho não esperou nem que ela falasse e tomou a posição de começar a puxa-los. Suas pernas ficaram nas paredes da porta e, sem deixar que as pernas de Alice escapassem de seu braço, se forçou ir para trás. Alice e Dori não tiravam os olhos um do outro, se segurando um no outro e tentando não deixar que os pingos de suor estragassem tudo e fizesse suas mãos desligarem. Um grito de força surgiu vindo de Hayato e ele conseguiu puxar sua noiva para cima.
05 segundos.
O homem correu até a borda da porta e a ajudou a puxar Dori para cima, deixando os corpos dos irmãos totalmente salvos de caírem.
03 segundos, Alice e Hayato puxaram o corpo de Dori para longe da porta. 02 segundos, a Kobayashi jurou a porta, a chutando para que o fogo não subisse e atingisse nenhum deles. 01 segundo, Duramitsu se jogou encima dos irmãos, na intenção de protege-los caso a porta explodisse.
JOGO ZERADO, PARABÉNS.
Os três suspiraram aliviados de conseguirem concluir mais um jogo. Hayato saiu de cima de Alice no e de Dori, se jogando no chão ao lado dos dois e cobrindo os olhos com as mãos. Estava extremamente cansado. Tanto fisicamente, quanto mentalmente. Por sorte, eles tinham mais algum tempo até que seu visto expirasse e poderiam descansar.
Bom, pelo menos ele e Dori, já que sabia que Alice não descansaria até conseguir descobrir respostas sobre aquele jogo.
─ Acho que minha cabeça vai explodir. ─ O Kobayashi mais velho comentou, sentindo sua mente pesar mais do que o normal. ─ Que merda de jogo foi esse.
─ Nossa, foi tão divertido. ─ Pelo tom de voz da mulher, não estava nem um pouco satisfeita. A careta e as sobrancelhas arqueadas também entregaram o desgosto. ─ Bando de filho da puta! Desgraçados de merda. ─ Gritou, novamente de maneira histérica. A fase de autocontrole já passou, não precisava medir palavras. ─ Eu odeio vocês!
─ Fala baixo, ou eles vão ficar bravos com você. ─ Duramitsu disse, cutucando ela. Em troca, recebeu um soco no ombro.
─ Eu quero mais é que eles se fodam. ─ Disse olhando para ele e o empurrando mais para o lado. ─ Espero que todos vocês que estão fazendo isso com a gente morram!
Sem piedade dos pobres Dori e Cho que só queriam descansar mais um pouco naquele chão, Alice se levantou e mandou os dois fazerem o mesmo. Seria mais seguro se eles se escondessem e esperassem até o o último dia em que seus vistos venceriam. Ela sabia que precisava coletar as cartas, que de algum modo, deveriam dizer algo sobre o jogo, mas não podia fazer isso com Dori e Hayato na sua cola. Eles não deixariam que ela jogasse sozinha e Alice, não queria colocar eles em perigo sem necessidade.
─ Alice, espera... ─ Seu irmão a chamou, mais ela mandou ele levantar e parar de preguiça. ─ Vamos descansar um pouco. Por favor.
─ Precisamos ir. Já zeramos três jogos dessa área... Não tem mais por aqui. ─ Os dois rapazes olharam incrédulos para ela. Como era possível alguém pensar nisso depois de todo o sufoco que passaram? ─ E também devemos procurar um local para descansar. Ficar nas ruas é perigoso.
─ Alguma ideia? ─ O mais velho de todo ali, Cho, perguntou.
─ Hm... ─ Alice olhou para os lados e pensou, até se lembrar de um local próximo e que poderia ajudá-los bastante. ─ O shopping. O shopping é perto daqui. ─ Ela apontou para o lado norte, depois de duas torres que falavam a visão deles. ─ Lá tem muitas coisas que podemos usar nos próximos jogos.
Ela até já poderia imaginar uma lista de coisas que buscaria no lugar. Como um mapa de Tokyo, alguma arma branca, comida, água, curativos, uma mochila e entre outros utensílios que serviriam para os dias seguintes.
─ Ainda precisa cobrir essa ferida. ─ Apontou para a perna do irmão. Não estava tão ruim que ele não pudesse andar, mas se tratassem, com certeza melhoraria. ─ E você, comer. Está pálido. ─ Dessa vez foi a vez dela falar para Hayato.
─ Nossa, você age como uma irmã e uma noiva preocupada. ─ Dori riu, levantando-se do chão e se recompondo. Achava engraçado como ela fingia não se importar com ninguém, ao mesmo tempo que quando realmente gostava daquela pessoa, sempre se preocupava. ─ Não deveria agir assim comigo. Eu sou seu irmão mais velho, eu que sou assim! ─ Resmungou, bagunçando os fios de cabelo da menor. ─ Você lembra que também agia assim com o Chis...
Dori levou um beliscão da irmã mais nova antes que completasse a frase. A Kobayashi olhou para o mais velho, o encarando com os olhos de quem estava pronta para fazer uma massacre se aquele nome fosse dito.
─ O que? Porque parou de falar? ─ Duramitsu ficou intrigado ao ver os dois se encararem e Dori não completar a frase.
─ Ah, nada! ─ O Kobayashi tentou disfarçar, jogando a mãozinha como quem diz "ah, esquece". ─ Quis dizer que ela era preocupada assim com o Chis... O antigo cachorro dela. Ele era muito travesso.
─ Mas não era um gato? ─ Cho continuou as perguntas, achando ainda mais estranho ele citar um animal que nunca tinha escutado falar.
─ Olha o céu com está bonito! ─ Dori quase gritou, mudando de assunto e olhando o céu estrelado. ─ Vem ver, Lice!
Ele puxou o braço da irmã e caminhou com ela na frente. Alice, que não queria relembrar de seu passado, deixou passar a quase gafe de seu irmão mais velho. Seria melhor assim, deixar o passado para trás e não se incomodar nem mesmo em citar seus acontecimentos. Nem o aconteceu, nem com quem aconteceu.
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CHESHIRE
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