ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ( 𝟏𝟎 ). SACRIFÍCIOS DEVEM SER FEITOS
⋆.ೃ࿔*:𓇼' C A P Í T U L O D E Z ˚˖𓍢ִ໋🌷͙֒
౨ৎ : sacrifícios devem ser feitos
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Um silêncio ensurdecedor se fazia presente no quarto enquanto Nari mexia na ponta de suas duas tranças, que ela havia feito antes de sair do banheiro, um suspiro deixando seus lábios enquanto ela movia o olhar para a garota ao seu lado, que tinha uma mão na barriga, e apesar de estarem próximas uma a outra, ninguém ousou falar uma palavra, provavelmente ainda envergonhadas pelo acontecimento no banheiro.
Mas rapidamente a atenção de Nari foi capturada ao som do alto-falante tocando e interrompendo o silêncio, fazendo com que todos se calassem para prestar atenção no que era dito.
“Os jogadores eliminados são: 230, 268, 299, 331 e 401. Esses jogadores foram eliminados.”
Os olhos de Nari se arregalaram levemente, um suspiro trêmulo deixava seus lábios, enquanto ela tentava assimilar a nova informação, encarando suas mãos ao perceber que Thanos havia sido morto. Mas quando isso aconteceu? Por que e quem havia feito isso? As perguntas não paravam de surgir em sua mente enquanto ela sentia a falsa calma que sentia antes se desvanecer de seu corpo e ser substituído pelo nervosismo, tristeza e raiva, mais uma vez. Ela nunca gostou muito dele, e nem havia muita amizade, e havia sentido sim bastante raiva dele em certos momentos, principalmente quando ele a chutou bem no estômago, mas ele ainda havia sido seu fôlego, e ainda havia se preocupado com ela nos jogos, além disso, ela não queria que mais ninguém que ela gostasse ou conhecesse morresse, e o exato contrário havia acontecido. Ele estava morto, e mesmo não gostando muito dele, Nari estava de luto.
Ela mordeu fortemente os lábios inferiores enquanto seus cílios tremulavam e seus olhos ardiam com uma surpreendente vontade de chorar, mas ela não o fez, sabendo que caso o fizesse pareceria uma vítima vulnerável para o lado O, e ela era tudo, menos isso.
A garota Hae então moveu seu olhar ao cofrinho de porquinho que mais uma vez descia, sendo iluminado pela luz dourada, a música que normalmente tocava em jogos de apostas se fazendo presente enquanto as unhas da garota cavavam fundo na pele sensível da palma da mão, o dinheiro caindo dentro do negócio que já estava praticamente cheio, e isso fez com que alguns jogadores ficassem vidrados naquilo, mas isso não aconteceu com Nari, já que tudo que ela conseguia sentir era raiva. Ela não podia acreditar que as pessoas ainda não perceberam que para chegar até ali elas haviam vendido muitas almas e vidas por dinheiro, algumas gananciosas e outras que apenas imploraram para sair dali e serem mantidas vivas. Era injusto pensar que ela estava viva e Young-mi não.
Mas rapidamente toda a cena foi interrompida quando uma das pequenas portas verdes, que ficava ao lado do grande portão foi aberta, revelando os jogadores masculinos que entravam ali, e o cenho de Nari franziu quando viu um deles correr e começar a gritar enquanto balançava as mãos, não demorando para ela perceber que era Nam-gyu:
— ATENÇÃO AQUI CÍRCULOS! EI! EI! A gente tava lá no banheiro e esses filhos da puta vieram pra cima. Eles queriam matar todo mundo… todo o nosso grupo! O meu amigo morreu! T-todo mundo que votou no círculo morreu!
O cenho de Nari se franziu em confusão enquanto ela se levantava junto de Jun-Hee e os outros jogadores do lado X, observando a forma como a voz de Nam-gyu soava trêmula e ela percebeu que alguma coisa estava errada com ele, provavelmente era o nervosismo, ela só não sabia dizer se o sentimento havia sido desencadeado pelas drogas ou por seu melhor amigo estar morto.
— ELE TÁ MENTINDO! — o jogador 347 apontou para ele, se aproximando. — Foram vocês que começaram! Merda… esses caras vieram atacar o nosso grupo, eles vieram atacar a gente pra poder ganhar na votação amanhã!
— FOI ISSO MESMO!
— Aí… aí… foram vocês que mataram um dos nossos! Eles queriam matar a gente pra ganhar essa porra dessa votação!
— Vai se foder, vocês que atacaram! Vocês queriam matar a gente e agora a gente não pode falar nada?!
A tensão crepitava no ar enquanto os jogadores se aproximavam novamente uns dos outros, todos com aquela mesma sensação indescritível, talvez fosse choque e raiva misturados, Nari sentia os dois, mas apesar disso, ela simplesmente não queria que outra briga acontecesse, não naquele momento pelo menos. Eles já tiveram brigas o suficiente.
— Espera ai… qual foi o lado que perdeu mais gente? — o jogador 100 questionou e Nari revirou os olhos, ela odiava quando ele abria a boca. — Ei pessoal, a gente tem que fazer uma contagem!
— É! Isso aí! Todo mundo pra baixo pra gente poder contar!
— A-a gente vai fazer uma contagem nossa! Vem todo mundo pra cá.
— Vem todo mundo que tá aí! Vem pra cá! Pode vir! — Dae-ho concordou, gritando.
Mas Nari ignorou aquelas palavras por um momento, seu olhar seguindo o de Jun-Hee e caindo no último jogador a entrar no quarto, Myeong-gi. O rosto dele estava coberto de sangue, e ele andava em passos lentos até a cama dele, totalmente alheio a discussão e a tensão que se formava no ar, ainda parecendo estar em choque, provavelmente da briga no banheiro.
Os olhos de Nari rapidamente se desviaram dele e caíram em Se-mi enquanto ela se aproximava dos jogadores que estavam se juntando e se sentando para poder fazer a contagem, então ela tomou liberdade para sair do lado de Jun-Hee e se aproximar dela, enquanto sentia seu coração bater forte contra o peito, um pressentimento ruim enchendo seu corpo, mas ela tentou ignorar ele.
— Ei, Semi.
— Ei, Nari. Tudo bem? — a garota sorriu assim que viu Nari.
— Uh, sim… e com você?
— Eu estou bem, por quê a pergunta?
— Eu só… tô com medo de toda essa situação, e queria ter certeza de que você estava bem.
— Eu estou bem sim, não se preocupe com isso.
— Ok, então…
O murmúrio deixou os lábios de Nari enquanto ela dava as costas a garota e se afastava lentamente, mas a sensação ruim ainda se apossava de seu corpo, se alastrando, então ela não conseguiu se segurar enquanto voltava novamente para perto de Se-mi em passos rápidos, e sem aviso prévio, ficou nas pontas dos pés e envolveu os braços sobre seus ombros, abraçando-a.
— Uau… — a jogadora 380 murmurou, rindo levemente enquanto correspondia o abraço de Nari, hesitando no começo antes de relaxar, dando batidas leves nas costas da garota.
— Fica viva. — o tom de Nari saiu firme, enquanto Se-mi acenava firmemente com a cabeça.
Assim que as palavras deixam os lábios de Nari ela tomou liberdade para se afastar dela e voltar para o lado de Jun-Hee, e quase como se fosse uma força magnética, seus olhos se encontraram e a Hae sorriu para ela, sem mostrar os dentes, e ela fez o mesmo
Agora que todos estavam sentados e organizados dava para o jogador 347 contar um por um, um sentimento de ansiedade se fazendo presente no corpo de Nari, que esperava que o lado O tivesse perdido bem mais gente do que eles, não que ela quisesse que qualquer pessoa ali morresse, ela só estava desesperada para ir embora, ela podia sentir suas mãos tremendo levemente, mas dessa vez não era pela ansiedade, e sim pela raiva, que ela podia sentir fundo em seu corpo, vendo isso, Jun-Hee descansou sua mão sobre a dela, o que a fez se virar para encarar ela e entrelaçar suas mãos.
— 48… morreram duas pessoas. — o homem fez sinal com a mão enquanto se sentava.
— Se morreram cinco pessoas no total, foram três do lado deles.
— Então quer dizer que a gente tá em vantagem, não é? — Se-mi disse em seguida.
— É! 48 contra 47. — Jang-Bae concordou rapidamente. — Se nenhum mudar de ideia nos ganhamos por um voto!
Uma pequena ponta de esperança surgiu e iluminou o rosto dos jogadores do lado X, enquanto o lado O se sentiam apreensivos por terem perdidos um jogador a mais que o outro lado. O que significava que provavelmente o jogo poderia ser descontinuado se continuasse assim.
“Atenção por favor! As luzes irão se apagar em 30 minutos. Jogadores por favor, voltem para suas camas e se preparem para dormir!”
— O ninguém pode mudar de ideia. — 347 disse, encarando a todos enquanto se levantava. — Amanhã é o fim, entenderam?! A gente vai sair daqui a entenderão?!
— É isso mesmo! Já tá na hora da gente sair daqui!
Alguns jogadores começaram a se mover para suas respectivas camas, e Nari ia fazer o mesmo, mas foi impedida ao ver Gi-Hun parar, o que a fez fazer o mesmo e seguir seu olhar, os olhos dela encontraram os dos jogadores do lado O os encarando com uma certa raiva quase incomum, e quando moveu o olhar mais um pouco, o olhar que ela encontrou foi sinistro. Nam-gyu era sinistro, e ele provavelmente estava com tanta raiva dela quanto ela tinha dele.
Mas ela não se deixou abalar por um olhar, o dela se tornou gélido enquanto correspondia ao olhar deles, seu maxilar se apertando enquanto desviava o olhar e seguia Gi-Hun, seu grupo se reunindo no lugar de sempre.
“Jogadores, as luzes irão se apagar em 20 minutos. Jogadores por favor, preparem-se para dormir.”
— Eu tô achando esses caras muito suspeitos. — Dae-ho voltou a se aproximar do grupo após observar o lado O. — Parece que eles tão tramando alguma coisa.
Um suspiro deixou os lábios de Nari enquanto ela movia sua mão para o garfo que estava escondido no bolso de seu casaco verde, o mesmo que indicava que ela era a jogadora 444. Ela apertou o garfo em sua mão, observando a luz bater e refletir o brilho no talher de prata.
— Edai? É nossa última noite aqui e tudo acaba, eles que se fodam. — 390 disse em tom alto, se inclinando levemente para o lado em que dava para ver o lado O, quase como se ele quisesse que eles ouvissem.
— Mas vai ficar tudo bem? Falaram que a briga foi uma coisa bem louca.
— Quando as luzes apagarem, o grupo deles vai atacar a gente. — Gi-Hun falou pela primeira vez desde que a conversa começou.
— Que? É sério?
— Porque assim o prêmio sobe. — Gi-Hun continuou. — E eles ganham a votação amanhã.
— Mas o que a gente faz então?
— Nós vamos atacar primeiro. — In-Ho sugeriu, embora soasse mais como uma afirmação. — Pensa bem, eles devem estar achando que a gente vai esperar a votação… quando as luzes apagar a gente ataca e pega eles de surpresa.
— Isso… o único jeito é atacar. Tem mais mulheres e idosos do nosso lado, se eles vierem, aí fudeu…
O clima estava pesado, mas Nari ainda sim não ergueu o olhar para encarar eles, perdida em pensamentos enquanto girava o garfo entre os dedos, ponderando a ideia e se perguntando se aquele garfo seria muito útil na hora de se defender.
— A gente vai ter que agir… a gente vai ter que armar uma emboscada…
— É, eu também acho…
— A gente não pode fazer isso. — 456 interrompeu.
— Nos temos que sair desse lugar. — 001 retrucou. — Foi o que você disse… que a gente não pode mais abaixar a cabeça.
— Mas eu não quis dizer que era pra gente sair matando a outra equipe! É isso que esses desgraçados querem!
— Eles quem? — 390 interrompeu, inclinando-se para mais perto de Gi-Hun.
— Os que inventaram o jogo. E os desgraçados que ficam assistindo a gente jogar… Se a gente for lutar contra alguém só pode ser contra eles!
— Só que… onde é que eles estão?
— Lá em cima. — ele respondeu, fazendo todos levantarem a cabeça e encararem a câmera que os filmava. — A sala fica lá em cima. É onde os desgraçados ficam controlando o circo. O homem de máscara preta é o líder deles. Se a gente chegar até ele, dá pra ganhar essa luta.
— Vocês vão lutar como? Eles estão armados.
Nari percebeu como a expressão e a forma como In-Ho falava era diferente agora, era quase como se ele estivesse sendo desafiado diretamente, e ela franziu o cenho com essa atitude.
— Vamos lutar com nossas armas.
— E… cadê nossas armas?
— A gente vai roubar.
— Dos… dos mascarados? — 242 abriu a boca pela primeira vez, perguntando.
Gi-Hun assentiu, mas In-Ho mais uma vez interrompeu:
— É perigoso demais, mesmo que a gente roubei algumas, eu tenho certeza que eles estão em números maiores…
— Qual é sua ideia então? Começar uma guerra sangrenta aqui e torcer para ser o último vivo? — Gi-Hun questionou, seu tom se elevando por um momento. — Fala pra mim, é isso mesmo que você quer?!
A garota Hae quase se sentia entre uma discussão de pais divorciados, porque eles eram muito amigos antes, e ela queria ter pais como eles, ela gostava dos dois e agora eles estavam simplesmente discutindo, em uma situação que não era pra ser discutida dessa forma, tudo já estava ruim demais, era para eles entrarem em consenso, não piorarem a situação.
— Parem de brigar! — Nari interrompeu rapidamente, em um tom mais elevado que o dos dois, o que resultou nela ganhando o olhar dos dois. — Não é momento para isso.
Um silêncio se instalou antes da jogadora 120 interromper:
— A gente… venceria?
— A gente pode arrumar uma emboscada. Eles lá em cima são os últimos que vão estar esperando um ataque nosso essa noite. Essa é a nossa última chance de sair daqui de uma vez por todas e de acabar com esse jogo!
— Como vamos pegar as armas?
— De noite, quando a briga começar, vai ser a nossa chance.
Todos ficaram em silêncio, os olhos de Nari fixos e vidrados em Gi-Hun, ouvindo atentamente sua explicação, as pernas dela estavam cruzadas enquanto ela apoiava o cotovelo em sua coxa e o queixo em sua mão, não querendo perder nenhum detalhe do plano.
“As luzes irão se apagar em cinco minutos.”
Nari estava parada em frente a Jun-Hee, ambas suspirando ao ouvirem novamente a voz irritante do alto-falante anunciando o que o relógio já estava deixando claro, mas ela não ligou muito para isso, não quando ela estava em frente a sua garota de quem gostava e que também gostava dela.
— Fica comigo. — Jun-Hee pediu, e Nari mordeu os lábios inferiores, para conter o sorriso.
— Tudo bem. — Ela assentiu, antes de olhar para sua blusa e para a de Jun-Hee, ambas largas demais, um dos principais motivos que a fizeram reclamar das roupas no começo do jogo. — Troca de blusa comigo.
— O que?
— Troca de blusa comigo, assim eu terei uma parte sua comigo e você terá uma parte minha com você.
— Para de falar assim. — Jun-Hee murmurou, a forma como Nari falou assustou um pouco ela.
— Nada vai acontecer Jun-Hee, a gente vai ficar bem. — Nari afirmou enquanto desfazia o zíper de sua blusa. — Eu só quero ter algo seu, e aí você terá algo meu, eu acho romântico.
Um sorriso se desenhou nos lábios rosados de Nari ao ver a forma como as bochechas de Jun-Hee coraram, e ela tentou ignorar o fato de que as dela também assumiram um leve tom de rosa, não acostumada ainda a flertar com a sua melhor amiga.
— Tudo bem. — Jun-Hee suspirou enquanto também tirava sua blusa, por fim entregando a Nari.
Nari sorriu enquanto dava a dela a Jun-Hee, ambas vestindo os casacos uma da outras, o número 444 visível no peito de Jun-Hee enquanto o 222 se fazia presente no de Nari, agora elas tinham algo uma da outra caso acontecesse alguma coisa durante a noite, mas Nari esperava que nao, porque ela faria de tudo pra Jun-Hee ficar bem.
Um sorriso pequeno estava desenhando os lábios das duas enquanto o significado do momento se intensificam, mas os olhares delas rapidamente foram arrancados um dos outros e capturados para a cena de Myeong-gi encarando o nada, ainda sentado em sua cama, o que fez Nari suspirar um pouco exasperada enquanto agarrava o lençol de sua cama e o rasgava, agarrando um pedaço e pedindo para Jun-Hee a esperar. Ela andou até o guarda, murmurando uma desculpa qualquer para entrar no banheiro, e muito relutantente, ele a permitiu. Ela molhou o pano, encharcando-o antes de espremer o excesso de água e voltar para Jun-Hee, agarrando sua mão e arrastando-a até o garoto que ela ainda odiava.
— Myeong-gi… — Jun-Hee chamou, assim que elas se aproximaram. — É melhor você se esconder essa noite. E se acontecer alguma coisa não se envolve.
— Tá… — o garoto assentiu lentamente, ainda em choque.
— Ah… — Nari interrompeu, suspirando enquanto entregava o pano molhado a ele. — E limpa o seu rosto, tá um horror, mais do que o normal.
O tom dela foi de provocação enquanto ela arrancava uma risada forçada do garoto, sentindo Jun-Hee a puxar para se afastar dele e em direção a cama dela. Ela não gostava de Myeong-gi, de jeito nenhum, mas ela não queria que mais ninguém que ela conhecesse morresse, muito pelo contrário, ela achava que se ele fosse morrer tinha que ser nas mãos dela, já que ele havia sido o motivo dela e de Jun-Hee estar ali.
Um suspiro exasperado deixou os lábios de Nari e Jun-Hee enquanto ambas deitavam na cama, as mãos entrelaçadas enquanto encaravam o teto, fingindo que iriam dormir.
“As luzes irão se apagar em 10 segundos! 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1…”
O quarto se tornou uma completa escuridão imediatamente, e a respiração de Nari acelerou enquanto ela se sentia nervosa, sentindo a mão de Jun-Hee apertar a sua enquanto ambas esperavam o tempo certo para descerem da cama e se esconderem embaixo dela, tentando se livrar da morte que poderiam ter a qualquer momento.
A única luz presente no quarto era a do lado vermelho e doado azul, e Nari aproveitou essa pouca iluminação para facilitar sua descida da cama, apertando a mão de Jun-Hee enquanto a ajudava a descer da cama também, ambas silenciosas, se movendo para se esconder embaixo da cama, se agachando, a única coisa que era ouvida naquele momento era respirações pesadas, e Nari passou um braço pelo ombro de Jun-Hee antes de cobrir a boca da mesma com a maoz enquanto tentava controlar sua própria respiração.
Um grito rasgou o quarto e com um arrepio na espinha da garota tudo começou, tão rápido que ela mal podia registrar. Os jogadores do lado O já não estavam mais em suas camas ou em seu lado, e sim do lado X, atacando as pessoas e às causando dor, e isso fez o medo se alastrar no corpo de Nari enquanto a imagem de Se-mi invadia sua mente, e ela implorou mentalmente para a garota permanecer viva.
As luzes começaram a piscar, acendendo e desligando várias vezes, trazendo um caos completo ao quarto e deixando o corpo de Nari tenso, enquanto ela mordia fortemente os lábios inferiores, sentindo os dentes rasgarem a pele, fazendo um pequeno corte no local e ela pode sentir o gosto metálico de sangue, mas isso não a impediu de morder ainda mais forte, querendo gata tudo que eles nunca a ouviram ou perceberiam a presença dela e de Jun-Hee.
Os olhos da garota se arregalaram quando observaram um homem cair em frente a elas, sangue manchando a mão da pessoa que se ergueu para pedir ajuda a elas, mas o garfo foi enfiado violentamente em sua nuca, fazendo a pessoa tossir e se engasgar com o próprio sangue antes de simplesmente relaxar, o que indicou que ele já estava morto.
Ela teve que conter um grito ou suspiro de surpresa, qualquer um dos dois poderia indicar que ela e Jun-Hee estavam ali, e não era isso que ela queria. Aquilo tudo parecia um filme de terror.
Gritos rasgavam o silêncio do quarto, mas em meio a eles pode ser ser ouvido uma voz conhecida, uma voz que fez os olhos dela arderem, uma voz que fez os olhos dela se tornarem vazios. Nari não tinha mais lágrimas para chorar naquele dia, tudo que ela sentia era um completo vazio misturado com a raiva e a mágoa. E ela implorou mentalmente para que aqueles gritos não fossem de Se-mi, que a garota estivesse viva e ela pudesse ver o sorriso irônico da garota novamente.
Ela estava sentindo-se gal vazia que nem ouviu quando a porta foi aberta e os guardas entraram nela, e ela só foi tirada de seu estado entorpecente quando os tiros foram ouvidos, atingindo o teto e assustando a todos.
Todos saíram de seus lugares e um suspiro exasperado deixou os lábios cortados da garota, enquanto ela se mantinha embaixo da cama junto com Jun-Hee, apertando fortemente o garfo entre as mãos, se mantendo em uma posição que facilitava para que ela pudesse sair e atacar o guarda que se aproximasse, os olhos dela se fixando na visão de seus amigos que se fingiam de mortos.
Quando os guardas foram escanear o chip que havia atrás da orelha deles foram facilmente imobilizados em um ataque rápido por Gi-Hun, Jang-Bae e HyunJu, que atiraram na cabeça dos outros guardas e Nari aproveitou o momento de distração para sair de seu lugar e correr até o guarda que estava próximo, pegando-o desprevenido e enfiando o garfo na lateral de seu pescoço, as garras do garfo atravessando o uniforme rosa e fincando na pele da pessoa, que soltou um grunhido com dor de se debateu contra ela, tentando escapar de seu aperto, mas ela não deixou isso acontecer enquanto arrancava o guarda e cravava no pescoço da pessoa novamente, não só uma, mas duas, três e quatro vezes, e a quinta ela enfiou no peito da pessoa, querendo garantir que estivesse realmente morto.
Ela encarou as próprias mãos, manchadas de sangue, ela achou que se arrependeria naquele momento, que começaria a chorar e sentir culpa, mas isso não aconteceu, na verdade ela não se importava. Pela primeira vez ela estava extravasando sua raiva de verdade.
Os olhos de Nari se moveram para capturar a cena que se formava quando o guarda conseguiu se soltar do aperto de Gi-Hun e o jogou no chão, pronto para atirar e tirar a vida do homem, mas Nari correu em direção a ele, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa um tiro atravessou sua máscara e o acertou bem no meio da testa, atravessando a máscara e o matando, o olhar se direcionando a pessoa que havia feito isso e salvado a vida do jogador 456. In-Ho.
Aparentemente seus pais divorciados haviam se resolvido e estavam se protegendo. Ela estava feliz por isso estar acontecendo e provavelmente ter ajudado isso acontecer.
Com o tempo se esgotando e tiros sendo trocados livremente ela voltou para perto do guarda que havia matado antes, agarrando a arma dele e vasculhando o bolso dele até achar o pente de balas, suspirando aliviada enquanto guardava no bolso de sua calça.
Enquanto algumas pessoas imobilizavam os guardas para impedir que eles atirassem nos outros jogadores, Nari aproveitou a situação para aprender a usar a arma que tinha em mãos, suspirando ao move-la e mirar bem na cabeça do guarda que ia atirar em In-Ho, e ela não hesitou quando apertou o gatilho, o que fez com que os pés dela deslizasse levemente para trás com a força disso, mas em compensação ela havia deixado um furo na cabeça da pessoa, indicando que a bala havia acertado em cheio, e ela se sentia orgulhosa de si mesma já que ela nunca havia mexido em uma arma antes.
Mas antes que pudesse se vangloriar mais um arrepio percorreu sua espinha e ela se virou bem a tempo de ver um tiro atingir um guarda que estava prestes a ataca-la, e HyunJu havia sido a causa disso, ou seja salvou sua vida. Ela queria agradecer, mas eles não tinham tempo para isso no momento.
“Retirem-se! Retirem-se! Retirem-se!”
Os guardas que haviam sobrado tentaram correr para a porta, atravessando a porta quando um tiro acertou a cabeça de um, e antes que o outro que havia sobrado, o de máscara quadrada, fugisse, a porta se fechou bem em sua cara, então ele lentamente se virou para os jogadores, agarrando a arma que havia no coldre de sua cintura e tentando atirar, mas nada saiu, indicando que não havia mais balas. Nari sorriu com a derrota dele, enquanto morava a arma acima de sua cabeça, atirando e acertando a porta, não querendo nada mais do que assustar ele antes de abaixar a arma e se aproximar, querendo deixar o resto do trabalho ser feito por Gi-Hun, Jang-Bae e In-ho.
— PAROU! — Gi-Hun gritou. — PAREM DE ATIRAR!
o guarda de máscara quadrada colocou as mãos sobre a porta antes de se virar novamente para os jogadores e observarem eles se aproximar dele.
— CESSAR FOGO! — 390 gritou, se aproximando, sua arma apontada ao mascarado. — Mãos pra cima! De joelhos!
O líder dos guardas fez o que lhe foi dito, colocando as mãos para cima e se ajoelhando enquanto Nari sentia uma estranha satisfação por ser ela quem estava no controle dele agora, enquanto ela se aproximava até estar ao lado do jogador 390. Como que ele poderia ser o superior de todos se nem nessa situação ele conseguirá fugir dos jogadores? Mas ela não teve muita temporada para pensar nisso quando sua atenção rapidamente foi arrancada dele para o jogador 347 que apontava uma arma ameaçadora aos jogadores do lado O.
— AH, SEUS FILHOS DA PUTA!
— Não atira! — Gi-Hun disse em tom firme, enquanto abaixava a arma do homem.
— Sai! Você não viu? Não viu o que eles fizeram?!
— Esses filhos da puta não são seres humanos! Eles são animais que fazem qualquer coisa por dinheiro! — ele apontou novamente a arma para eles, mas Gi-Hun mais uma vez impediu.
— Não foi pra isso que a gente pegou as armas deles. Se a gente fizer isso não vai ser diferente desses desgraçados.
Quando o homem abaixou a arma Nari percebeu que ele estava apenas igual a ela: irritado e com muitas coisas na cabeça, com mistos de sentimentos e traumas que aquele lugar estava deixando.
— TODO MUNDO, VEM AQUI PRA BAIXO! — Gi-Hun gritou ao se afastar do homem.
Um suspiro deixou os lábios de Nari enquanto seus olhos percorriam o quarto, caindo no corpo familiar e ensanguentada que havia entre algumas camas. Se-mi. Ela sentiu a respiração deixar seu corpo por um momento, enquanto seu olhar vazio também se tornava gélido, e ela sentiu a raiva borbulhar em sua pele, enquanto olhava em volta, querendo saber quem havia sido o desgraçado que fez isso.
— NÃO TEM QUE TER MEDO NAO!
— TÁ TUDO BEM! PODEM VIR!
— Ninguém aqui vai machucar vocês! — Gi-Hun voltou a gritar. — Podem vir pra cá! A gente quer conversar!
Mas Nari não queria conversar. Ela só queria poder saber quem havia feito aquilo com Se-mi e poder colocar suas mãos no pescoço da pessoa e enforcar ela, observar os olhos arregalaram, a pessoa pedir e gritar para ela parar, apenas para no final morrer. Ela sabia que ter aqueles pensamentos eram errados, e ela mal conseguia se reconhecer e reconhecer a raiva que estava sentindo, mas ela também não podia mudar o que ela estava querendo fazer naquele momento.
Mas ela apenas esfregou as mãos na parte de trás da calça enquanto tentava ignorar o sentimento, se afastando de Jang-Bae e andando até Jun-Hee, querendo nada mais do que se livrar daqueles sentimentos, a garota pareceu ter o mesmo pensamento que ela, já que a abraçou fortemente e enterrou a cabeça em seu peito.
— Eu tô bem. — Nari esfregou suas costas levemente, suspirando aliviada pela garota estar bem.
Mas o momento não pode se prolongar mais, não quando eles tinham um plano a ser feito, um plano que ela queria fazer parte, e isso resultou nela tendo que se afastar para poder se aproximar novamente dos outros, mas antes que pudesse fazer isso sentiu a mão de Jun-Hee agarrar seu pulso.
— Não vai. — ela implorou, seu tom suave.
— PESSOAL! — Gi-Hun gritou enquanto um por um ficava ao lado do outro e Nari suspirou enquanto olhava entre ele e a mão de Jun-Hee. — A gente vai subir até a sala da central, onde fica esses desgraçados que controlam o jogo… a gente vai pegar as pessoas que prenderam a gente e acabar com esse jogo! E fazer elas pagarem por tudo isso! Quem souber usar uma arma pode vir pra cá! E também quem quiser ajudar a gente a acabar com essa luta.
Um silêncio se fez presente, e Nari voltou seu olhar a Jun-Hee que balançou a cabeça negativamente.
— Gente, eu entendo que estão com medo. — Jang-Bae disse dessa vez. — Eu também tô com medo. Mas se a gente não for, talvez a gente não tenha outra chance de sair vivo desse lugar. Vamos lutar juntos pra depois irmos pra casa! Todos nós!
— Eu vou com vocês!
— Vem pra cá!
Poucos jogadores assumiram a liderança para participarem dessa rebelião, mas foi o suficiente para Nari ter certeza do que queria fazer. Ela tinha que fazer isso, não por ela, e sim por Jun-Hee e pelo bebê que ela estava esperando.
— Eu vou ficar bem. — ela puxou seu pulso do aperto de Jun-Hee.
— Por favor não vai.
— Eu vou ficar bem, eu prometo.
— Promete? — Jun-Hee questionou, vendo Nari erguer o dedo mindinho, e ela lentamente juntou o seu com ela.
— Prometo. — Ela então pressionou seu polegar ao de Jun-Hee antes de se virar para se afastar, mas antes que ela pudesse fazer isso Jun-Hee se inclinou e selou rapidamente seus lábios ao dela, por apenas alguns segundos antes de se afastar.
A garota Hae olhou em volta, implorando mentalmente para que ninguém tivesse visto. Não porque ela não queria que eles soubessem que ela e Jun-Hee poderiam estar juntas, ela amaria poder anunciar ao mundo todo que finalmente havia sido correspondida pela garota que gostava, e sim porque ela tinha medo das pessoas conversador as e do preconceito, medo delas sofrerem comentários odiosos ou de acabarem sendo mortas nesse jogo ridículo só por causa do que sentiam uma pela outra.
Mas isso ainda não impediu que um sorriso se estendesse nos lábios dela enquanto ela encarava Jun-Hee por um momento antes de se afastar, andando até o centro da sala e agarrando novamente a sua arma.
— Chequem as armas e as munições de vocês.
— Cada um pode levar um walkie-talkie. Vamos colocar a frequência no 7 que dá sorte.
Nari suspirou enquanto agarrava seu próprio walkie-talkie e ajeitava sua frequência antes de colocar no bolso de sua blusa.
Vendo a dificuldade de algumas pessoas com as armas - como Nari, que apesar de ter conseguido usar ela antes, não sabia nada sobre o uso correto delas - HyunJu tomou a liberdade para ficar em frente a todos eles com sua arma.
— Bom… isso é uma submetralhadora mp5. — ela começou, e Nari ouviu a explicação com atenção, nem ao menos piscando. — Primeiro pra tirar o pente aperta a lavanda e puxa que ele vai sair por inteiro. Depois empurra a trava pra baixo pra rajada, pra tiro único é pra cima. Como a gente não tem muito munição por enquanto vamos usar no modo de todo único. Por último: encaixe o pente assim e puxa a trava para a sua direção, puxa pra recarregar. Vocês entenderam?
— Sim! — Todos gritaram em uníssono.
Ela apenas assentiu antes de voltar a se aproximar de Nari e do jogador 246.
— Como é que cê sabe tanto assim de armas? — Nari ouviu 246 questionar.
— É que eu… fui das forças especiais.
Nari arregalou os olhos, engolindo em seco. Era por isso que a garota era simples boa em… tudo, principalmente sobre sobrevivência.
— Tira a máscara. — Gi-Hun se aproximou do guarda que tinha a máscara temática quadrada a arma apontando pra ele.
O guarda lentamente desfez um pouco do zíper de sua roupa antes de remover a máscara, ficando apenas com um tecido preto escondendo seu rosto, seus olhos sendo as únicas coisas visíveis.
— Tira tudo.
O garoto agarrou a parte de cima do tecido preto, abaixando e revelando seus cabelos antes de agarrar a parte da frente e abaixar totalmente. Os olhos de Nari se arregalaram ao ver o rosto dele. Ela mal conseguia acreditar que ele era a pessoa que ela quis por tanto tempo socar a cara e se imaginou descendo a porrada nele, e bem, ele era até que bonitinho, mas Jun-Hee conseguia ser bem mais, então a garota Hae não sentiria remorso em mãos tarde, poder arrancar pelo menos um pouco de sangue dele.
— Ah, meu Deus… seus pais sabem o que cê tá fazendo aqui?!
Nari mordeu os lábios inferiores, querendo conter a risada pela fala de Jang-Bae enquanto observava o olhar do garoto cair sobre ela e sua expressão automaticamente endureceu, seu olhar se tornando gélido.
— Agora você vai levar a gente até o seu líder.
Nari sabia que a partir de agora tudo mudaria, mas também sabia o risco disso, e estava tudo bem para ela, afinal, sacrifícios devem ser feitos pelo bem maior, mesmo que ela não se importasse tanto com isso ou com as outras pessoas lá que não fossem do seu grupo de amigos, ela se importava com Jun-Hee, e ela iria se sacrificar pela garota sem pensar duas vezes.
⤷‧₊𖥻 NOTAS ! ★
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Oioii! O que acharam?
꒰ ׅ ࣪ ⊹ A rebelião já começou, estão preparados pro próximo capítulo?
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Vocês sabiam que o número 4 na Coreia é considerado de azar e até associado a morte? O número da Nari é exatamente esse, só que três vezes (444)...
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Como eu amo enganar vocês, eu simplesmente coloquei um momento fofo antes das merdas acontecerem. Espero que tenham gostado desses momentos fofos da Jun-Hee com a Nari, aproveitem ele. ♡
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Infelizmente a Nari não vai mais poder fazer um bolo pra Se-mi quando elas saírem de lá... Mas pelos menos elas deram um abraço de despedida.
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Me doeu escrever esse capítulo pela morte da Se-mi, porque ela tá no meu top 5 personagens femininas fav de round 6. Mas isso tinha que acontecer cedo ou tarde, desculpa gente .
꒰ ׅ ࣪ ⊹ uma pergunta gente: eu tenho uma interpretação da Nari, vocês podem ter outra, então... Como vocês vêem ela? Tipo, a vibe dela e taus.
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Gente, não sei vocês, mas ao mesmo tempo que eu coloco minha opinião na minha personagem, eu também ignoro ela (minha opinião) porque minha personagem é completamente diferente de mim e ela precisa do seu desenvolvimento. Isso me ocorreu na morte do Thanos, que eu fiquei feliz horrores, mas tive que fazer ela se sentir mal por isso, e ela ajudando o Myeong-gi, porque eu sou o time que odeia os dois (e a Nari também, mas ainda sim eles são alguém que Nari quer que fiquem longe de si e de Jun-Hee, só que vivos)
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Provavelmente o próximo capítulo vai demorar pra sair porque eu simplesmente tenho prova segunda e terça e tô lotada de atividades. Mas não desistam de mim ♡
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Não está revisado!
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Por favor, se você estiver gostando desta história votem e se puder comentem, isso é muito importante para que a história possa fluir !!
꒰ ׅ ࣪ ⊹ Espero que tenham gostado, beijos, Agui 💗
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