ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ( 𝟎𝟗 ). A MORTE PODE SER ASSUSTADORA

⋆.ೃ࿔*:𓇼' C A P Í T U L O N O V E ˚˖𓍢ִ໋🌷͙֒
౨ৎ : a morte pode ser assustadora
⏝⏝⏝୨୧⏝⏝⏝

Nari sempre soube que a morte não era algo tão incomum, você um dia poderia estar aqui, e no outro não ser nada além de lembranças. Tudo que uma pessoa representa pode desaparecer de um dia para o outro, e quando ninguém se lembrar de você, é como se você nunca tivesse sequer existido.

Nari já teve pessoas próximas a ela que morreram antes, mas a mais importante ate agora havia sido Mirae, que era sua melhor amiga, em um dia ela estava chegando de seu trabalho do orfanato, e ligou para a mãe dela, pedindo para ambas cuidarem de seu pai, e então ela desapareceu por seis dias e nunca mais retornou. Nari não sabia se ela estava realmente morta ou se estava viva, mas era melhor ela encarar o mais provável, a morte. A segunda pessoa mais próxima dela que morreu foi o pai de Mirae, ele morreu algumas semanas após o desaparecimento da garota, provavelmente ele não aguentava mais ver a filha desaparecida e sua doença piorou. Isso Nari chamava de morrer de saudades.

A terceira morte foi a de Young-mi. Elas mal conversaram, apenas trocaram algumas palavras, e ainda sim, ela se sentiu muito conectada a garota. Mas do que adianta estar conectada de alguma forma a ela se ela não pode ajudar a garota? Ela se sentia culpada de certa forma, não devia, mas se sentia. E o mais estranho, era como em um dia a garota estava ao seu lado e elas estavam conversando sobre emprestar presilha e como odiavam aquele jogo, e no outro uma delas não era nada mais que lembranças.

A morte poderia ser muito assustadora.

Ela normalmente vinha de uma forma repentina, em um dia você está bem, sorrindo e feliz, e no outro você pode estar morta. No outro você pode não passar de uma lápide no cemitério. Dizem que se os conhecidos se lembrarem dos entes queridos eles vão pro paraíso. Mas e se você não for lembrado? Você será apenas esquecido, você será apenas um nada? Isso era o que mais assustava Nari sobre a morte.

Ela queria ser especial para as pessoas, queria ser lembrada. Mas e se não fosse? Ela não seria conhecida como a confeiteira bonita que cheira a morangos, nem como a melhor amiga de Jun-Hee, a garota petulante que responde os outros ao ofenderem ela ou algum amigo dela. Ela seria apenas o nada.

As reflexões da vida a assustava, e muito.

Ela se aproximou de seu grupo, sentando-se atrás de In-Ho e ao lado de Jun-Hee, ela estendeu a comida dela a Jun-Hee, deixando-a em seu colo antes de olhar pra frente. Ela não estava com fome.

— É sério In-Ho… eu achei que você ia votar no círculo igual no primeiro dia. — Dae-ho interrompeu o silêncio. — Aí, juro que quase tive um treco. Não consegui nem ficar olhando… ah e o senhor Jeong-bae falou uma coisa muito…

— Come… come. — o jogador 390 apareceu repentinamente, apertando a mão de Dae-ho contra a própria boca, fazendo-o se entupir de comida. — Você deve estar com fome. Obrigada In-Ho, você salvou a gente.

— Não, eu só tentei salvar a minha própria vida. O prêmio já tá em um valor bem alto. Então eu quero sair daqui, e vivo.

— Será… que a votação, a gente consegue ganhar? — o jogador 246 perguntou.

— Não… agora é tudo ou nada. É o que o Gi-Hun tinha falado, vamos tentar ir lá e convencer alguém a votar no X. Pra gente então sair daqui.

— Mas será que vai dar? — 007 perguntou, olhando pro lado O. — Todo mundo ali tá completamente doido da cabeça.

— Eu acho que a gente vai ganhar. — Geum-ja interrompeu o filho. — Com essa janta de nada vai todo mundo acordar com fome e sempre que a fome aperta, gente pensa na nossa casa.

007 então se levantou levemente, segurando na cama próxima a ele enquanto gritava:

— Ae… cês não tem que ficar sofrendo comendo esse negócio seco não, então pode vir pra cá… pelo menos um. Aí amanhã a gente sai daqui e sabe o que a gente vai fazer? A gente vai comer um bom bife, eu pago a conta de todo mundo tá bom?!

Nari admirava a esperança e animação dele. Ela não conversava muito com ele, mas ele era uma boa pessoa. E era tudo que ela precisava saber.

— E eu pago a sobremesa pra todo mundo! — a jogadora 149 se levantou enquanto acenava.

— Vem pra cá vem gente, só um! — Dae-ho fez um movimento com a mão, indicando pra eles se aproximarem.

— Se vocês aí morrerem no próximo jogo a gente sai daqui com 800 milhões cada um. — O jogador 100 interrompeu. — Com 800 milhões da pra gente comprar uma fazenda de gado e sobra.

— É isso… é vem cá, chega aí.

Nari respirou fundo enquanto tentava manter a calma, sua mão se fechando em punho, as unhas longas cravando na pele sensível de sua palma, e ela tinha certeza que provavelmente arrancaria sangue dali, mas ela não se importava, ela apenas manteve seu olhar fixo em Dae-ho enquanto ele se levantava de seu lugar.

— Vem pra cá!

— Serião? 800 milhões pra cada um, é isso?! Vocês acham mesmo que não vão morrer?! Se a gente não sair daqui todo mundo vai acabar no caixão.

— Vamos ver sim quem que vai morrer! Bora jogar mais um?! Ou vão ficar fugindo feito um bando de cagão?!

— É sério? Ahm? — Dae-ho riu, andando mais para o centro da sala. — Chega aí. Vai cuzão, chega aí. — o outro zombou enquanto Jeong-bae agarrava Dae-ho e tentava afasta-lo da briga.

— Vem, vem!

— Eu sou da marinha seu desgraçado!

Nari mordeu os lábios inferiores com força, quase arrancando sangue só ouvir os jogadores do lado O rirem e zombarem de Dae-ho, a raiva borbulhava em seu sangue enquanto ela encarava a situação, pensando se deveria tentar intervir e defender Dae-ho ou se deveria apenas ficar em silêncio, já que ela não queria mais problemas do que ela já estava tendo.

— Se você é da marinha então você pode me chamar de Han…

— Filho da puta! — 388 xingou.

— Se vocês querem ir pra casa, tão jogando por que? Seus bando de morto de fome!

— Eae?!

O ar ficou tenso, a raiva no local não fervia mais apenas no sangue de Nari, não estava apenas mais atingindo ela, mas sim, a maioria dos jogadores ali, que não viam mais sentido em seu manter calmos e respeitosos uns com os outros. Todos do lado O se aproximaram do lado X, e a garota de cabelos negros fez menção de fazer o mesmo, querendo poder socar e bater em alguém, querendo nada mais do que apenas descontar a raiva que ela sentia, mas Jun-Hee agarrou seu pulso, balançando a cabeça negativamente ao ganhar sua atenção, e obedecendo obediente Nari suspirou, assentindo e se sentando ao lado dela, seus olhos fixos na briga que ocorria bem em frente aos seus olhos.

— Vem, vamos pro banheiro. — Jun-Hee puxou sua mão, e Nari agradeceu mentalmente.

Jun-Hee realmente a conhecia muito bem, parecia que ela havia adivinhado que ela precisava de algum tempo sozinha, que ela precisava pensar e estar longe daquela confusão toda, nem que fosse por apenas alguns minutos.

Nari não demorou a assentir, se levantando antes de pegar o garfo que estava em uma das comidas que foram largadas ali, sem saber exatamente para o que usaria eles, mas achando que poderia ser útil em algum momento. E então, ela seguiu Jun-Hee discretamente até a porta, enquanto os jogadores brigavam ali, sem saber que no banheiro masculino acontecia outra briga.

Nari sentiu a água gelada percorrer suas mãos, descendo de seus pulsos até a ponta de seus dedos, e ela enterrou o rosto em suas mãos, molhando-o em uma tentativa de acalmar seus nervos, os olhos escuros se erguendo para encarar seu reflexo no espelho que havia na parede. A franja dela estava levemente bagunçada, e seus cabelos longos agora soltos caiam livremente por seus ombros e costas, e ela nem havia percebido, mas havia um pequeno corte no canto dos lábios dela, em que momento ela fez aquilo?

Mas essa não era a pergunta que estava fixa em sua em sua mente, e sim o fato de que ela mal se reconheceu. Sim, era o reflexo dela no espelho, não havia muitas diferenças físicas dela agora para a de antes, mas não era a aparência física dela que a assustava e a fazia se achar diferente, e sim alguns novos aspectos de personalidade e atitude que ela adquiriu. Ela estava sendo bem mais agressiva do que normalmente ela era, e isso a assustava.

Se passaram apenas três dias, e apenas isso foi suficiente para deixá-la mal, para fazê-la enlouquecer. Para trazer traumas e abrir as cicatrizes que já estavam em sua alma, trazendo algumas novas junto.

— Você quer conversar? — Jun-Hee perguntou, se aproximando, e Nari assentiu lentamente. — Se sente melhor?

— Sim…

— É por causa daquela garota… Young-mi?

— Não é só ela, Jun-Hee. — Nari murmurou, sua voz trêmula enquanto ela mordiscava os lábios inferiores entre os dentes fortemente, quase como se ela quisesse arrancar sangue. — É todo esse jogo…Eu sinto que vou enlouquecer.

Jun-Hee a encarou, sentindo-se mal pela garota que esteve com ela desde o início de sua vida, que sempre a ajudou independente de tudo, e ela mal pode ajudar ela em um dos momentos mais difíceis de sua vida que era aquele. Ela se sentia péssima por isso.

— Eu sinto muito, vai ficar tudo bem. — Jun-Hee se aproximou, passando os braços pelos ombros de Nari.

— E se eu não for mais eu mesma Jun-Hee? E se eu me tornar uma pessoa muito agressiva e…

— Isso não vai acontecer, e mesmo que aconteça eu ainda vou estar lá pra você. — Jun-Hee apertou Nari em seus braços antes de se afastar alguns passos, encarando o rosto da garota antes de dizer: — obrigada Nari... Por estar comigo.

Nari nunca havia se sentindo realmente e verdadeiramente pertencente a algum lugar ou a alguma pessoa, ela sempre se sentia um pouco deslocada. Ela havia se envolvido com dois garotos antes em toda a sua vida, e apesar deles conseguirem ter feito ela se se for atraída, ela ainda se sentia meio vazia ao lado deles, nenhum deles jamais a faria se sentir da mesma forma que Jun-Hee fazia, e isso a assustava, profundamente.

Desde que ela nasceu, ela nunca havia se sentido confortável com alguém como se sentia com Jun-Hee, ela não precisava conversar com a garota o tempo todo para sentir a conexão e o vínculo que ambas tinham, até mesmo estar ao seu lado apenas em silêncio era bom, fazia ela se sentir em paz. Ao contrário de outras pessoas, que normalmente a deixava desconfortável quando o silêncio se instalava. Ela sabia o que isso deveria significar, mas ela nunca jamais queria admitir isso, ela estava sempre ignorando ao máximo.

Ela sempre se sentiu confusa com seus sentimentos, ela sabia que se um dia ela perdesse Jun-Hee ela perderia uma grande - senão toda - a parte de si mesma, e ela tinha certeza de que se sacrificaria por ela sem pensar duas vezes. Ela já havia se intrometido várias vezes em brigas na escola que nem eram sobre ela apenas porque citaram o nome da garota, e ela nunca se arrependeu disso, nem mesmo quando era obrigada a ficar na presença da diretora.

Ela era uma idiota por se deixar se apegar tanto a alguém assim. E Nari sabia que já fazia um tempo que não era apenas amizade, mas ela nunca iria admitir isso, ela não queria estragar sua amizade com a garota, e se ela não sentisse o mesmo? As coisas ficariam esquisitas entre elas, e Nari não podia se imaginar tendo que ficar observando a garota ao longe e não poder estar ao lado dela.

Um suspiro deixou seus lábios enquanto ela desviava o olhar da garota a sua frente, se apoiando na pia atrás dela e encarando seus tênis brancos manchados com gotas de sangue, e ela esperou que a garota quebrasse o silêncio, mas quando não veio, ela simplesmente sabia o que tinha que fazer.

Caso eles não vencessem a votação e tivessem que continuar o jogo, poderia ser o fim dela. E ela não podia morrer sem querer Jun-Hee soubesse como ela realmente se sentia em relação a ela. Ela tinha que contar, mesmo que o nervosismo que sentia agora fosse quase pior que o que ela havia sentido durante os jogos.

— Eu acho que... — ela se interrompeu, mordendo os lábios inferiores enquanto as bochechas coravam. — gosto de você.

O tom da voz dela era baixo, não passando de um sussuro, quase como se tivesse medo de dizer aquelas palavras em voz alta, mas Jun-Hee ainda conseguiu ouvir muito bem suas palavras, os lábios dela ficando entreabertos enquanto sentia seu coração palpitar. A tensão crepitando no ar.

— O que?

— Eu gosto de você, Jun-Hee. Mas não quero que isso estrague a nossa amizade.

— Eu...

— Você não precisa dizer nada.

Nari a encarou por alguns segundos antes de se afastar da pia, dando as costas a ela e andando em passos lentos e quase dolorosos até a porta, sentindo-se decepcionada por não ter sido correspondida, mas não demorou a sentir o contato quente que fez um arrepio percorrer a sua pele, a mão macia e quente de Jun-Hee havia agarrado seu pulso, fazendo Nari instintivamente se virar para encarar ela.

Os olhos de Nari se conectaram ao de Jun-Hee automaticamente, como se fossem imãs, e Jun-Hee impulsivamente ficou nas pontas dos pés e se inclinou em direção a mais alta, selando seus lábios com o da garota em um beijo doce, sentindo o cheiro leve de morango na pele da garota que beijava, e quando se recuperou Nari do choque momentâneo moveu sua mão para segurar o rosto dela, seu polegar acariciando a bochecha corada da garota, mas antes que pudesse aprofundar o beijo uma voz interrompeu o momento que havia sido tão esperado por ambas.

— Já deu o horário!

A garota Kim se afastou de Nari, olhando para ela por um momento com expectativas, esperando que ela entendesse a mensagem que ela quis passar antes de apenas se direcionar à porta e sair do banheiro, deixando-a sozinha ali.

A Hae sentiu o leve tom de rosa em sua bochecha se aprofundar, um suspiro deixando seus lábios enquanto ela mal podia acreditar que havia sido correspondida e que havia sido beijada pela sua… melhor amiga.

Essa foi a primeira vez desde que o jogo começará que ela se sentirá realmente bem. E isso deu a ela a certeza de que ela nao podia morrer agora e muito menos deixar algo acontecer com Jun-Hee.

⤷‧₊𖥻 NOTAS ! ★

꒰ׅ ࣪ ⊹ Oioii! O que acharam?

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Finalmente aconteceu o primeiro beijo das duas, o que vocês acharam dele? Eu reescrevi ele algumas vezes, e essa foi a melhor forma que eu achei, espero que tenha ficado bom.

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Vocês podem achar que o beijo veio um pouco tarde, mas pra mim, foi essencial que acontecesse nesse momento. Eu gosto de desenvolver muito bem a relação dos meus personagens, principalmente no Slow Burn, mas é quase impossível quando a série se passa praticamente em seis dias. Mas a questão aqui é que esse momento foi extremamente importante pra Nari. Ela acabou de passar por jogos e situações que a deixaram extremamente traumatizada, principalmente por alguém que ela se sentia conectada ter morrido mais uma vez, então ela não sabe lidar com seus sentimentos (isso não é justificativa!), então é normal que ela se torne agressiva e raivosa, principalmente quando ela tem muita culpa internalizada, ela se sente vulnerável no jogo e os traumas um seguido do outro faz com que ela não consiga processar corretamente tudo que esta acontecendo, e isso provoca uma resposta intensa no estresse, o que a está levando a ter comportamento agressivos, como o que ela teve no capítulo anterior (o tapa que ela deu na jogadora 044), a agressividade é a forma não saudável como ela encontrou para lidar com o trauma. A Jun-Hee ter abraçado ela e ter dito que ainda estaria com ela, fez com que ela se sentisse bem consigo mesma após sentir tanta raiva de si mesma, isso a fez se sentir segura o suficiente pra confessar seus sentimentos, e Jun-Hee retribuir eles a fez se sentir amada, e ela a beijar, fez ela sentir bem pela primeira vez desde que chegou naquele jogo, é como se Jun-Hee fosse realmente o banho de luz dela (inclusive é o nome da fanfic).

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Desculpa escrever um texto tão grande genteKKKKK, eu só me sinto animada as vezes para falar sobre esses pequenos detalhes que eu planejo e estudo, e até às vezes faço acidentalmente (porque eu não tinha certeza se o beijo aconteceria nessa cena).

꒰ ׅ ࣪ ⊹ O capítulo tá meio curto, mas o próximo vai ser melhor, e vai ser o puroo suco do caos.

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Eu queria agradecer muito a vocês pela quantidade de visualizações da fanfic, pelos votos e comentários, eu amo vocês e sou extremamente grata a cada um de vocês! Muito obrigada por serem uns fofos comigo. <3

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Não está revisado!

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Por favor, se você estiver gostando desta história votem e se puder comentem, isso é muito importante para que a história possa fluir !!

꒰ ׅ ࣪ ⊹ Espero que tenham gostado, beijos, Agui 💗

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top