﹏ 𝗣𝗥𝗢𝗟𝗢𝗚𝗨𝗘

⚯ ͛ HARRY POTTER
THE BLACK DOG
the light in shadows paths ( 🧙🏻‍♂️ )

Uma noite de eclipse lunar, no topo de uma colina onde a casa dos Lovegood se destaca, com sua torre peculiar apontando para o céu estrelado, o vento sopra forte, como se o mundo mágico soubesse que algo importante estava prestes a acontecer.

Pandora Lovegood se contorcia em trabalho de parto, deitada sobre uma cama cercada por plantas mágicas que emitiam uma luz suave. O som de objetos rangendo e livros caindo ecoava pela casa, em cada parte dela a magia parecia se agitar, reagindo à chegada de um novo ser.

⸻ Xenofílio, você sente isso? ⸺ Pandora sussurrou com dificuldade em sua fala ⸺ É como se a casa estivesse viva.

⸻ Ela está viva, Pandora. Sempre esteve. ⸺ Xenofílio tentava não esboçar seu nervosismo com o momento ⸺ Só não sabíamos o que despertaria nela.

O parto parecia normal até que, no instante exato do nascimento de Yvaine, a lua eclipsou completamente. Um raio de luz prateada atravessou a janela do quarto e iluminou o rosto da recém-nascida. Por um momento, tudo parou: o vento, os rangidos, até mesmo a respiração de Pandora e Xenofílio. Então, um som baixo e profundo encheu o ar, como um sussurro vindo de um lugar distante.

Yvaine chorou, mas o choro não era comum. Ele reverberava pela sala, como se fosse amplificado por uma magia antiga. Pandora olhou para a filha com lágrimas nos olhos, segurando-a delicadamente.

⸻ Ela será a luz entre as sombras ⸺ A loira disse murmurando com uma pausa ⸺ ou a sombra sobre a luz.

Xenofílio não era bobo, ele entendia muito bem de diversas coisas, e, aquilo por exemplo, despertara algo muito maior nele.

⸻ Isso... isso é um presságio. ⸺ Ele respondeu organizando seus pensamentos ⸺ Pandora, você sabe o que isso significa?

⸻ Significa que nossa filha será diferente. E que precisaremos protegê-la ⸺ Pandora não tirou os olhos de Yvaine ⸺ Custe o que custar.

De repente, um antigo amuleto pendurado na parede, herdado de gerações passadas, começou a brilhar. Uma rachadura fina apareceu nele, como se estivesse reagindo ao nascimento de Yvaine. Xenofílio olhou para o objeto com uma mistura de fascínio e medo.

⸻ A maldição... ⸺ Xenofílio disse quase para si mesmo ⸺ Ela está acordada.

Naquela noite, a casa parecia conter o fôlego. O choro da pequena Yvaine havia silenciado horas antes, dando lugar ao sono profundo e tranquilo de um recém-nascido. Pandora descansava ao lado de sua pequena criação, exausta, mas feliz. Xenofílio, porém, não conseguia dormir. Não naquela noite.

Sentado em sua escrivaninha bagunçada, ele puxou um caderno antigo e abriu suas páginas, a pena tremendo entre os dedos. O ambiente ao seu redor estava tomado pelo cheiro de pergaminhos envelhecidos e tinta fresca. A pequena luz da lamparina mal iluminava os cantos do cômodo, onde as sombras pareciam se retorcer, como se zombassem dele.

De vez em quando, ele virava a cabeça para olhar o berço. Yvaine dormia serenamente, o rosto rosado e os pequenos punhos fechados. Era impossível olhar para ela e não sentir uma pontada de amor profundo, mas o medo vinha logo em seguida, com um frio inevitável.

"Ela não faz ideia do que está por vir", pensou Xenofílio, a garganta apertada.

A maldição. Sempre uma maldição. Ela era mais velha do que qualquer Lovegood vivo, uma sombra que pairava sobre a família há gerações. Os registros eram claros. Tudo começara com Erasmus Lovegood, um mago tão brilhante quanto ambicioso.

Ele acreditava que podia dominar a Magia do Limite, uma força proibida que conectava os mundos visíveis e invisíveis. Mas a ambição dele custou caro. Erasmus liberou algo que jamais deveria ter sido tocado e, desde então, os primogênitos Lovegood pagaram o preço.

Xenofílio escreveu com mão firme, mas o coração pesado. Ele lembrava de todas as histórias. Dos que sucumbiram à loucura. Dos que viram suas famílias ruírem, um pedaço de cada vez. A maldição vinha disfarçada de um dom, uma conexão com o Limite, um poder sobrenatural que fascinava e corrompia na mesma medida.

Pandora acreditava que Yvaine seria diferente. Ela dissera isso pouco antes de adormecer, com a voz suave e esperançosa: "Ela pode ser a primeira a quebrar a maldição, Xeno. Ela vai encontrar uma forma". Mas Xenofílio não conseguia compartilhar da mesma fé.

E se quebrar a maldição significasse pagar um preço ainda maior?

Ele mal havia ganhado sua primeira filha e tudo ao seu redor já o fazia pensar que poderia perdê-la, a maldição estava longe de ser piedosa devido ao longo histórico de destruição que causara para aquela família.

Ele parou de escrever e olhou novamente para o berço. A visão de Yvaine dormindo, tão pequena, tão frágil, fez algo se contorcer dentro dele. Aquele era um momento que deveria ser de alegria. A filha deles havia nascido. O futuro deveria ser um campo aberto, cheio de possibilidades. Mas, em vez disso, tudo o que ele conseguia ver era uma estrada escura e tortuosa.

⸻ Que os céus te protejam, minha pequena ⸺ sussurrou ele, mais para si mesmo do que para ela.

As sombras na sala pareceram se aproximar, como se tivessem ouvido suas palavras. Naquela noite, a casa estava cheia de vida. Mas Xenofílio sentia que, em algum lugar distante, algo antigo e faminto também havia despertado.

( 🧙🏻‍♂️ :: QUATRO ANOS DEPOIS
DO NASCIMENTO, 1984 )

O sol espalhava seu calor dourado sobre o extenso campo ao redor da Casa Lovegood, um refúgio excêntrico erguido em meio às colinas ondulantes. A luz brincava entre as flores mágicas que cresciam livremente nos jardins, botões-de-ouro que murmuravam músicas ao vento, rosas cintilantes que mudavam de cor conforme o humor do céu. O ar era perfumado e vivo, carregando uma energia que parecia própria daquele lugar.

Yvaine Lovegood corria descalça pela grama úmida, seus pés pequenos afundando levemente no solo macio. Sua risada infantil ecoava como um canto de fadas, preenchendo o ambiente com uma alegria pura e ao mesmo tempo inquietante. Seus olhos grandes e brilhantes refletiam o céu límpido, mas dentro deles havia algo mais: um brilho peculiar, quase sobrenatural. Era como se ela carregasse dentro de si a essência das estrelas, uma luz que não pertencia inteiramente ao mundo dos bruxos.

Ao seu redor, criaturas mágicas espiavam timidamente. Borboletas lilás, grandes e translúcidas, dançavam em círculos ao redor de sua cabeça. Uma pequena família de pufosos rosados observava curiosa de trás de um arbusto. No alto, um thestral elegante planava silenciosamente, suas asas negras se destacando contra o azul do céu. As criaturas pareciam atraídas por algo invisível, como se Yvaine emanasse uma energia que elas não podiam ignorar.

Pandora Lovegood, a mãe de Yvaine, observava a cena de sua porta, distante de onde sua filha estava, com a postura ereta e um sorriso hesitante nos lábios. A magia de sua filha sempre a fascinara – e aterrorizava.

Desde o nascimento de Yvaine, Pandora sabia que ela era diferente. Havia histórias antigas na família Lovegood, histórias que sussurravam sobre uma maldição que recaía sobre os primogênitos. Diziam que essa maldição não destruía, mas consumia: ela transformava a criança marcada em um receptáculo de uma magia tão antiga quanto o próprio tempo. Pandora não queria acreditar naquelas lendas, mas, conforme Yvaine crescia, os sinais se tornaram inegáveis. A menina era especial – e a magia nela era selvagem.

A quem dizia que a alma da criança consumida pela maldição era negra, era horrorosa na visão de seres superiores, no entanto, era perceptível que a alma de Yvaine brilhava quase como uma estrela cadente.

De repente, Yvaine parou de correr. Ficou imóvel no centro do jardim, os pés ainda sobre a grama, o olhar fixo em algo que Pandora não conseguia ver. A menina inclinou a cabeça para o lado, como se escutasse uma voz distante, e sorriu suavemente.

Pandora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aproximou-se devagar, um tanto curiosa e receosa por estar desprotegida e despreparada, ela não sabia o que estava acontecendo e nem o que era.

⸻ Yvaine, com quem você está falando? ⸺ perguntou, tentando manter a calma na voz.

Yvaine virou-se para a mãe, o sorriso ainda dançando em seus lábios rosados e pequenos.

⸻ Ali ⸺ disse a menina completamente embolada, apontando para o espaço vazio diante de si.

Yvaine estava vendo uma mulher de longos cabelos pretos, muitos a descreviam como uma assombração pela maldição, mas para Yvaine ela era angelical, algo bonito de se admirar. Mesmo assim, a figura feminina sussurrava para a pequena garotinha que Pandora não devia estar ali, não naquele momento.

Pandora congelou. Seu coração pareceu parar por um instante, e o mundo ao redor ficou assustadoramente quieto. A inocência de Yvaine como de qualquer outra criança, carregava um peso que a fazia tremer. A maldição. Aquela maldição. Não era apenas uma história.

⸻ Eu não vejo nada, minha estrela. ⸺ insistiu Pandora, tentando mascarar o desespero em sua voz.

Yvaine riu baixinho e balançou a cabeça, como se fosse um segredo que ela não podia compartilhar. Pandora deu um passo para trás, sentindo a magia ao redor do jardim vibrar de maneira quase ameaçadora. As criaturas mágicas recuaram, e até o thestral no céu pareceu hesitar, antes de desaparecer entre as nuvens.

Pandora sabia que sua filha não era apenas um receptáculo da magia antiga. Yvaine era uma ponte entre dois mundos: O visível e o invisível, o real e o impossível. E essa ponte não vinha sem custo.

( 🧙🏻‍♂️ :: NOVE ANOS DEPOIS
DO NASCIMENTO, 1989 )

A vida na Casa Lovegood nunca mais foi a mesma após a morte de Pandora. Era como se uma camada de luz tivesse se apagado, deixando tudo mais opaco, mais frio. As flores no jardim murcharam lentamente, como se sentissem a ausência de sua cuidadora. A casa, antes vibrante e cheia de energia, agora parecia envolta em uma aura de melancolia. Os sussurros de condolências dos poucos visitantes que ousaram subir a colina desapareceram rapidamente, substituídos por rumores sibilados sobre a verdadeira causa do acidente. Alguns diziam que Pandora estava envolvida em um experimento mágico perigoso, outros sugeriam que forças desconhecidas haviam intervindo. Mas ninguém tinha coragem de expressar essas teorias em voz alta.

Para Yvaine, o mundo havia perdido seu brilho. Antes uma criança alegre e curiosa, ela agora passava os dias em silêncio, a expressão vazia e distante. A ausência da mãe era uma ferida aberta, e cada canto da casa parecia sussurrar lembranças dela. O único consolo de Yvaine era o pingente que Pandora sempre usava, um amuleto oval de cristal, dentro do qual brilhava uma luz suave e misteriosa. Agora pendurado ao redor do pescoço da menina, o amuleto parecia pulsar com a energia da magia que Yvaine mal compreendia, como se tivesse uma conexão com algo maior.

Luna, sua irmã mais nova era quem a confortava indiretamente depois de seu amuleto, a conexão das irmãs era como a lua e a estrela, ambas precisando da presença da outra para tornar tudo mais harmonioso, elas se pertenciam de uma forma inexplicável.

Os dias passaram, depois semanas. Yvaine tornou-se introspectiva, quase fantasmagórica, vagando pela casa e pelo jardim como uma sombra. As criaturas mágicas que antes a seguiam mantinham distância, como se sentissem a dor que ela carregava. À noite, no silêncio de seu quarto, ela segurava o pingente com força, como se o cristal pudesse trazer a mãe de volta.

Foi em uma dessas noites, enquanto a lua lançava sua luz pálida sobre o quarto, que algo inesperado aconteceu. Sentada em sua cama, Yvaine apertou o amuleto entre as mãos, os olhos fechados enquanto uma lágrima silenciosa deslizava por sua bochecha. Uma dor profunda apertava seu coração, uma saudade tão intensa que parecia quase palpável.

De repente, o pingente brilhou. Primeiro, foi uma luz fraca, como um piscar de vela, mas rapidamente cresceu, preenchendo o quarto com um brilho dourado. Yvaine abriu os olhos, assustada, e viu um portal turvo se formar diante dela. Do outro lado, a figura de Pandora apareceu. Não era apenas uma visão ou uma lembrança, era ela, como se estivesse realmente ali.

⸻ Mamãe? ⸺ Yvaine sussurrou, a voz embargada pela emoção. Ela estendeu a mão, como se pudesse atravessar o portal e tocá-la.

Pandora parecia etérea, envolta em uma luz suave. Seus olhos estavam fixos em Yvaine, cheios de orgulho e tristeza. Seus lábios se moveram, como se tentasse dizer algo, mas o som não atravessava o véu que as separava. Antes que Yvaine pudesse compreender, o portal começou a se fechar, o brilho desaparecendo tão rapidamente quanto surgira.

⸻ Não! ⸺ gritou Yvaine, estendendo as mãos, mas o quarto mergulhou novamente na escuridão.

Ela ficou ali, com o pingente em suas mãos tremendo levemente, como se ainda pulsasse com a energia do momento. O que acabara de acontecer? Aquela breve conexão com Pandora não respondeu suas perguntas, mas plantou algo dentro dela: a certeza de que havia mais para entender sobre si mesma, sobre sua mãe, e sobre a ligação que ambas compartilhavam com aquela magia misteriosa.

NOTES

⸻ Sejam muito bem vindos a uma das fanfics que eu mais planejei antes de lançar para vocês. The Black Dog, uma fanfic do Harry Potter, com um plot bem trabalhado, está finalmente entre nós e eu espero que vocês gostem assim como eu. O prologo acabou saindo um pouquinho maior por que eu quis sim detalhar cada pontinho da vida da Ivy, para vocês entende-la melhor antes de começarem a ler os próximos acontecimentos. Bom, bebam água e até o próximo.

メ𝟶メ𝟶

⸝⸝ words: 2,2k

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