6 🍁 A Cor Inocente
"Aprender a partir de ontem, viver para hoje, esperança do amanhã. O mais importante é não parar de fazer perguntas." - Albert Einstein
Por minutos, Taehyung sentou-se frente ao sofá, num banco de madeira gasta, passou a estudar cada canto do rosto de S/N com toda a atenção que podia. Seus olhos estavam debulhados em líquidos e não viam a hora de piscar, mas a imagem a sua frente era viciantemente atentada. Pareceu temer piscar e magicamente a garota desaparecer de sua vista.
A criança encarava o seu globo ocular, achando que o hyung estaria prestes a chorar irracionalmente. Sentado no chão brincando com o fio solto da roupa de sofá, brigava consigo mesmo em perguntas.
Taeshin gostava de perguntar. Não como uma criança normal que faz em torno 300 perguntas arrematadoras por dia aos pais por estarem propensas a descoberta do mundo. Ele supria pelas duvidas insanas como se deixar os mais velhos loucos para respondê-lo fosse o mais satisfatório possível. Não demorou-se muito para sua avó e seus irmãos entoja-lo e, quem não nascesse com a passividade de Taehyung, o consideraria a criança mais infernal do mundo.
Diferente de sua irmã mais velha, Taeshin nunca conseguia guardar informações na cabeça que não fossem sequenciadas pelo verdadeiro interesse nelas. Ele precisava não saber de algo para assim perguntar, e as duvidas chegavam a um nível absurdo e inadmissível. Mesmo sendo claramente contestada, conseguia achar uma outra inacreditável pergunta por cima dela. Ficou mal-acostumado após a própria irmã dizer sobre sua "grande facilidades em afortunar com perguntas".~ pareceu uma brecha para que Taeshin continuasse a perguntar por pura traquinagem. Mas com o tempo, aquilo fora tomando parte de seu dia-a-dia inocentemente sem nem perceber.
Era mania. Mas era tão... branca.
Ainda divertindo-se com o tecido do sofá, corroía-se em duvidas sobre o que estava acontecendo para Taehyung estar chorando em presença da desconhecida.
"Será que devo perguntar? Por que hyung está chorando? Ele vai ficar bravo se eu fizer?"
-Hyung, a moça marrom morreu? — perguntou tirando o maior de seu enésimo devaneio do dia.
Taehyung era como uma porta morta; nunca consegue absorver uma pergunta de ninguém quando se está em transe ─ o que é sempre, já que 99% de seu dia está pensando em como um relógio funciona, por exemplo. ─ Era tão avoado, que certo dia quase sofrera um acidente ao atravessar a rua — naquele dia, ele havia visto uma luz em formato de pássaro sair pelo sinal verde do semáforo, o que o fez parar no meio de uma estrada em movimento para prestar mais atenção em sua recaída neurológica.
A criança esperava calmamente o hyung voltar a realidade. Piscou várias vezes os olhos, tanto por precisarem ser hidratados, quanto para tentar captar a enésima pergunta que Taeshin fazia naquela semana.
-Agh... Não! —negou ainda recuperando-se da quebra de silêncio. — Ela só.... Está dormindo.
-Ela é sua amiga? Onde a conheceu? — duas perguntas foram feitas, para serem respondidas em dobro e Taehyung sentiu-se reprimido por ter cometido um crime e estava prestes a ser desmascarado.
-Só dividimos o mesmo banco de praça. ─ secou os olhos. Aquela responta poderia ser o suficiente para uma criança, até mesmo Taeshin se viu satisfeito por um segundo, mas se uma pessoa sã analisasse a forma como Taehyung conseguia interpretar as coisas, poderia facilmente pedir uma explicação clara.
Ele estava certo. S/N e ele dividiram o banco da praça por alguns minutos. Mas não dava justificativa para ela estar desacordada.
-Por que está chorando? ─ o menino perguntou mais uma vez, logo seguiu sem esperar resposta ─ Eun-su noona disse que choramos porquê perdemos alguém, sentimos dor ou por estarmos felizes.
Taehyung riu. Achou brando a forma com que seu irmão mais novo expressava preocupação a ele por apenas ver que seus olhos estavam marejados. Também notou a observação de Taeshin diante da explicação da irmã a um ano atrás; os três irmãos tinham lá suas 'anomalias' sociais, entretanto, eram um alicerce para o outro. O caçula perguntava, a do meio respondia e o mais velho sonhava acordado.
-Não há nada, Tae-ay . Eu só... Não estava piscando. ─ Taehyung levou mais uma vez a mangá da roupa para coçar os olhos.
-Por que?
-Bem... ─ o rapaz pensou, e logo virou o olhar calmo para a adormecida no sofá, ─ Achava que se eu piscasse, ela poderia desaparecer.
Taeshin tornou-se confuso com o dialeto de seu hyung, mas tentou capturar aquela resposta olhando diretamente para S/N.
-Ela não irá, Hyung! Eu irei ficar vigiando com você. ─ sorriu divertido, ─ Faremos assim: você a vigia sem piscar por 8 segundos, e logo após, eu vigio por mais 8... Se revezarmos, você não chorará e ela não irá desaparecer.
Taehyung riu por aquele ato de candura repleto de uma brancura inacreditável. Não bastava ter que suportar sua própria capacidade mental de um rapaz de vinte poucos anos às vezes confundir a realidade com o imaginário, teria de entender que para uma criança de 5 anos como seu irmão, as coisas corriam de forma natural e calma. Taehyung as vezes se pegava imaginando que tivesse algum distúrbio psicológico para ter o raciocínio tão lento, ou que para além de sua sinestesia (que os médicos diziam não interferir em sua vida) procurava explicações para ver tanto coisas irreais atuarem diante de seus olhos.
Eram questões que para ele tornavam-se irônicas, já que sua mãe lhe implorava tanto para parar de fazer drama.
"Se ela o visse agora, o imploraria para crescer."
-Sou tão marrom-cinza-rosa-preto... ─ sussurrou mais para si mesmo do que para... si mesmo (-q)
-O que disse, Hyung?! ─ Taeshin perguntou, o mais velho levantou o olhar, negando com a cabeça, ─ Espera... E como ela poderia desaparecer? Afinal, ela é tão especial assim para sua presença fazer diferença?
Taeshin mudara de assunto, sabia ele que ocasionalmente seu hyung voava para outro mundo e pensava em voz alta.
-Não, Taeshin. Não faria muita diferente, pois é uma completa estranha. ─ sorriu, ─ Mas, está debilitada e temos cuidar para que fique segura, entende?
Taeshin olhou de volta à mais velha a sua frente e confirmou. A garota por quem conhecia como moça marrom, dormia como se estivesse entrado em coma regressivo. Se não fosse pela sua respiração descompassada e ponderada, o menino poderia jurar que estava morta.
-Ela está com sons pretos, hyung? ─ perguntou curioso mais uma vez.
-Não diga isto. Ela não está morta, moleque! ─ afirmou. Dizer que uma pessoa está com sons pretos era sinônimo de leito irracional. Taehyung sentia-se mal com isso, visto que sempre parecia prever quanto tempo as pessoas tinham de vida. Impotentemente, claro.
Ambos passaram a estudar S/N e sua indiferença. ─ Interessante saber que S/N o achara indiferente a poucos minutos atrás.
-Hyung, ela é bonita. ─ Taeshin sorriu olhando-o a espera de uma concordância. Era a primeira vez em que afirmava algo com convicção.
Taehyung não respondeu, após encarar profundamente as cores da menina, não sabia ao certo se ela era bonita ou não. Tinha duvidas quanto a esta situação em que foi colocado, entretanto, por mais que S/N fosse realmente venusta, outra coisa o atraia no momento, e com toda certeza não era a beleza que carregava.
-Ela não parece nem um pouco com as princesas da Disney. ─ Falou sorrindo a espera de uma aprovação do dongseng que não parava de se corroer em mais duvidas sobre a menina.
-Ah, isso não importa! ─ Taeshin fez bico, ─ Eun-su noona disse que as pessoas são bonitas por dentro também. Não entendi o que ela quis dizer com isso, mas acho que se trata da forma de como elas são; se são boas e gentis...
-Ora, mas você nem a conheceu de verdade para saber. Como pode achar o lado interno bonito quando se não tem certeza? ─ o mais velho sorriu divertido com a facilidade de dialeto que a criança tinha adquirido com o tempo.
-Exato! ─ Sorriu, ─ Enquanto eu não souber como ela é de verdade, eu avalio a beleza externa.
Taehyung abafou um sorriso. Seu irmão mais novo havia achado a garota bonita, do contrário, não teria citado.
-Hyung, vou me casar com ela quando ficar do seu tamanho. ─ Taeshin acabou por dizer em voz alta, recebendo um sermão de Taehyung para fazer menos barulho.
-Ah, mas não acha que ela ficará velhinha demais para você?
-Se ela for legal como a vovó, eu não me importo. ─ pensou.
-Ela não vai gostar de esperar tanto tempo para você crescer, criança. Até você ter 1,79m a moça já arranjou outra pessoa para se casar. ─ cogitou.
Taeshin fez careta.
-Então, vamos adiantar meu lugar. ─ sentou-se no colo do irmão, ─ Quando a moça marrom acordar, eu vou pedi-la em casamente.
-Você não me faria uma vergonha dessas...
Não terminou de reprovar o garoto e já fora interrompido pela entrada de sua avó que trazia uma pequena caixa verde-limão de lenços umedecidos (de acordo com a mesma, seria irrelevante molhar qualquer outro tecido seu para tentar regular a temperatura da mais nova). Aproximou-se de seus netos, olhando com suspeitamento à Taehyung, e retirou um lenço para umedecer o rosto e o busto da menina. S/N mexeu-se um pouco no sofá, alertando sonolentamente o corpo de que estava com frio.
-Taehyung, leve-a para meu quarto; Cubra-a com aquela minha manta de microfibra habitat lisa... ─ a senhora pensou um pouco, pareceu voar para longe, ─ Sim, pegue esta mesmo. A fibra do tecido irá manter o calor do corpo e refrescar o ar externo sem estar gélido...
-O marrom-cáqui? ─ Taehyung ignorou toda a observação da avó quanto ao tipo de tecido.
-E o que a cor importa, Taehyung? ─ seriou flácida, ─ Liguei para um médico, ele chegará o mais rápido possível.
O neto não se opôs mas e retirou o irmão de seu colo, levantando-se do banquinho que estava sentado. Encarou S/N mais uma vez e revirava aos pouco alarmando dor em sue corpo. Olhou para a porta que levava à escada e suspirou profundamente pensando em como iria morrer para carregá-la para cima.
Mas não demorou-se muito, e facilmente conseguiu cumprir o caminho até o quarto de sua avó com a moça nos braços. Logo atrás, acompanhado pelo garotinho que carregava na mão a bolsinha coral que caíra da casaca de S/N, silenciosamente colocou-o de volta na veste da menina e estendeu a roupa na cadeira da mesa de costura da avó. ─ Taehyung procurou rapidamente a manta de microfibra habitat lisa que a avó havia lhe sinalizado e cobriu a menina cuidadosamente.
Arrumou o travesseiro em sua cabeça e fora neste exato momento que parou diante de seu rosto com apenas 18cm de distância. Eram como líquidos dançantes coloridos.
Verde. Azul. Laranja. Amarelo. Rosa. Era Tudo tão agradável.
Taehyung sorriu involuntariamente.
-Abra um pouco as janelas, Taeshin. ─ a avó brotou na porta do quarto fazendo o neto dar um pulo assustado para trás, um tanto quanto desconcertado, ─ O que há, Taehyung, parece que foi pego no flagra.
-Hum?.. ─ fingiu ele estar distraído para a mais velha entender que ele não sabia o que estava acontecendo.
-Ah, esquece! ─ gesticulou com as mãos se virando para sair, ─ Deixe-a descansando um pouco, o médico não irá demorar. E você, rapaz, desça comigo. Preciso ter uma conversa muito séria contigo sobre esta moça.
-Hyung está encrencado, vovó? ─ perguntou inocentemente o garoto abrindo aos pouco a janela.
-Reze para que não. ─ a mais velha desceu sem olhar para o caçula e logo foi seguido por Taehyung deixando a criança sozinha no quarto tentando abrir a janela.
Taeshin, por precaução, foi esperto o suficiente para deixa-la na vidraça, assim o comodo não seria enfestado por ar gélido do quintal. Limpou as sujeiras inexistentes da roupa e deu trabalho concluído. Poi-se a sair, mas não antes notar S/N deitada sutilmente na cama.
Subiu silenciosamente e com um cuidado extremo em cima do móvel ─ deitou-se bem ao lado da mais velha reto com uma tábua, como se estivesse com vergonha da proximidade que ele mesmo causou. ─ encarou o teto com as mão no peito.
-Eun-su noona gosta quando faço perguntas as vezes. ─ falou como se conversasse com a menina, porém, sabia que ela não o escutava, ─ Mas nas outras, ela briga comigo por serem perguntas demais.
Pausou, mas logo retornou a falar:
-Taehyung hyung disse que você está doente, então eu vou cuidar de você até ele retornar ao quarto.─ sorriu, ─ Eun-su noona está prestes a chegar do cursinho, então ela vai poder dizer o que você tem... Acredito que ela seja mais inteligente que o médico.
S/N mexeu seu corpo para o lado ficando frente a frente com a criança que gelou ainda mais por estar tão próximo.
-Por que será que Taehyung te trouxe aqui sendo que ele não lhe conhece? Será que ele mentiu para mim? Será que ele conhece você e não me contou só porquê disse que iria te pedir casamento? ─ Taeshin ajeitou-se no travesseiro, expressando a cara mais engraçada de duvida já feita, ─ Você não é namorada do hyung, é?! Aigoo, eu espero que não. Se for tão bonita por dentro quanto por fora, vou ficar feliz que seja minha esposa.
Sorriu tão feliz que soltou uma curta e baixa gargalhada.
-Mesmo que você seja velhinha como a vovó. ─ pensou, ─ Então eu terei de cuidar de você, ao invés de você cuidar de mim.
Estava emerso ao diálogo com S/N dormindo, e nem notaria mesmo que caíra no sono ao lado de sua futura (para ele) esposa.
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Oláaaa ~ pois bem, estou muito feliz que terminei este capítulo. estou me matando para escrever o imagine hot do Jungkook (sou um brioco com hot tbm ;-;) então é irrelevante aaaaa
Então, que quê vocês acharam do seu ''Futuro marido"??? (Taehyung pode não ser esposo, mas pelo visto vai ser cunhado ) ─ Tbm deixei tudo mais sutil e pimposinho para vocês, acabei por escrever muito e não pude por o necessário neste capítulo, então o importante estará no próximo, okay:? ♥
tchau ^^
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