Quando o despertador me acordou, praguejei baixinho, pensei em pôr só mais cinco minutos, mais é nesses minutos que eu perco a hora, me levantei e calcei o chinelo, caminhei até a janela e abri as cortinas e tinha um sol lindo lá fora, abri a janela e sentir a brisa gelada em meu rosto e me lembrei da minha mãe, toda vez que estava fazendo sol, ela dizia: " Levanta-se Mi hija, faz um dia de sol lá fora ".

Suspiro com saudade e pego minha toalha e me dirijo para o banheiro, hoje seria sem show particular, se não eu estaria atrasada novamente, me despi e entrei debaixo da água morna e me deu a maior vontade de ficar ali, quando terminei, me enxuguei e escovei meus dentes.

Retornei para o meu quarto, e agora sim liguei meu celular, começou a tocar Menina Solta, e eu como adorava essa música, a saudade do mar me invadiu, saudade de sentar na areia e tomar um chopp gelado, era das coisas maravilhosas do Rio de Janeiro.

Peguei um calça social rosa queimado, uma blusa social branca e vesti, botei a blusa pra dentro da calça e dobrei as mangas, fui até o espelho aonde fiz um rabo de cavalo, e fiz todo processo da maquiagem, finalizei com um brinco de pérolas e um batom da mesma cor da calça, peguei um sapato de bico fino preto e uma bolsa da mesma cor, uma das coisas de trabalhar em escritórios muito chiques, você tem de estar sempre bem vestida, preciso de um cartão, faço essa nota mental e por fim pego um casaco branco com listras pretas e e desço.

— Bom dia abuela — dou um beijo na testa dela e pego um pouco de café —

— Bom dia mi amor. Uau cada dia está mais linda — sorrio com o comentário —

— Estou indo abuela — seco a boca —

— Mais já ? Você nem tomou café direito, assim irá ficar doente Dominique — vovó me segue até a porta e me entrega uma fruta —

— Desculpa abuela, é porque não quero me atrasar

— Você precisa renovar sua carteira, para usar o carro — ela passa a mão pelo meu rosto e beija — Tenha um bom dia

— A senhora também

Saí assim que o Uber parou em frente da casa , cumprimentei o motorista e seguir o caminho olhando opções de cartões, paguei o motorista e desci, entrei na empresa e passei o crachá, dentro do elevador dois rapazes entraram e ambos me olharam de cima em baixo, me afastei um pouco e eles conversavam entre si.

Descemos todos no mesmo andar, segui até a sala do Lorenzo e os dois rapazes ainda estavam atrás de mim, fiquei um pouco desconfiada, mais se eles subiram é porque conhecem a empresa e devem ser amigos do Lorenzo, bato na porta e escuto ele permitir que eu entre.

— Bom dia senhor Lorenzo — o cumprimento e vejo sua feição se fechar —

— O que faz aqui ? — pergunto com rispidez e eu levei um susto —
— Bom o senhor disse pra eu chegar às 8 horas ..

— Não você Dominique, falo dos meus irmãos — me viro para trás e eles balançam a cabeça em cumprimento —

— Ah perdão, vou ficar lá fora

— Não precisa sair. Sou Ruan Ávila irmão mais novo dos Ávilas — ele estendeu a mão e eu apertei — Dominique né?

— Sim senhor — respondi e o outro rapaz com um jaqueta e com uma barba rala riu —

— Não precisa chamá-lo de senhor. Aqui ele é apenas um estagiário — Ruan olhou para o irmão com raiva — Sou Diego — ele pegou minha mão e beijou, arregalei os olhos por tal ousadia e recebi um sorriso sacana dele—

— Vocês não me responderam o que fazem aqui ? — Lorenzo fechou o terno preto e se aproximou dos irmãos —

— Meus meninos todos juntos — uma mulher de uns 50 anos entrou e deduzir ser a Sra. Cortez — Meu bem trás um água pra mim — ela disse e sacodiu as mãos pra eu sair —

— Mãe , a Dominique não é emprega nem nada. Ela é minha secretária — Lorenzo disse e a mãe dele bateu os pés nervosamente —

— Eu não me importo de ir buscar. Como a senhora gosta ? — perguntei e a mulher sorriu vitoriosamente para o filho —

— Sem açúcar

— Eu te ajudo Dominique — Ruan se ofereceu e o segui —

— Não se assuste com a minha família — ele disse cortando o silêncio entre nós —

— Tudo bem

— Você não é daqui né ? Seu espanhol é um pouco diferente — ele ligou a máquina de café e se encostou na bancada —

— Não, sou do Brasil, no caso Rio de Janeiro

— Nossa, lá faz muito calor ?

— Um pouco, mais as praias compensam

— Poxa que legal, sempre quis conhecer as praias cariocas

— Quando for, vai gostar muito — o apito da cafeteira fez com que parassemos de conversar —

Seguimos em silêncio até a sala e quando voltamos, a família Cortez estava toda reunida, Lorenzo estava sentado em sua cadeira e olha sem paciência para seu irmão, o mesmo estava praticamente jogado no sofá preto no canto da sala, a mãe deles estava sentada ao lado do marido.

Após deixar o café , quando ia saindo da sala, Lorenzo me chamou de volta para que eu acompanhasse e anotasse as mudanças que seriam feitas. Sr. Cortez havia posto Ruan como estagiário de Lorenzo, o mesmo estava muito feliz, mais o irmão não ficou muito, pelo que parece, eles não se dão muito bem, Diego estava ali apenas para assinar, pois diferente da família, ele é compositor e cantor.

Assim que a reunião acabou, Lorenzo me explicou que eu e ele ficaríamos na mesma sala, minha mesa foi posta perto do sofá, eu teria acesso as contas da empresa e dele também. Ficaria responsável pela sua agenda, ligações e análise de algumas plantas das construções, após ele me entregar as senhas e a agenda dele, fui liberada para ao almoço.

Quando desci fiquei um pouco perdida, havia anos que eu não andava no centro de Barcelona, peguei meu celular e fiquei procurando por um restaurante e quando achei segui o Maps do celular até o lugar, até que esbarrei em uma pessoa que fez meu celular cair no chão, xinguei mentalmente e torci para que ele não estivesse quebrado, porque ter que comprar outro celular estava fora de cogitação, quando me levantei dei de cara do Diego.

— Foi mal, mais você estava andando olhando o celular — comprimi os lábios para não ser grossa —

— Mais você é um poste — resmunguei e ele riu —

— O que tanto olha no celular, está perdida?— respiro fundo e nego — Você é péssima mentindo, o que procura ?

— Um restaurante

— Eu estava indo almoçar, vem comigo que eu te apresento um — neguei e ele meneou a cabeça — Por que não ? Eu não mordo, só se você pedir com jeitinho — ele sussurou em meu ouvido e me afastei negando —

— Não quero incomodar senhor Diego

— Não me chame de Diego, não sou velho nem nada. Mais se quiser ficar andando sem rumo você que sabe — ele deu de ombros e continuou andando, eu tinha duas opções ou o seguia ou ficava andando até a hora do almoço e ficaria com fome —

— Espera

O segui até um restaurante e quando chegamos, ele pediu uma mesa do lado de fora, os restaurantes espanhóis tem muito disso, há mesas do lado de fora e nesse era tipo uma varanda, há um jardim lindo, coloquei minha bolsa no encosto da cadeira e me sentei.

O silêncio reinava na mesa, ele estava mexendo no celular enquanto eu passava os olhos rapidamente no cardápio, eu precisava escolher algo logo, porque se eu voltasse e estivesse atrasada, provavelmente o Lorenzo comeria meu fígado. Escolhi uma paella * e logo a garçonete trouxe meu prato e eu comecei a comer, Diego pediu a mesma coisa e enquanto esperava o prato ficou me olhando.

— O que foi? Meu rosto está sujo ? — perguntei nervosa e ele negou —

— Só estou te olhando , você não é daqui né ? — hoje é dia das pessoas perguntarem isso —

— Não, sou carioca

— Está explicado

— O que ?

— Seu jeito

— Que jeito ? — juntei as sombrancelhas sem entender e a garçonete deixou o prato dele —

— Nada

Revirei os olhos e terminei meu almoço, separei o dinheiro e fui dar pra ele, porém ele não aceitou, agradeci e me despedi e voltei correndo para empresa.

Quando cheguei fui direito pra sala, comecei a responder os emails que Lorenzo pediu, editei algumas apresentações que ele faria e quando vi já marcava 18 horas, nem percebi que a hora tinha voado. Lorenzo se levantou e pegou seu terno encostado na cadeira e visto, vesti meu casaco e peguei minha bolsa e logo o celular dele começou a tocar.

— Hoje não Bel, eu estou cansado — ele disse baixinho e acenei indo embora — Espera aí — ele disse e me virei — Belle vou desligar — ele guardou o celular no bolso e se aproximou de mim — Senhorita Blanco — o olhei — Bom trabalho por hoje, espero que possamos nos dar bem no trabalho

— Claro Sr Lorenzo — assenti e me retirei —

Dentro do elevador soltei meu cabelo do rabo de cavalo, pois minha cabeça latejava, no 13° andar, Ruan entrou e sorriu pra mim.

— Caramba — o olhei — Você está muito bonita

— Muito obrigada — sorri em agradecimento—

— Então na sexta-feira, meu irmão vai tocar num bar aqui por perto. Gostaria de ir ? — ele coça a cabeça — Não vai só a gente, a Angelina também vai, eu soube que ela te ajudou a entrar aqui

— Sim, vou ver e tento ir sim. Boa noite Ruan — digo e saio do elevador —

Olá meus barcelonenses!
Tudo bem com vocês?!
Espero que sim!!
O que estão achando dos nossos vôos?!
Continuem viajando com a companhia Machado.
Beijinhos ❤️✈️