𝟎𝟏. nada quebra como um coração.
🩸. 01 / capítulo um
nada quebra como um coração.
capítulo reescrito e revisado.
" Tudo desabou
E tudo que eu te dei se foi
Desabou como se fosse pedra
Achei que tínhamos construído uma dinastia que o céu não poderia abalar
Achei que tínhamos construído uma dinastia, diferente de tudo que já foi feito
Achei que tínhamos construído uma dinastia que o para sempre não pudesse separar
Tudo caiu
Tudo desabou. "
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⌚️. konohagakure ── vila oculta da folha, distrito uchiha.
inspo: naruto clássico
temporada 04
episódio 84: ruja, chidori! irmão contra irmão!
observação: não leva o contexto fiel do anime, modificações para melhor encaixe da minha história.
─── Irmão, será que.. uh, será que hoje você pode me ajudar com meu jutsu shuriken depois da escola? ─ A voz infantil ─ hesitante mas carregada de uma ponta de animação, quebrou o silêncio que pairava pelo ambiente momentos antes. Itachi ─ concentrado em seus próprios pensamentos, ergueu os olhos e girou levemente a cabeça, notando pela primeira vez a pequena figura encostada no batente da porta. Lá estava Sasuke, seus cabelos escuros bagunçados refletindo a luz suave da manhã que invadia o cômodo, ele mantinha as mãos escondidas atrás do corpo, provavelmente brincando com os próprios dedos em um gesto óbvio de nervosismo, enquanto seus olhos brilhavam em expectativa. Era evidente que o mais jovem Uchiha mal conseguia conter a ansiedade que lhe preenchia, sua postura carregando o entusiasmo de alguém que sonhava em provar seu valor.
Itachi desviou o olhar para além da janela aberta, onde o cenário perfeito se descortinava: Konoha estava envolta por uma manhã resplandecente, o céu em um azul impecável, decorado por nuvens brancas que pareciam pinceladas de forma abstrata por um artista habilidoso. Uma leve brisa agitava as folhas das árvores e carregava consigo o cheiro fresco de um novo dia, a serenidade e beleza da paisagem pareciam o convidar para o treinamento e Sasuke, com toda a sua energia, já havia percebido isto. O mais velho respirou fundo, contemplando o pedido do irmão, ele sabia o quanto aquele momento significava para Sasuke, o quanto o garoto se esforçava para chamar sua atenção e acima de tudo, para se tornar o mais forte. Itachi fechou os olhos por um breve momento, um sorriso quase imperceptível tocando seus lábios antes de se virar completamente para o irmão mais novo, pronto para o responder.
─── Não posso, 'tô bastante ocupado. ─ As palavras saíram calmas, quase automáticas, como se já fizessem parte de uma rotina que Itachi desejava quebrar mas não conseguia. Ele não precisou desviar novamente os olhos para ver o semblante animado do irmão se desmanchar em uma carranca tristonha, sentiu o peso da decepção pairar no ar, tão palpável quanto a brisa que entrava suavemente pela janela. Itachi não gostava de admitir, mas odiava repetir essas mesmas palavras para Sasuke, sempre que o fazia, era como cravar uma faca invisível em si mesmo, ele sabia que o moreno sentia sua falta, sabia que ─ para o pequeno Uchiha, cada negativa soava como uma rejeição, um abandono insalubre. Contudo, as obrigações que carregava sempre falavam mais alto e o dever parecia ser a única coisa que realmente o definia agora.
O olhar distante do mais velho fixou-se no horizonte, sua mente sendo uma mistura de culpa e resignação. Sasuke era apenas uma criança cheia de sonhos, Itachi admirava isso em silêncio, ele sabia que o irmão não compreendia o peso esmagador que trazia sob os ombros, um fardo que ele jamais escolheria compartilhar. O pequeno não entenderia seus propósitos, suas escolhas e por isso, Itachi preferia encobrir tudo sob a desculpa habitual de estar sempre ocupado, era mais fácil assim, mais fácil evitar que Sasuke se aproximasse demais e visse a verdade por trás daquela fachada.
─── Por que não pede pro' papai te ajudar? ─ O mais velho sugeriu, seu tom de voz inexpressivo mas carregado de uma tentativa sutil de desviar o assunto. Enquanto dizia isso, virou levemente o pescoço, o suficiente para que sua visão periférica captasse a reação de Sasuke, as íris do garoto ─ antes brilhantes com entusiasmo, agora refletiam uma mistura de mágoa e descontentamento. Era óbvio que ele não gostava daquela resposta e como poderia? Pedir ajuda ao pai nunca parecia ser uma opção para ele, não quando tudo o que Sasuke realmente queria era a atenção e aprovação do seu irmão mais velho.
A mesma pergunta, a mesma resposta.
Era uma dança entediante, mas dolorosa, que ambos pareciam condenados a repetir, Sasuke continuava ali, parado no batente da porta, como se esperasse que Itachi voltasse atrás em sua decisão e Itachi... bem, ele permanecia imóvel, encarando o vazio lá fora, fingindo não notar o desmoronamento silencioso do mais novo.
─── Ah, qualé', você é bem melhor no jutsu shuriken que o papai, até eu consigo ver isso. ─ A voz de Sasuke quebrou o silêncio que se formou, carregada de uma frustração mal disfarçada. Ele cruzou os braços, erguendo o queixo com uma determinação quase desafiadora, mas havia um quê de vulnerabilidade em seu tom, não era apenas ele que via isso, claro, todo o clã Uchiha sabia que Itachi era incomparável. Desde o momento em que abriu os olhos para o mundo, Itachi foi reconhecido como um prodígio, um gênio que até mesmo o shinobi mais experiente admirava-o em silêncio, nem mesmo o líder do clã e comandante militar da vila, Fugaku Uchiha, poderia ofuscar o brilho natural do filho mais velho.
Itachi contudo, permaneceu impassível, seu rosto inexpressivo como sempre, por um momento, o silêncio entre os dois pareceu se intensificar, como se o mais velho estivesse pesando as palavras do irmão, mas sem realmente responder à elas. Sasuke percebeu isso e mordeu a parte interna da bochecha, uma tentativa de reunir coragem para expressar o que vinha o incomodando por semanas, era como uma onda crescente dentro dele, algo que não podia mais conter. A criança engoliu em seco, sentindo o peso do olhar de Itachi finalmente recair sobre si, a intensidade dos olhos do irmão o fez sentir uma estranha mistura de emoções: admiração, insegurança, até um pouco de medo, era como se o simples fato de ser observado por Itachi o desnudasse por completo, expondo cada dúvida e desejo que ele tentava esconder.
─── Itachi.. ─ Começou, as palavras falhando em escapar. ─── Por que você sempre me trata como um problema? ─ A pergunta saiu mais baixa do que ele pretendia, mas carregava o peso de tudo o que vinha guardando em seu coração. Sasuke o encarou, suas pequenas mãos agora cerradas em punhos ao lado do corpo, como se estivesse se preparando para o impacto da resposta, ele não sabia o que doía mais: a constante indiferença de Itachi ou o silêncio que vinha sempre em seguida. Itachi ficou imóvel, seu rosto não traiu nenhuma emoção visível, mas algo dentro dele vacilou, ele sabia que Sasuke estava certo em se sentir daquela forma, em meio à sua fachada de frieza e aos fardos que carregava sozinho, ele havia deixado para trás um irmão que só queria ser visto, que só queria ser parte de seu mundo. A pergunta de Sasuke ecoou como uma acusação silenciosa, mas também como um pedido desesperado por explicações.
Diferente do que poderia imaginar ─ mas ao mesmo tempo conhecido por seus olhos, o Uchiha maior abriu um pequeno sorriso sem mostrar os dentes brancos, chamando silenciosamente o menor que não deixou sua curiosidade se dissipar no momento em que dois dedos do moreno estavam no ar, flutuando apenas pela espera de senti-lo mais perto. Acostumado com o ato repentino, Sasuke sentiu ambos os dedos sob sua testa, impulsionando levemente para trás em um gesto tão carinhoso quanto qualquer outro que conhecia, porém, que ainda o incomodava pela rotineira ação feita por Itachi, o mais velho era exatamente dessa maneira, da mesma forma que poderia ser previsível, também tinha a imprevisibilidade ao seu completo favor.
Sasuke gostava daquilo, daquele gesto que por vezes o confundia, mas que lhe trazia uma sensação longínqua de paz.
─── Me desculpe Sasuke, outra hora, está bem? ─ Itachi murmurou, a voz carregada por uma seriedade que o pequeno não conseguiu decifrar por completo. O garotinho observou perplexo o súbito endurecimento no semblante do irmão, os olhos antes calorosos agora escurecendo, refletindo algo que parecia mais distante a cada segundo, como se aquelas palavras tivessem cortado a conexão entre eles. Sasuke sentiu o toque antes reconfortante do mais velho se dissipar, levado pela indiferença de uma rejeição, ele franziu as sobrancelhas, incomodado com a súbita mudança de humor do outro Uchiha, o olhar de Itachi estava baixo, perdido em devaneios que escondiam qualquer vestígio de emoção, tornando impossível para Sasuke compreender o que realmente se passava por trás daquele semblante fechado. ─── Eu não tenho tempo pra' isso hoje.
E mais uma vez, Itachi desferiu a mesma frase fria, repetida tantas vezes que parecia ensaiada, mas que não doía menos por isso.
─── Você sempre faz isso comigo, me toca na testa e depois diz "desculpa, Sasuke". ─ A voz do garotinho soou baixa, quase como um murmúrio, mas carregada de mágoa, seus pequenos lábios formaram um bico teimoso, uma expressão que escancarava sua decepção. Era a mesma frase, o mesmo gesto, como se cada interação fosse uma repetição exata da anterior. Sasuke baixou os olhos por um momento, sentindo o peso da rejeição mas logo os ergueu de novo, buscando algum resquício de resposta no rosto do irmão, ele não entendia por que continuava tentando, não sabia por que se esforçava tanto para chamar a atenção de Itachi, quando sempre acabava no mesmo lugar, enfrentando as mesmas desculpas frias e aquela maldita ausência silenciosa.
Era frustrante, mas ele não conseguia desistir.
Algo dentro dele o fazia insistir, voltar sempre para aquela tentativa de conexão que parecia escapar como areia entre seus dedos. Sasuke admirava Itachi profundamente, quase o colocava num pedestal ao lado dos pais e por mais que doesse, ele não estava pronto para desistir.
─── E você nunca tem tempo.. ─ Continuou com a voz embargando levemente, refletindo uma mistura de tristeza e irritação que ele sentia. ─── É sempre a mesma história. ─ Ele cruzou os braços ─ como se aquela postura defensiva pudesse protegê-lo do peso das palavras, mas no fundo, ele sabia: por mais que tentasse endurecer, ainda ansiava pelo reconhecimento de Itachi.
O menino suspirou agora emburrado, o bico ainda firme nos lábios pequenos enquanto o peso da decepção parecia dobrar em seus ombros. Ele queria protestar mais, queria gritar algo que fizesse Itachi parar e ouvi-lo, mas nenhuma palavra saía, do outro lado, Itachi já havia desviado o olhar, fechando os olhos com uma calma que parecia desdenhar dos sentimentos do irmão, era como se a presença do mais novo não fosse suficiente para segurar sua atenção, um gesto que feria mais do que qualquer resposta áspera poderia ferir. Sasuke observou quando Itachi impulsionou o corpo para se levantar, os movimentos elegantes e controlados como sempre, o menino quase se levantou atrás dele, mas ficou congelado, os pés presos no chão enquanto o irmão saía do cômodo. Os passos firmes de Itachi ecoaram, afastando-se lentamente, cada som mais distante parecia cortar um pedaço do pequeno coração de Sasuke.
Agora sozinho, tudo o que ele conseguia ouvir era o som da própria respiração que começava a desregular, ofegante enquanto lutava contra as lágrimas que ardiam em seus olhos. Ele engoliu em seco, sentindo a garganta apertar como se cada soluço contido fosse um nó se formando, com o coração pesado e um aperto crescente dentro do peito, Sasuke passou a língua pelos lábios ressecados, tentando abafar a saudade que queimava no fundo do peito, era uma saudade que não fazia sentido afinal, Itachi estava ali há poucos segundos, contudo, ao mesmo tempo, parecia mais distante do que nunca, um irmão inatingível que ele não sabia como alcançar.
( ... )
─── Papai. ─ Haviam se passado apenas alguns minutos desde que Sasuke viu seu irmão mais velho desaparecer por entre as ruas de Konohagakure. A sombra de Itachi se afastava, deixando apenas o silêncio e uma sensação agridoce de vazio que o menino não sabia como expressar, ele queria ter tido ao menos a oportunidade de dividir a mesa com o irmão durante o café da manhã, algo que se tornava cada vez mais raro. Fugaku estava sentado à mesa da sala de jantar, mastigando calmamente uma fatia de pão de forma enquanto bebia pequenos goles de chá verde, o líquido quente tinha um brilho frio no fundo de porcelana branca, cuidadosamente escolhida por Mikoto para compor a casa. O patriarca não parecia notar a inquietação do filho mais novo, mas sua postura sempre rígida dava indícios de que estava atento a qualquer palavra que pudesse sair da boca de Sasuke.
Do outro lado, Mikoto estava de costas para ambos, ocupada com alguma tarefa trivial da cozinha, mas mesmo assim, ela parecia imersa em uma paz matinal quase intocável, algo que raramente acontecia já que Fugaku costumava estar fora de casa a esta hora. O clima, embora aparentemente tranquilo, carregava certa tensão silenciosa que era difícil de ignorar.
─── Papai... ─ A voz do pequeno cortou o ar mais uma vez, Fugaku ergueu os olhos por um momento, um gesto sutil que mostrava que ele estava ouvindo, ainda que sua atenção parecesse dividida. Sasuke, no entanto, não conseguiu encarar diretamente os olhos do pai e manteve o olhar fixo na mesa à sua frente. ─── Por que o Itachi nunca presta atenção em mim? ─ As palavras escaparam com um misto de frustração e mágoa, quase como se ele mesmo não tivesse planejado dizê-las em voz alta. O som da pergunta preencheu o espaço, e por um momento, Mikoto parou o que estava fazendo, suas mãos hesitando em meio ao movimento. Fugaku desceu sua atenção para a bebida que fumegava na xícara abaixo de si, piscando algumas vezes após o questionamento do filho atingir seus tímpanos. Ele não conseguiu conter o respirar fundo ao sentir o olhar curioso e infantil do pequeno Uchiha sob sua face, almejando arduamente por uma resposta plausível ao seu entendimento.
─── Seu irmão sempre foi um pouco diferente, filho. Ele tem dificuldades em se comunicar com as outras pessoas. ─ As palavras de Fugaku saíram secas, como se ele tentasse reduzir a complexidade da situação a algo trivial. Mikoto ─ atenta como sempre, apenas estreitou os olhos, percebendo a superficialidade da explicação. O homem soltou um longo suspiro, claramente incomodado com o rumo daquela conversa, ele tentou voltar a comer, concentrando-se no prato diante de si, mas a comida parecia perder o sabor enquanto a realidade pesava sob seus ombros. Por mais que tentasse agir como se nada estivesse errado, o silêncio da casa e os ecos de memórias sempre o confrontavam.
Era impossível ignorar o isolamento crescente de Itachi, Fugaku queria acreditar que tudo não passava de uma fase, um momento transitório da juventude, mas a verdade pesava como uma pedra: a distância que Itachi impunha entre ele e a família era mais do que apenas rebeldia ou introspecção, era como um muro invisível, erguido com precisão e reforçado a cada dia. O garoto passava horas trancado em seu próprio mundo ─ um quarto que parecia ser a única fortaleza onde encontrava refúgio, um espaço que o isolava de todos que ─ mesmo sem saber como, ainda tentavam alcançá-lo.
Fugaku desejava entendê-lo mas a realidade era cruel: ele não conseguia. Por trás da fachada rígida e controlada de um pai que prezava pela ordem e disciplina, havia um homem consumido por um turbilhão de emoções ─ frustração, culpa e impotência, cada gesto calculado, cada palavra fria, cada olhar vazio de Itachi era como um golpe sutil, um lembrete doloroso de que ele falhava em decifrar o enigma do próprio filho. Era como tentar agarrar fumaça, algo que parecia escapar cada vez mais de suas mãos, o silêncio entre os dois não era apenas desconfortável, era opressor. Fugaku se perguntava onde havia errado, o que fez ─ ou deixou de fazer, para que o vínculo entre eles se transformasse nesse abismo? E ainda assim, mesmo diante de sua dor e das incertezas que o consumiam, o orgulho o impedia de perguntar diretamente, as palavras que poderiam trazer entendimento ficavam presas, sufocadas pela barreira invisível que os separava.
─── Como assim, papai? ─ Perguntou Sasuke, com a voz hesitante e os olhos grandes e inocentes refletindo a confusão de uma mente ainda jovem demais para compreender as complexidades do que se passava. Fugaku parou por um momento, incapaz de responder de imediato, a pergunta do filho o atingiu mais uma vez, ele olhou para o garoto, aquele menino que ainda via o mundo com pureza e percebeu que ─ mesmo sem entender completamente, ele já sentia o impacto do afastamento de Itachi. O silêncio que envolvia a casa estava começando a tocar o coração do mais novo e o chefe da família, se via incapaz de oferecer consolo.
─── Eu.. eu não sei. Até eu não consigo me aproximar de Itachi, Sasuke e eu sou o pai dele. ─ As palavras saíram com dificuldade, carregadas de uma fraqueza que o mais velho raramente permitia escapar. Sasuke o encarou, tentando processar o que aquilo realmente significava, aos sete anos, sua mente buscava desesperadamente por explicações, mas nenhuma parecia fazer sentido, se nem mesmo seu pai, sempre tão imponente, conseguia entender Itachi, como ele, um simples menino, poderia? Na mente de Sasuke, uma única conclusão começou a se formar: ninguém conseguia compreender o que estava acontecendo com Itachi, nem seu pai, nem sua mãe, nem ele próprio.
Era impossível ignorar a mudança, há poucos anos, Itachi era um irmão diferente ─ presente, carinhoso e protetor, Sasuke lembrava com carinho dos momentos em que o irmão o ajudava a treinar, das noites em que conversavam até tarde, das vezes em que ele carregava Sasuke nos ombros, rindo de suas piadas infantis. Ele era o filho perfeito, o irmão mais velho ideal, sempre atento às necessidades da família, sempre disposto a estar ao lado deles. Mas agora, tudo aquilo parecia um passado distante, Itachi mal era visto em casa, mesmo quando não tinha missões designadas pelo Terceiro Hokage, ele desaparecia pela manhã e só retornava tarde da noite, como uma sombra que mal deixava rastros. Seu olhar ─ antes calorosos, agora parecia vazio, quando estava em casa, Itachi quase nunca falava, ele passava as refeições em silêncio, sem responder às advertências de seus pais ou ao olhar esperançoso de Sasuke que ansiava por sua companhia, e cada vez que a cadeira de Itachi ficava vazia na mesa do jantar, Sasuke não conseguia evitar o aperto no peito, sentindo como se algo muito importante estivesse se desfazendo bem diante de seus olhos.
E assim, o silêncio continuava a crescer entre os membros da família, como uma neblina densa que engolia tudo à sua volta.
Os segredos e mistérios que cercavam Itachi começavam a íncomodar Sasuke de um modo desconfortável, quase sufocante, cada dia que passava, ele sentia como se o irmão ─ que antes era seu herói e maior exemplo, estivesse se transformando em um completo estranho.
"O que tanto ele escondia?"
"Por que ela não era mais o Onii-San de antes?"
"Por que essa mudança dói tanto?"
Essas perguntas ecoavam constantemente em sua mente como um mantra sem respostas, o garotinho tentava compreender, mas a complexidade do comportamento de Itachi era um enigma muito maior do que ele podia decifrar e o mais frustrante era perceber que ninguém ao seu redor parecia ter respostas, nem seu pai que parecia ter tudo sob controle, nem sua mãe cuja preocupação silenciosa transparecia em pequenos gestos e olhares cansados. Por mais que Sasuke quisesse uma explicação, não havia nada concreto para aliviar suas dúvidas, tudo o que ele tinha eram lembranças antigas ─ vislumbres de tempos mais simples, quando Itachi era mais do que um irmão, ele era seu amigo, seu protetor, alguém em que Sasuke podia confiar cegamente. Naquela época, Itachi sempre tinha tempo para ele, sempre estava lá para ajudá-lo, ensiná-lo ou simplesmente ouvir as histórias infantis que ele inventava, mas agora, Itachi estava presente apenas fisicamente, e mesmo isso era raro, emocionalmente, ele parecia estar a quilômetros de distância, preso em um mundo que Sasuke não conseguia alcançar.
─── Prontinho, aqui está seu almoço, filho. E sobre seu exercício com shurikens, posso ajudá-lo quando voltar para casa. ─ Disse Mikoto, sua voz suave e calorosa enquanto entregava a Sasuke um pequeno embrulho verde cuidadosamente preparado, ela sabia que o garoto estava mais introspectivo ultimamente e suas palavras eram um esforço gentil para aliviar o peso que ele parecia carregar.
O menino suspirou, segurando o embrulho com as mãos pequenas, ele reconhecia a tentativa da genitora em animá-lo, de preencher com carinho o vazio deixado pelo silêncio e pela ausência de Itachi, porém, mesmo que ele quisesse reagir, uma melancolia teimosa ainda o envolvia. Mikoto mantinha um sorriso delicado no rosto, aquele sorriso materno que parecia ter o poder de curar qualquer ferida, mas Fugaku, sentado à mesa, desviou o olhar, escondendo um sorriso triste que lutava para não emergir, ele sabia que ─ por trás daquele momento cotidiano, uma sombra maior pairava sobre a família. Um futuro inevitável já estava gravado em sua mente, um destino que tornaria o sorriso de Mikoto apenas uma lembrança dolorosa.
─── Não é só um exercício.. na verdade, é treino. ─ Corrigiu o pequeno, sua voz baixa e desanimada, sem a energia típica de uma criança da sua idade. Ele pegou o embrulho e tentou afastar os pensamentos confusos que rondavam sua mente, eram questões que ele não conseguia articular, mas que estavam sempre presentes ─ a ausência de Itachi, os olhares preocupados de seus pais e o sentimento incômodo de que algo estava profundamente errado.
Sem dizer mais nada, Sasuke se concentrou na refeição. Mastigava devagar, quase mecanicamente, enquanto a conversa entre seus pais preenchia o ambiente. Fugaku falava sobre as responsabilidades do dia, enquanto Mikoto respondia com uma calma natural. Para Sasuke, no entanto, as palavras deles pareciam um murmúrio distante. Ele estava preso em seus próprios pensamentos, tentando ignorar as dúvidas que sussurravam em sua mente, mas incapaz de escapar completamente delas. O café da manhã seguia em uma atmosfera silenciosa e carregada. Mikoto, mesmo enquanto falava com o marido, olhava de relance para Sasuke, preocupada com o jeito abatido do filho mais novo. Fugaku, por sua vez, manteve-se em silêncio, mas a tensão em seus ombros denunciava que ele também estava pensando no mesmo: no impacto que a ausência emocional de Itachi causava não apenas em Sasuke, mas em toda a família.
Quando o momento chegou de Sasuke se levantar e sair para a Academia Ninja, Mikoto se abaixou levemente, ajustando o colarinho da blusa do filho com cuidado.
─── Você vai se sair bem, meu amor. ─ Disse ela num tom encorajador. Ele apenas assentiu com um breve movimento, sem palavras, caminhou em direção à porta, o embrulho verde apertado contra o peito. Fugaku o observou sair e a casa pareceu um pouco mais silenciosa do que antes. O som da porta se fechando deixou um eco no ar, e por um instante, nenhum dos dois disse nada. Mikoto, ainda com o sorriso delicado, voltou-se para a pia para lavar os pratos, mas Fugaku permaneceu sentado, perdido em seus próprios pensamentos.
Ele sabia que, por mais que tentassem, aquela sensação de vazio não desapareceria tão cedo. Afinal, como se enfrenta um abismo que parece crescer mais a cada dia?
Sasuke estava tomado por um pavor indescritível, como se fosse um verdadeiro bebê à mercê de um medo implacável que se enraizava lentamente dentro de si. Memórias o atacavam como ondas furiosas em um oceano revolto, afogando-o em imagens que não conseguia afastar, pensamentos soltos dançavam como penas ao vento, o conduzindo diretamente àquela noite fatídica que selaria sua maldição para sempre. Ele se lembrava nitidamente de como corria pelas ruas silenciosas de Konoha, com a noite abraçando a vila em um manto de escuridão, havia se atrasado mais do que deveria, perdendo a noção do tempo enquanto treinava sozinho com uma determinação cega de aprimorar as técnicas que desejava mostrar ao irmão no dia seguinte. Seu coração se enchia de orgulho e ansiedade só de imaginar Itachi assistindo seus progressos antes de partir em uma missão no País das Fontes Termais, mas agora, tudo o que ele sentia era o peso de suas próprias escolhas.
Os músculos de seu corpo pequeno estavam em chamas, cada passo era um esforço monumental, como se carregasse o mundo inteiro sobre os ombros. O suor escorria pelo rosto juvenil, misturando-se ao ar gelado da noite e causando arrepios que percorriam sua espinha, ele estava exausto, mas continuava correndo. Apressava-se como se a própria vida dependesse disto, forçando suas pernas a irem além dos limites, a dor queimava suas entranhas, cada fisgada no corpo era um lembrete cruel de que ele não era forte o suficiente ─ ainda não.
A casa estava perto, ele podia sentir, o silêncio ao redor parecia quase opressivo como se a própria vila estivesse prendendo a respiração. Tudo o que Sasuke queria era chegar a tempo, dormir por algumas horas e despertar cedo o suficiente para despedir-se de Itachi, essa pequena meta o empurrava para frente, mesmo que cada célula de seu corpo implorasse por descanso. Ainda assim, algo inquietante pairava no ar, ele não sabia que ─ ao cruzar aquela porta naquela noite, o mundo que conhecia desmoronaria em pedaços.
A determinação de Sasuke em chegar em casa naquele instante evaporou por completo quando seus olhos se voltaram para o céu e ele notou uma silhueta misteriosa encostada em um poste. A figura estava perfeitamente enquadrada pela luz prateada da lua, como se fosse uma aparição etérea criada para provocar medo e dúvida, o coração do pequeno disparou e ele engoliu em seco, incapaz de desviar o olhar. Seus pés ─ antes apressados, pararam de se mover e ele permaneceu imóvel, sentindo o peso da presença diante de si. Com a respiração acelerada, o moreno piscou ─ apenas uma vez, e como se tivesse sido engolida pela escuridão noturna, a figura desapareceu. O vazio que se seguiu trouxe um arrepio gélido que percorreu cada nervo do seu corpo, ele queria acreditar que sua imaginação o havia enganado, porém, algo profundo e instintivo o alertava que não era bem assim.
Foi então que ele percebeu: tudo ao seu redor parecia errado. A vila, que deveria estar tranquila e serena sob o céu estrelado, estava mergulhada em uma escuridão anormal, nenhuma luz brilhava nas janelas das casas ao seu redor, nem mesmo o fraco brilho de uma lamparina escapava pelas frestas. O silêncio absoluto era opressor, como se o lugar inteiro estivesse preso em uma bolha de escuridão e vazio. Aquele era o distrito de clã Uchiha, seu lar, mas agora parecia um cenário fantasmagórico desconectado do restante de Konoha.
Sasuke engoliu em seco novamente, tentando acalmar a tempestade que crescia em seu peito, ele se esforçou para afastar a sensação sufocante de estar sendo observado, aquela sensação desconfortável que parecia sussurrar em sua mente, instigando um medo primitivo que ele mal conseguia controlar. Seus olhos percorriam as sombras, buscando sinais de vida, mas tudo que encontrava era o vazio, ele queria gritar, mas o nó em sua garganta o impedia. O garoto cerrou os punhos, reunindo a pouca coragem que lhe restava e obrigou suas pernas a se moverem novamente.
Sasuke começou a correr, mas desta vez o fazia por puro instinto de sobrevivência. Seus passos ecoavam na rua deserta, o único som que quebrava o silêncio mortal ao seu redor, o medo pulsava em suas veias, dando força a seus músculos exaustos enquanto ele se afastava daquele cenário opressor, ele precisava chegar em casa, precisava do conforto de algo familiar - mas a cada passo, a sensação de que algo terrível o aguardava crescia. O que Sasuke não sabia, no entanto, era que o horror que o esperava ao final de seu trajeto era muito maior do que o silêncio e a escuridão ao seu redor. A verdadeira tragédia ainda estava por vir, escondida nas sombras de sua própria casa.
Ele só compreendeu a gravidade do que havia acontecido quando virou em uma rua e sua atenção foi capturada pelos pontos coloridos de vermelho, manchas de sangue que se espalhavam pelo chão. Ao seu redor, corpos inertes estavam jogados de forma desordenada como se fossem meros objetos descartados, uma sensação sufocante o atingiu, uma agonia que parecia mais intensa e duradoura do que qualquer outra que já experimentou. Eram muitos os corpos, muitos os rostos conhecidos, agora sem vida, as paredes estavam tingidas pelo sangue do seu clã, como uma assinatura cruel de um massacre impiedoso, a brutalidade da cena exalava frieza e desprezo pela humanidade. O medo e a confusão o dominaram, uma avalanche de perguntas sem resposta girando em sua mente, sem hesitar, Sasuke correu na direção de sua casa, agarrando-se desesperadamente à esperança de encontrar sua família viva a salvo daquele horror.
Era um pesadelo aterrorizante, lágrimas escorriam por suas orbes escuras, um eco de angústia que marcava seu rosto infantil.
"Corra por sua vida, Sasuke, fuja como um ratinho assustado", O vento parecia zombar dele, sussurrando risadas cruelmente, intensificando o pavor que o envolvia após a tragédia que abateu o seu clã. Por um minuto, ele acreditou escutar os lamentos das almas que haviam sido ceifadas, os choros confusos de vidas que haviam sofrido sob o ataque de um monstro impiedoso, Sasuke não conseguia compreender o que poderia ter sido tão brutal a ponto de seu clã sofrer um derramamento de sangue tão trivial. Tudo que desejava era se lançar nos braços de sua mãe e implorar para que o despertasse daquele pesadelo do qual se via preso.
O cômodo da sua casa estava envolto em um silêncio opressivo como todos os outros, com uma voz trêmula, ele chamou pelos pais, mas a única resposta foi o eco de seu próprio medo. O único som que rompeu a quietude foi o barulho de algo caindo em algum lugar naquela moradia que outrora vibrava com risos de alegria, o cheiro de sangue invadiu suas narinas, cada gota de temor se aninhando em seu peito quando ele se deparou com a porta que levava à sala. A mão hesitou na maçaneta, o medo o paralisando, a ideia de que o causador daquela atrocidade ainda poderia estar por perto, esperando para devorar a única alma viva o aterrorizava ainda mais.
Sasuke não queria morrer.
Sasuke queria viver.
Desejava com todas as forças ver aquelas pessoas amadas retomar suas vidas, queria sentir o calor dos abraços de seus pais e o conforto que sua alma desesperada tanto ansiava, mas nada poderia ser revertido. Quando sua mão trêmula acionou a maçaneta, a porta se abriu automaticamente, revelando o maior trauma que o assombraria até os confins do inferno: dois corpos estendidos no chão, Mikoto estava caída de lado enquanto Fugaku estava com a cabeça sobre ela, ambos imóveis e silenciosos. O menino não conseguia processar a cena diante de si, a casa estava estranhamente intacta, sem sinais de arrombamento ou desordem, apenas os corpos de seus pais como uma cruel novidade em um cenário que antes era de amor e proteção. A luz da janela iluminava seus rostos, revelando uma serenidade que parecia irônica, uma paz que eles não mereciam, tendo partido de forma tão injusta.
─── Papai! Mamãe! ─ O grito saiu do fundo de sua garganta, um eco de desespero que parecia transcender a realidade, sua vontade era correr até eles, agarrar-se à ilusão de que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, não poderia ser verdade, ele não queria que fosse verdade. A negação se apoderou dele como um manto pesado e sufocante, mas então, atrás de seus pais, uma sombra se moveu, um pé surgiu e Sasuke levantou os olhos, segurando a maçaneta atrás de si com uma força quase sobrenatural, incrédulo ao encarar o possível assassino de seus pais.
A escuridão começou a se esvair enquanto a figura tomava forma e logo aqueles olhos frios encontraram os dele, Sasuke reconheceu-os imediatamente, um alívio momentâneo percorrendo seu corpo mesmo em meio ao terror.
─── Irmão.. Itachi, o papai e a mamãe.. eles.. eu não.. eu não consigo entender.. quem... quem fez tudo isso? ─ A voz do menino tremia, um misto de confusão e desespero, ele não conseguiu concluir sua frase quando num movimento súbito, uma shuriken foi arremessada ao seu lado, passando tão perto que cortou seu ombro, um filete de sangue escorrendo por sua pele pálida. Sasuke olhou para o mais velho, os lábios trêmulos e o coração batendo forte, a adrenalina subiu como uma onda avassaladora, o medo retornou com uma intensidade ainda maior, alertando cada fibra do seu ser sobre a ameaça que emanava do irmão. A sensação de traição se misturava ao pavor, enquanto a criança tentava entender a realidade que se desdobrava diante de seus olhos, um pesadelo que se tornava cada vez mais palpável.
O silêncio pesado pairava no ar, rompido apenas pelo sussurro angustiado de Sasuke, que mal conseguia compreender a cena diante de seus olhos.
─── Espera... o que... o que você...
─── Irmãozinho tolo, eu tenho pena de você.
As palavras de Itachi soaram como um eco distante, reverberando na mente confusa do menor, seus olhos se fecharam e quando se abriram novamente, uma intensidade vermelha dominava seu olhar, um reflexo de uma poder que ele mal conseguia entender. Itachi, com seu semblante impassível, mantinha contato visual e a expressão de indiferença em seu rosto parecia um manto de sombras cobrindo a verdade que se escondia atrás de suas ações. Sasuke observava, aterrorizado e atônito, enquanto seu irmão ─ um prodígio admirado, se tornava o agente de um massacre inimaginável, o nome Uchiha já era sinônimo de grandeza e bravura, e Itachi como membro das forças especiais ANBU ao lado de Kakashi Hatake, era visto como um herói, mas agora ele se tornou a doença da sua própria família.
─── Mangekyou Sharingan.
A revelação da habilidade devastadora desencadeou um turbilhão de emoções em Sasuke. Ele se viu arrastado para um abismo de dor e desespero, uma experiência que nunca conseguiria esquecer. As memórias surgiram em flashes vívidos: homens tentando proteger suas famílias, mulheres e crianças inocentes sendo ceifadas em um ato brutal, o clamor de vidas interrompidas ecoava em seus ouvidos, enquanto Itachi, impassível como uma sombra, desferia golpes com uma frieza aterradora. Sasuke implorava, uma súplica desesperada que se perdia em meio ao caos, ele queria acreditar que aquilo era apenas um pesadelo, uma ilusão cruel da qual pudesse acordar, mas a realidade era mais sombria: ele estava assistindo impotente à destruição de tudo que amava. A katana de Itachi manchava o chão da residência familiar com o sangue de seus pais, e a cena grotesca se tornava mais vívida a cada instante, como se o tempo estivesse se arrastando para prolongar seu sofrimento.
Naquele momento, Sasuke sentiu um desespero profundo, um desejo avassalador de escapar daquela realidade. A dor de testemunhar a morte de seus entes queridos, especialmente pela mão do irmão que sempre admirou, era insuportável. Ele gostaria de ter sido outra pessoa, qualquer um, desde que não fosse aquele garoto aterrorizado, forçado a recordar a tragédia que se desdobrava diante de seus olhos. Itachi Uchiha não poderia ser o monstro que parecia. Por que ele fez aquilo? O que realmente queria ao eliminar seu próprio clã, seus próprios pais? As perguntas ecoavam em sua mente, sem resposta, enquanto a escuridão se aprofundava ao seu redor.
Sasuke pela primeira vez sentia vontade de morrer. Preferia morrer do que presenciar aquilo novamente. Preferia estar no lugar de seus pais do que vê-los morrer daquela forma pela mão do próprio filho, do filho que eles mais amavam e prezavam por um futuro benevolente.
─── Eu fiz isso pra' testar os limites das minhas habilidades. ─ As orbes vermelhas do moreno voltaram ao normal, Sasuke primeiramente deixou os joelhos suportarem o peso restante de seu corpo, não conseguindo forças para se manter de pé após ver e rever os acontecimentos que extinguiram a existência do clã Uchiha. Uma linha de saliva saia de sua boca e o cansaço iminente não foi capaz de fazê-lo enrugar a testa após ouvir o respectivo ponto que motivou o caçador ANBU a matar toda sua linhagem. Itachi não poderia ter sido egoísta a este ponto, certo? Não havia lógica para o que estava proferindo, cuspindo as palavras com a neutralidade de alguém que nunca sequer fez mal algum.
─── Para testar suas habilidades? Tá' me dizendo que foi por essa razão que você assassinou todos os membros do nosso clã?
O garoto não conseguia acreditar naquilo.
Ouvir dos lábios de Itachi que ele era o responsável por toda aquela dor era uma verdade insuportável, agora, com o motivo revelado, a confusão e o horror se misturavam na mente de Sasuke. Itachi estava louco, e essa constatação o atingiu como um golpe, um sentimento novo, tão profundo quanto o medo, brotou dentro dele, fazendo com que ele reunisse as últimas forças para avançar em direção ao irmão. Ele queria libertar a raiva e a tristeza que o consumiam, um grito desesperado de quem ainda acreditava que poderia mudar aquela realidade, mas, em um instante, a esperança foi esmagada. Com um único golpe, Itachi o atingiu com o punho cerrado logo abaixo do estômago, e Sasuke caiu no chão, o ar sendo arrancado de seus pulmões. A dor se espalhou por seu corpo e ele percebeu que não tinha chance de revidar. A verdade o atingiu com força: ele era tão fraco quanto um recém-nascido diante da força de Itachi, impotente e sem coragem para enfrentar o irmão que, em outra época, fora seu herói.
Ofegante e atordoado, Sasuke olhou para frente e viu seus pais, seus rostos apáticos e suas almas distantes do horror que se desenrolava naquela residência. Um único passo de Itachi para frente trouxe um novo choque à sua realidade, o medo e o pavor ressoaram em seu corpo, como se uma sombra o puxasse para trás, afastando-o daquele que havia compartilhado tantos momentos significativos em sua vida. O pequeno Uchiha se arrastou, tentando se afastar, sentindo-se um estranho em meio àquele caos. A figura de Itachi, antes tão reverenciada, agora se tornava um símbolo de tudo que ele temia. A dor e a traição se entrelaçavam em seu coração, enquanto a imagem de sua família se desvanecia e ele se via preso entre o desejo de compreender e a necessidade de escapar daquela realidade devastadora.
─── Eu 'tô com medo.. eu 'tô com .. medo! ─ Ele fugiu. Sentindo dores ao pé do estômago, Sasuke não se importou em se dirigir para fora daquele lugar, para longe daqueles olhos mortais, para longe daquele homem, daquele assassino cruel. Teve de passar por entre os rostos mortais dos membros de seu próprio clã, ignorando a vontade de pegar cada um deles e levá-los para o hospital geral de Konoha afim de que se recuperassem e vivessem bem novamente, ignorou esta tese e apenas gritou por ajuda, comentando em bom som que estava com medo e que não queria morrer. Antes de chegar ao destino que o levaria para a vila da folha, Sasuke fora surpreendido por seu irmão que ─ de forma desconhecida, estava á sua frente com o mesmo semblante que o menino havia o deixado na casa. O corpo trêmulo, pensamentos confusos e uma dor lasciva no peito, Sasuke Uchiha estava conhecendo os primórdios de uma dor violenta e alarmante. ─── Não me mate!
─── Não vale a pena matar você, Irmãozinho tolo. Se pensar em me matar um dia, alimente seu ódio, me despreze. Sobreviva de uma forma tão indigna como essa. ─ Sasuke não conseguia tirar os olhos do mais velho, tremendo dos pés a cabeça como se fosse desabar a qualquer momento. Precisava fugir daquele lugar, ele não tinha que dar ouvidos para o assassino de seus pais e conhecidos, mas por outro motivo não conseguia deixar de ouvir as palavras ácidas do moreno. Itachi agora era um ninja traidor, um homem que não merecia ser chamado de digno e nem mesmo de irmão pelo mais novo, aquele ódio que Itachi mencionava com cautela estava começando a nascer no coração dócil do garoto. ─── De qualquer forma, fuja, agarre-se a sua vida miserável.
E então, Itachi foi embora.
Sasuke tombou a cabeça no chão e se entregou não só ao cansaço, mas ao ódio que o mais velho havia mencionado antes de desaparecer.
Ele iria se vingar de Itachi, iria fazê-lo pagar por aquele sofrimento.
Sasuke Uchiha iria se vingar de Itachi Uchiha, o maldito que acabou com sua vida.
Uma coisa é certa: eu não tenho psicológico para relembrar do passado do sasu, definitivamente não tenho barreiras para aguentar o fato de que o bichinho sofreu para caramba e que teve de arcar com o peso do clã sobre si sendo uma pobi criança. Os irmãos Uchiha chegaram cedo em Daylight, podem esperar um pouco mais de interações vinda dos meus dois pitucos ( corta pra parte que eu ODIAVA o itachi por fazer isso com o sasuke ), de qualquer forma, estou ansiosa para o reencontro dessas duas lendas aqui na história hihi planejei tantas interações entre itachi, sasuke e aihyuna (( choro
#semspoilers
Espero que tenham gostado, deixem um votinho e um comentário para ajudar no engajamento. Bebam bastante água e comam direitinho, um beijo e um abraço da tia bea
✷ quantidade de palavras no capítulo: 6.935
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