﹙capitulo dois﹚⠀ ⠀⠀ ⠀ cachorros raivosos.

𝜗𝜚˚⋆ㅤㅤKayla Berstapoon
Dezembro, 2022.

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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ FUI A PRIMEIRA A PASSAR PELO PORTÃO, observo as mesas iluminadas e a trilha escura, a chuva ainda ensopava todos nós e explorar uma trilha escura nessas condições não era uma boa ideia.

── Alguém aí tem uma lanterna? ── Mike perguntou parado do meu lado.

── Você vai ali? ── Perguntei, apontando a lanterna para trilha.

── Tô me sentindo inútil, não fiz nada. ── Ele deu de ombros.

Melissa ofereceu a lanterna dela, a lanterninha rosa que mesmo parecendo barata tinha uma luz que podia te deixar cego.

── Isso aí dura trinta minutos. ── Melissa fala, dando a lanterna para Mike.

── Alguém vem comigo? ── Mike perguntou. Por mais decido que ele estivesse de ir para a trilha, ele claramente estava com medo.

── Eu vou com você, Mike. ── Lucio falou vindo na minha direção e na de Mike. ── Posso gravar você?

Mike me olhou com os olhos arregalados, eu ri vendo seu desespero.

── A ruiva não quer vir com a gente não? ── Ele perguntou, me olhando com olhinho de cachorro que caiu do caminhão da mudança.

Eu respirei fundo, deixei meu casaco com a Melissa, observei os outros indo até as mesas iluminadas e invejei eles por isso.
Caminhei com os dois patetas até a entrada da trilha, Mike e Lucio empacaram.

── Quem vai na frente? ── Mike perguntou, iluminando as árvores com a lanterna da Melissa.

── Deveria ser ele. ── Apontei pro Lucio. ── Para ele conseguir gravar pro vlog. ── Falei.

── Eu?! ── Lucio falou, segurando Joto no colo. ── Não, mas eu quero gravar vocês indo, pode ir na frente.

Mike se tremia de medo, Lucio segurava Joto como um ursinho de pelúcia. Eu resmunguei, começando a andar pela trilha.

── Onde estão os homens de verdade quando eu preciso deles? ── Bufei.

Iluminei o caminho com a lanterna, começando a dar passos seguindo a trilha, o vento gelado arrepiava meus braços, Lucio e Mike vinham atrás de mim.

── Mano, a gente chapou. ── Mike murmurou.

── Nós não, você! ── Falei.

── Gente, mas é claro que não! Isso aqui vai viralizar na internet. ── Lucio falou, o idiota estava do lado de Mike enquanto eu tinha que ir na frente. ── Eu vou filmar tudo, vocês vão criar uma carreira na internet se a gente sobreviver aqui.

Eu revirei os olhos, iluminando a trilha. Eu já tinha uma carreira no balé, por mais que a visibilidade que Lucio poderia me dar com esses vídeos, se eles bombassem, seria boa e me ajudaria a crescer mais.

── Galera! ── Lucio falou com a câmera. ── Senta o dedo no like, porque a gente tá aqui agora perdido na floresta, eu, a ruiva e o pizzaiolo.

── Aí é sacanagem. ── Mike falou. ── Eu não faço pizza, eu entrego pizza.

── E eu sou bailarina.

Um silêncio se instalou, todos nós paramos de andar vendo Lucio apontar a câmera para Mike e eu.

── Quero dizer, eu não entrego pizza não. Eu não tenho uma empresa de pizza também. ── Mike disse e eu ergui uma sombrancelha olhando para ele.

── Quer fazer divulgação? ── Lucio perguntou.

── Não. Eu acho que a gente já tem tanta franquia que não precisa. ── Ergui minha sombrancelha de novo para Mike.

── Muito bem! A gente tá aqui isolado, o nosso outro grupo foi pra um lado mais seguro e mais chato. ── Lucio virou a câmera para ele. ── Nós três estamos aqui, indo procurar alguma coisa para fazer.

── Caralho mano, 'ceis virão aquilo dali?! ── Mike gritou. ── Eu vi um vulto, mas eu não sei se era um vulto.

── Acho que o queijo da sua pizza tá te fazendo ter alucinação. ── Falei.

Segui na frente dos dois, a trilha aos poucos revelando a sombra de uma cabana.

── Acho que era isso aí o vulto. ── Mike falou atrás de mim.

── Bom, vocês tão com medo? ── Lucio perguntou e Mike riu.

── Tô.

Mike e Lucio me olharam, eu dei de ombros. Não era uma situação que eu gostaria de estar agora, mas medo não era a palavra certa que se encaixava na minha situação agora, talvez desconforto.

── E se a gente voltar pra galera, a gente fala que aqui tá tudo okay, não tinha nada e só fala que veio. ── Mike sugeriu, parecia uma boa ideia.

Um calafrio no meu corpo veio junto de uma rajada de vento, a neblina é forte, e a cabana destruída me dá um arrepio de medo.

── Vamos voltar, galera? ── Sugeri, me virando para olhar os dois.

── Eu acho que é uma boa.

── É, eu também acho. ── Lucio concordou. ── Aqui não vai ter nada não.

Um trovão fez nós três darmos um pulo de susto, meu coração batia disparado contra o peito, medo se alastrava por todo meu corpo.

── Vamo voltar, vamo? ── Mike falou.

── Não, ta relampagando! ── Lucio falou. ── Vamo entrar nessa cabana aí.

── Não! Tá louco?! ── Mike e eu gritamos com Lucio.

── Você tá querendo matar a gente? ── Eu apontei a lanterna pra cabana abandonada. ── Isso é claramente a casa de algum serial killer, você nunca viu um filme de terror?!

── Não, mas a gente tem lanterna. A gente vai conseguir pegar alguma coisa lá dentro.

Mike tinha começado a gaguejar, Lucio tentando convencer Mike que a gente devia entrar na cabana.

── Calem a boca! ── Gritei. ── Para de pensar só nos vídeos, a gente não sabe quem é que fica ali e pelo estado dessa coisa não me parece alguém de muito bom gosto. ── Falei, minha respiração estava entre cortada, eu queria voltar pro resto do grupo. ── A gente vai fazer o que o Mike disse, voltar pro grupo e dizer que não tem nada, ninguém vai saber que a gente arregou.

── A não ser a gente. ── Mike murmurou.

── Exatamente. ── Falei.

Um rosnado veio de algum lugar, eu arregalei meus olhos me virando para iluminar as árvores. Meu corpo se encheu de pânico, procurando pelo bicho.

── As vezes é filhote né? ── Murmurei, minha mão tremia de medo e Joto tinha começado a chorar.

── O cala a boca dele. ── Mike falou. ── Se for um urso, se o urso for preto levanta o braço, se for marrom você deita.

── Na dúvida, vamo entrar nessa cabana pra se esconder. ── Lucio sugeriu.

── Aí caralho, a gente vai morrer! ── Choraminguei, Lucio ia na frente indo até a cabana, Mike e eu íamos atrás dele.

Mike segurou meu braço, me puxando para não continuar. O rosnado dos cachorros me fez parar com ele. Cachorros grandes, com olhos vermelhos e um rosnado de arrepiar a espinha.

Eu morreria hoje.

── Gente, calma. ── Lucio falou, suas tentativas de nos acalmar eram ridículas. ── Eu sei o que fazer, eu adestro cachorros eu assisti na internet como faz.

── Você não vai conseguir adestrar essas coisas aí. ── Falei.

── É só não demonstrar medo, melhorem essa cara. ── Lucio se aproximou de nós dois, eu ainda olhava pra cabana, engolindo em seco. ── Se ele vê que você tá com medo aí ele fica mais puto com você. Vamo comigo que eu sei o que fazer.

Lucio pegou na minha mão e na mão de Mike, puxando a gente para cabana, eu parecia uma criança me debatendo.

── Não! Você tá louco, porra?! ── Eu gritei.

── A gente vai morrer, porra! ── Mike gritou.

── Não grita!

Lucio tentou puxar a gente para cabana, mas em um passo os dois cachorros apareceram latindo para cima de nós três.

Joto ficou agitando saindo casaco de Lucio e se tremendo todo de medo, bati no ombro de Lucio quando ele tentava assobiar, Mike e eu ficando mais agitando com aqueles dois bichos vendo pra cima da gente.

── A gente tem que correr. ── Mike falou.

── Não corre de cachorro. ── Lucio respondeu.

── 'Ce tá louco? ── Gritei. ── A gente vai morrer se ficar aqui!

Mike jogou o bone dele pros cachorros, um dos cachorros rosna pegando o bone e é a deixa perfeita para sair correndo.

── Vamo embora, porra! ── Mike gritou.

Nós três corremos para fora da trilha, correr sem torce o tornozelo com salta alto era um desafio do caralho.

── Ajuda! ── Mike gritou enquanto saímos da trilha e os dois cachorros vinham atrás da gente. ── Ó o cachorro!

── Corre! Corre! ── Gritei, indo na direção dos outros.

── Eu sei o que fazer, gente! ── Lucio gritou.

── Você não sabe porra nenhuma!

Todos correram na direção do casarão, subindo a colina com os cachorros raivos atrás de nós. A casa parecia antiga pela fachada, a porta estava aberta e todos corriam.

Quando entramos na casa, Melissa fechou a porta. Eu estava ofegante, sem fôlego algum depois da subida na colina e a fuga dos cachorros. O ambiente quente aquecia meu corpo frio pela chuva, me sentei na escada de madeira que levava pro segundo andar. João procurava algum móvel para tampar a porta.

── Os cachorros já devem ter ido, João. ── Falei pro loiro.

O loiro franziu o cenho para mim, mas parou sua procura. Olhando pela casa, parecia decorada para o Natal, sem sinal de alguém.

Eu fui até o telefone com Melissa e Ayla enquanto os outros gritavam procurando por alguém, o dono da casa.

Melissa emprestou o canivete pra Lucio que tirava mato que estava enrolado envolta de Joto. Eu disquei o número da polícia, esperando alguém atender.

── Serviço de emergência, como posso ajudar?

── Oi, é... ── Eu olhei para as meninas, esperando que elas me ajudassem no que dizer.

── A gente tá sozinho... acidente, acidente! ── Melissa fala.

── Precisa de ajuda? ── A mulher do outro lado da linha pergunta.

── É, sim! Teve um acidente...

── A localização, por favor.

── Qual é o nome desse lugar?! ── Eu olhei para elas.

João apareceu pedindo o telefone e olhando aquele cartaz que eu tinha pego no poste.

── A gente tá no Inquisidor do Vale. ── O loiro começou a ler o cartaz e tirei o telefone e o papel da mão dele.

── Deus, me dá isso aqui! ── Coloquei o telefone na orelha de novo, lendo o cartaz. ── A gente tá no Inquisidor do Vale.

── Ela falou que isso ela já sabe. ── O loiro murmurou.

── Então, estouraram o pneu do nosso ônibus com prego na rua, o motorista desapareceu e a gente entou num acampamento. ── Eu expliquei pra mulher.

── É, eu preciso do nome do local onde vocês estão.

── É... Lua da Benquerence! ── Falei. ── Acampamento Lua da Benquerence.

── Okay. Uma viatura indo em direção ao local.

── Ela disse que tem uma viatura vindo. ── Falei.

── Tem cachorro aqui. ── Ayla falou.

── Fala para mandar três. ── Melissa disse.

── Mais alguma informação?

── Não...

── Roubaram as nossas malas! ── O loiro me lembra.

── Ah, é! Roubaram as nossas malas, o motorista sumiu, e não tem ninguém para atender a gente.

── São quantas pessoas?

─ quatro aqui... três lá... são sete pessoas, e um cachorro!

── Okay senhora, por favor se mantenham seguros que uma viatura está acaminho.

── Tá bom, tá bom. ── Falei, deslizando o telefone.

Tirei meus saltos, meus pés doendo. Segui Melissa e Ayla para lareira, nós três nos aquecendo e Melissa devolveu meu casaco.
O cara alto, que eu ainda não conversei, se sentou do meu lado enquanto eu as meninas nos sentavamos.

── Qual o seu nome?

── Breno.

── Kayla. ── Estendi a mão para ele. ── Prazer.

O silêncio se instalou na sala com o som da madeira crepitando e as chamas da lareira nos aquecendo.

Fiquei observando os enfeites de Natal, os piscas piscas, as guirlandas. Franzi o cenho, vendo Melissa se benzer.

── O que foi?

── Olha aquilo ali. ── Ela aponta pro porta retrato em cima da lareira.

Era uma mulher de óculos, olhos arregalados, um sorriso medonho e tranquilo. Senti o mesmo calafrio que senti naquela cabana.

Forcei minha visão, vendo o x na parede a cima do quadro. Melissa olha para Ayla.

── É do cara que roubou nossas malas. Xzou ali e xzou aqui também. ── Ela fala. ── Eu falei que era para cheirar se foi o motorista que tinha vindo para cá!

── Por que tem um monte de presentes na árvore se ela tá vazia? ── Eu olhei pro Breno.

── Isso aqui vai acontecer coisa ruim.

── Eu concordo. ── Melissa falou. ── Eu acho que ela tá certo.

── Esse presente vai abrir, vai ter coisa ruim aí dentro.

── Aí, para Breno. ── Ayla choramingou.

O idiota do João deu de ombros, indo até a árvore, pegando um dos presentes e abrindo.

── Gente, é presente fake!

── Não tem nada nesse aqui? ── Breno se levanta, chutando um presente grande. ── Esse aqui vai ter uma cabeça dentro. Meu Deus do céu. ── Breno pegou a caixa do presente, abrindo ela para gente ver.

── Tem outra caixa aí dentro. ── Murmurei.

── Eu vi trolagem disso no tiktok. ── Melissa falou.

── Esse aí é coisa daquele youtuber lá em cima. ── Ayla falou.

── Bem que ele era meio esquisitinho também. ── Melissa falou.

Lucio estava num mesanino, no andar de cima com Mike, a câmera aponta para nós.

── 'Ceis tão fazendo unboxing aí embaixo, gente?

── Tu tá fazendo trolagem essas horas? ── Melissa perguntou gritando.

── Trolagem? Não.

── Olha aqui essa caixa que ele abriu e tem outra caixa dentro. ── Melissa falou e Lucio se fez de desentendido. ── Isso é coisa dessa sua gente aí.

Lucio e Mike desceram pro primeiro andar enquanto ainda discutíamos sobre os presentes largados. Todos comíamos os amendoins do marinheiro, que eu descobri se chamar Jorge e não João.

Batidas fortes na porta enchem a casa, olhamos uns pros outros surpresos.

── Quem é? ── Jorge gritou.

── Que quem é o que, você não mora aqui não. ── Mike riu.

── Deve ser a polícia. ── Falei, me levantando do sofá. ── Não tão ouvindo a sirene?

── Deus é bom! ── Melissa falou, se levantando comigo.

Eu, Melissa, Ayla e Breno fomos atender a porta. Vendo pela janela da porta vejo um homem alto, muito musculoso com um distintivo no peito e uma camisa branca.

Ainda sem abrirmos a porta, acenei para o policial.

── Oi.

── Boa noite, teve um chamado aqui, de uma emergência, um acidente. ── O policial fala, sua voz rouca faz os pelos dos meus braços arrepiarem. Eu e as meninas concordamos com a cabeça. ── Teve um ônibus, vocês pararam na estrada?

── Isso. ── Ayla respondeu.

── Mas que roupa é essa que não é roupa de polícia? ── Melissa perguntou pro policial. ── Tá com uma camiseta branca, uma calça jeans e de mochila, por que policial anda de mochila?

── Mas como ele ia saber que a gente ligou? ── Murmurei.

── Eu tava fora de serviço.

── E se ele for o cara que roubou... Não to falando com você, irmão! ── Melissa voltou a falar com Ayla.

Eu abri a porta dando de cara com o policial alto. Me senti intimidada com sua altura, meus 1,70 me deixaram minúscula perto da muralha de músculos. Com o semblante sério, seus olhos me estudam e o seu distintivo brilha.

Ele me parecia um policial de verdade.

Melissa cruzou os braços, olhando pro homem como uma cachorra pronta para atacar.

── Boa noite, delegado Aguiar. ── O homem me estende a mão, eu o cumprimento.

── Kayla. ── Me apresentei, um sorriso simpático nos lábios.

Sua mão grande quase esmagou a minha, dedos grossos e gentis apertando minha mão e fazendo calor se alastrar pelo meu corpo.

── Como posso ajudar? ── O homem olha pra mim e sinto minhas bochechas esquentando.

── Uh, é... o nosso ônibus acabou furando o pneu, o motorista saiu para trocar e sumiu, depois as nossas malas sumiram também e aí a gente veio parar aqui. ── Expliquei. ── A casa tava aberta e parecia mais seguro que ficar na chuva.

── Você confia nele? ── Ayla perguntou para mim, segurando meu braço.

── Ele parece um policial de verdade, é a única ajuda que a gente pode ter nesse fim de mundo.

── Tem alguém aqui nessa casa?

── Não, pelo que a gente tentou encontrar não. ── Breno respondeu.

── E você falou o que? Onde tá o motorista do ônibus de vocês?

── Sumiu. ── Melissa murmurou.

── Desapareceu aqui?

── Não aqui, lá na estrada trocando pneu. ── Respondi.

── Quando ele foi trocar o pneu estourado ele sumiu, a gente não sabia o que fazer e veio correndo para cá.

── Vocês são todos bem jovens, vocês realmente vieram parar aqui por acidente?

── Sim. ── Eu e as meninas respondemos juntas.

── Vocês sabem que lugar é esse?

── Não. ── Respondemos.

── Queria deixar claro, antes de tudo, que essa casa é segura. Mas ela é uma casa uma antiga criminosa. ── Senti um arrepio pelo meu corpo, criminosa? ── Eu mesmo lidei com ela, pessoalmente, a muitos anos, então vocês não tem que se preocupar, podem ficar aqui em segurança. Mantenham as portas bem trancadas e bem fechadas, vocês não tem nenhuma outra informação sobre esse motorista?

── Não. ── Ayla murmurou.

── Ele tinha uma pulseira com um pingente, você viu o que era, Melissa? ── Eu me virei para olhar a loira.

── Pulseira? Eu so lembro que ele era grande, com cicatrizes no corpo e dreads bem cuidados.

── Então, eu vou dar uma ronda por aqui e eu vejo se encontro outras informações sobre esse motorista. Mas se ele aparecer de novo, aqui tá o meu cartão. ── Aguiar me estende um cartão, que eu leio com seu número. ── Se vocês precisarem ligar, podem ligar diretamente para mim ou ligar para a polícia como vocês fizeram mais cedo.

── Mas você não pode tirar a gente daqui?

── Não tenho como levar um grupo de pessoas...

── Ah não, leva só nos quatro. ── Falei por cima.

── Eu vou dar uma ronda por aqui, se o motorista aparecer de novo ou voltar é só me ligar. ── Aguiar apontou pro cartão na minha mão e olhei para ele de novo. ── Eu devo voltar em alguns minutos com qualquer informação nova.

── Mas meu senhor não é melhor você pegar nos quatro, depois pegar os três e levar para um lugar seguro? ── Melissa perguntou.

── Mas eu preciso saber onde tá esse motorista, se ele desapareceu. ── Aguiar respondeu.

── Ah, problema dele. Antes ele do que a gente. ── Dei de ombros.

── Procura ele depois. ── Ayla sugeriu.

── Fiquem aqui dentro e não façam bagunça. ── Eu cruzei meus braços, o tom do delegado parecendo mais uma ordem do que um pedido.

── Meu Deus, é uma inutilidade uma coisa dessa. ── Melissa apontou a mão pra Aguiar, mordi meu lábio para não rir.

── Ninguém ouve a gente. É aqui ó, meninas. ── Ayla apontou para nós três.

── É, nós mulheres. ── Eu e Melissa respondemos.

── Tem mais alguém com vocês? ── Aguiar perguntou, ignorando tudo que eu e as meninas falávamos.

── Tem mais três pessoas pra lá e um cachorro. ── Breno respondeu.

── Okay, alguém sofreu algum acidente?

── Eu tô com frio. ── Melissa respondeu.

── Acho que ninguém tá ferido não. ── Breno respondeu.

── Você tem ração de cachorro? ── Perguntei.

── Por que eu teria ração de cachorro? ── Aguiar me examinou, os olhos castanhos me percorrendo de cima a baixo e me senti uma formiga comparado com seu tamanho.

── Você é da polícia, na polícia tem cachorro. ── Expliquei. ── A gente tem um cachorrinho passando fome.

── Eu tenho cachorro em casa.

── Pois pegue ração e tragua! ── Melissa falou.

── Qual seu nome? ── Aguiar perguntou, olhando para Melissa.

── Melissa.

── Dona Melissa, deixa que eu faço meu trabalho, por favor.

── Tá fazendo errado!

Aguiar perguntou o nome de Breno e Ayla, depois repetiu o mesmo discurso sobre dar uma ronda ao redor.

── E não inventem de pular no lago ou qualquer coisa assim, primeiro que eu não vou conseguir...

── Meu senhor, está chovendo. ── Melissa o interrompeu.

── Exatamente. ── Ele concordou, vejo uma veia saltando em seu pescoço e mordi meu lábio para não rir. ── Você não sabe o que as pessoas da sua idade fazem, menina.

── Você nem sabe quantos anos eu tenho.

── Não mesmo. ── Aguiar se virou de costas começando a ir embora. ── Se precisarem de qualquer coisa meu número está aí, eu volto em breve.

Observo Aguiar andando pelo caminho enquanto Melissa fecha a porta. Algo fica matutando minha cabeça, algo que eu esqueci de falar. Enquanto todos voltam para sala, eu continuou olhando o policial andando.

Um estalo vem em minha mente com latidos fortes e rosnados assustadores.
Oh merda, os cachorros!

✿⠀ᝰ ⠀𝓝otas da autora:

── ⠀ ⠀oiê, como estão?
acho que todos já estão bem cientes que os capítulos serão enormes, quero me desculpar se eu acabo não narrando tanto, os players interagem bastante entre si e fico com medo de fazer muitos cortes de cena e ficar estranho.
eu vou tentar fazer o próximo capítulo não ficar tão grande, até porque será uma cena fora do rpg.
gostaria mais uma vez de agradecer o crescimento de ultraviolence, são quase 3k de leitores e me sinto extremamente feliz e grata por todos os leitores!!
obs: peço desculpas aos novos leitores por não responder comentários, acabam sendo muitos comentários e eu fico perdida

bjs, luh.

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