𝗢𝗡𝗖𝗘 𝗨𝗣𝗢𝗡 𝗔 𝗧𝗜𝗠𝗘 ✷
EPISÓDIO O2. MAL VINDOS A AURADON.

O DORMITÓRIO DE DELANCY E TIFFY ERA DIGNO de uma literalmente princesa de Auradon. As paredes eram cobertas por um papel de parede em tons pastel, adornadas com detalhes dourados que refletiam a luz suave do lustre de cristal. O carpete branco felpudo cobria o chão, tornando cada passo silencioso e elegante. Sobre a penteadeira, uma fileira impecável de frascos de perfume, maquiagens e acessórios reluzia sob o reflexo do espelho adornado por pequenas lâmpadas cintilantes.

Tiffany Aurora La Bouff, ou simplesmente Tiffy, estava sentada em frente à penteadeira, aplicando o brilho labial cor-de-rosa com precisão. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque volumoso, e ela usava um robe de cetim rosa bebê com detalhes dourados. Seus olhos observavam Delancy pelo espelho enquanto a amiga revirava o guarda-roupa à procura do vestido perfeito.

⸻ Você só pode estar ficando louca, Delancy, louca! Vilões? Achei que estava brincando!⸻ Exclamou Tiffy, virando-se para encarar a princesa diretamente.

Amélia, no entanto, não desviou o olhar das inúmeras opções de vestidos à sua frente. Sua mente estava decidida. Um tom lavanda? Azul? Talvez algo dourado para demonstrar sua grandiosidade? Optou por um vestido de cetim azul royal, com mangas bufantes e um corset bordado com fios de ouro. A saia era fluida, com uma leve transparência em algumas camadas, criando um efeito etéreo conforme se movia.

⸻ Auradon é um lugar de segundas chances, Tiffy. Além disso, quem melhor para saber se eles mudaram do que nós?

Tiffy suspirou dramaticamente e se levantou, ajeitando o robe.

⸻ Não que eu não confie em você, mas... vilões são vilões, Delancy.

Delancy apenas sorriu e pegou os saltos para combinar com seu vestido. Tiffany bufou e pegou seu laço de cabelo cravejado de cristais, ajustando os cáchinhos dourados no alto da cabeça. Vestindo seu uniforme de líder de torcida, ela parecia uma boneca de porcelana reluzente.

No lado de fora, os jardins da escola estavam impecáveis como sempre, banhados pelo brilho suave do sol matinal. O tempo em Auradon era diferente da Ilha dos Perdidos. Lá, a noite parecia eterna, sombria, como se o próprio céu estivesse preso em uma escuridão perpétua. Mas ali... ali tudo parecia mais vivo. O céu era de um azul claro estonteante, as árvores eram mais verdes, o próprio ar parecia mais fresco e vibrante.

A banda da escola já estava posicionada, tocando uma melodia animada para recepcionar os novos alunos. O som dos instrumentos ecoava pelo pátio, criando uma atmosfera vibrante e cheia de expectativa. As líderes de torcida estavam estrategicamente alinhadas na entrada principal, vestindo seus uniformes impecáveis. As saias plissadas em tons de azul e dourado esvoaçavam levemente com a brisa, combinando perfeitamente com os tops justos e os pompons cintilantes que seguravam com firmeza.

Entre elas, Cassandra e Morna riam animadamente enquanto conversavam, seus olhos brilhando com entusiasmo. As fitas douradas presas aos cabelos de Cassie reluziam sob o sol, destacando-se contra seus fios bem arrumados. Mais a frente, digo na frente de todos, Delancy mantinha as mãos para trás do corpo, os dedos inquietos estalando em um ritmo irregular, denunciando sua ansiedade.

Tiffany, por outro lado, parecia completamente à vontade. Ela tagarelava sem parar para Lancy, gesticulando com empolgação enquanto expressava sua súbita mudança de opinião.

⸻ Pensando bem, acho que os vilões são bem mais interessantes do que os heróis ⸻ Dizia ela, um sorriso travesso se formando em seus lábios. ⸻Sério, imagina só se chega um vilão gato? Ia ser tudo!

E então, a atenção de todos se voltou para a entrada.

Uma grandiosa limusine preta surgiu no horizonte, avançando lentamente até parar diante dos portões dourados da escola. No capô, uma estatueta brilhante em forma de fera, representando o rei de Auradon, reluzia sob a luz matinal.

Os passageiros da limusine absorviam tudo aquilo com expressões variadas. Azura cruzava os braços e arqueava uma sobrancelha, fingindo indiferença, mas observando cada detalhe com olhos afiados. Lucas observava com admiração contida, enquanto Cassian mantinha sua postura de relevância, como se nada daquilo fosse grande coisa. 

No fundo do carro, Meilin e Thanatos estavam entretidos demais para perceberem a aproximação da escola. Meilin ria abertamente enquanto brincava de "aí" com Thanatos, dando pequenos golpes de brincadeira no ombro dele, que revirava os olhos, mas não fazia nada para impedir.

⸻ Você é insuportável. ⸻ Murmurou ele, ajeitando o casaco escuro sobre os ombros.

⸻ Você me ama, Thanatos. ⸻ Meilin riu, dando-lhe mais um tapa no braço sem cerimônia.

Thanatos parou no mesmo instante, franzindo a testa.

⸻ Eu fiz alguma coisa?

⸻ Que?

⸻ Você me chamou de Thanatos, não de Ash.

Meilin piscou, surpresa. Não tinha percebido. Ele raramente se importava com apelidos, mas agora, algo na forma como ele a olhava, intenso demais, a fez hesitar.

⸻ E daí? Que eu saiba você não mudou de nome, é Thanatos. ⸻ Disse, cruzando os braços, tentando disfarçar o súbito aperto no peito.

⸻ Não pra você.

A resposta foi baixa, quase como se ele não quisesse admitir, mas Meilin ouviu. E sentiu. Ela umedeceu os lábios, sentindo um calor subir pela nuca.

⸻ Tá bom, tá bom. Ash. Melhor assim?

Thanatos desviou o olhar e deu de ombros, mas a tensão no ar não dissipou.

⸻ Melhor.

Ela não sabia por que aquele momento parecia tão frágil. Como se estivesse pisando em gelo fino e qualquer movimento errado pudesse afundá-los.

⸻ Você é tão dramático. ⸻ Meilin tentou brincar, empurrando de leve o ombro dele.

⸻ E você é insuportável.

⸻ Já conversamos sobre isso. Você me ama.

Dessa vez, ele não rebateu. Nem com sarcasmo, nem com um suspiro exasperado. Apenas lançou um olhar de soslaio para ela, um olhar que dizia tudo o que ele nunca teve coragem de dizer. 

E Meilin prendeu a respiração, porque, pela primeira vez, percebeu o quanto queria ouvir a resposta em voz alta.

O motorista abriu a porta e, um por um, os filhos dos vilões saíram da limusine, sentindo o calor do sol suave em suas peles. Delancy e Tiffany estavam na frente da multidão, prontas para recebê-los.

Delancy respirou fundo e manteve o sorriso gracioso no rosto enquanto observava os filhos dos vilões saírem da limusine. O sol de Auradon iluminava seus rostos, um contraste gritante com a atmosfera sombria da Ilha dos Perdidos.

⸻ Bem-vindos a Auradon! ⸻ Disse Delancy, suas mãos unidas diante do corpo. ⸻ Estamos muito felizes por recebê-los aqui. Esta é uma oportunidade para todos nós crescermos juntos, aprendermos uns com os outros e construirmos um futuro melhor. Espero que se sintam bem-vindos e que possam encontrar um lar aqui, assim como todos os outros antes de vocês...

Antes que pudesse continuar, uma voz grave e carregada de tédio a interrompeu.

⸻ Deixe-me adivinhar: você acha que pode me convencer com discursos heroicos? ⸻ Thanatos arqueou uma sobrancelha, os braços cruzados, seu sobretudo preto esvoaçando levemente com o vento. Seu olhar cético não deixava espaço para dúvidas: ele não estava nem um pouco impressionado.

O sorriso da princesa desapareceu por um instante, sua postura ainda ereta, mas com um lampejo de desconforto passando por seus olhos.

Azura, ao lado de Thanatos, soltou uma risadinha presa antes de lhe dar um leve empurrão com o ombro.

⸻ Gostei de você ⸻ Disse ela, divertida.

Meilin, que até então analisava o ambiente com olhos calculistas, imediatamente virou a cabeça na direção de Blackwolf e lançou um olhar fulminante para a garota. Seus olhos se estreitaram, e seu queixo ergueu-se sutilmente em desafio, como se já estivesse analisando uma maneira de lidar com essa nova ameaça.

Enquanto isso, Lucas observava Delancy atentamente. Seu olhar percorreu a princesa dos pés à cabeça, analisando cada detalhe da sua aparência impecável. Sua beleza angelical, seus cabelos castanhos reluzindo ao sol, a postura ereta e confiante... Ele revirou os olhos, um sorriso de canto se formando nos lábios.

⸻ A princesa perfeita que acha que pode salvar a todos com sua bondade infinita. Que clichê.... ⸻ Murmurou para si mesmo, com um tom carregado de sarcasmo.

Mas, mesmo com o sarcasmo, ele não podia negar: Delancy era deslumbrante.

Já Tiffany, ao contrário, estava perdida em um devaneio. Seus olhos estavam fixos em Cassian, o filho de Yzma, que exibia sua usual expressão de desinteresse pelo mundo ao redor. Havia algo nele que a atraía instantaneamente ⸻ talvez fosse o ar enigmático, ou a postura despreocupada, ou quem sabe apenas o fato de que ele era, inegavelmente, muito bonito.

Sem desviar o olhar, Tiffany murmurou para Delancy, como se estivesse presa em um transe:

⸻ É, realmente... tem vilões gatos.

Delancy suspirou e, retomando sua compostura, voltou a olhar para o grupo de recém-chegados.

⸻  Vamos ⸻ Disse ela, sua voz voltando ao tom amistoso, mas com um toque mais firme. ⸻ Vou levá-los para conhecer o castelo.

Sem esperar resposta, virou-se e começou a caminhar em direção ao grande portão dourado de Auradon Prep. Os filhos dos vilões se entreolharam por um instante, como se trocassem julgamentos silenciosos, antes de começarem a segui-la.

O primeiro dia em Auradon prometia ser tudo, menos entediante.

────────⊹⊱🏹⊰⊹────────

Os jardins de Auradon estavam radiantes naquela manhã de verão. O sol brilhava com força, refletindo em cada folha e pétala, criando um espetáculo de cores vibrantes que combinavam perfeitamente com a beleza do lugar. Morna e Cassandra caminham lado a lado, desfrutando do frescor do ambiente, enquanto o som suave do vento balança as árvores e os risos distantes de novos alunos ecoam ao fundo.

Cassandra, como sempre, estava impecavelmente vestida. Ela usava o uniforme das líderes de torcida, mas com seus toques pessoais: colares de ouro, brincos de diamantes que capturavam a luz do sol e uma bolsa de um tom de azul-marinho, contrastando com a sua energia vibrante. Sua maquiagem estava perfeitamente esfumada, os olhos escuros e envolventes, com lábios rosados que realçavam sua beleza natural. Seu cabelo estava levemente ondulado, os cachos caindo suavemente sobre os ombros.

Morna, por outro lado, exibia sua conexão com a natureza e seu estilo mais rústico. Ela usava uma saia xadrez de tartan com um corte moderno e um casaco de lã, adaptado de maneira prática para o calor, mas ainda assim elegante. Seu cabelo, levemente bagunçado pelo vento, se misturava com a cor dos tons de verde e marrom ao redor. Seus braceletes de prata, gravados com detalhes delicados, tilintavam suavemente à medida que ela andava.

⸻ Então, você realmente acha que a chegada deles vai mudar alguma coisa? ⸻ Morna perguntou, quebrando o silêncio com uma voz suave, mas cheia de firmeza.

Cassandra deu um sorriso, ajustando a bolsa e jogando o cabelo para trás com uma graça natural.

⸻ Ah, você sabe que a política de separação sempre me pareceu um tanto... injusta. Mas a verdade é que não importa o que eu ache. Eles estão vindo, e é melhor que se adaptem. ⸻ Ela fez uma pausa, olhando para Morna com um toque de malícia nos olhos ⸻ Quem sabe se alguns deles não têm o que é preciso para realmente mudar as coisas por aqui?

Morna olhou para Cassandra com um olhar penetrante, seus olhos azuis refletindo uma mistura de ceticismo e compreensão. Ela sabia que Cassandra, apesar de seu exterior confiante e cheia de estilo, carregava dentro de si uma consciência aguçada e um coração que não tolerava injustiças.

⸻ Eu entendo... ⸻ Morna começou, a voz firme. ⸻ Eu não sou cega. Sei que a ilha é uma prisão para eles, mas será que realmente podemos ignorar a herança dos pais? Eles merecem uma chance, claro, mas... o que acontece quando a história se repete? ⸻ Morna olhou para o horizonte, as mãos suavemente segurando a bainha de suas calças. O peso de seus próprios pensamentos refletia em seu rosto.

Cassandra riu baixinho, seu sorriso sempre iluminado. Ela estava confortável na companhia de Morna, sabia que, com ela, podia ser sincera sem receios de ser mal interpretada.

⸻ Ah, Morny... você e suas idealizações. Claro, eu também não acho que todos eles são maus, mas... a verdade é que ninguém pode escolher a família que tem. Mesmo aqui, em Auradon, todos nós carregamos algum tipo de expectativa, uma herança que não podemos mudar. Eu só espero que as coisas não se tornem um grande circo. ⸻ Cassandra suspirou dramaticamente, como se estivesse ciente de que, em breve, isso se tornaria uma grande competição de egos.

Morna olhou para a amiga, o canto dos lábios se curvando ligeiramente para um sorriso. Ela adorava a visão de Cassandra sobre a vida, essa mistura de sarcasmo afiado e charme irresistível. A forma como Cassandra via o mundo tinha algo de libertador, embora sua leveza também tivesse uma camada de complexidade que Morna apreciava profundamente.

⸻ A verdade é que eu só quero ver se eles realmente vão mostrar que podem ser diferentes. Eu sei que, no fundo, você também se preocupa com isso, Cassie. ⸻Morna respondeu, com uma leve provocação na voz.

Cassandra fez uma careta, olhando para ela com um sorriso travesso.

⸻ Não me faça de santa, Morna. Só porque me preocupo com o show que isso vai ser, não significa que não me importe. Mas você, ah... você carrega esse coração mole demais, sempre tentando resolver tudo. Eu aposto que vai ser você quem vai fazer amizade com algum desses "vilões" e ficar dando lição de moral. ⸻ Cassandra piscou, a voz carregada de sarcasmo, mas com um brilho amigável nos olhos.

⸻ E o que tem de errado em tentar ser justo? ⸻ Morna perguntou, rindo com um toque de ironia. Ela sabia que Cassandra estava brincando, mas as palavras ainda tinham um fundo de verdade. Ela sentia que a chegada dos filhos dos vilões seria um grande desafio, um reflexo de algo maior que ela não conseguia resolver tão facilmente.

Elas continuaram caminhando pelos jardins, o som das suas risadas ecoando pelo ar fresco da manhã, enquanto as folhas secas estalavam sob seus pés, formando uma trilha dourada e ondulada. O sol iluminava as flores ao redor, fazendo as cores vibrantes do jardim se destacarem ainda mais contra o céu claro. Morna falava com entusiasmo sobre a chegada dos filhos dos vilões, sua voz cheia de convicção, e Cassandra, que normalmente se destacava pela sua postura elegante e seu olhar afiado, estava absorvida em cada palavra.

Morna gesticulava enquanto falava, sua capa esvoaçando com os movimentos, os cachos de seu cabelo balançando suavemente. Ela sempre teve esse modo de falar, com paixão, como se cada palavra fosse importante, e Cassandra se pegava observando-a, não apenas pela sua sinceridade, mas pela força que emanava de cada gesto.

⸻ Não sei... ⸻ Morna continuou, pensativa. ⸻ Parte de mim acha que não podemos simplesmente ignorar o que os pais deles fizeram. As consequências ainda são muito reais. Mas, ao mesmo tempo... não sei, Cassie, sei que nem todos merecem ser julgados assim... Por algo que não escolhemos...

Cassandra, observando-a com um olhar suave, sentiu uma admiração inexplicável pelo jeito determinado e ao mesmo tempo vulnerável de Morna. Ela gostava de ver como Morna equilibrava suas convicções com a sensibilidade que poucos percebiam.

Quando Morna virou a cabeça para encarar Cassandra, talvez pela intensidade do olhar da amiga ou pela maneira como estava sendo observada, ela deu uma pausa repentina. Seus olhos encontraram os de Cassandra por um breve momento, e a distração foi o suficiente para fazê-la corar levemente.

Ela desviou o olhar, com as bochechas coradas, tentando disfarçar. Cassandra, percebendo a timidez momentânea de Morna, deu um sorriso sutil, e, em seguida, focou no caminho à frente, mas não deixou de notar o brilho tímido que apareceu nos olhos de sua amiga.

⸻ Não tem nada de errado em se preocupar, você sabe disso, né? ⸻ Cassandra disse, tentando suavizar a atmosfera. ⸻ Eu... só acho que temos que tomar cuidado com a forma como julgamos. Às vezes, o peso do passado é mais pesado do que qualquer um pode carregar, não importa quem sejam os pais.

Morna, ainda corada, deu um leve aceno de cabeça, tentando recobrar sua compostura. Mas o sorriso de Cassandra e o toque suave na conversa faziam tudo parecer mais leve, mais fácil de suportar. Por mais que ela estivesse dividida, tendo que confrontar essas questões complexas, estar com Cassandra lhe dava a sensação de que, de alguma forma, tudo ficaria bem. 

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O grande salão de Auradon brilhava com sua arquitetura encantada. Lustres de cristal pendiam do teto alto, refletindo luz dourada pelas paredes adornadas com tapeçarias detalhadas. Os pisos de mármore branco reluziam sob os pés dos estudantes, e um perfume suave de flores frescas pairava no ar, misturado ao cheiro de pergaminho e cera derretida das velas encantadas. A princesa Delancy, sempre graciosa, sorria ao se dirigir aos novos alunos, suas vestes reais impecáveis e reluzentes.

⸻ E bom, as escadas à direita levam vocês para os dormitórios masculinos, e as da esquerda para os femininos. Vale lembrar que é estritamente proibido meninos dormirem no dormitório feminino e vice-versa e...

Antes que pudesse terminar, um leve toque em seu braço interrompeu sua fala. Ela se virou e encontrou Farrah Goodfairy, a filha da Fada Madrinha, segurando alguns papéis entre os dedos trêmulos.

⸻ A-ah, vossa majestade... ⸻ Farrah começou, sua voz suave como um sussurro. ⸻ Vim lhe entregar os convites...

Delancy sorriu gentilmente, pegando os papéis com delicadeza.

⸻ Ah, claro! Muito obrigada, Farrah.

Farrah sorriu timidamente, mas antes que pudesse se afastar, uma voz cortante e curiosa se fez presente.

⸻ E você é? ⸻ Azura arqueou uma sobrancelha, seus olhos afiados avaliando a garota à sua frente.

Farrah encolheu ligeiramente os ombros, sua timidez se acentuando sob os olhares atentos. Seus cabelos azul-bebê caíam em ondas suaves, uma mecha lavanda dando um toque mágico à sua aparência. Seus olhos azuis brilhavam com hesitação, e sua pele cor-de-pluma cintilava levemente sob a luz do salão. Pequenas marcas em formato de estrelas adornavam seu rosto, como se o próprio céu noturno tivesse lhe dado um presente. Seu vestido era elegante, repleto de brilhos e tons pastéis, refletindo sua essência sonhadora e delicada.

⸻ F-Farrah... Farrah Goodfairy, a-a filha da Fada Madrinha. ⸻ Ela respondeu, sua voz saindo mais baixa do que pretendia.

Os olhos dos filhos dos vilões aparentavam um brilho de interesse e malícia.

⸻ Filha da Fada Madrinha? Aquela da varinha Bibbidi-Bobbidi-Boo? ⸻ Meilin perguntou, inclinando ligeiramente a cabeça, claramente intrigada.

Thanatos deu-lhe uma cotovelada discreta, murmurando entre os dentes:

⸻ Você quer parar de deixar o plano na cara?

Meilin revirou os olhos, mas permaneceu em silêncio. Não que ela estivesse muito preocupada; os outros ali eram ingênuos o bastante para não perceberem a importância dessa revelação. Apenas Thanatos parecia compartilhar sua sagacidade.

Farrah sorriu sem graça, encolhendo-se ligeiramente sob os olhares curiosos.

⸻ É... Bibbidi-Bobbidi... vocês sabem... ⸻ Murmurou, insegura, entregando rapidamente os convites para Delancy antes de dar meia-volta e sair quase correndo.

A princesa segurou os convites com entusiasmo e então voltou sua atenção para os presentes.

⸻ Bem, agora que temos os convites, quero anunciar oficialmente que esta noite teremos o Baile de Boas-Vindas! ⸻ Sua voz transbordava alegria. ⸻ Espero ver todos vocês lá. Será uma noite inesquecível!

Enquanto Delancy distribuía os convites, Meilin e Thanatos trocaram um olhar significativo.

⸻ Parece que nossa noite também será inesquecível... ⸻ Meilin sussurrou, um sorriso travesso brincando em seus lábios.

Azura quase arrancou o convite da mão da princesa, seu rosto contorcendo-se em uma expressão de raiva e desinteresse. Estava prestes a rasgá-lo quando algo capturou sua atenção. Uma figura passou pelo salão, e, por um instante, parecia que o mundo ao redor havia parado. O burburinho dos estudantes, o brilho dos candelabros, até mesmo a presença irritante de Meilin e Delancy sumiu. Restou apenas aquela garota.

Ela era alta e esguia, com a pele morena e os olhos de um azul profundo, tão intensos que pareciam refletir a luz ao seu redor. Seus cabelos castanhos eram longos e lisos, mas uma franja delicada emoldurava seu rosto, contrastando com a mecha branca que se destacava em meio aos fios escuros. O capuz vermelho que caía sobre seus ombros era inconfundível.

Um frio cortante percorreu a espinha de Azura. O sangue em suas veias pareceu ferver e congelar ao mesmo tempo.

Aquela garota era uma lembrança viva de sua mãe.

A Chapeuzinho Vermelho.

E Azura odiava sua mãe.

Seu ódio estava tão profudo que seus dedos se tranformaram em garras de lobo e apertaram o convite com tanta força que o papel começou a se amassar entre suas garras. Seu coração acelerou, e seu olhar fulminante pousou sobre Delancy, que acompanhava a cena com uma expressão estranha, como se já esperasse aquela reação.

Azura se aproximou da princesa, a sombra de sua presença caindo sobre ela como um lobo prestes a atacar. Seu tom veio afiado, carregado de veneno.

⸻ Quem é ela?

Delancy engoliu em seco, hesitando antes de responder. Seu olhar inquieto procurou por alguém ou qualquer outro que pudesse intervir, mas ninguém parecia disposto a se meter entre Azura e sua fúria nascente.

⸻ Ela... ⸻ A princesa começou, sua voz mais fraca do que gostaria. ⸻ Ela se chama Cerise. Cerise Hood.

O mundo pareceu se fragmentar ao redor de Azura.

⸻ Hood? ⸻ A palavra escapou de seus lábios com puro desprezo. ⸻ Você está me dizendo que essa garota é... filha dela?

Delancy assentiu lentamente. 

⸻ Filha da Chapeuzinho Vermelho. 

Azura riu, mas era um riso sem alegria, um som seco e perigoso.

⸻ Ótimo. ⸻ Sua voz era um sussurro gélido.

Seus olhos voltaram a encontrar Cerise do outro lado do salão. A garota não parecia notar a tempestade que se formava à sua volta, mas Azura sabia. Ela sabia que, a partir daquele momento, tornaria a vida de Cerise Hood um verdadeiro inferno.

Por mais que aquela menina fosse sua meia-irmã, Blackwolf não se importava. Na verdade, isso só piorava tudo. Porque se havia algo que ela nunca poderia perdoar, era a existência de qualquer coisa que a lembrasse daquela maldita mulher.

E Cerise Hood era um reflexo vivo do que Azura mais desprezava no mundo.

⸻ Ela vai desejar nunca ter pisado aqui. ⸻ Azura pensou.

Delancy tentou continuar com seu animo e foi entregar o último convite, para Lucas. 

⸻ Aqui está seu convite, Lucas. ⸻ Amélia chamou, entregando-lhe um convite com um sorriso encantador. 

Lucas ergueu uma sobrancelha ao pegá-lo, seus dedos roçando de leve os dela. Um sorriso lento e afiado surgiu em seus lábios.

⸻ Bem, bem... Para mim? Que honra. ⸻ Ele inclinou a cabeça, os olhos verdes brilhando com malícia enquanto observava Delancy dos pés à cabeça. ⸻ Você sempre faz entregas pessoalmente ou eu sou um caso especial?

Delancy riu de leve, jogando os cabelos para trás.

⸻ Você não é especial, mas podemos fingir que sim. ⸻ Respondeu com um ar de provocação contida, cruzando os braços.

Antes que Lucas pudesse continuar com sua diversão, um pigarro discreto chamou a atenção de ambos. Cassian estava encostado em uma das colunas próximas, os braços cruzados e um olhar entediado no rosto.

⸻Se vocês dois já terminaram esse joguinho, ô da bosta, vem logo porque a gente vai dividir dormitório.  ⸻ Ele arqueou uma sobrancelha.

⸻ Nossa projeto de cientista... ⸻ Lucas suspirou dramaticamente, colocando uma mão no peito. ⸻ Isso é falta de carinho. Você devia tentar flertar mais, sabia?

Meilin bufou, sem paciência, a viagem a cansou e ela estava louca para a princesa "liberarem" eles para subirem.

⸻ E você devia tentar falar menos, Lucas. Todo mundo ganharia com isso. ⸻ Disse Cassian, o olhar cínico.

( 𝐎𝐎𝟏 ) olá pessoinhas!, como vocês estão? eu juro que tentei incluir todos os personagens aqui porém são muitos, então ficou faltando dois 😭😭 mas não se preucupem! no proximo cap eles aparecem!

( 𝐎𝐎𝟐 ) lembram que eu disse que teriam toques de ever after high? então, os personagens figurantes de once upon a time serão de eah! então para quem nunca viu o desenho, sim, a Farrah e Cerise existem, voces podem pesquisar para saber a aparencia delas e dos outros personagens de eah q aparecerem pois a aparencia será a mesma do desenho! 

( 𝐎𝐎𝟑 ) Por favor, não esqueçam de votar caso estejam gostado, e se quiser, comente também <3

( 𝐎𝐎𝟓 ) Obrigada por ter lido até aqui.

beijinhos da brenda!