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CAPÍTULO O1. MALDITOS GÊMEOS WEASLEY

HOGWARTS ESTAVA SEMPRE CHEIA de movimento, especialmente nos corredores após o almoço. Alunos apressavam-se para suas aulas, carregando livros, pergaminhos e penas enquanto conversas e risadas ecoavam pelas paredes de pedra. Florence caminhava com passos firmes, segurando sua bolsa perfeitamente organizada. Sua expressão era a mesma de sempre: um misto de serenidade e disciplina. A redação de Transfiguração, cuidadosamente escrita, repousava entre suas mãos como um troféu de perfeição.

A Monitora-Chefe da Lufa-Lufa não era o tipo de pessoa que deixava algo ao acaso. Cada palavra naquele pergaminho fora revisada três vezes para garantir a exatidão. Afinal, o nível de exigência da Professora McGonagall era quase tão alto quanto o de Florence consigo mesma.

Enquanto virava a esquina de um dos corredores do quinto andar, não teve tempo de reagir. Um impacto repentino a fez tropeçar e quase perder o equilíbrio, seus preciosos materiais voando para o chão.

⸻ Cuidado! ⸻ A voz de George Weasley soou, mais divertida do que alarmada, enquanto ele parava abruptamente à frente dela, ofegante. Fred surgiu logo atrás, carregando uma expressão que misturava urgência e malícia.

Livros, penas e o frasco de tinta de Florence espalharam-se pelo chão, junto com um pequeno frasco que George segurava momentos antes. Aquele objeto escapou de sua mão no choque e caiu, estilhaçando-se em mil pedaços. Uma nuvem de pó translúcido subiu no ar, antes de pousar suavemente no pergaminho de Florence, que tossiu e abanou o ar com a mão.

George abaixou-se rapidamente para ajudar, um sorriso torto dançando em seus lábios.

⸻ Desculpa mesmo, loira. Eu não te vi virando a esquina. Deixa que eu pego. ⸻ Sua voz carregava um tom genuíno, quase preocupado, que contrastava com o olhar zombeteiro de Fred.

⸻ Não precisa, eu mesma faço. ⸻ Retrucou Florence, ríspida, já agachada para recolher seus materiais. Suas mãos tremiam de frustração enquanto ela recolhia seus livros, lançando olhares acusadores para os gêmeos.

Fred, por sua vez, manteve-se ligeiramente afastado, observando a cena com seu sorriso habitual. George, no entanto, parecia fixar os olhos no pergaminho dela, seu rosto assumindo uma expressão de preocupação incomum.

⸻ Tudo bem aí? ⸻ Ele perguntou, ainda agachado, enquanto Florence limpava o pó do pergaminho com delicadeza.

⸻ Por que não estaria? ⸻ Respondeu ela, desconfiada, olhando diretamente para ele. ⸻ A menos que você tenha feito algo para que não esteja...

George abriu a boca para responder, mas Fred interveio antes que ele pudesse falar.

⸻ Claro que não! Só estamos sendo... prestativos. Nada além disso. ⸻ Disse Fred, erguendo as mãos como se fosse inocente.

Florence arqueou uma sobrancelha, claramente cética. Ainda assim, ela não tinha tempo a perder discutindo com os dois. A aula de Transfiguração começaria em poucos minutos.

⸻ Espero que não estejam tramando nada com os meus materiais. Se eu descobrir alguma coisa... ⸻ Ela começou, mas George a interrompeu, o sorriso voltando ao seu rosto.

⸻ Relaxa, Florence. Eu jamais mexeria na sua redação perfeita. ⸻ Havia um calor inesperado na maneira como ele disse isso, mas Florence escolheu ignorar.

⸻ Vocês dois são uma distração ambulante. Agora, se me derem licença... ⸻ Ela bufou, ajeitando a bolsa no ombro e virando-se para continuar seu caminho.

Enquanto ela se afastava, George ficou observando-a por mais tempo do que o necessário, um brilho quase arrependido nos olhos. Fred cutucou seu braço, um sorriso de canto surgindo em seu rosto.

⸻ E então? Como vai consertar isso? ⸻ Fred provocou.

⸻ Vou ter que tentar antes que ela perceba... e espero que funcione. ⸻ Murmurou George, um tanto sombrio.

Fred apenas riu e deu um tapinha no ombro do irmão, enquanto os dois seguiam pelo corredor oposto.

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A aula de Transfiguração estava prestes a começar, e Darcy já ocupava seu lugar na primeira fileira, como sempre. A redação estava cuidadosamente colocada sobre sua mesa, cada linha revisada ao menos três vezes na noite anterior. Sua postura impecável refletia a confiança de quem sabia que havia entregado o melhor trabalho da turma.

A Professora McGonagall entrou na sala com sua habitual autoridade. 

⸻ Muito bem, turma, deixem suas redações sobre a mesa. Vamos começar a análise do conteúdo antes de prosseguirmos com a prática de hoje. 

Florence foi a primeira a entregar o pergaminho, elegantemente enrolado e preso por uma fita dourada. Quando retornou ao seu lugar, lançou um olhar breve para os outros alunos, segura de que ninguém poderia superá-la.

Mas assim que McGonagall desenrolou o pergaminho e começou a lê-lo, algo absolutamente inesperado aconteceu. Uma melodia ridiculamente desafinada, semelhante a uma versão grotesca do hino de Hogwarts, começou a ecoar pela sala. McGonagall parou, erguendo o pergaminho como se fosse uma bomba prestes a explodir.

⸻ Srta. Fawley! O que significa isso? ⸻ Sua voz era um misto de surpresa e reprovação.

⸻ Professora, eu... Eu não sei! Isso não estava assim quando escrevi! ⸻ Florence ficou paralisada.

A sala explodiu em risadas. Alguns alunos chegaram a se dobrar de tanto rir, enquanto outros tentavam, sem sucesso, manter a compostura. 

⸻ Silêncio! ⸻ McGonagall ordenou, lançando um olhar cortante para a sala. Ela virou-se novamente para Florence, os lábios finos ainda mais apertados. ⸻ Srta. Fawley, jamais esperei esse tipo de comportamento de uma monitora-chefe. Detenção. Hoje à noite, às oito horas, na minha sala.

Florence sentiu o chão se abrir. Sua mente corria em busca de explicações. 

⸻ Professora, eu juro que não fiz nada!

⸻ Sem desculpas. Sente-se.

Enquanto afundava na cadeira, os olhos de Florence vagaram pela sala até pousarem no fundo, onde Fred e George Weasley estavam inclinados sobre suas mesas, rindo baixo. Fred parecia prestes a explodir de tanto rir, enquanto George, menos óbvio, ofereceu um sorriso de canto e um olhar quase apologético.

Florence apertou os punhos. Seu rosto queimava, não de vergonha, mas de pura indignação. Ela sabia exatamente quem estava por trás daquilo. George Weasley que se preparasse.