i. 𝐆𝐑𝐔𝐏𝐏𝐀 𝐍𝐄𝐙𝐍𝐀𝐊𝐎𝐌𝐘𝐊𝐇. ❜

Prometendo para mim, que dessa vez, eu iria conseguir algo diferente para as crianças que habitavam a nossa comunidade, lá estava eu andando por lugares aleatórios com a companhia de minha mãe e com os nossos soldados.

━━━ Acha que a gente consegue algo diferente dessa vez, mamãe? ━━━ Perguntei delicadamente, olhando para ela, que continha seu belo e frequente sorriso no rosto. Com isso, ela virou seu rosto diretamente para mim, ainda continuando a caminhada, dando a notar o vento fazendo um movimento chamativo em seus cabelos, também me possibilitando ter uma visão melhor de seu rosto.

━━━ Claro, querida. A gente sempre consegue. ━━━ Afirmou, fixando seus olhos nos meus, na esperança que eu falasse algo novamente.

━━━ Mas... Eu quis dizer além de vários doces, mamãe. De fato, crianças adoram doces, mas elas também gostam de brincar. ━━━ Dando uma pausa, apenas para recuperar o fôlego, pois acabei falando rápido demais. Não era mais possível ver um traço de alguma emoção em seu rosto, além de sua concentração no que eu estava falando. Ela costuma se concentrar quando percebe que a conversa foi para algo mais sério. Mas eu acredito que todo mundo faça isso. ━━━ Eu quis dizer, tipo... Eu sei que não é a coisa mais fácil achar algum brinquedo na situação em que estamos, até porque estamos longe de alguma loja infantil, caso ainda existisse, mas eu queria que as crianças da comunidade pudessem ter uma infância diferente das de outras comunidades, que precisam jogar sua infância fora apenas para viver nesse mundo. As nossas não precisam disso, elas possuem a gente para lutar por elas. ━━━ Termino a minha frase, conseguindo notar um semblante de uma nova ideia se formando no rosto da minha mãe. Ao perceber isso, comecei a encará-la fixamente também, apenas esperando a mesma informar o que tem em mente.

━━━ Eu tive uma ideia! ━━━ Exclamou, soltando sua arma no chão ─ que estava rodeada em seu pescoço antes ─, virando se completamente para mim, acabando que finalizando com a nossa caminhada, ficando todos parados no meio da estrada. ━━━ E se a gente.. ━━ Iria completar sua fala, mas foi interrompida assim que um dos nossos soldados passou por trás dela com a sua arma em mãos, apontando para algum local em específico.

Ao estranhar sua ação, peguei o meu fuzil ─ que estava ao redor do meu pescoço por conta de sua alça ─ e o levantei na altura do ombro, me aproximando do guarda, na tentativa de ter a mesma visão que ele.

No entanto, tive a visão de um grupo de pessoas ─ aparentemente em pé ─, sendo possível de ver poças de sangue no chão.

Contudo, senti um toque em meu ombro. Ao olhar para ver quem era, percebi que era August, um pé no saco... E era o soldado que estava do meu lado.

━━━ A gente vai lá, pode ficar aqui, lobinha. ━━━ Falou, acrescentando o apelido em que havia colocado em mim há tempos. Não me movi a respeito disso, apenas fiquei o encarando, com um semblante sério, querendo dizer que eu iria também.

Entendendo o recado, é possível ver ele soltar um longo suspiro e virar sua cabeça para trás, fazendo um sinal, chamando sua equipe, mas deixando alguns para ficar com a minha mãe.

━━━ O que foi, filha? ━━━ Consegui ouvir a voz de minha mãe, a mesma que logo se aproximou de mim também.

━━━ Tem um grupo de estranhos ali. ━━━ Contei, vendo formar-se uma nova expressão no rosto de minha mãe de surpresa.

Em resposta, a mesma virou a cabeça em direção aonde eu mirava. No entanto, não falou mais nada e nenhuma expressão foi formada novamente.

━━━ Certo... Daleyza, fica com a mamãe. Eu vou ir lá com eles. ━━━ Anunciei, tendo olhos meio arregalados pousados em mim, não vindo só de minha mãe, mas também, da mencionada anteriormente, Daleyza. Ela é uma das nossas melhores soldadas do nosso exército, sendo da Elite. Ela é como uma segunda mãe para mim também, ela é incrível.

━━━ Certeza, batatinha? ━━━ Daleyza perguntou, já indo para atrás de minha mãe. Conseguia sentir um pouco de incerteza vindo dela, provavelmente porque não gosta que eu faça as coisas sem sua supervisão, mas é uma coisa simples que eu faria agora.

━━━ Certeza. Pode deixar comigo. ━━━ Afirmei, logo fazendo um sinal com a mão, que ia até a testa para as duas que me encaravam. Logo depois, me virei e fui até os outros soldados.

Chegando lá, havia muitas pessoas. Todas estavam com as mãos para cima, em forma de rendição, já que nossos soldados apontaram suas armas para as cabeças de cada um. Bom, duas pessoas estavam mortas, sem as suas cabeças e tinha poças de sangue que se misturaram com as pedras que habitavam ali. Confesso que isso não me assusta, já vi coisa pior. Muito pior.

━━━ Comandante, o que você quer que a gente faça com esses sujeitos? ━━━ Um dos soldados me perguntou, esperando que eu respondesse algo que gerasse um desastre, mas me peguei em dúvida em relação a isso.

━━━ Não é mais fácil só matar eles? ━━━ August, o que me chamou de lobinha mais cedo, o embuste, se pronunciou. Ao ouvir sua voz, apenas revirei os olhos.

━━━ Cala a boca, August. ━━━ Me pronunciei e logo me afastei um pouco do cenário. ━━━ Um minuto, já trago a resposta. ━━━ Dando a última palavra, sai do cenário e voltei para onde minha mãe estava.

━━━ O que aconteceu lá, abelhinha? ━━━ Minha mãe me perguntou assim que me viu, transparecendo normalidade na sua voz.

━━━ É um grupo de pessoas que parecem ter sido atacados. Tem duas poças grandes de sangue no chão e dois corpos sem cabeça. ━━━ Anunciei, vendo uma expressão séria tomar conta do rosto de minha mãe e um ar pesado se instalar.

Ela respirou fundo e depois olhou para Daleyza, aparentemente tendo uma conversa apenas por olhares. Depois, a outra comandante apenas se retirou, indo ao encontro do grupo mencionado. Contudo, minha mãe logo se virou para mim, ainda com a expressão anterior, que me causava calafrios as vezes.

━━━ Vamos levar eles com a gente. ━━━ Ao terminar sua frase, logo fiquei surpresa, e não fiquei com medo de demonstrar isso. Como assim levar eles com a gente?! Eles são um bando de estranhos, não dá para confiar!

━━━ Mãe, mas eles são totalmente estranhos para a gente! ━━━ Protestei, relaxando meu braço que segurava meu fuzil, minha arma favorita.

━━━ Sim, é por isso que vamos levar eles. Agora vamos que eu preciso dar as ordens e avisá-los. ━━━ Ela disse, logo se virando para frente e começando a andar até o lugar desejado. Em resposta, apenas respirei fundo enquanto revirava os olhos, e depois, apertei o passo para acompanha-la.

Ao chegar, colocou suas mãos nos bolsos de seu casaco peludo e preto. Após isso, olhou para todos os nossos soldados antes de pronunciar alguma coisa.

━━━ Podem abaixar as armas, queridos. Acredito que não vamos precisar disso. Não por agora. ━━━ Finalmente falando alguma coisa, olhou para todos que estavam de pé. Reparando melhor no cenário, é um pouco agoniante esse sangue no chão e a visão de duas pessoas sem cabeça, porém, não é assustador para mim. Mas eu entendo o fato que deve estar sendo muito difícil para as pessoas que perderam alguém aqui hoje. Inclusive, para a mulher de cabelos curtos e blusa azul. Seu rosto está um pouco enchado e molhado de lágrimas.

Perdida nos meus pensamentos, sinto alguma mão tocando meu ombro. Virando minha cabeça para certificar-me, reparo com a Daleyza. Provavelmente, imaginou que eu queria sair correndo daqui por não gostar de situações como essa, abordar estranhos, então veio me confortar.

━━━ Eu estou aqui por você, ok? ━━━ Pronunciou de forma baixa, acariciando meu ombro. ━━━ Eles irão no meu carro para não houver chance de ataque contra vocês. ━━━ Anunciou e logo senti uma pontinha de alívio aparecendo no meu peito. Não que eu tivesse medo deles atacarem a gente durante o cominho, até porque eu não aceitaria colocarem eles no nosso carro sem estarem desmaiados.

━━━ Certo, obrigada. ━━━ Formei um sorriso no rosto, e logo a mesma teve que sair, pois minha mãe fez o sinal para nossos soldados ficarem atentos, porque assim que terminasse sua fala, uma ordem seria feita.

━━━ Olha, ninguém aqui tem a completa intenção de machucar vocês. Porém, não podemos confiar em vocês também, certo? Então... Eu sinto muito! ━━━ Ao dizer essa última frase, já entendi o que iria fazer. Iria mandar os soldados darem seu jeito de desmaiar os estranhos e colocar cada um em algum transporte, preferencialmente amarrados por uma longa corda e alguma fita na boca.

Como eu disse, lá estava todas as pessoas no chão, já desmaiadas. Não é algo novo para mim, por isso é fácil de imaginar o que minha mãe faz nesses tipos de situações, mas também é difícil de saber as vezes.

Sendo assim, logo após de todos terem sido amarrados e amordaçados, foram direcionados aos veículos que estavam um pouco longe do local em que nos encontrávamos.

Minha mãe estava andando em minha direção, acredito que seja para explicar o que aconteceria daqui para a frente, já que ela não fez isso antes.

Apoiando suas mãos em meus ombros, ela respira fundo, tirando coragem de falar da sua garganta.

━━━ Filha... Não confiei em deixar eles por aí, até porque o cenário que eles estavam é um pouco exótico...

━━━ Mas qual o seu objetivo em levar eles, mãe? ━━━ Falei, com a voz meio arrastada. Também não é a primeira vez em que capturamos um grupo. Nunca é a primeira vez.

━━━ Não sei se você ouviu enquanto eu falava com eles, mas um dos homens do grupo estranho, aparentemente o líder, mencionou sobre ter uma comunidade ─ de fato, não ouvi ─ chamada Alexandria. Eles provavelmente não são do nosso nível, mas eu decidi capturá-los apenas para prevenir, certo? ━━━ Perguntou, esperando que eu concordasse.

━━━ Certo... Temos que ir. ━━━ Ao dizer isso, ela imediatamente tirou as mãos de meus ombros, concordando com a cabeça.

A maioria ainda permanecia sem seus sentidos, exceto alguns em específicos. Um homem todo desengonçado que havia uma coberta sobre si, este que ficava batendo seus pés no banco sem parar ─ de acordo com relatos da Daleyza ─, uma mulher que ficava batendo seus pés também, essa que tem uma característica mais específica, seus cabelos possuem tranças, "dreads" e a pele escura, de acordo com relatos do August. Por último, um garoto que aparentemente, é da minha idade, tentou ficar gritando mesmo com uma fita em sua boca. É cada coisa... Por que ele tentaria gritar com algo tampando sua boca? Garotos...

Sabendo minha função de noite, que seria vigiar esse grupo de indivíduos desconhecidos, aproveitei o tempo que tinha antes do anoitecer.

Andando pelo corredor principal, que é um dos meus lugares favoritos por aqui, constituído por ser totalmente preto, tendo alguns detalhes vermelhos que se destacam em luzes, mais chamadas como "led" devido ao seu posicionamento na parede e sua luminosidade. Contudo, o chão é transparente, então é possível ver o primeiro andar daqui, contando com as borda que não são mais transparentes e o que resta do chão após elas.

Apesar desse corredor ser igual a maioria dos outros, gosto desse por ele ter um único detalhe que faz toda a diferença: desenhos meus de quando eu era uma criança. São exóticos, mas são incríveis ao mesmo tempo se você os olhar com carinho.

Com meu fuzil em meu pescoço, pronto para usá-lo quando precisasse, desço pelo elevador que transporta alguém para todos os andares, decido parar no primeiro andar, na intenção de encontrar a minha segunda pessoinha favorita: Anoushka Vanka Bonavich, mas prefiro chamá-la de Ann.

Demorando poucos minutos para o elevador se estabilizar e assim poder descer, tive a visão do campo aberto que permitia apreciar sua beleza pelos portões do nosso jardim estarem abertos, sendo uma área para contrair os pensamentos ruins.

Um sorriso espontâneo e impossível de ser controlado se formou no meu rosto assim que vi uma criaturinha de pequena altura gritando pelo meu nome assim que me viu, correndo com seus braços para cima em minha direção.

Agachei na altura em que eu acreditasse que ela conseguiria alcançar, me preparando para o impacto que sentiria assim que ela chegasse nos meus braços. Abrindo eles, possibilitando o espaço necessário, Ann logo chegou, tomando tudo o que sobrou de mim para ela.

Ela ainda não sabia pronunciar meu nome, então sempre me chamou pelas minhas iniciais. Acredito que por meu nome ser russo. Tudo que envolve russo sempre se torna complicado.

━━━ Mi, mi! ━━━ A pequenina gritava meu nome enquanto já havia rodeado meu pescoço com seus bracinhos do tamanho de um curto ━━━ bem curto ━━━ galho.

━━━ Oi, meu pedacinho do céu! ━━━ Cumprimentei-a antes de levantar com a mesma no meu colo, obviamente segurando suas perninhas. A pequena me deu um beijo em minha bochecha e depois, escondeu seu rosto em minha clavícula. ━━━ O que foi, meu amor? ━━━ Perguntei, pensando que havia acontecido algo antes de eu chegar.
━━━ audade... ━━━ Foi a única coisa que ela disse e me peguei rindo ao me lembrar que ela ainda não sabia produzir os sons de algumas letras. De acordo com meus conhecimentos com crianças, creio que ela esteja falando que estava com saudade.

━━━ Oh, pequena. Também estava com saudades! ━━━ Confessei, segurando meu riso enquanto fazia carinho nos seus fios de cabelo castanhos. ━━━ Acho que está na hora de você dormir, hein?! ━━━ Referi a intuição ao lembrar que tinha mais afazeres e só conseguiria com ela dormindo.

━━━ Não! ━━━ Negou, começando a debater de leve contra mim. ━━━ Quero você!

━━━ Eu estou aqui, pedacinho do céu. Mas eu tenho que fazer outras coisas, infelizmente. ━━━ Confessei em um tom triste, começando a andar com a mesma no corredor, na tentativa de dar uma volta completa - com a intenção de fazê-la dormir - e depois, deixá-la em seu quarto, que ficava do lado do meu.

Finalmente conseguindo colocá-la em sua cama e deixar um beijo em sua testa, viro-me para a porta e apoio a minha mão na parede. A hora estava chegando e eu sei que esse bando de estranhos não vão ser moleza simplesmente por estarem tentando fazer barulho enquanto tentava fazer Ann dormir. Daleyza teve que os desmaiar novamente. No começo da noite e até o fim do dia, eu teria que ficar cara a cara com eles, se não no corredor perto ou encarando-os pelo grande vidro que deixa toda a sala visível.

Voltando à realidade, sai do quarto, esperando a porta fechar, já que era automática. Após isso, indo para o corredor, pensei em procurar por Kathleen, nossa principal vigilante das nossas câmeras. Ela é a esposa da Dale, também tenho uma ótima relação com ela. Bom, todo mundo por aqui é incrível... Menos o cafajeste do August.

Tendo essa ideia em mente, comecei a andar em direção ao refeitório, onde acredito que a encontraria. Talvez ela esteja almoçando junto com a Dale por termos chegado algumas horas atrás.

Enquanto nisso, pensava no fracasso em que fui em minha missão. Eu só tinha um único objetivo! Era só pegar algo que interessasse as crianças, apenas isso...

Às vezes, eu costumo acreditar que eu sou um fracasso.

Encarando o chão enquanto os pensamentos negativos invadiam a minha mente e se adentrava inteiramente nela, senti um impacto na minha cabeça. Não desmaiei, só senti uma grande força contra que me levou um pouco longe.

Direcionando minha cabeça para a frente na intenção de ver o que aconteceu, respiro fundo ao ver a figura da pessoa que menos queria ver agora: August.

Esse cara me persegue toda hora e isso está começando a dar nos meus nervos.

━━━ O que você quer agora? ━━━ Fui direta, deixando um semblante sério e meramente cerrar meus olhos. Diferentemente de mim, ele estava borbulhando de alegria ao me ver.

━━━ Qual foi, princesa? Não fica mais feliz em me ver? ━━━ Revirei os olhos ao escutar o apelido tão medíocre e clichê que já recebi vindo dessa criatura.

━━━ Nunca fiquei feliz em te ver, August. ━━━ Retruquei, me mexendo para passar por ele e talvez esbarrar em seu ombro com força, mas assim que executaria meu plano, ele logo ficou na minha frente, me impedindo.

━━━ Você não pode fugir de mim para sempre, Mischa.

━━━ Você não pode ficar me seguindo para sempre também, August. ━━━ Respirei fundo, ficando cara a cara com o mesmo, sem nenhum centímetro de diferença em relação a altura. ━━━ Me supera, cara! Você fez muitas coisas erradas comigo, arque as suas consequências e me deixa em paz! ━━━ Acreditando que dei a minha última palavra, logo executaria meu plano anterior. Ao quase passar completamente por ele, novamente me impediu na tentativa de segurar meu braço. Em reação e por impulso, meu cotovelo se levou ao seu rosto. Imediatamente, ele me soltou e colocou suas duas mãos sobre seu nariz, que estaria sangrando agora.

Aproveitando o momento, sai correndo, deixando um nariz quebrado para trás, que o dono soltava palavrões, especificamente em alemão ─ seu primeiro idioma.

Rindo da minha própria desgraça, reparei que havia chegado no refeitório de tanto correr sem rumo. Com as mãos apoiadas em meus dois joelhos e recuperando meu fôlego, tenho a visão de um grande amigo meu, Jeremy. Jeremy Jover Lawson, mas eu só chamo ele de Jey.

Nossa amizade já faz alguns anos... Mais específico, quando éramos crianças e os mortos decidiram voltar à vida.

Me lembro bem quando minha mãe estava muito desesperada quando chegamos em Atlanta e não tinha mais nada, ninguém, nem um pó de alguma alma viva. Estava tudo vazio, mas então, fomos encontradas pela mãe do Jey, Dorothy Hadley Lawson... Atualmente, ela está desaparecida. Ela foi em uma das nossas missões propostas e nunca mais foi vista. Porém, os bons longos anos que tivemos com ela foram incríveis. Não precisou nos ensinar a sobreviver, já que a minha mãe já tinha e tem muita experiência com isso ━━━ antes mesmo do apocalipse ━━━, só precisou nos garantir comida por um bom tempo, até conseguirmos montar nossa comunidade e sermos quem somos hoje, os Renascidos. Quando o vírus zumbi se espalhou pelo mundo, nós renascemos, não adianta negar. Nos tornamos novas pessoas, com vidas com o mesmo propósito: sobreviver.

Jey sorriu ao me ver. Provavelmente, achando engraçado minha situação tão deplorável, digna de pensamento crítico.

━━━ O que aconteceu, vermelhinha? Fugindo do cafajeste novamente? ━━━ Perguntou com um sorriso sincero formado em seu rosto enquanto me olhava dos pés a cabeça.

━━━ Acertou em cheio! ━━━ Confessei, ainda ofegante. Sou acostumada com exercício físico, mas não é como se eu não fosse cansar depois de correr dois corredores principais do segundo andar, sendo um dos piores em questão de tamanho.

Em reação a minha resposta, Jey respirou fundo e relaxou seu ombros, também tirando forças para falar. Sinto seus olhos pousando sobre cada parte do meu corpo, com sentimento de preocupação.

━━━ Ele não fez nada com você de novo, não é? ━━━ Senti um desconforto com a pergunta, mas logo arrumei minha postura e respirei fundo antes de responder.

━━━ Não. Ele só não queria eu passasse sem o responder. ━━━ Confessei em um tom baixo, sentindo o assunto ficar mais desconfortável.

━━━ O que aconteceu em seu braço, então? ━━━ Perguntou com mais firmeza em sua fala. Olhei para o lugar em que havia mencionado e era possível de ser ver uma marca vermelha graças a minha blusa social branca que as mangas estavam dobradas. A marca provavelmente foi feita quando o August apertou meu braço, já que ele não estava coberto na hora.

━━━ Ele só apertou meu braço, Jey. Está tudo bem. Aliás, eu quebrei o nariz dele em forma de compensação. ━━━ Consegui ver o mesmo dando um suspiro de alívio.

━━━ Depois eu me concerto com ele. ━━━ Afirmou, me encarando por mais alguns segundos.

Enquanto isso, estava olhando para atrás do mesmo. Consegui ter a visão de um conhecido tentando vir até nós, mas sem que Jey visse. Observando melhor, era o Han-joo Bu, o outro melhor amigo do Jey. Ele também é meu melhor amigo, nós nos conhecemos quase na mesma época.

Faz alguns dias que nós não se vemos, por Jey ser um dos nossos mais novos soldados e ter que fazer algumas missões que duram mais de um dia, Han-joo por ser um dos nossos enfermeiros, precisa ficar na área de medicamentos por umas boas horas, e eu por estar sempre por aí. Bom, eu acredito que o Han-joo veio até aqui para causar uma surpresa, assustando o Jey e está rezando para eu não falar nada ─ o que eu exatamente faria.

Jey me encarava um pouco confuso por eu estar olhando para trás, mas logo virei meu rosto para ele e tentei chamar a sua atenção com algum assunto.

━━━ Sabia que vou ter que cuidar do grupo estranho hoje até amanhã? ━━━ Falei naturalmente, tentando fingir que estava tudo bem, vendo uma expressão boquiaberta vindo de Jey.

━━━ Sério? que saco... ━━━ Lamentou, coçando sua própria nuca devido ao não ter o que dizer. ━━━ Quer que eu fique junto com você lá?

━━━ Não, não precisa. ━━━ Dando a última palavra, Han-joo simplesmente jogou seus braços nas costas de Jey, causando um pulo de susto vindo do Lawson.

━━━ Que susto! ━━━ Exclamou, colocando a mão no coração em forma de drama. ━━━ Mischa, você viu ele o tempo todo e não me falou nada?

━━━ Claro que não, ele me obrigaria a comer peixe cru se revelasse! ━━━ Assumi, percebendo que estava um ar divertido. Nós três estávamos rindo.

━━━ Uma boa tarde para você também, capitão! ━━━ Han-joo finalmente abriu sua boca.

Infelizmente, já estava na hora de eu sair. Teria que comer agora, pois já está escurecendo. As horas passam rápido quando são boas.

━━━ Pessoal, tenho que ir. ━━━ Anunciei, acabando que cortando toda a alegria. Os dois olharam para mim. Jey já sabia, mas acho que Han-joo não ouviu quando mencionei.

━━━ Ela vai ficar de vigia daqueles bando de porcos, todos imundos.

━━━ Que azar... Mas, que dê tudo certo, mi ruso. ━━━ Revirei o olhos na mesma hora. Não sabe nem falar o inglês direito e quer me dar apelido em espanhol... Dai-me santa paciência.

━━━Não inventa, Koreyskiy.

━━━ Falou grego agora? ━━━ Han-joo me perguntou, na tentativa de me provocar.

━━━ Isso é russo, maluco.

━━━ Ei! ━━━ Jey tentou me repreender, mas não dei meus ouvidos.

━━━ Controle nosso amigo se não quer que ocorra uma briga! ━━━ Novamente, dando a última palavra, me retirei, indo para o refeitório. Com isso, já dei de cara com Kat sentada em uma das mesas, tendo seu almoço com a Dale e a Audrey, como uma outra irmã para mim.

━━━ Táta, vem comer com a gente! ━━━ Audrey implorou assim que me viu entrar no refeitório. Ao ver ela, dei um sorriso espontâneo e logo fui atrás da mesa em que estavam.

━━━ Boa tarde, Mischa! Faz alguns dias que não nos vemos. ━━━ Kat mencionou assim que sentei na mesa, a qual pegou na minha mão delicadamente.

━━━ Boa tarde! ━━━ Retribui, direcionando meu olhar para Dale, pois senti seus olhos queimando sobre mim.

━━━ Foi o August? ━━━ Fiz uma expressão confusa diante a pergunta. ━━━ A marca no braço.

━━━ Foi, mas está tudo bem. Não precisa se preocupar. ━━━ Afirmei, sentindo um ar tenso se instalando e adentrar o sentimento de preocupação em nós quatro. ━━━ Galera, não precisamos desse clima tenso em um momento que precisava ser alegre. Vamos esquecer isso. ━━━ Na tentativa de melhorar o clima, Dale respirou fundo e balançou sua cabeça, voltando para a realidade logo em seguida.

━━━ Certo... Maninha, você que vai ficar cuidando do pessoal estranho, né? ━━━ Audrey se manifestou, colocando a mão sobre a minha.

━━━ Sim, eu vou. ━━━ Soltei um suspiro tenso a respeito.

Após uma longa conversa que tomou o resto da minha tarde, Daleyza sugeriu que eu tomasse um bom banho quente ─ graças a emergia elétrica que conseguimos guardar ─ para meu corpo estar mais relaxado na hora de vigiar o pessoal.

A água caia como fogo na minha pele. Talvez meus músculos agradeçam por aumentar a oxigenação deles e melhorar a circulação sanguínea, mas meu cérebro estava concentrado em pensar em coisas negativas.

Meu braço, o qual já tanto falou dele só hoje graças ao August, estava começando a ficar roxo, o que causou mais um desconforto na minha mente.

Apesar de já fazer um tempo, meu corpo ainda carrega marcas físicas desde aquela noite. Talvez elas durem para sempre, por terem sido feitas por cortes profundos.

Balanço a minha cabeça para fugir desses pensamentos e desligo o chuveiro, indo direto me vestir.

Antes de eu tomar banho, eu havia arrumado o conjunto de roupa junto com a armadura a prova de balas, por precaução.

Calça preta e uma blusa preta de manga longa. Simplesmente isso. Bom, não é como se eu fosse vestir roupas extravagantes só para vigiar um grupo, não é? Também aproveitei para calçar uma bota preta qualquer, tipo aquelas que os militares usam.

Apesar de não ter detalhado muito bem, a calça tem alguns rasgos no joelho, típico de roupa do apocalipse. A blusa, já era mais rígida, mas ainda deixava tudo coberto.

Peguei a armadura que era um pouco pesada e comecei a colocá-la no meu peitoral, apertando os "botões" para ficar mais firme. Aproveitei também para colocar joalheiras, como se eu realmente fosse um segurança ─ talvez porque eu seja nas horas "vagas".

Quando finalmente fiquei pronta, peguei o meu fuzil, o qual se encontrava de baixo da minha cama. Depois, me retirei do meu quarto e fui de encontro ao local que eu ficaria até o sol nascer.

━━━ Finalmente apareceu! ━━━ O guarda anterior ─ talvez um amigo próximo ─, Benjamin, se pronunciou em um tom engraçado, "dando glória" por eu finalmente ter chegado para que ele pudesse descansar. O mesmo se aproximou, colocando a mão no meu ombro para dar seu último recado. ━━━ Eles são um pouquinho agitados. Toma cuidado com eles.

━━━ Pode deixar, canhoto. ━━━ Me referi ao fato de que ele usa mais os membros esquerdos com mais frequência do que os direitos. Alexander deu um sorriso fraco e se retirou do local, deixando apenas a minha figura ─ acompanhada de alguns outros seguranças distantes ─ com várias salas vidradas.

Ao me aproximar do lugar que eu devo estar, consigo ver todos de cabeça baixa. Observando melhor, vejo que está faltando uma mulher. Ela tinha cabelo curto e estava com uma blusa azul.

━━━ Soldado, não está faltando ninguém aqui? ━━━ Viro meu corpo em direção ao soldado mais próximo de mim.

━━━ Está se referindo a mulher de cabelo curto? Se sim, descobrimos que ela está grávida e a levamos para fazer exames para a segurança dela e do bebê. ━━━ Caramba, quanta informação! Mas... Eu vi o quanto ela estava abalada naquela hora diante aqueles corpos sem cabeça. Talvez o pai do bebê era um daqueles mortos.

Respiro fundo e agradeço a informação. Após isso, encosto meu corpo no vidro para refletir sobre certas coisas.

━━━ EI! SOLTA A GENTE! ━━━ Levei um susto assim que escutei o grito e batidas repentinas de um dos "prisioneiros" no vidro. Eu estava dando uma volta pelo corredor, já que não poderia pegar no sono. Entretanto, todavia, já estava no lugar antes que eu levasse bronca.

━━━ Não é como se fossemos matar vocês ou torturar vocês até a morte. ━━━ Falei, ajeitando meu fuzil que permanecia na minha mão.

━━━ Não é o que parece. ━━━ Acredito que seja o garoto que mencionaram que foi o indivíduo que se manifestou agora. Ele usa um chapéu de xerife, o que eu achei icônico e talvez estranho. Ele também usa um tipo de curativo no olho.

━━━ Pois acredite que seja. ━━━ Em um tom de deboche, dei alguns toques no painel eletrônicos que tem em todas as portas. Nele, você pode escolher se quer trancar a porta, abrir ela, deixar a sala no "modo silencioso" ─ quando os prisioneiros já encheram seu saco o suficiente e você não quer mais ouvi-los. Também tem outras funções, mas vou usar especificamente essa agora.

Ao clicar no botão, vejo o homem que gritou, o de cabelos bagunçados, começar a gritar e bater no vidro. Mas eu não poderia escutar, então tudo bem.

Eu estava, mais uma vez, andando pela base por ter achado que não iria acontecer nada com aquele grupo, então queria me distrair. De repente, começo a escutar barulhos de tiro e vários, realmente uma grande demanda de gritos.

━━━ Mischa! Mischa! ━━━ Alguém começou a gritar por mim e rapidamente me virei para trás, na esperança de ver quem era. Ao ver, Daleyza estava lá. Seu rosto demonstrava raiva misturada com desespero, mas tentou disfarçar ao me ver. ━━━ Eles conseguiram quebrar a porta! Vem, precisamos detê-los! ━━━ Arregalei meus olhos na mesma hora que ouvi a notícia. Como diabos eles fizeram isso?! Não subestimei eles nem por um minuto, mas não sei se eles acabam vivos. Minha mãe não aceita esse tipo de coisa e certamente não está errada.

❤️‍🔥 # ━━━━ OLÁAAA!!! Como vão? Ely na área! Bom, para quem me acompanha desde maio, sabe que eu dei a louca e lancei essa fanfic antes e depois simplesmente tirei ela do ar (tirei de novo). Entretanto, todavia, consegui tirar criatividade de onde não existia (não tirei) para voltar a escrever essa aqui. Acredito que ela vai ser um dos meus maiores "marcos" na área das minhas fanfics de The Walking Dead, porque de todas, essa é uma das minhas favoritas junto com uma outra aí. ENFIM, espero que vocês gostem da nossa querida protagonista, a Mischa ♡.

❤️‍🔥 # ━━━━ Eu revisei esse cap morrendo de dor de cabeça, então, se ter algum erro, desculpa!!

❤️‍🔥 # ━━━━ Essa minha escrita (nem lembro mais o mês) é um pouco antiga, então não sei se ela está boa, já que ela melhorou de quando postei atom para cá. Então, se ela tiver rasa ou algo do tipo, desculpem! Ainda penso em reescrever ela.

❤️‍🔥 # ━━━━ Curiosidade: escrevi esse cap escutando o álbum Speak Now (Taylor Swift) e Reputation, foi uma experiência doida. Inclusive, acho que a Taylor escreveu Don't blame me para a Mischa!!!

❤️‍🔥 # ━━━━ Votem e comentem! Isso é importante para mim e faz grande parte da minha motivação para escrever :').

❤️‍🔥 # ━━━━ Eu faço edit sobre as minhas fanfics lá no tiktok! Quem quiser ver, meu @ é o mesmo daqui, morzwp. Pode ter spoilers!

❤️‍🔥 # ━━━━ Beijocas e amo vocês ♡.

© Morzwp, 2024.

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