𝐗𝐕𝐈𝐈. | ...𝒥 á𝒜 lgo 𝒜 𝒜contecer 𝒮 ignifica ℳudança.
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{⚔} ࣪ ˖𐀔˖ ࣪✧─┈⊹ ❝𝔑𝐞𝐯𝐞𝐫 𝔅𝐞 𝔗𝐡𝐞 𝔖𝐚𝐦𝐞...❞
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─ 𝔒 que você..? ─ O percebeu questionar falhamente, embora a pergunta apenas não se completara como se perdera aos ares.
Fayrie retirou - ou ao menos tentou - suas mãos delicadas com brutalidade dos braços que a seguravam, entregando-se ao ímpeto de as esquivar em seu toque, sobretudo, as sensações e sentimentos que se espalhavam e eram lentamente dissipados por sua psique não eram seus. Isso era algo certo em meio aos devaneios de sua mente desencaixada; Faye nunca sentira algo parecido com aquilo com tamanha intensidade, uma estranha mistura de raiva e indignação, revolta e tristeza eram fardos pesados, tão pesados que a fizera engolir em seco e expirar o ar denso que ocupava seus pulmões, seus olhos claros observando atentamente ao rosto do pirata em uma aura de desespero, cuja expressão compenetrada e ao mesmo passo, desnorteada parecia exercer uma falha tentativa de a entender em sua percepção, mas algo não parecia estar correto entre ambos. Não quando os únicos sentimentos que nublaram seus sentidos era uma massiva preocupação, uma sutil rebeldia a brilhar em um pequeno resquício perdido dentre a euforia e empatia que constantemente visitava seu ser, apagadas pela injustiça, as dores de alguém que quase acreditara estar fadada ao julgamento trazido por sua apenas existência.
─ E-eu não queria ter feito isso, eu não... ─ Sussurrou como um pedido de desculpas sutil, que desvaneceu conforme suas cordas vocais cediam a sua respiração acelerada, o colar envolvido fortemente por seus dedos a cintilar fracamente pelas lacunas pouco ocupadas. Era óbvio que sua contraparte, a da mãe, corresponderia ao brilho daquele que sua prole portava e por isso os retirou, ansiando por apenas não preocupá-la, embora tenha o feito por outras vezes. ─ Tire as mãos de mim.
Uma risada, uma risada realmente genuína - pendendo ao desespero. -, dessa vez sem a acidez rotineira viera de Harry. Acabara de ser enfeitiçado ao que entendia, cuja a pessoa que o fizera; uma fada, ainda parecia se preocupar em apenas não receber seu toque.
─ Não é por isso, seu... ─ A voz pacífica da Fada replicou, mesmo sem sequer demonstrar raiva uma certa tensão e ofensa aos ares graciosos que antes a rodeavam, Fayrie inspirou profundamente, reerguendo ao último resquício de paciência em sua consciência para não respondê-lo de forma rude, poderia retratar aquele ato como algo falho e miserável, a raiva que a tomou por completo não era sua. Ou seja, a culpa de sua língua e mente afiadas não era dela. ─ Céus, você não consegue pensar com pelo menos dois neurônios? Ou esse seu ego inflado e orgulho insuportável te tornam incapaz de fazer isso? Além de te tornar um cego lunático?! Estou falando para tirar suas mãos para que a conexão seja quebrada.
Poderia sentir-se ofendido pela maneira a qual fora correspondido, a maneira como suas palavras saiam por seus lábios lhe pareciam um tanto irreais para alguém com suas aparências tão delicadas, mas apenas a deixou livre, cedendo ao aperto intenso que exercia sob os braços da garota e aquilo lhe trouxera um alívio imediato como se tudo retornasse ao exato local de origem, a percebendo aparentar uma enorme diferença em suas expressões; estavam mais leves embora o franzir de seu cenho intrigado lhe evidenciasse algo contrário, inundadas por algo que sequer pudera entender. Mas Faye sim entendia, ela sentia nada mais do que uma piedade e empatia crescentes pelo jovem à sua frente, Fayrie o entendia. Mesmo que não pudesse o fazer, isso tornaria de maior dificuldade um embate já desafiador para a fada que não desejava lutar, mas seu lugar teria de ser ocupado naquele maldito jogo, seus lábios tingidos se abriram fracamente, em uma tentativa de redescobrir sua própria voz, antes que pudesse escutar a dele ressoar em seus ouvidos. Seu tom lhe parecia tão distinto, um requinte de seriedade que diferia-se daquele que por alto conhecia, suas palavras soando como uma confirmação ao afastar-se e a encarar diretamente sob suas íris bonitas, levemente arregaladas pelo entendimento.
─ Sua magia funciona aqui...como a sua magia funciona aqui?
─ Me desculpe, não quis ser rude. Eu-
A fala agridoce fora interrompida por uma voz distante, a voz feminina que bradava a nomenclatura daquela fada pertencia a nada mais do que a líder de seu grupo; Mal estava a procurando. Sem que pudesse perceber aos atos guiados por um quase desespero, Fayrie se movimentou de maneira abrupta a observar os arredores - que estavam solitários, algo diferente a contar a voz de Bertha, esta lhe parecia próxima demais. - ansiando pela presença de sua amiga como nunca o fez em todo seu tempo de proximidade, mas ao relembrar da presença do pirata ali, suas íris azuladas intensas puderam afundar-se sobre as dele; o questionando silenciosamente sobre suas próprias ações, ao não receber uma resposta sólida e apenas um desviar de seu encarar latente, a fada apenas cedeu pequenos passos para trás ao ponderar sobre suas atitudes seguintes. Não poderia ficar ali. Isso atrapalharia tudo. Se Mal a encontrasse ali, mais uma briga acalorada iria se originar, Faye genuinamente não desejara aquilo por mais uma vez.
Estava exausta dos conflitos nos quais estava envolvida sem que portasse culpa alguma em seu coração. Então, sem olhar para trás ou hesitar, Fayrie retornou a andar por aqueles locais obscuros, sem impedimentos ou imprevistos...o deixou em dúvida, pelo fato de que a fada aparentou procurar por alguém conhecido, mas sequer escutara alguém ali, a não ser pelos dois.
...Não contando com o esbarrar de seu ombro contra um corpo consideravelmente mais alto (diria que aparentava ser uma criança próxima a ele) e a queda de seu colar, a pequena corrente frágil houvera sido danificada graças ao puxar afrontoso de Gancho. A fada se amaldiçoou mentalmente por não ter lembrado-se de troca-lá para alguma das suas mais recentes; aquela houvera sido a primeira que a acompanhara, que se quebrou após um pequeno incidente enquanto perseguira aquela mesma borboleta branca, então era previsível que o remendo feito ali cederia com facilidade, caso não estivesse algum cuidado seu investido e essa era a última de suas preocupações. Faye de forma ágil, baixou-se sobre os próprios saltos com um equilíbrio invejável, sem permitir que seus belos olhos pudessem passear a seu redor, abandonando um suspiro trêmulo por seus lábios ao engolir em seco. O princípio de um pedido de desculpas prestes a sair por seu timbre gentil, o que faria se sua mente não lhe soasse palavras repetidas de Evie; Não se desculpe, não fazemos isso aqui.
Mas a fada se surpreendeu ao ter a joia entregue em mãos, apesar de não notar, aquele com quem acidentalmente esbarrara havia repetido a seu ato; estava abaixado a encarando por debaixo do capuz obscuro, o ar que respirava pareceu sumir em meio a ansiedade e batidas aceleradas de seu coração ao ver aquele rosto tão excêntrico e talvez, com uma pitada de familiaridade de origem desconhecida, Fayrie se levantou com rapidez, entregando seu nervosismo por através do mover acelerado de seus ombros e o forte aperto exercido entre suas mãos esguias, suas íris azuis intensas brilharam em um temor claro, que não poderia reconhecer seu centro.
O homem sorriu, um quase comum por ali, sorriso sarcástico cujo leve requinte de desafio e satisfação puderam ocasionar um desconforto nítido.
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𝔖eus olhos claros percorreram com agilidade aos poucos corredores nos quais teve de apressar-se em correr, a guiando a um retorno ao lugar onde estivera a um considerável período; a última vez na qual visitou o dormitório de Ben fora no exato dia de sua coroação, minutos antes de todo o caos de a circulou e com um assemelhado pressentimento a rondar por sua mente desde de que despertara em sua cama, observando por minutos ininterruptos aos raios luminosos provenientes do sol de uma corriqueira manhã em Auradon, claro que as motivações que a direcionaram em ambas as situações lhe pareciam distintas, em sua atualidade, seus sonhos não haviam sido assombrados por projeções indesejadas ou pela visão de Malévola a selar um possível retorno, para que pudesse sobressair-se, alcançar sua glória e ter todo o reino a seus pés, mas de mesma maneira, o que estava agitando seu peito em uma pequena fagulha de desconfiança a trazia um incômodo latente que incediara seus pensamentos, aquilo a estava perseguindo tal qual a sombra de suas atitudes errôneas respingadas sobre aqueles que não as mereciam pagar.
A consciência que a atingira, era a de que por mais longe que estivesse, algo sempre tentaria a arrastar novamente para o breu obscuro no qual esteve ao tentar encaixar-se sob os mais perfeitos padrões da adorada localidade onde nasceu, a pressão sempre estaria em seus ombros e sempre exerceriam tentativas de a encaixar em algo que imaginavam ser o agradável. Faye era a única fada a portar um nítido orgulho de suas origens e presumir que aquilo os incomodava, beirava a um eufemismo claro.
A maneira abrupta com a qual abriu as portas do cômodo sem sequer tocá-las, apenas a se aproveitar de seus dons naturais explorados em ocasionais situações poderia o ter assustado. Sequer denotou a feição de Benjamim ao vê-la presente ali, focada em somente equilibrar a si própria, suspirando profundamente em um alívio rápido por suas íris azuis vibrantes ainda poderem o vislumbrar ali com um mínimo, mas sincero sorriso a nascer sob seus lábios tingidos, sua real satisfação poderia ser verdadeiramente vista através do erguer de suas asas expostas.
─ Faye?! ─ O escutou questionar, observando a amiga que, adentrou para o interior do aposento, selando ao que havia aberto - afinal, trancara as portas atráves das chaves que ali estavam. - ao permanecer de costas para si por instantes roubados, avaliando as formulações de uma clara explicação em sua mente para que pudesse detalhar aquilo com maior afinco e coerência. E apenas não aparentar ser uma completa lunática aos olhos de Benjamim. ─ O quê você?…
O questionamento do monarca não foi terminado, observando o apoiar abrupto do corpo da amiga contra a alta porta amadeirada.
A risada fraca da fada, cuja obtinha um ar beirado a incredulidade ecoou pelo cômodo, algo que acontecera pelo provável nervosismo que a envolvia ou talvez pelo sentir de algo reconhecido por si, por sua empatia aflorada e seu alertar persistente mostrar-se correto quando prendeu seus olhos ao melhor amigo, seus olhos claros cintilaram em resposta ao pouco poder que fluía por seu ser. Em puro reconhecimento. Os sentimentos de Ben, mergulhados sob sua consciência ludibriada pelo feitiço lançado pela filha de Úrsula tomavam aos poucos a sua própria a fazendo permitir com que o ar, aquele que sequer percebera fugir de seus pulmões novamente, viesse a ceder ao ritmo acelerado de seus batimentos vitais, aos poucos acelerando seu respirar já intenso, sobretudo ao pressentir a dolorosa sensação que suas próprias atitudes deixaram sob a consciência do garoto que agora encarava; toda a tensão transbordante que permeava seu corpo se esvaíram em uma postura entristecida que a tomou desde seu âmago, descontente com a culpa intensa que lhe acometeu e a dor da própria falta se alastrou por seu peito, apertando seus dedos esguios contra suas palmas a ponto de demarcá-los sobre a pele fina. Foi quando sua mente ágil trabalhou em uma curta, mas lógica explicação para seus sentires desde o início de toda aquela confusão, antes mesmo que pudesse pisar no que havia para além da cúpula; seu pressentimento estava a tentando guiar para aquele exato instante e por isso, não fora diminuído ao estar em Auradon.
O ápice de todo o efeito borboleta que os rodeava, o momento onde finalmente poderia desfazer aos nós criados sob o laço de seu destino oculto, por mais que seu conhecimento sobre ele fosse inexistente. Algo a fizera concluir, como uma sorrateira voz a lhe revelar aquela explicação. Em suma; a cruel associação dos diversos eventos a suas atitudes era inevitável.
Por fim, Fayrie se virou com calma em sua direção, os indícios da mínima magia que se permitira usufruir dissolvendo-se sob suas íris únicas e os contornos de suas asas convertidos em imperceptíveis resquícios esbranquiçados que notou pousarem sobre as camadas de tecido que integravam seu vestido, pôde revê-la por completo, denotar sua prontidão para se dirigir ao evento que aconteceria; o curto pensamento que esgueirou-se por sua mente naquela pequena brecha, criada pelo vínculo mágico que o conduzia ao amor doentio, foi o de que sua melhor amiga estava certamente bonita e em completo alinhamento a sua essência graciosa a cada mover de seu corpo, por mais abrupto ou desacordado a elegância que deveria portar, seu pequeno momento de esclarecimento se dissolveu sob os resquícios deixados para o manipular assim que seus pensares fossem tomados por algo desvinculado a Uma. Faye não pode deixar de sorrir aos manifestos de orgulho que ressurgiram em uma pequena e frágil labareda, que mesmo apagada no segundo seguinte, ainda foi capaz de aquecer suas bochechas.
─ Ben… ─ O chamamento saiu por seus lábios um tanto trêmulos pelos resquícios de um choro entalado a retornarem, seus olhos marejaram em resposta ao conhecimento do sentimento que tomou seu amigo com o afastamento que acreditou ser o melhor. Aquilo fora um golpe que não esperou. Tinha alguma coisa errada. Algo ainda daria errado. Sua mente tornou a alertar, embora seu foco estivesse sobre as cicatrizes que criou no garoto que tanto amava como irmão.
Ambos se encaravam intensamente, a vendo deixar de apoiar-se a superfície amadeirada e caminhar vagarosamente em sua direção; o ruído de seus saltos contra a madeira a ecoar no interior do cômodo, mesmo que não pudesse entender o motivo da repentina presença da fada ali, parecia algo que o prendia ao chão amadeirado de seu próprio dormitório, quase como um feitiço lançado sobre si (novamente), isso era algo que por sinal, sequer notara; não parecia estar sobre nenhum controle naquele instante talvez por, no momento seguinte, relembrar em contá-la sobre a mudança de planos ocorrida de “última hora”. Ao pressentir as próximas palavras, assemelhadas com aquelas excessivamente doces que apenas eram direcionadas a Mal durante o decorrer do feitiço e após o maldito jogo, cujas lembranças esgueiravam-se sobre a mente da fada marcadas por péssimas sensações provindas do restante de dignidade que ainda portava, Faye o interrompeu apesar de sua voz trêmula sequer ter ressoando ao ambiente, tocando seus braços com maior força, o suficiente para fazer sua pele formigar em resposta. ─ Espere! Eu sei que é a pior hora possível mas eu preciso, realmente preciso me livrar disso agora.
Fayrie por um momento, permitiu com que seus dedos ao entorno do braço do amigo, pudessem se fechar com uma leve intensidade excessiva, Ben denotou o aumento do brilho sob suas íris azuis vibrantes entristecidas, que embora lindamente postas em evidência graças às lágrimas que aos poucos as inundava tal qual a respiração pesada da mesma passou a emitir ruídos mínimos, sinalizavam como uma sutil pista que o que sairia por seus lábios naqueles minutos roubados que obtinham próximo um ao outro era doloroso para ela, apenas dedicando-se a escutá-la, mesmo que o laço do feitiço existisse e o quase obrigasse a se entregar ao ímpeto de ir ao encontro de Uma, havia algo maior entre Faye e Ben, a percebeu sorrir de uma maneira bonita após engolir em seco e fungar devido ao choro, erguendo sua cabeça abaixada ao cravar seu olhar sob as íris esverdeadas do amigo, mesmo aparentando a dor por detrás de suas feições sempre ternas e esperançosas. Fizera aquilo para transparecer o quanto adorava o ver ali, próximo, o quanto sua presença era necessária para a fada..
─ Eu sinto muito…e-eu machuquei você ao me afastar quando mais precisou de mim ao seu lado, tenho minhas justificativas, mas nada vai mudar o fato de que não fui corajosa o suficiente para olhar pra você e dizer tudo o que eu queria ao invés de apenas chorar por não saber lidar e mesmo as tendo, eu sequer tentei falar sobre elas com você, eu sinto muito por não ser forte o suficiente para estar aqui…e por te ferir sem que eu pudesse perceber o que estava fazendo. ─ Pediu, desviando suas íris bonitas em direção ao piso, inspirando de forma profunda, embora falha ao final de suas palavras para recuperar o mínimo de calma em meio a seus sentimentos, beirando a um oscilar claro pelas ondulações em seu tom, o garoto um tanto aturdido pelas palavras que jamais imaginaria escutar da fada a sua frente, sentiu seu próprio coração palpitar em seu peito, pendendo a bondade que portara desde seu nascimento, como no dia em que a viu ser punida por apenas uma atitude acidental. Cogitando repetir as exatas mesmas ações realizadas por si para a consolar; encarando ao rosto de Fayrie enquanto por repetidas vezes afirmava que tudo iria ficar bem, os dedos livres da fada, que não o prendiam próximo se intensificaram num aperto firme ao tecido fluído. ─ Eu me isolei, eu juro que não queria mas eu sempre faço a mesma coisa, me separar, isolar e esperar que tudo suma magicamente sem que eu tenha que sentir nada. Não é por não confiar, Ben. Porque eu confiaria a minha vida nas suas mãos…como eu disse na carta… ─ Um risinho harmônico abandonou seus lábios cintilantes pelo brilho rosado em meio as confusas emoções que habitavam seu coração bondoso, Faye alçou ambas as mãos de Ben entre as suas, desejando transmitir os sentimentos ocultados em sua mente por completo. ─ Você é meu irmãozinho de outra mãe, o que eu escolhi amar como um. Eu apenas não consegui, me desculpe. ─ O desabafo da amiga o havia deixado um tanto perplexo, mergulhado em uma confusão nas quais os longos minutos que a rodearam aparentavam tomar o espaço tempo de horas intermináveis. Seus lábios se moveram, um ofego desesperado escapou por eles, algo estava mudando em seu âmago, a linha tênue do feitiço dissolvendo-se ao ser sobreposta pela magia pura; ─ Me perdoe Bennyboo.
O desespero por revelar seus próprios dizeres o tomou. Em um instinto pouco controlado. ─ Fadinha, eu também sinto muito. ─ Proferiu, e pode ver algo positivo nascer sobre as íris claras e seu encarar contínuo ao fundo de seus olhos, uma surpresa e satisfação contidas pela emoção que a fez conter um soluço choroso, embora tenha tornado a quantidade de lágrimas sobre seus olhos ainda maior, acentuando ao brilho que assemelhava suas íris as águas de Auradon. ─ Deveria ter respeitado seu tempo quando precisou depois de tudo, ao invés de apenas buscar o que eu acreditava ser justo…por raiva desordenada. ─ Algo diferente era sentido pelo garoto a envolver sua mente, uma quase necessidade em revelar aquilo que prendia as palavras em sua garganta, o impedindo de agir com completa veracidade…perante si mesmo; não apenas ao se dirigir a Faye, o peso da responsabilidade estava obscurecendo a seus atos, vislumbrou o leve arregalar de olhos da fada, seus lábios tingidos tornando a moverem-se embora nenhum fonema dali escapasse. ─ Eu também senti culpa, se…s-se eu tivesse conversado com a Audrey antes ou você não tivesse ido naquele dia, talvez…a raiva dela não teria caído sobre você a ponto de levar o Chad a contar aquilo para a Fada Madrinha.
─Eu..
Um curto silêncio pairou sob o ambiente, antes que a leve risadinha de Fayrie, transbordante em sinceridade tornasse a soar, o deixando no estranhamento ao alcançar sua audição, não antes que o clássico sorriso de satisfação que sempre adorava ver ao rosto da irmã atingisse a seus olhos belos; ─ O feitiço…Ben! Eu consegui repelir o maldito feitiço! Você não está obcecado nela! ─ Em um ato impensado, mesmo que ainda absorto sob a confusão que tomou sua mente após as palavras da amiga, uma lacuna considerável estava presente em suas memórias mas aquilo não impedira de bons sentimentos em se manifestarem sob sua consciência liberta, seus braços a envolveram em um inesperado abraço caloroso a escutando sussurrar baixo, como se estivesse prestes revelar um segredo exclusivo; ─ Eu prometi, não é? E eu sempre…
─ Cumpro o que prometo. ─ Ben completou, ao notar que Faye gargalhou em resposta um sorriso renasceu em seus lábios, a erguendo em seus braços ao invés de permanecer inclinado sobre seu corpo, embora seus saltos fossem altos de maneira considerável, a altura da fada não conseguia equiparar-se a do Rei.
─ Vou fazer uma outra promessa; vamos resolver tudo assim que possível, conversar de verdade sobre o que aconteceu e esclarecermos nossos sentimentos, me cansei de escondê-los por medo…mas antes… ─ Sua voz doce fora inundada por uma determinação que fez um delinear levemente sarcástico nascer em seu rosto, um vislumbre da obstinação secreta que a tomou naquele instante, uma corrente prateada de pingente gêmeo ao seu pendeu a sua mão que ergueu-se em direção ao amigo, cuja mente temporariamente liberta o obrigou a atar sua completa atenção as palavras escapantes pelo tom doce de sua irmã. O plano criado com agilidade em sua cabeça tornara a ser averiguado em sua mente por segundos, antes que pudesse tornar a encará-lo. ─ Temos um feitiço para reverter e “Uma” bela questão a resolver.
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𝔒 nervosismo se espalhara com agilidade por seus sentires, o baile dedicado inteiramente à ela se tornara um evento inevitável; os dedos trêmulos de Mal tocaram as rendas azuladas anexadas ao tecido amarelo de seu traje, alisando-os pela incontável vez, as cores escolhidas não lhe agradavam por inteiro, preferiria utilizar as suas habitais que ornariam com maior concordância em seus cabelos arroxeados tingidos por Dizzy caso houvesse a chance de escolha, foi a vez de seus dedos tocarem-nos em sua trança bem feita pela fada que tanto havia se apegado em sua estadia em Auradon, seus desentendimentos com ela haviam sido sanados e isso lhe trouxera um alívio gentil em seu coração atribulado pelo aproximar do evento e grandes acontecimentos dos últimos dias, uma pequena falta de seu livro de feitiços fez-se presente algumas palavras ditas pela amiga haviam se cravado em seus pensamentos pelos últimos instantes nos quais não estaria posta em completa evidência; Faye havia saído de seu dormitório conjunto com Evie e não houvera retornado a localidade, embora estivesse afirmado que o faria, pensou que a fada poderia tê-la acompanhado e desejou por um momento que estivesse. Era uma exímia consoladora em momentos de extrema tensão. A limusine que a levava parou, indicando o chegar no evento.
Antes que seus dedos pudessem alçar ao que lhe concederia passagem para a saída do automóvel após um suspiro trêmulo abandonar seus lábios tingidos, a porta do veículo escuro se abriu sozinha, revelando o rosto feminino de traços únicos; Faye estava ali, a estendendo sua mão para que a pudesse alcançar e a auxiliar a sair, uma tensão oculta preenchia seu rosto bonito mesmo que um sorriso leve estivesse pairando por traços, buscando a acalmar, a mão de Mal pousou sobre a sua, a oferecendo uma valiosa ajuda ao sair.
Um desejo fora feito e a atraído ardentemente até ali.
Por tal motivo, a estrela se delineou em seu pulso e desvaneceu com incrível rapidez, não tendo permitido o vislumbre da anfitriã do evento sobre a pele fina, ao invés de afastar suas mãos, Faye as entrelaçou, seus dedos unidos aos da garota em sua frente com grande intensidade enquanto pequenas lágrimas eram convertidas em risadinhas anasaladas, ao olhar com um orgulho transparecido para Mal e a girar levemente ao entorno do próprio corpo, nem mesmo os flashes de luminosidade intensos em seu arredores, disparados pelos inúmeros fotógrafos, as incomodou. Pondo-se ao lado da princesa, flexionou um de seus braços para que a dita cuja pudesse entrelaçar o seu ali e a permitir ser aquilo que houvera desejado, Mal sorriu com o ato e o correspondeu ao exercer uma falha reverência, dado ao fato de que a fada pôs seu braço oposto contra suas costas e endureceu sua postura ereta, sinalizando algo ao mover seus lábios com uma pequena fagulha de brincadeira a dançar por sua íris azuis, em conjunto a piscadela atrevida; “O amor verdadeiro sempre ganha, não?”
─ Mal. ─ A chamou em meio aos sorrisos que deveriam exercer perante as câmeras, a puxando com leveza em sua direção ao sussurrar suas seguintes palavras em seu ouvido, pontuando cada uma de suas palavras com eloquência, seus olhos azuis reafirmando a veracidade inegável em suas palavras. ─ Não se esqueça disso, tudo bem? ─ A citada, embora desconfiada com seus dizeres, assentiu com sua cabeça.
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𝔒s olhos azuis de Fayrie, transbordantes em aprovação sob as belas íris que portavam, observaram com deslumbramento às luzes circulares pendendo na decoração repleta por detalhes azuis e amarelados; com requintes de dourado remetentes a realeza, que ali estavam reunidos naquela noite em prol de celebrar o amor, seu rosto erguido ao vislumbrar a luminosidade refletida por todo seu corpo, banhando-o por inteiro ao situar cada detalhe destacável em seus trajes formais, desde ao brilho em suas joias até o oscilante portado por suas asas e pelo tecido de seu vestido, os dedos da fada erguiam-o aos tornozelos, descendo as escadas de mármore com delicadeza e elegância como lhe fora instruída, o toque de seus saltos contra o carpete grosso de tonalidade azul-escura impedia o sons que poderiam ser extraídos, um sorriso singelo e a ternura em seus olhos, beirando a uma inocente agradabilidade ao citar de um pensamento em sua mente, a gentil associação das lanternas as estrelas que tanto adorava admirar por toda noite ou ao menos até adormecer, ao sentar-se em frente a longa janela de seu dormitório e observar os astros em seu auge enquanto atava sua atenção a canção da mãe, que ecoava como uma lembrança calorosa em seu peito. Logo, passou a observar o belo céu estrelado com o qual eram presenteados por aquela noite especial, ao final das escadarias.
Se virou brevemente, parada em frente ao grande espaço antes às suas costas, contemplando-o em um devaneio rápido aos detalhes que poderia capturar mas logo tornou a passear seus olhos pelos muitos convidados ali, até denotar Carlos se movimentando para próximo de si e a proferir seu nome por algumas vezes, o lampejo de euforia que transmutou suas feições para algo pouco menos melancólico permaneceu a brilhar com intensidade, os dedos do garoto mais novo envolviam os de Jane que estava lindíssima em seu vestido azulado de saia em camadas bonitas e bem feitas presentes em todo o vestido, um laço rosa pink demarcava sua cintura e seus cabelos médios estavam ondulados sobre os ombros enquanto acompanhava o andar do Vk. Aquele pequeno gesto fez um sorriso presunçoso tomar seus lábios tingidos pelo gloss cintilante. Ao que se poderia ver, um novo laço de união visto por ela antes de sequer acontecer havia sido concretizado entre os dois. Faye era certeira em identificar romances.
─ Ah, oi! ─ Cumprimentou de maneira mais formal, em um aceno breve de suas mãos para apenas por fim, abraçar os ombros de Jane por vê-la iniciar ao ato carinhoso, expressando em poucas palavras o quão bonita encontrava-se a seus olhos, embora o orgulho transparecido sequer necessidade de quaisquer palavras. ─ Jane, você está linda! Sempre foi, na verdade, uma das garotas mais bonitas que já vi.
A garota insegura que havia se tornado pouco mais confiante com companhias de maior qualidade e incentivo, se viu envergonhada - na visão de Fayrie, eram de perfeita harmonia um ao outro. - o toque de Faye ainda jazia nos braços de Jane quando atou seu olhar terno ao De'vil, piscando discreta em sua direção ao movimentar sua boca em um mudo "Eu não te disse? Parabéns." que o fez corar e assentir em agradecimento, tornando a dialogar com garota que desferiu elogios igualmente valiosos em relação a sua beleza física em puro realce, a voz da filha da fada madrinha era melhor audível a seus ouvidos agora, a citada havia abandonado ao tom baixo e amedrontado em sua postura retraída, tal qual a fada havia se permitido ser sincera e transparente não apenas com outrem, mas consigo mesma. Suas longas asas permaneciam expostas às suas costas, cintilando intensamente ao ponto de que capturavam a luz em sua volta e os pequenos resquícios acidentalmente soltos a cada mínimo mover das mesmas pousassem sobre o tecido de sua saia, o primeiro passo para se libertar.
Após a curta, mas animada conversa, o casal tomou seu caminho para que Carlos pudesse ser corretamente apresentado para a mãe de sua agora namorada; para quem Faye entregou felicitações genuínas e as leves palmas para o pequeno fato de que a coragem havia sobreposto a timidez em ambos, embora parte de suas risadas escapadas estivessem ligadas às lembranças de que, ao ansiar pelo nascer do romance entre ambos, o De’vil houvera criado a sua pior penitência; Dude, despedindo-se em um abraço ao encontrar Loonie, firmou com agilidade a uma nova linha de conversação com a princesa, o par de garotas comemoraram com alegria a vitória da citada perante as falsas regras em sua utilização indevida, cujo desfrutador não estava presente e não fora citado com fervor durante o diálogo.
A presença do belo no entanto, inconveniente loiro sequer houvera sido questionada pela fada, demasiadamente ocupada em usufruir do evento e a breve atmosfera festiva que pairava sob os convidados, cujas vozes baixas, risadas simples e gritos limitados formavam burburinhos indistinguíveis que foram dispersos pelo iniciar das diversas melodias e músicas escolhidas em um volume confortável. Fora a vez do casal de lutadores afastarem-se de sua pessoa, a permitindo estar em sua harmoniosa solitude ao se aproximar da área na qual poderia vislumbrar os mares em suas águas límpidas por seus olhos semelhantes, inclinando seu corpo sobre as barras de proteção, sequer puderam atar-se a elas, dado o desviar imediato para o localidade longínqua, a ilha obscurecida e sem a presença ativa das nuvens tempestuosas que costumavam pairar sobre a terra devastada, apoiou-se levemente contra as barras de metal, os dedos de Faye apertaram ao corrimão dentre eles ao resgatar os conflitos ativos a horas atrás em suas lembranças confusas, um vinco duvidoso ressurgindo entre suas sobrancelhas em reação a curiosidade; como as nuvens haviam partido?....
Bem, o príncipio do formigar reconhecível da magia sob suas veias fora o que desviou sua atenção, roubara cada resquício do ar de seus pulmões e fizera suas íris acenderem em pura combustão, estas que passearam ao colar pendendo a seu pulso; o pingente emanara seu clássico brilho azulado, as borboletas cintilando em seu interior a uma intensidade anormal. Era o sinal que necessitava.
A fada inspirou o mais profundamente que pôde ao esconder a única evidência física de seu esforço ao manter o encantamento firme por debaixo de suas pálpebras fechadas, afinal suas asas eram de uma certa normalidade; usufruindo da brisa fresca e leve a atingir seu rosto bonito para acalmar as movimentações inconsistentes de seu ser, como o bater ágil demais para o comum de seu coração, guiadas por seu nervosismo exacerbado ou o nublar de sua feição pelas leves pontadas em suas têmporas. A movimentação a suas costas poderia ser sentida sem que pudesse se direcionar aos espectadores da amiga, sua magia estava ativa, vibrando, a chamando e atraindo com sutileza, era de suma dificuldade confiar que não terminaria a se descontrolar, sua inexperiência em lidar com algo que sempre lhe pertenceu soava como uma vergonhosa ironia perante ao resquício de perfeccionismo e cobrança em sua mente, mas a trazia a motivação necessária para modificar o rumo os eventos emergentes para que logo pudesse acessar e estabilizar ao poder era seu por direito de nascença em momentos calmos, não apenas instintivos ou atribulados - por pura e espontânea pressão interna ou externa de seus sentimentos ao limite. - acima de quaisquer decisões alheias, havia selado a promessa à mãe que iria acatar sua ajuda para suas projeções e seria instruída pela fada mais velha quando possível, ela nunca quebraria uma promessa feita, sobretudo para a Fada Azul, é claro. Faye desejara naquele instante, onde seus olhos estavam fechados, seu foco em sua respiração e seus ouvidos alheios aos ruídos a seu redor, que pudesse conhecer o que melhor poderia ser, que sua força recém-descoberta e obstinação pudessem ser suficientes.
O símbolo de uma estrela de múltiplas pontas delineou-se claramente em seu pulso, cintilando em esbranquiçado. Um pequeno sinal da ajuda oferecida por sua mãe para ter um maior controle de sua magia e a permitir a acessar com facilidade. Um sorriso terno ressurgiu em seus lábios e sem desejar, sua face readquiriu um ar emocionado, era como um lembrete de que nunca estaria sozinha, seu polegar passeou sobre a pele em um carinho visível.
Confiar e manter a ligação com Ben era sua única opção, suas mãos desprenderam-se do aperto ocasionado pela insegurança latente em seu âmago em um sinal de descrença em seus pensamentos negativos e, através do reflexo das barras de proteção e seu encarar fixo, pôde ver o lento dissipar da intensidade no tom de seus olhos após atar sua atenção a própria vontade e exercer um certo esforço - a sutil pressão em suas têmporas indicava-o. - retornando ao habitual; somente após perceber uma discrição no uso de sua magia, se direcionou com certa pressa para poder vislumbrar a entrada de Mal no salão junto aos diversos convidados, seus passos foram parados ao estar a uma agradável visão privilegiada dos eventos. Poderia a ver com clareza descer cada um dos degraus e aquilo a fez sorrir sem desejar, alegrando-se genuinamente com a amiga, os olhos esverdeados cravaram-se aos dela e fora correspondida com um sutil acenar de sua cabeça. Dizer que estava apenas bonita era um errôneo engano.
Ao pressentir um olhar sobre si enquanto batia palmas eufóricas juntamente aos outros, seus olhos claros se desviaram por segundos para Bela, a antiga Rainha lhe observara por poucos instantes, o suficiente para vislumbrar o orgulho sob suas íris assemelhadas às do filho, certamente contente por vislumbrar seu presente ser utilizado com zelo pela fada, poderia perceber aqueles bons e agradáveis sentires atingirem os seus.
Bem, realmente poderia.
As trombetas ressoaram pela segunda vez após Evie conduzir Mal para junto dos amigos, em busca de tornar seu nervosismo diminuto, mesmo que futura Lady alegasse que a desconfortável sensação a faria vomitar em qualquer instante, isso retirou uma risada profunda e sincera de Faye e o restante do grupo. Era a vez de Ben adentrar o evento…as íris do casal puderam estar em contato a feição reconhecida um do outro conforme o Rei descia os lances de escada - os presentes se curvaram em resposta a presença, como uma saudação a Benjamim. - e um sorriso simples, de fundo aliviado surgiu nos lábios de Mal. Fayrie apenas manteve um contato visual fixo em ambos conforme a proximidade entre os dois tornava-se nula, apertando ao cristal a cintilar entre seus dedos com intensidade, seria ali uma mera espectadora do desenrolar daquela modificada reencenação do antigo conto de fadas de origem interligada a de Uma, aguardando por seu momento de ação; A Pequena Sereia, com seu olhar apurado a pairar sobre todos como uma mera figurante ou leitora voraz, como quando releu seu exemplar do livro horas antes das festividades, era como um princípio de um pressentimento a alertá-la sobre o que viria a acontecer. Com a ressalva de que ela e Ben tinham consciência do roteiro criado ali, somente precisavam conduzir a situação até o limite daquela trajetória.
─ Mal, eu queria ter tempo para explicar… ─ Iniciou, a dúvida sob os ares, presente em cada um dos que ali estavam sequer pôde se converter em tensão durante o período em que a explicação que necessitavam para suas dúvidas descesse as belas escadas do local, o ruído de seus sapatos contra os degraus ecoando em meio ao silêncio denso que pairou ali, logo, burburinhos indistinguíveis passaram a conduzir-se como o único som em meio ao choque.
Uma. Um lindo vestido de gala no modelo Sereia - muito irônico, por sinal. - delineava seu corpo e era agradável aos olhos perante o tom de sua pele escura, os múltiplos tons de azulado inclinado ao esverdeado e aplicações eram de grande beleza e concordância ao estilo da pirata remetendo aos mares em sua maior profundidade, as tranças de tonalidade assemelhada ao restante presas em um coque alto enquanto um sorriso quase vitorioso delineara seus lábios com o ato cavalheiro de Ben em beijar o anel dado pelo mesmo em suas mãos. Por um instante, os olhos esverdeados de Ben cruzaram os seus, um sutil sinal de inquietação junto ao engolir em seco que repeliu ao desviar-se de seu contato visual com rapidez. Algo que passou despercebido pela quantidade considerável de pessoas em seu redor.
Era uma tentativa de não iniciar seu ato corriqueiro em rir perante ao desespero.
─ Desculpa, é que aconteceu tão depressa… ─ Apesar de suas palavras retratarem uma atuação convincente em uma inclinação invejável para uma mentira disfarçada, Fayrie o conhecia em sua postura corporal, denotando ao aperto firme exercido no interior de uma de suas mãos. ─ Algo aconteceu comigo quando eu estava na Ilha e estava com ela. Uma conexão.
E a encarou a transbordar a frágil paixão do feitiço por seu olhar afetuoso, dada a tentativa de Faye em não o permitir ceder ao aparente sofrimento de sua namorada incrédula e de olhos lacrimejantes ao encarar o falso casal; acrescido em seu brilho sofrido ao reparar em seu anel de compromisso sobre a posse da pirata, afrouxou o controle de sua empatia, uma atitude certamente arriscada perante ao nervosismo que a acometia porém, se o intuito de usufruir de seus poderes seria abandonar a seu confortável desconhecimento em manipular o vínculo criado, ela o faria em seu nome. Aquilo era um empurrão para que Ben pudesse ganhar a confiança necessária para desatar o laço do feitiço e pudesse agir como um bom ator, encenando um amor inexistente que embora pudesse existir por meio da magia, não havia o que fizesse suas íris brilharem tanto quanto encarar a sua verdadeira princesa.
Como quando Mal o fez com a ressalva de que nunca houvera fingido. Ele a amava por todo coração, Fayrie sorriu em resposta a esse pensamento que invadiu sua mente ao discernir o forte sentimento que predominava no âmago de Benjamim ao encarar sua garota. Era uma sensação cálida, brilhante e sincera. Era incrível poder discernir a forma de cada sentir humano.
─ O quê tá dizendo?! ─ A citada desferiu, mergulhada em confusão, em um passo à frente que se passava por uma tentativa em crer no irreal que era exposto em seu campo de visão deturpado pelas lágrimas.
─ Eu tô dizendo… ─ Deixou com que seus sentimentos por Uma pudessem ser novamente colocados em segundo plano e com isso, a frase cujas palavras iriam declarar seu amor fora interrompida, incapaz de proferir tamanha afirmação lastimável, Faye estava prestes a deixar que pudessem ocupar seu coração por uma segunda vez, mas Uma foi mais rápida em manifestar-se, com uma maior proximidade de Ben.
─ Que foi amor! ─ A pirata disparou, retirando uma risadinha disfarçada de Faye, que desprendeu-se de suas feições concentradas e atentas a cada movimento que acontecia perante seus olhos azuis. Mentirosa. ─ Eu…eu percebi que o Ben e eu, temos uma conexão.
A fada pôde sentir Evie a encarar com seus olhos mel a questionando silenciosamente sobre a veracidade da fala, reconhecendo a seus dons em identificar enganações como ninguém jamais o faria, não poderia a revelar ali, isso a obrigou a morder seu lábio inferior com certa intensidade. Um deslize e tudo seria perdido, portanto, Faye fingiu não o perceber ao olhar para o desespero emanado por Mal após a constatação de que tudo parecia genuíno demais para ser apenas um pesadelo manipulado sobre seus piores temores, a pergunta que mais era requisitada sendo manifestada por sua voz trêmula, representando a que restara em todos os presentes; ─ Ben…você voltou pra buscar ela?
─ Ele não teve que voltar…eu mergulhei na barreira antes que ela fechasse e…eu nado muito bem, então…que bom!─ A risada alta do casal ecoou, uma mentira tão deslavada era incapaz de ser compreendida com sinceridade, a vergonha pela atitude depravada da pirata a fazia desejar o surgimento de um buraco abaixo de seus pés. ─ Escuta Mal, eu só queria agradecer por tudo. Obrigada, muito obrigada.
O silêncio de Mal recaiu em espera a resposta, suas mãos eram envolvidas pelos dedos de Uma com um falso toque reconfortante, mas a agitação dos convidados ainda produzia um ruído audível, uma pequena brecha proveitosa para que seus pés pudessem se mover sobre o piso amadeirado. Fayrie se guiou com cuidado para uma maior proximidade de Jane ao segurar as camadas de tecido fluído entre seus dedos delicados, a principal organizadora do evento e primogênita da Fada Madrinha a encarou sobre seus ombros e as íris azuis de ambas se corresponderam em entendimento, Jane, em um ímpeto decisivo, acenou com sua cabeça disposta se distanciar para a direção oposta na qual toda confusão havia se concentrado, pois já parecia saber do que o assunto que Faye se tratava antes que a citada pudesse lhe revelar, raros indícios da magia da mãe em seu sangue. Envolvendo seus dedos ao redor de seu braço com certo cuidado, um sussurro da fada em seus ouvidos de como seus atos deveriam proceder sem trazer seu verdadeiro conhecimento à tona, apenas para reforçar sua solicitação; ─ Jane…mostre o vitral.
Não suportaria mais aguardar inerte, pensou ao vê-la caminhar com delicadeza na direção de Lumière, um dos funcionários do evento, ele a viu, recordando-se da pequena fadinha levada que vira crescer em união a Ben naquele castelo, a lembrança marcante de seus olhos azuis vibrantes a observar os arredores com empolgação e a agradecer cada funcionário que lhe dera algo. A fada direcionou seus olhos à Uma após acompanhar a saída de Jane e efetuar uma leve reverência para o antigo candelabro em sinal de respeito, encarando ao fundo das íris castanhas que se fixaram ao âmago das suas, sua face composta por uma felicidade frágil desvanecia em dúvida, o sutil nascer de um nervosismo a fez engolir em seco com o arrepio cravado em seu ossos, uma sensação inebriante tomar-lhe os sentidos enquanto denotara ao cintilar discreto em seus olhos únicos que baixaram-se ao piso amadeirado debaixo de seus pés ao suspirar, franzindo o cenho pela relutância e incerteza que inundaram seu coração.
Estava repetindo ao que realizou com Mal no dia em que a viu à beira de um surto devido ao estresse no dormitório dos meninos, invadindo ao profundo e complexo pensar da pirata em uma busca desesperada de entender suas ações; com a amiga havia sido algo acidental, mas com a garota à sua frente houvera sido por sua própria vontade inconsciente em compreender sua psique.
─ Não pode fazer isso, Uma. Irá ter consequências graves, para os dois lados mas principalmente sobre a Ilha dos Perdidos, por favor. ─ Faye proferiu em um ar de súplica, franzindo o cenho ao refletir sobre seus próprios dizeres, um suspiro cansado escapou-lhe ao segurar seu vestido, alguns passos foram extinguidos na distância que se interpunha entre a fada e a capitã, cujos olhos incrédulos pareciam desconexos e desacreditados com o que via, suas mãos tremularam em tocá-la mas entregaram-se a desistência ao denotar sua postura hostil. ─ Pense neles.
Tornou a prender seus olhos marejados sobre a jovem de idade assemelhada a sua, a percepção de que seu desejo era apenas a liberdade, apesar dos pesares, lhe doía verdadeiramente o coração. Inclusive em sua conversa com Ben, havia sido citado que talvez o mais prudente por meio infeliz, seria a guiar novamente a Ilha assim que a pudessem deter caso não houvesse arrependimento, o que visando o enorme orgulho portado pela pirata era algo inconcebível. Nunca se sentira tão enojada por estar cogitando o mesmo, sequer parecia haver outra saída, talvez o melhor para ela própria afinal, a única maneira sugerida para sua pessoa perante as autoridades do conselho real seria a prisão, ainda com sua presença nas terras de Auradon. A esperança, em um pequeno ponto luminoso em sua consciência, veio como uma agradável chance ao vê-la apertar o tecido leve de seu vestido dentre seus dedos, porém se esvaiu em mesma intensidade, conforme o orgulho e ânsia por vingança de Uma sobrepôs a sua racionalidade e afeto por seus companheiros, um ódio mórbido o tomou por completo em seus aspectos e expressões.
─ Não pensaram nas consequências quando prenderam todos lá. ─ A voz de Uma ressoou com mágoa e ira, suas palavras tornaram-se acentuadas na hostilidade conforme seus olhos prendiam-se a fada de olhar beirado ao suplicante diante de si, uma nova informação descoberta mostrou ser vital para o permanecer do desgosto sentido por ela em relação a Faye. ─ Quando a sua mãe prendeu todos lá! Ela é a culpada por tudo!
─ Eu sinto muito. ─ Iniciou com seu timbre baixo e doce a sobressair o tremor em sua voz, vislumbrando a confusão no rosto da pirata se intensificar, aturdida pelas palavras escutadas, Uma sussurrou algo inaudível. Nunca aquela fala poderia ser dita e direcionada a sua pessoa. Ela era uma vilã, estava cravado em seu destino que seria a precursora de atos ruins, a maldade estava em seu sangue, fora forjada por e para ela, era o que se apegara a acreditar para sobreviver, não necessitava da piedade alheia ou da empatia refletida pelos olhos da fada. ─ …Por não poder permitir que isso aconteça.
Faye somente conseguira distinguir a pena em seus próprios sentires, vislumbrando-se a exata posição na qual se encontrava no dia da coroação de Ben; como uma mera espectadora de pouca importância, nunca poderia interferir nas decisões acerca da tão sonhada liberdade dos jovens inocentes da Ilha, era impotente, uma mera fada que sequer poderia pensar para além do que deveria ser, uma fiel súdita cuja lealdade pertencia aos reis. Convencer Uma a não realizar os feitos que planejou após sua saída da localidade deplorável era inconcebível, diferentemente da primeira geração de Vk’s, os motivos pelos quais ela havia criado a todo aquele teatro de paixão ainda residiam a terra devastada para além da barreira. E com tal motivação em mente…a ligação solidificada, embora tênue entre ambas desatou como um simples nó frouxo, sendo desvanecida da mente da pirata com uma incrível discrição dado o fato de que ao retornar a si, desviando seu rosto repleto por uma confusão desagradável, sua maior preocupação fora guiar seu suposto príncipe para uma dança romântica. Sob o viés dos atos aparentemente acrescidos pela paixão, estava a necessidade em validar sua história. O que seria mais comprobatório do que uma valsa que deveria pertencer a sua inimiga?
Naquele instante, no qual o recém-casal rodopiava pela pista em uma valsa visualmente desagradável para qualquer um que portava mais do que dois neurônios ativos, a imagem de Audrey visitou o subconsciente empático de Faye, ao enlaçar seus dedos contra os de Bertha; um aperto firme em uma busca rasa de conforto e logo, seu polegar acariciou a pele pálida de sua amiga, aquecendo a baixa temperatura portada por sua mãos pelo nervosismo. Audrey não havia portado tal “sorte” em ter o apoio de alguém que lhe confortasse após os incidentes que sucederam o feitiço do cookie e, embora Faye pudesse o ter feito, de acordo à suas vontades, ela sabia que seria errôneo tentar. A princesa a odiou, odiava e permaneceria a odiar por alguma desconhecida motivação - talvez, não tão oculta… - após os anos de intimidação sofridos por seu coração bom, Fayrie recusara-se a tornar procurar um resquício que pudesse da aprovação e bondade que poderia ser direcionada a ela pela ex namorada de Ben para além da evidenciada falta em seus atos. Na verdade, acreditara que suas tentativas revelariam a versão de Audrey que havia incitado Chad a relatar sua experiência negativa em ser ameaçado pela fada com maior agilidade.
─ Me arrependo tanto de ter arriscado a minha vida por ele…
Pôde escutar Carlos dizer ao estar próximo de sua amiga, uma raiva palpável e transbordante de sua voz fez Faye engolir em seco enquanto seus olhos ainda acompanhavam em torturante necessidade a dança do suposto casal em meio ao salão, estes transitaram para os quatro, transparecendo algo demasiadamente específico em suas feições desconfortáveis, a beirar uma vontade em revelar algo, os fez perceber que a fada poderia ter um conhecimento que não obtinham, ao menos Evie, Carlos e Jay, que corresponderam seu olhar com expressões encobertas pela dúvida, as mãos de Faye se uniram em frente ao corpo, engolindo em seco e abrigando seus dedos com nervosismo ao quebrar o contato visual que o trio exercia sobre suas íris. Ela assentiu, como se pudesse ler as entrelinhas em seus atos.
─ Só confiem, e se lembrem como tudo começou. ─ Sussurrou em tom distinto e calmo, tornando a prender sua visão sobre o centro do evento, os quatro haviam cogitado sua saída porém, com as palavras de Faye os fazendo atentar-se a questionamentos relacionados à situação.
Porém, o encerramento da valsa do casal não fora concretizado; um silêncio abrupto permeou todo o espaço assim que as últimas palavras daquela frase escaparam por seus lábios tingidos pelo rosado. As trombetas ressonantes sobre a audição de todos a capturar suas atenções, sobrepondo a melodia harmônica e bonita que orquestravam os passos da dança formal, aqueles que encontravam-se mergulhados em seu torpor despertaram de sua incredulidade com suas visões voltadas ao presente coberto pelo tecido dado por Ben para sua futura Lady. Um sorriso terno renasceu nas feições de Faye apesar do pensamento que lhe passou a mente, ser o de que poderia tê-lo auxiliado em sua escolha se não estivesse acuada pelos próprios pesares. Não faria aquilo novamente. Nem permitiria que o destino a empurrasse para a beira de retornar em sua versão introspectiva e enlaçada ao receio de ver-se a desagradar alguém. Uma promessa…para si mesma, daquela vez.
─ E agora, descortinaremos a obra-prima de Rei Ben, criada especialmente para sua Lady. ─ Lumière proferiu com formalidade embora um resquício oculto de presunção em seu tom, o sorriso de Fayrie apenas se alargou a cada ruído de surpresa palpável pelos convidados quando o tecido fora baixado ao chão.
O vitral brilhou em seus reflexos multicoloridos conforme o atingir da luz natural e artificial em seus fragmentos, ressaltando aos tons esverdeados vibrantes nos olhos da imagem divina de Mal; retratada com vestimentas da realeza, arroxeadas e detalhadas a representar o princípio de seu relacionamento, quando a conhecera, seus cabelos eram roxos beirados ao violeta, contrários aos platinados de pontas chamuscadas pelo lilás com os quais procurava mascarar suas origens e uma coroa dourada se punha sobre eles, a representar seu promissor futuro como a rainha de Auradon, a única capaz de exercer tal papel, a junção dos elementos marcantes e paletas de cores de sua persona original a não realizar o péssimo hábito de quebrar a si mesma pela aprovação alheia, era uma declaração sutil de que a amaria em sua essência mais pura, a amou e amaria como a conheceu por toda sua vida; estar ajoelhado em sua representação, segurando suas mãos representava sua clemência e homenagem para sua paixão.
Via o verde de seus olhos como a liberdade e esperança, o roxo de sua magia era aceito e amado por ele incondicionalmente e admirava com devoção sua astúcia e inteligência, sua força para resistir pelo que acreditava, mesmo que aquilo estivesse os separado, pela crença de que sua atitude traria o melhor para seu amado. Aquela parte da celebração era desconhecida por completo por Mal, que sentira algo novo despontar em seu coração. Benjamim olhou para a obra que encomendou em homenagem e um sorriso sincero foi rápido em capturar seus lábios, levando-a a encarar seu rosto pelo súbito despontar da paixão e amor que fora sentido a uma intensidade anormal em seu coração. Então aquilo era o amor romântico, um sentimento puro, cálido e que arrepiou a cada pequeno centímetro de sua cerne conforme sua empatia o tocou.
Era lindo. Divino. O grupo passou a dialogar entre eles, o entendimento os atingindo conforme as palavras de Faye se repetiam.
─ Manda cobrir aquilo! ─ A voz enfurecida de Uma fora o que predominou ao ambiente em meio a sua emoção, a raiva em combustão em seus sentires estava a tomando, derrubando sua postura amável e gentil, expondo sua verdadeira natureza impaciente. O pânico tomou suas feições quando os olhos esverdeados de Ben foram presos sobre ela, os indícios de sua devoção cega devido ao feitiço não estavam ali; o frágil brilho em seu olhar que acreditou existir, já não jazia ali, a negação obscurecendo seus pensamentos, não poderia perder ali, de forma alguma.
Isso era o que pavimentaria seu declínio.
─ É claro que não! ─ Lumière argumentou com rigidez e uma risadinha partiu de Faye com seu timbre de censura, relembrando memórias de sua infância.
─ Ben… ─ Mal chamou com sutileza, atraindo a atenção do Rei de imediato e a magia de Faye tornou a reagir com discrição em Uma, não a permitindo invadir o momento crucial que se desenrolava perante a seus olhos por meio de uma momentânea vergonha que a tomou, os da futura rainha cintilavam em lágrimas que simbolizavam uma profunda emoção; os holofotes e as sombras soavam como um longínquo obstáculo, substituídas pelo brilho cristalino assemelhado ao portado pelas peças de vidro que formavam o belo vitral. ─ Eu nunca disse que te amava porque achei que não era boa o suficiente. E achava que era só questão de tempo até que pudesse perceber isso, mesmo com pessoas… ─ As íris esverdeadas de Maly pairaram sobre as azuladas de Fayrie, sendo recebidas com aquela clássica ternura que as adornava em complemento ao sorriso leve surgido em seus lábios, entendendo ao ponto que a fala de Fayrie lhe apresentara, era um feitiço. ─…especiais me dizendo o contrário. Eu sou parte Ilha e parte Auradon, você sempre soube quem éramos e podemos ser. Todos nós.
O pressentimento pulsou em seu ser como um velho conhecido, como quando Leah atreveu-se a lhe revelar informações desconhecidas por si por puro ego ferido, como quando Mal e seus companheiros pretendiam trazer a barreira ao chão, como quando o sumiço de Benjamim tornou-se nada mais do que um evento imutável, porém, havia uma grande diferença naquelas localidades do tempo. Ao realizar tais atos, sua consciência os vislumbrou como corretos e acordados, coisas que deveriam ter sido concretizadas de acordo aos acontecimentos, porém, daquela vez em específico, na qual sua presença no baile era o que mantinha o feitiço de Uma diminuto, sentia ao fundo de sua intuição que houvera errado em algum ponto e que os custos por suas ações poderia ser mais alto do que aparentavam em sua superficialidade. Quando suas percepções retornaram ao exterior de seus sentires confusos, o verdadeiro casal estava próximo, a encarar um ao outro com entendimento, em uma questão de curtos segundos, com a iniciativa e rapidez de Mal em racionar as palavras da fada, selaram seus lábios em um beijo delicado de amor, a linha tênue do feitiço rompeu-se como uma corda desgastada, esta que impedira Benjamim de agir com concordância a seus reais sentimentos que foram os que renasceram em sua consciência e mostraram-se necessários em serem expressados por sua voz, apesar das risadas escapadas serem inevitáveis ao escutar o que sempre desejou. ─ Eu sei o que é o amor agora, e eu amo você.
Uma pequena pausa foi o que restou, antes do tão esperado corresponder de Ben, atestando a ineficácia do feitiço. Fayrie vagou seus olhos azuis a proximidade da pirata com a relíquia da Fada Madrinha, segurada pelas mãos de sua dona encantada pelo desenrolar da história do casal, seus sentidos apurados alertando-a, implorou para que Uma não viesse a tornar sua situação intensamente repleta por complicações ainda pior; relutou em tornar a controlar seus sentires sabendo que isso quebraria um dos tabus de sua própria magia que segundo a mãe, deveria apenas direcionar a verdade, mas fora possível vislumbrar seu olhar repleto pelo ansiar de a ter em sua posse, uma chance perfeita para realizar o ato que separaria seu povo da verdadeira liberdade. “Não faça isso” um sussurro fraco atingira seus lábios sem que pudesse perceber, proferindo tais palavras com insegurança, os dedos de Faye apertaram ao colar em seu pulso dentre eles, marcando o contorno de suas unhas sob a pele de suas palmas e provendo uma distração a Ben, que pôde sentir o alerta da fada reverberar no par do acessório que lhe pertencia por algum tempo. O delinear da estrela desvaneceu sob sua pele após pulsar em pura luz, havia pedido por auxílio da mãe até o momento no qual o feitiço cederia e tudo poderia encaminhar-se a se resolver, era cedo demais para que o feitiço pudesse se apagar porém, Fayrie sequer notou, imersa em suas preocupações.
─ Mal, eu sempre amei você. Desde os meus sonhos.
─ Me dá isso aqui!
Antes que pudessem derreter-se perante a reconciliação do casal, o ato que tanto pediu para que não fosse exercido surgiu diante de suas íris transbordantes em desagrado e feição entristecida; Uma tentou tomar a varinha em mãos por meio da força, porém, um escudo provindo de sua magia fora construído com o simples apontar de suas mãos em um gesto guiado pelas poucas vezes que usufruiu daquele dom, em uma repetição do evento na coroação, sem importar-se com a proibição de seu uso, a pirata a olhou com desdém ao reconhecer os resquícios de magia que revidaram seu golpe no recente conflito acontecido. Os mesmos que a houveram atingido e a deixado sem fôlego em seu próprio território, a voz doce de Fayrie, com requintes de um claro desespero, fora o que predominou ao ambiente, antecedente ao apelo autoritário da Fada Madrinha, regida pela proteção de alguns homens responsáveis pela guarda de Auradon.
Os eventos ainda permaneciam a proceder com grandes erros.
─ Tirem-na daqui!
─ Uma, não! Para!
─ É igual a sua mãe, não é?! ─ Proferiu em um grito raivoso que a atingiu com intensidade, a delicada menção a mãe doía em seu âmago, obrigando-a a engolir em seco e a ceder seu poder ao se aproximar com lentidão, as íris acastanhadas que lhe mediam exalando o mais puro rancor, enquanto Uma recuava, guiando seus passos para a borda do navio.
─ Não! Eu não sou! ─ Faye respondeu com certa hesitação, seu olhar transitando momentaneamente ao pescoço dela, onde seu colar herdado pela mãe permanecia a cintilar com suavidade, considerar uma comparação sua a mãe como uma espécie de ofensa não lhe era viável; porém sim, a atitude da mulher em selar o destino de jovens como Uma ao deplorável estado no qual viviam na localidade criada por meio de sua magia havia sido errônea, a Fada Azul havia exercido uma iniciativa de grande gravidade, sem dúvidas, um erro no qual estava disposta a consertar embora dificultoso. ─ Uma…por favor, eu entendo a sua raiva, a desconte em mim se necessário, mas o local mais afetado por tudo isso será justamente a Ilha, todos vocês são muito mais do que apenas filhos de seus pais…não posso prometer nada, não posso prometer que tudo será revertido…mas isso não adiantará nada! ─ Tornou a argumentar, denotando um sutil fraquejar na postura da garota; um sinal negativo com sua cabeça enquanto seu corpo ainda movia-se a direção contrária, vislumbrando o mar de águas cristalinas a suas costas. ─ Eu não posso mentir para você, não posso dizer o que quer ouvir, mas eu sei que nada irá mudar. Não se isso continuar, se você fugir!…tem uma saída.
─ Sempre tem uma saída. ─ A voz de timbre aveludado em conjunto a reconhecível de Mal e a adorada de Ben a atraiu, desfazendo sua postura guiada pela ansiedade latente que a permeou, Evie tocou os ombros de Faye com sua destra e seus dedos foram entrelaçados aos dela, seu olhar afetuoso brilhou em ternura ao olhar para a feição da amiga acima de seus ombros assentindo em agradecimento, Faye se permitiu retornar o olhar a Uma, a jovem aparentou hesitação por mais uma vez em realizar o que pretendia, a magia em seu colar correspondia aos seus sentimentos oscilantes e conflitantes, pendendo a acreditar em Fayrie, seu orgulho sobrepunha aos sentires sinceros em seu coração. ─ Ou alguém que a mostre pra você… ─ Os segundos seguintes foram preenchidos por um silêncio denso, repleto pelo desconforto nítido da espera pela decisão, os olhares das garotas que um dia estiveram em lados opostos de uma luta injusta estavam cravados um sob o outro; entendimento e cautela era o que era sustentado pelo de Faye, relutância e incerteza dominava os de Uma manchado pela irritação em suas feições.
Os homens pertencentes a guarda de Auradon exerceram uma aproximação abrupta rumo a captura da pirata e isso retirou um sonoro protesto da fada, mas logo o ruído das águas sendo atingidas ressoou; Uma havia pulado dentre elas, selando sua verdadeira decisão em uma escolha fadada a alternativa com maior complicação, arruinando suas chances de auxiliar a pirata. Fayrie se direcionou com agilidade em direção a borda em união ao seu grupo, bradando com preocupação a nomenclatura daquela cujo conflito fora inevitável, a beira de tropeçar em seus próprios saltos altos além da longa saia de suas vestimentas.
Vislumbrou ao brilho expansivo que tomou a superfície do mar refletido em suas íris profundamente azuis vibrantes, procurando ao mínimo sinal da presença da pirata, ela se virou com rapidez ao observar os outros presente ali; um alarde a tomando pela proteção de todos, acelerando ao bater de seu coração, uma tempestade agitada formava-se nos mares tornando a exercer o violento movimentar do barco sobre eles, uma precipitação anormal surgiu revelando a herança deixada por Úrsula para sua primogênita, um dom dos mares.
Uma se transformou como sua mãe.
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ℭonseguira pressentir o aflorar súbito de seu próprios instintos a ameaça, cada parte mínima de seu corpo arrepiou-se por inteiro e suas asas expostas ergueram-se minimamente sobre sua cabeça, espalhando a sensação sobre sua pele e sentidos apurados como um prelúdio que a guiou a apenas desviar-se do golpe exercido por Uma sobre o barco, este que poderia fazer cair nas águas, não de maneira comum já que, “magicamente” seu próprio corpo havia apenas sumido de sua posição anterior e ressurgido a uma bela distância inumana para alguém comum em um período curtíssimo de tempo. Um sorriso de satisfação despontando em seus lábios em resposta. Era uma bela habilidade. Faye se sentira divina, maravilhada com a extensão de seu entendimento desconhecido sobre os próprios dons, uma mera linha tênue a separava de seu completo auge como aquela que nascera com uma bênção a pesar sobre si.
Aquele acesso a uma nova habilidade a fez alegrar-se em meio a preocupação, suas íris azuis retornando a normalidade com um sorriso sobre seus lábios, que desapareceu conforme os ruídos estrondosos provindos do conflito ao seu redor silenciaram-se de maneira abrupta a seus ouvidos, sentidos postos a um êxtase interessante, os gritos difundidos a um tilintar fraco e constante que a fez redirecionar seu olhar aturdido para um local estonteante no qual sua presença houvera sido requisitada, tal qual desconhecido; composto por cristais grossos e tão claros que o reflexo de si mesma encontrava-se delineado sobre eles em uma imagem lúcida de seu ser - suas asas expostas de fato, não a faziam estranhar apesar de estarem mais brilhantes do que o habitual, suas feições calmas ao denotar seus cabelos completamente livres emoldurando-as com exatidão em um constraste a tonalidade clara de suas íris e trajes simples, um tanto destoante de sua lembrança anterior que, apesar de vagar sob os caminhos de sua mente em uma falha tentativa de despertá-la para o exterior de seu inconsciente, o emanar constante de magia lhe era visível, beirando ao palpável, portavam uma luminosa e inebriante névoa a tremular sobre o solo que não a impediu de vislumbrar ao pequeno inseto a bater suas asas lentamente à suas costas, substituído pelo traçar de um caminho linear quando o virar abrupto de seu corpo foi realizado, uma busca por ver ao animal de suma importância para seu caminho, mas apenas os resquícios de sua presença foram deixados como guia. Estava realizando o que sempre fez desde a sua infância, à sua maneira.
A guiá-la para o caminho onde deveria estar. Quando deveria estar.
Seus passos rápidos atuavam em um único ruído ali, naquele local escuro que era iluminado por nada mais do que sua própria luz. Seus dedos sentiam, através de seu tato, a superfície lisa com poucas imperfeições acariciá-los, os cristais que compunham o local cintilavam em resposta a sua presença e ao seu toque. Correspondiam-no como um velho conhecido, embora nunca estivesse pisado sobre aquele material tão belo e límpido.
Foi então que, por fim, todo o cenário mítico ao seu redor desvaneceu, desconstruindo a cada visão de si em seus reflexos diversos e repentinamente, uma pequena menina apareceu a gritar em meio a suas gargalhadas, correndo em sua direção, sem a vislumbrar ali com clareza. Seus olhos azuis vibrantes se arregalaram ao colocar as mãos sobre seu próprios lábios, mal podendo conter-se em sua graça exagerada ao encolher-se próximas às grandes prateleiras de uma extensa biblioteca reconhecida por Faye, as pequenas asas límpidas se delinearam em suas costas antes que sua versão mais velha, esta lhe observara em meio a tempestade de confusão que invadira sua mente, pudesse processar a visão de sua pequena eu a iniciar um encarar curioso sobre a organização dos livros a sua frente; os dedos esguios erguendo-se ao alto da cabeça e a ponta de seus pés ao sussurrar algo inaudível em seus ouvidos, embaralhados a sons conflitantes a cena tão reconfortante vislumbrada por seus olhos, que se esconderam sob as pálpebras em resposta aos gritos escutados. Sentira que Ben pela voz infantil que soou ali, retornou naquele instante, no qual estava a adentrar o espaço em suas informações mentais originais e a arrastou em retorno ao jardim, afirmando que a Fada Madrinha os havia solicitado em sua presença, tal fato a retirou uma expressão duvidosa de seu rosto, em uma tentativa de reler as entrelinhas do que lhe era evidenciado perante a sua visão aguçada daqueles eventos.
Saber que suas projeções somente lhe mostravam algo conectado à atual realidade em seus pensamentos era o que lhe impulsionara a se agarrar aos sentimentos intuitivos e sobrepor suas atitudes racionais, com tal informação concluída por sua mente, os ruídos incômodos desapareceram. Ao ver sua versão criança - entre dez e doze anos. - se direcionar para fora, pôs-se a frente do local no qual se recordou com um sorriso nostálgico a tingir seus lábios, perceber algo o fez morrer lentamente; que na época, ela nunca havia tido sua atenção atada a aquela parte das prateleiras. Ela nunca havia avistado as altas prateleiras em sua frente, situadas aos limites do amplo cômodo naquela época, caso pudesse consultar suas lembranças infantis…então como obtinha uma tão clara sobre tudo? Não se lembrava de ter sequer visto algum livro que atraiu sua atenção. Seus dedos passearam pelas constelações delineadas em prata brilhante sobre o fundo azul escuro de sua capa rígida e lombada fina, o cheiro costumeiro das folhas de papel sentido por seu olfato de maneira mais branda ao o puxar com cuidado, visto que, as folhas envelhecidas eram intocadas pela poeira do ambiente ou do período de tempo no qual o livro estivera ali, que imaginou ser longo devido ao seu pouco conhecimento da origem daquela biblioteca, antes mesmo que pudesse folhear as páginas, a aura esbranquiçada proveniente de seus poderes envolveu suas mãos, dissipando-se apenas ao parar em uma de suas poucas páginas, como se quisesse a guiar para algo em específico.
Sua voz soou baixa e duvidosa enquanto lia das palavras destacadas em voz alta para si mesma, tornando a reforçar a combinação de palavras pelas quais seus olhos azuis haviam passeado por mais de apenas uma simples vez, absorvendo ao que via em uma busca pela verdade.
─ Sempre deixe a consciência ser seu guia…aconselhou a Fada Azul?! Esse é o conto da minha mãe? ─ Exclamou em uma voz alta que embora não pudesse ser escutada, a fez posicionar suas mãos sobre os lábios por um ato falho, observando seus arredores com apreensão. Fayrie percorreu boa parte das páginas, apenas capturando pequenos fragmentos do que estava registrado em tinta sobre o papel em uma rapidez notável. Era realmente a história de Pinóquio, em cada detalhe ou palavra escrita. Um dos únicos livros que não lera com frequência em sua vida, lhe era preferível a narração própria da mãe. Um segundo trecho atou sua atenção. ─ …embora as coisas certas pareçam erradas às vezes, às vezes uma coisa errada pode estar certa no momento errado…
Ponderou sobre as frases lidas, ansiando por uma resposta sólida em seus questionamentos conforme o aperto de seus dedos sobre o papel grosso se intensificaram e logo, convertiam-se a um ruído audível enquanto seus dedos tamborilavam sobre a superfície em busca de resgate ao pouco raciocínio que poderia capturar, uma sutil necessidade em engolir em seco fez-se presente perante ao incômodo latente em sua garganta, uma obstrução devido ao nervosismo. Não se recordava de ter estado ali em sua tenra infância…suas mãos se ergueram a altura de seu campo de visão sem que pudesse ver-se a realizar tal ato, percebendo-as poucos irreais; palpáveis, como se realmente estivesse presente ali, sua respiração retornou após uma pausa demasiadamente longa, denotando a necessidade em suspirar devido a surpresa manifestante em seu coração, este que apenas disparou em seus batimentos desordenados ao perceber-se em mesmos trajes que a vestiam durante o baile em ascensão.
Ela…estava realmente ali?! Enquanto a cadeia de eventos desastrosos ocorria, estava naquele lugar? Pensou em meio ao choque, o ar lhe faltou por uma segunda vez, o caos desordenado ocorria sem a sua presença? Sem que pudesse intervir para ajudar?
Você não pode. Uma voz distante lhe sussurrou em pensamentos que manifestavam-se em seu âmago, soava como uma conclusão sua, reavaliando ao que sua consciência tentara lhe evidenciar. Você não deve. Não deveria ter intervido…esse era o seu desejo.
─ Eu devo estar louca…
Desejou tanto estar longe de tais entraves, que inconscientemente realizou seu próprio desejo. Isso retirou uma risadinha nervosa e beirada ao desespero da fada, porém não a impediu de agir.
Fayrie se movimentou com agilidade dentre as altas prateleiras de madeira envernizada da Auradon Preparatória, a biblioteca na qual houvera sido movida em meio ao seu lapso repentino em perceber-se presente ali para fora de sua consciência, seguindo a um caminho linear dentre o pouco que reconhecera até a única longa janela que iluminara o ambiente em sua luminosidade esbranquiçada refletida pela lua e emanada por si própria, as mãos colocadas sobre a maçaneta de abertura composta por um metal acobreado, concentraram a uma pequena quantidade de magia para a abrir que fora inutilizada; escancarando-as em uma sutileza inexistente ao inclinar seu corpo para o exterior, arrepiando-se por inteiro ao sentir a brisa amena da noite contra sua pele quente, a ansiedade a inundando violentamente intensificou a temperatura de cada parte de seu ser, vislumbrando ao conflito de forma longínqua com seus olhos cravados sob a figura assemelhada a um réptil erguer-se sob os céus obscuros; um dragão erguia voo para o alto com inexperiência, a fada a reconheceu em seu âmago, sorrindo com desatenção. Essa era a Mal que conhecia, contornando seus desafios e protegendo ao que acreditava, uma súbita tranquilidade a tomou…
…como se tudo estivesse em seu lugar.
Seus dedos tatearam a parte de trás de seu vestido, procurando pela pequena abertura que lhe permitiria estar liberta da saia de seu vestido, a capa já houvera sido retirada e escondida através da conjuração após as fotografias, repetira o mesmo ato com aquela peça. Ao concluir seu ofício, passeando suas íris demasiadamente vibrantes pelo local, seus olhos vislumbraram a uma porta escondida ao canto do ambiente relembrando um incidente a alguns poucos meses atrás no dia da coroação de Ben, durante a celebração após o caos desordenado ocasionado por Malévola. Sua cabeça se inclinou para o lado, assimilando o que suas lembranças poderiam lhe revelar.
Aquela havia sido a porta que proveria acesso a que vira entreaberta enquanto solitária ao alto das escadarias, a observar todos dançarem. Ela realmente estava guiando-a…só lhe restara descobrir, para qual lugar?
Ben estava realmente disposto a se lançar sobre as águas, em um ato talvez impensado e imprudente. Porém alguém em especial o impediu, Faye ressurgiu de forma igualmente misteriosa à como desapareceu de seu campo de visão, os dedos da fada foram fixados com firmeza ao entorno de seu braço antes que seu corpo pudesse cair, as brilhantes asas longas em suas costas eram vistas por ele como em poucas vezes nas quais ela as usou para algo; e o fizeram relembrar sobre como Fayrie houvera aparecido em seus sonhos enquanto utilizado como uma espécie de moeda de troca, a observou assentir com negatividade com um movimento de sua cabeça, seu olhar transitava para a pirata em uma pouca distância de ambos, era como se estivesse lhe comunicando que de nada adiantaria sua atitude mas, em contraste a sua aparente descrença, um sorriso surgiu nos lábios de Fayrie ao prender seu olhos em Uma, um daqueles sorrisos que somente ressurgia as feições dela quando havia confiança e um vislumbre de mudança por detrás de atitudes questionáveis, uma pequena esperança que recusava-se veemente a se apagar. E que incendiou seu peito em pura combustão ao ser retribuída, apesar de denotar ao véu triste e doloroso que tomou o olhar de Uma ao fazê-lo, levando-a a engolir em seco pelo que sua empatia lhe evidenciou ao se conectar com ela, uma camada fina de lágrimas ressurgiu em seus olhos.
Esperava poder ajudá-la, um dia. Não! Prometia a si mesma que iria a ajudar um dia.
A magia de Faye permitiu que Ben pudesse estar de pé sobre os mares, pousando-o com cuidado sobre sua criação, uma estranha sensação diga-se de passagem ao tocar uma fina barreira mágica que os separava; um audível rosnado provindo de Mal foi o que fez a fada se sobressaltar levemente em um susto por tê-la esquecido em sua nova presença; a de um dragão consideravelmente maior do que a fada, uma pequena carta na manga de sua espécie era o entendimento e afeição conquistada com facilidade dos animais de diversos tipos, seres interligados por sua natureza pura. Fayrie a encarou com orgulho e um toque de comédia, esperando que seu dom pudesse apaziguar a essência instintiva de proteção. Um dos motivos pelo qual sua magia estava despertando desde o início.
Mal, meu amor, entendo que dragões são territorialistas, mas deixe-a. Por favor. Dizia mentalmente com um afeto mútuo em sua fala, esperando que pudesse a escutar como aparentou ser feito, visto que seus ruídos se calaram e apenas permaneceu a pairar sobre os ares, mesmo que claramente a transbordar puro descontentamento, naquela forma, era impossível desobedecer a pequena fadinha. Boa garota?
Um único rosnado baixo foi escutado como uma resposta sólida ou um protesto de desagrado. Ao menos em sua interpretação, mas sua quietude já lhe servia.
Uma imergiu sob as águas sem que sequer pudesse denotar ao acontecimento ou exercer impedimento, entregando o anel pertencente a Mal para Benjamim antes do acontecido, os mares azulados estavam escuros e tempestuosos, fechados em correspondência ao poder da pirata, como um reflexo de suas atitudes e de seus sentimentos, Faye a exalar uma calma contida, caminhou sobre a barreira que fora criada por si própria, sua destra apertou suavemente ao ombro de Ben e o atraiu o olhar para sua pessoa, gesticulando palavras reconfortantes com seus lábios que foram assentidas pelo jovem monarca de olhos fixos sobre o anel forjado para sua rainha, a fada se abaixou ao tocar as águas com rapidez, em um ato pouco entendido pela maioria. Ambos deram suas mãos em um forte aperto assim que ela ergueu-se a demonstrar uma certa tensão, reaparecendo juntos sobre o convés amadeirado do barco onde o evento seria concluído apesar dos pesares, Faye permanecia surpreendentemente impecável em seus trajes curtos; A parte de baixo de seu vestido era formado por algumas camadas de tule em tom rosado que atribuíam movimento à ela, acentuando a fluidez em seus moveres, Ben se perguntou como, visto a experiência pela qual haviam acabado de desfrutar, tal raciocínio acrescido de uma clara curiosidade foi interrompido ao receber seu blaser e coroa em conjunto ao expressar do alívio de seus pais em vê-lo bem. Fayrie foi abraçada por Evie após seus inúmeros questionamentos despejados sobre a fada em uma velocidade na qual sequer conseguiu assimilar serem respondidos com superficialidade, selando outra promessa; a que explicaria suas questões a todos os Vk's quando pudesse.
Os olhos da multidão puderam capturar ao casal com clareza e deslumbramento assim que o pouso de Mal sobre o barco foi exercido e a fumaça arroxeada que a envolvia revelou-se em uma figura distinta, assemelhada ao vitral que lhe fora dado de presente; com suas cores habituais a ressaltar sua beleza em um vestido acentuado em tons escuros, Faye sorriu em resposta a agilidade do amigo em selar seus lábios contra os de Mal em um beijo longo após sua futura Rainha aproximar-se ao se curvar perante a ele, sendo correspondida de imediato, um pequeno comentário seu sobressaiu aos sons de aprovação em seu entorno, algo como “Eu soube primeiro em!” Ambos sequer pareciam recordar-se de suas respectivas presenças, entrelaçados no amor que os rondava, Carlos foi o ser inconveniente a intervir dentre o momento como um irmão mais novo do grupo enciumado pelo relacionamento da irmã, retirando uma genuína gargalhada da fada.
─ Já deu! Já deu! Já chega!
O pequeno grupo se fixou em meio ao evento, em um núcleo de conversação curta que houvera decidido ao futuro do programa de chances aos novos candidatos da Ilha para Auradon; o nome de Dizzy havia se tornado fixo para sua euforia, Ben havia se desculpado por sua desatenção ao projeto e comentado com Faye sobre a possibilidade de que ela pudesse escolher a um daqueles que teriam a chance de ultrapassar a barreira e vislumbrar a uma nova chance de vida, afirmando que ela merecia ao mérito ao qual ele a presenteava, Fayrie assentiu, ponderando a possibilidade enquanto Mal entregou seu livro de feitiços a posse da Fada Madrinha, um olhar para o céu fora o que lhe restou, apreciando a figura da estrela de sua mãe a cintilar fracamente sobre os céus escuros, antes que seu corpo fosse atingido pelas gotas de água que seu irmão lançou sobre si no segundos roubados nos quais a distração a tomou, revidando ao ato em meio às risadas. A retirando de seus questionamentos sobre onde sua jornada terminaria e a contagiando a cantar em conjunto a seus amigos.
Mas sabia que as pistas deixadas a guiariam como a borboleta na qual sempre procurou relembrar seus desejos mais intrínsecos e importantes, ela acharia seu caminho por sua própria luz.
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E terminamos Descendentes 2! Com aberturas para o especial que vou anexar na história do próprio filme e com base no livro, só resta um epílogo que JÁ ESTÁ ESCRITO e logo será postado para ele! Teremos muitas revelações nesse especial que irão justificar algumas das informações apresentadas neste último capítulo recheado pelo uso desenfreado dos poderes da Faye, meus amores, o que tenho a dizer sobre esse especial é que será uma mistura agridoce de descobertas, problemas e...romance! Uma pitadinha para alimentar a vontade de vocês! (Mentira, vão ter momentinhos incríveis e bem estendidos, a depender de mim) saibam que esse final foi feito propositalmente para abrir abas em novas descobertas que mudarão a visão da Fayrie sobre muita coisa, ela permanecerá sendo a fadinha que conheceram, porém podem haver pequenas mudanças que tornarão ainda mais obstinada e apegada a seus conceitos próprios. A pobre fadinha tentou salvar a Uma duas vezes, tentou fazer ela desistir POR DUAS VEZES, e não conseguiu devido ao pouco contato entre as duas, triste não é? Adorei escrever isso entre as duas, a Uma hesitando porém seguindo ao orgulho é algo que não vejo de outra forma, infelizmente...
Esse momentinho da Fayrie com o Gancho é de extrema importância, guardem tal informação com carinho! Espero que tenham gostado amores! Até o epílogo 💙
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