𝐕. | 𝒜 𝒱 erdade ℯ 𝒮 eus ℳalefícios.

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{⚔} ࣪ ˖𐀔˖ ࣪✧─┈⊹ ❛𝒴𝒐𝒖 𝒄𝒂𝒏 𝒅𝒐 𝒂𝒏𝒚𝒕𝒉𝒊𝒏𝒈.❜

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𝔒 𝑰𝑹𝑹𝑨𝑫𝑰𝑨𝑹 𝑬𝑿𝑪𝑬𝑺𝑺𝑰𝑽𝑶 dos raios dourados providos pelo sol da manhã a fez mesmo inebriada pelo sono, contorcer seu rosto em uma expressão pouco feliz, as cortinas brancas que cobriam as janelas de seu quarto foram escancaradas dando ênfase nas cores claras que o compunham, o espaço era amplo e aconchegante, claro com pequenas diferenças de quando era mais nova e ainda morava com seus pais a todo tempo, haviam menos livros espalhados sobre as prateleiras, menos acessórios colocados sobre a penteadeira, menos bagunça e coisas suas espalhadas para todos os cantos ao qual se podia olhar e muito mais pinturas de seus desenhos nas paredes pela disposição de tempo livre que antes tinha, seus olhos azulados se abriram por apenas um instante encarando com dificuldade a silhueta feminina que se locomovia dentre o espaço, antes de forçar o travesseiro contra seu rosto afim de se ver novamente no escuro e assim poder adormecer novamente, algo que quase aconteceu assim que sentiu o sono chegar lentamente.

Antes que o mesmo fosse retirado a força de suas mãos.

   ̶ Ei! Fayrie, nada disso.    ̶ Sentiu a almofada ser puxada novamente de seu rosto com brutalidade, observando a feição da mais velha com um desgosto nítido evidenciado em sua expressão, ignorando as objeções da filha.    ̶ Levanta meu amor!

   ̶ Mãe...    ̶ Murmurou enquanto voltava as tentativas de puxar o travesseiro das mãos da mãe, enterrou novamente seu rosto em busca de paz.

   ̶ Nada de "mãe", levanta!

Escutou a garota resmungar algo com seu rosto contra o travesseiro, então encarando a mãe.

   ̶ Prefiro quando o papai vem me acordar.    ̶  Comentou baixo, a fada azul revirou os olhos, desacreditada, observando o bico nos lábios de sua primogênita.

Então, a vendo finalmente levantar-se e se sentar sobre a cama desarrumada, atentou a bagunça de tintas e pincéis lado da cama, suas pernas se cruzaram uma sobre a outra ao encarar a mãe enquanto a mesma retirava alguns dos objetos espalhados sobre o chão que mais cedo ou melhor, mais tarde utilizara para pintar, suas mãos se atentaram a desmanchar a trança feita em seus cabelos acastanhados com seus indícios de azul, deixando-os fluir sobre seus ombros cobertos, seus olhos observaram o exterior sentindo a sensação de familiaridade a invadir mais uma vez trazendo consigo um leve sorriso, atentando-se ao canto dos passarinhos que eram facilmente escutados por si e a brisa pouco gélida que adentrava a janela, seus olhos se fecharam por um momento, apreciando-o como nunca antes.

   ̶ Ah, é claro, seu pai fica com pena de você e te deixa dormir mais um "pouquinho".    ̶ Sorriu enquanto falava.    ̶ Seu pai é um babão com você...    ̶ Fayrie deixou-se a analisar a mãe, sua feição indicava o que sempre observou nos pais, amor, percebeu-a parar por um momento, observando a janela antes de que um sorriso pequeno tomasse seus lábios, os olhos azuis da mãe tinham uma evidência clara.   ̶  Eu escolhi o homem certo.

Faye era uma romântica nata, cresceu vendo seus pais, ouvindo contos de fadas de cada um dos descendentes de Auradon e lendo livros com seu centro no romantismo, era um tanto quanto irônico, mas adorava as vezes se pegar surtando por um romance açucarado, mentiria se dissesse que nunca quis se ver apaixonada por alguém que fosse capaz de retribuir o sentimento, mas não era esse o caso, não até o presente momento e no fundo, esperava que não tão cedo, não existia somente o amor romântico para vivenciar as coisas mais incríveis que podia, em sua vida, existiam muitos tipos de amores e eram estes que ela deveria valorizar naquele momento.

Afinal existe um tempo para tudo acontecer, e caso aconteça, ela não terá como impedir, foi o que aprendeu desde pequena, o que a vida a ensinou desde criança.

Sorriu com a afirmação da mãe e a beleza ao qual o amor entre os pais exalava, a vendo se preparar para sair mas antes de ultrapassar a porta aberta a viu se virar, observando a filha, Fayrie sentiu uma sensação diferente com o ato, não tardando a encará-la a procura de respostas.

   ̶ Não demora muito.   ̶  E então, ela saiu, deixando apenas uma garota confusa naquele quarto.

Se levantou seguindo sua rotina habitual da manhã, procurando avidamente algo em sua mala enquanto se observava no espelho maior de moldura clara colocado no canto oposto do quarto por poucas vezes, revirou a mala em busca de alguma roupa mesmo temendo que demorasse mais que o necessário, esperava que tivesse alguma paciência para esperar alguns minutos a mais, uma vontade súbita de se arrumar se fez presente e então pegou em mãos uma das mudas de roupa que trouxera já com suas respectivas combinações selecionadas, até mesmo cada uma das joias que utilizaria juntamente as roupas.

Vestiu a blusa de tricô na cor azul escura de gola alta e mangas longas pouco folgadas em seus braços mas devidamente ajustadas à seus pulsos para sobrepor uma regata simples e também azulada, não deixando de colocar seu colar de cristal em seu pescoço novamente - já que nem para dormir o retirava dali. -, uma saia branca que chegava até o meio de suas coxas bem rente à suas curvas naturais de seu corpo, prendendo parte da blusa dentro da mesma para dar um ar mais elegante então soltando-a um pouco para fora para trazer uma certa descontração a roupa, alguns anéis prateados simples espalhados em seus dedos apenas modelados sem a presença de pedrinhas límpidas e fez um coque simples em seus cabelos longos, preso com apenas uma caneta que encontrou sobre a penteadeira já que pretendia os manter soltos mais tarde, algumas mechas menores ainda estavam soltas sobre sobre seu rosto, emoldurando-o, mas sorriu apreciando o resultado.

Percebendo sua demora excessiva, abriu o guarda roupa de seu quarto, observando o calçado que esquecera na última vez que esteve ali, calçou os all-star azul claro que usava constatemente com uma meia branca mas dessa vez o combinou com uma meia calça arrastão branca com pequenas pedrinhas límpidas presas a ela, apenas porque a temperatura daquela região estava um pouco mais baixa do que o normal.

Saiu rapidamente de seu quarto ainda duvidosa, a casa não era muito grande, mas ainda sim atravessar aqueles cômodos que pareciam nunca acabarem causavam certa apreensão e ansiedade a ela por procurar insistentemente por alguém ao qual seu âmago ansiava, passou pela sala confusa ao ver-se sozinha e então escutou as risadas virem de outro cômodo, reconhecendo uma delas mas ainda se recusando a acreditar em si mesma e menos em seus próprios sentidos, caminhou até a cozinha quase como correndo e então percebeu o garoto conhecido virar-se em direção a si, diminuiu seus passos quase incrédula mas reconhecendo de imediato aquele sorriso no rosto do mesmo.

   ̶ Ben?!

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   ̶ 𝔓eraí, você e o Ben brigaram?!    ̶ Indagou, Fayrie assentiu enquanto acariciava Dude deitado sobre seu colo, observou a feição incrédula do garoto a sua frente que largou o notebook em suas mãos por um momento para processar a informação.    ̶ Como? Vocês dois são os amigos mais grudados que eu já vi na face da terra!

   ̶ Eu disse que era complicado.    ̶ Deu os ombros, voltando a sorrir.    ̶ Sim, nós brigamos, mas não foi culpa dele nem minha, foi só...algo que aconteceu.    ̶ Suspirou ao relembrar, o decorrer das semanas não parecia ter ajudado em sua reação ao assunto.

Estavam localizados no quarto de Jay e Carlos na Auradon Preparatória, assim que chegou, Fayrie foi recepcionada pelo mascote do time, o garoto tinha uma forte suspeita de que o cachorro gostava muito mais da presença da fada do que a sua, ambos já estavam à alguns minutos conversando enquanto Fayrie acariciava o bichinho em seu colo que quase dormia sobre o mesmo, aproveitando-se da situação.

   ̶ Nós fadas, somos criaturas diferentes da maioria dos portadores de magia, na verdade não somos exatamente portadores, e sim, seres feitos de magia, ela é vital para nós.    ̶  Explicou.    ̶  Quando a minha mãe fez parte do conselho, ela ainda era a Fada Azul, ainda obtinha a varinha dela e ainda podia usufruir da sua magia livremente, mas após o fechamento da barreira ela teve de entregá-la novamente ao governo e assim ela fez, entregou pois não a usaria mais, ela já tinha cumprido o que fez e ao sair do conselho se tornou uma cidadã comum de Auradon, portanto ela teria que seguir as regras impostas.    ̶ Organizou seu raciocínio durante alguns segundos relembrando as coisas reveladas pela mãe na noite após o dia da família.   ̶  A lei anti-magia entrou em vigor logo após tudo isso e a minha mãe quis conversar para entender, afinal as fadas não poderiam viver sem a magia circulando por seus corpos, é impossível para um ser mágico viver sem a magia, é como querer que um ser humano viva sem respirar.

   ̶ Faz sentido.

Comentou o mais novo, o silêncio se fez presente novamente atando sua atenção novamente a fada.

   ̶ Portanto, a minha mãe tentou conversar com o Adam, mas a única coisa que ele afirmou era que não dava para confiar na magia, e menos ainda deixá-la nas mãos de alguém, acho que com isso ele quis se referir ao fato de que a minha mãe se arrependeu de ter concretizado a criação da barreira, ele tinha medo de que ela quisesse voltar atrás e acabar sendo imprudente...e talvez um trauma por ter sido amaldiçoado por uma Bruxa "velha".    ̶ Um sorriso inocente se formou nos lábios da fada percebendo o garoto de cabelos claros rir com afirmação, o animal em seu colo ainda se movia por algumas vezes quando a mesma retirava suas mãos dos pelos dourados do cachorrinho afim de gesticular sua explicação, pedindo por carinho.   ̶  Coitada da Circe, quis ensinar a ele o quão ruim era ser tratado com desdém que era como ele tratava outras pessoas e acabou se tornando a vilã da história.   ̶  Refletiu por um momento, voltando ao assunto principal.    ̶ Mas a minha mãe insistiu, e assim a fada madrinha e a tia Bela também entraram na história, elas e a minha mãe se uniram e convenceram o antigo rei de que haviam criaturas que precisavam da magia, que ela era necessária, principalmente a tia Bela que sendo esposa dele conseguia como ninguém ter paciência com a personalidade explosiva do marido, elas levaram essa problemática ao conselho, por terem consideração à minha mãe e entenderem a situação depois de muitas reuniões e argumentação, eles decidiram que haveria uma brecha na regra. As fadas seriam permitidas de se utilizarem do mínimo possível de suas respectivas magias, óbvio que haveria um limite, e este era apenas onde era estritamente necessário e vital para uma fada, ou seja, nada de treinar seus poderes ou algo do tipo, somente para a sobrevivência e necessidade do ser mágico, mas foram permitidas algumas poucas coisas como as asas da fada, ou manifestações pequenas de magia.

   ̶ Como a sua mãe fez tantas coisas aqui em Auradon, mas não é lembrada por ninguém?   ̶  O mais novo perguntou-a, Fayrie por um momento deixou o silêncio prevalecer organizando seu raciocínio.

   ̶ A minha mãe nunca fez questão de ser lembrada. A barreira foi algo que ela não se orgulha de ter feito, foi contra ao que ela acreditava.    ̶ Iniciou, desviando seu olhar por um instante as janelas que distribuíam a pouca iluminação no cômodo.    ̶ Ela nunca se orgulhou disso, e tudo o que fez depois disso foi invalidado por ela mesma, pois ela não conseguia parar de sentir a culpa.

Seus olhos azuis se atentaram a feição de Carlos sem que sequer percebesse, era estranho para ela pensar que estava contando o ponto de vista de sua mãe de toda história para um garoto da ilha, que cresceu e viveu em uma criação da qual a Fada Azul não sente nada mais do que desgosto e arrependimento, Carlos foi criado em um lugar que nunca foi para uma criança viver ou sequer presenciar, por um momento Fayrie pode sentir como se voltasse à alguns meses atrás, sua mãe observando aquele mesmo garoto no campo de esportes com um olhar triste, doloroso, que agora era o que via nele. Independente de tudo o que sofreu por certa influência da Fada Azul, ele não parecia sentir nada negativo pela mesma e isso fizera Faye sorrir, sentindo-se orgulhosa de como tudo o que fez valeu a pena para vê-los assim.

   ̶ Enfim, como eu disse, sempre houveram limites para a magia ser usada, para tudo há uma consequência obviamente. A criatura mágica que se recusasse a seguir este limite seria imediatamente proibida de usufruir da mesma de forma quase total, seu limite seria ainda menor e realmente apenas é exclusivamente para sua sobrevivência. E para o cumprimento da regra, as criaturas a qual ela era destinada sempre foram monitoradas.    ̶ Os olhos azuis da fada pareciam demonstrar uma leve relutância em terminar aquilo que comecara, mas respirou fundo afim de se motivar a continuar.    ̶ Esta regra, desde foi estipulada sempre teve validade, a minha mãe foi nascida da magia mas eu não, afinal ela se apaixonou, amou e ama o meu pai, um humano comum, eu meio que não sou completamente fada mas os meus poderes tem uma grande influência e por isso nunca fui vetada de andar com minha asas expostas ou de conjurar algo quando preciso e foi justamente por conta disso que a confusão começou.   ̶  Sua voz se abaixou conforme o final da frase, relembrando pequenas coisas que a faziam se sentir machucada novamente, mas se recusando em deixar tudo trasparecer tão facilmente.

   ̶ A meses atrás, eu fui convocada na diretoria da Auradon Prep, na época eu não entendi o porquê, sempre fui uma boa aluna e tirando a vez em que eu dei um murro no Chad, nunca haviam tido problemas com eles.    ̶ Observou a feição surpresa misturada à incredulidade do garoto, percebendo que então nunca houvera lhe contado quase nada sobre sua vida antes da chegada dos quatro, na verdade nenhum deles sabia muito de como ela foi antes que a barreira fosse aberta mas ao vê-lo atento ao que explicava, decidiu que contaria tudo depois.    ̶ Eu fui crendo que seria apenas algo simples mas quando eu vi a cara da Fada Madrinha e o Ben lá eu percebi que as coisas se complicaram demais...A Fada Madrinha disse que eu devia explicações para o conselho sobre as minhas manifestações "desenfreadas" de magia em momentos aos quais ela não deveria ter aparecido, ela tentou me tranquilizar, disse que apesar de tudo me conhecia e sabia que eu não seria capaz de fazer nada que fizesse mal a alguém. Eu não entendi.    ̶ Comentou então voltando a colocar as mãos sobre Dude.    ̶ Só entendi quando chegou o dia e eu tive que ter presença na reunião e tudo só fez sentido quando afirmaram que eu usei magia para "intimidar" um colega de classe. O Ben me defendeu e isso iniciou uma briga entre os membros do próprio conselho e o atual rei, o Benjamim me conhece e sabe o amigo burro que ele têm mas eles consideraram que ele não deveria fazer isso, o Ben é o rei, não deve agir de forma diferente só pelas relações existentes em sua vida pessoal. Eu fui "conversar" com o Chad um dia por ele estar manipulando a Evie para fazer as tarefas por ele e sem querer eu me descontrolei um pouco, meus olhos reluziram mas eu nunca usei a minha magia para fazer nada com ele, foi somente pelo descontrole dos meus poderes em relação aos meus sentimentos.

   ̶ Nossa. Eu não imaginei que tinha sido tão...grave assim.

   ̶ Pois é.    ̶ Comentou vagamente, sua garganta começava a arder e o choro parecia machucá-la cada vez mais.    ̶ Como punição para o meu ato, que sem querer foi comprovado por mim mesma, já que não posso mentir, fui proibida de utilizar a minha magia de forma total, apesar de ser vital para mim a minha parte humana não precisa necessariamente dela, portanto, é mais fácil para mim viver parcialmente sem ela.    ̶ Suspirou de forma pesada, voltando a direcionar seu olhar a qualquer ponto aleatório.    ̶ O Ben estava disposto a comprar briga com o conselho para me defender e eu não queria, naquela época eu estava cansada de confusão, era muita coisa para minha cabeça e eu não estava conseguindo assimilar tudo com facilidade, eu precisava de um tempo. E nós...brigamos por conta disso, dois estressados; aquele que surta, e aquela que chora de desespero.    ̶ Comentou, brincando com os diversos anéis em seus dedos, girando com o polegar o que se encontrava em seu anelar.    ̶ Eu decidi ir para a casa dos meus pais no mesmo final de semana em que isso aconteceu pois primeiramente aplicaram a proibição da magia, houve a briga e dias depois, fui suspensa da Auradon Prep, a minha única vontade era chorar no abraço da minha mãe até que esse inferno passasse, meu pai concordaria com o Ben e seria capaz de mandar todo mundo ir a merda.    ̶ Contou, voltando a sorrir landino com a fala, seu peito se aquecia com a lembrança dos pais, como afirmava; eles eram seu lar.    ̶ Mas nós já fizemos as pazes, em alguns dias após eu partir, aquele sonso me aparece lá em casa com cara de cachorro que foi chutado da mudança pedindo desculpa.    ̶ Sorriu novamente com a lembrança, feito uma boba sem que sequer percebesse.

   ̶ Então vocês não estão estão brigados?

   ̶ Não.    ̶ Falou, então apenas arrumando o cachorro que adormecera em seu colo.    ̶ Ele leu uma carta minha que enviei, e nós dois fizemos as pazes.

   ̶ Então porque vocês estão tão distantes?

   ̶ Ah...    ̶ Repentinamente uma certa tristeza se formou em seus olhos evidenciando uma clara confusão em seus sentimentos.    ̶ Isso daí já foi outra parte da his-

E então, escutaram a porta se abrir com força se virando de forma imediata e meramente assustada, até mesmo o cachorro que dormia em seu colo despertou assustado pelo movimento brusco do corpo da fada onde se aconchegava logo voltando a deitar-se sobre a cama tranquilamente, Fayrie colocou a mão no peito por instinto graças a surpresa que lhe acometeu com a presença repentina da loira, a mesma andava de forma confusa de um lado para o outro sem parecer avistar nada a sua frente, suas mãos estavam claramente trêmulas e parecia estar a beira de um colapso mental, olhou um momento para Carlos na tentativa de entender algum motivo pelo qual ela estava daquela forma, o mesmo apenas deu de ombros, parecendo ainda mais confuso do que ela.

E Fayrie pode sentir a agonia que a mesma sentia inundar seu peito, fazendo-a prender a respiração por um segundo, maldita empatia.

   ̶ É...Mal?    ̶ Chamou ao vê-lá desorientada, caminhando de um lado para o outro, fez a menção de que levantaria na tentativa falha de chamar atenção da mesma, seus olhos azuis moveram-se tentando acompanhar o andar da Vk pelo cômodo.    ̶ Ei, Mal? Tá tudo bem?

Ao vê-lá desligar o dispositivo televisor cujo havia em todos os quartos de Auradon, quase pôde entender o motivo pela quase síncope nervosa que a garota estava prestes a ter, Fayrie se ergueu colocando-se pouco a frente da garota, assustando-se minimamente ao ver a mesma se descontrolar por um instante com suas íris tendo sua cor extremamente vibrante, beirando ao verde-esmeralda, mas, ao invés de recuar Fayrie segurou a mesma pelos braços forçando-a a encará-la.

   ̶ Uou, relaxa garota.    ̶ Ambas olharam para o garoto, o olhar da platinada era mortal e cortante, quase como se afirmasse o quão má poderia ser se escutasse aquilo mais uma vez, enquanto o da Fada quase fazia sua voz sequer parecer desnecessária para se comunicar "parabéns, mas era melhor ficar calado."

   ̶ Mal! Ei, tá tudo bem, não tem ninguém aqui, só a gente.    ̶ Isso pareceu extinguir de forma rápida sua raiva, a fazendo respirar mais calmamente.    ̶ Calma, conta o que aconteceu.

   ̶ E-eu...você acha que é fácil relaxar, diz isso por quê ninguém quer tirar uma foto sua cada vez que alguém abre a boca pra falar buu! E eu nem falo tanto buu!    ̶ A expressão de Fayrie demonstrou o tédio ao concluir novamente o motivo do surto: falta de liberdade, sensação de sufocamento e repórteres inconvenientes.

   ̶ Ah, mas que novidade.    ̶ Comentou ácida, mais para si mesma do que para qualquer um dos dois, voltando a se sentar sobre a cama de Carlos, acariciando novamente o cachorro adormecido a seu lado.    ̶ Vem, senta aqui.    ̶ Bateu a mão sobre um lado da cama, vendo a loira obedecer de imediato, antes de se virar para o garoto atrás das duas, pensativa.

   ̶ Carlos, você não sente falta de gritar com as pessoas e fazer elas correrem de você?    ̶ O garoto parou por um momento de se concentrar em seu computador, a olhando com estranhamento, Fayrie se encontrava preocupada com tantas menções a ilha dos perdidos, Mal procurava e ansiava por liberdade mas não pela vida de vilã como fazia parecer, ela somente não sabia identificar sua sede de liberdade e os momentos as quais sentia falta como aquilo e por isso a encarou .

Ela parecia confusa. Mais do que confusa, relutante em aceitar que poderia decepcionar alguém dali, era como se não tivesse um meio termo na visão da Vk.

   ̶ Você tá falando que nem a minha mãe e normalmente eu estava do outro lado da conversa, então...não.    ̶ Fayrie sentiu a sinceridade emanar daquela resposta, no entanto ainda permanecia preocupada com a filha de Malévola, a platinada se levantou, ainda sentindo a necessidade de caminhar para acalmar sua ansiedade.

A vontade de dizer aquilo que pensava pulsou em seu coração com uma força inexplicável mesmo estando próxima ao garoto, fugindo de seus lábios sem seu controle ou permissão, apenas fluindo.

   ̶ Mal, você não sente saudade da ilha, se é o que está pensando.    ̶ Começou de forma baixa, fazendo os olhos verdes-claros da princesa se direcionarem a si, incrédulos e temerosos, os olhos azulados e estranhamente vibrantes evidenciando preocupação da fada entraram em contato com os seus, parecendo-a encarar o fundo de sua mais pura alma, sem relutância, aquilo se fez tão forte que sentiu tudo a sua volta parecer insignificante, a voz calma da fada atingiu seu âmago e o toque terno da mesma em suas mãos a fez se acalmar.    ̶ Você sente sede e saudade de liberdade, não se engane com suas lembranças, não se iluda com seus sentimentos...   ̶  A fada olhou para trás por um momento antes de que a filha de Malévola tivesse sua atenção roubada.

   ̶ Mal?

   ̶ Ei, você trouxe?    ̶ Só então percebeu estar encarando o nada, Mal percebeu o choque de realidade lhe atingir assim que olhou para o rosto de Faye, seus sentidos e a volta deles a golpeou com força, demonstrando em sua expressão assustada ao perceber que Carlos que agora se encontrava de pé a sua frente não ouviu nada do que ela escutou a fada dizer.

Ela escutou Fayrie dizer, jurava pela mãe que havia se tornado um lagarto, mas aquilo parecia um devaneio, tão distante quanto real, tão distorcido como palpável, cogitou estar louca pela pressão ao qual era colocada sobre si mas viu no olhar da fada que a encarava de forma discreta que aquilo havia sido verdade.

Ainda completamente confusa, desviou sua atenção ao amigo.

   ̶ Ah...eu-

Os três direcionaram seus respectivos olhares para porta que aos poucos se abria, o silêncio predominante era por conta do nível absurdamente ridículo ao qual a situação poderia se comparar; Chad adentrava de forma cuidadosa o quarto de Jay e Carlos comemorando quando conseguira, Fayrie não conseguiu conter uma sincera expressão de seriedade que mudou-se para incredulidade sentindo então seus lábios tremerem com a risada que sinceramente não conseguiu conter apesar de suas tentativas, a forma como o loiro conseguia fazer com suas impressões fossem as piores possíveis sem sequer abrir sua boca, o garoto era tão mimado que procurava quaisquer formas de obter o que queria eram as mais ridículas que já vira em toda sua vida, ao mesmo tempo em que uma pequena voz em sua cabeça lhe dizia que deveria ficar quieta, algo que acabava a fazendo querer rir sem perceber, então cobriu parte do próprio rosto, a ponto de que começara a tossir pela crise de riso que lhe acometeu.

   ̶ Me desculpe.    ̶ Comentou ao ver a situação resolvida sentindo-se ser encarada pela dupla, começando a rir mais uma vez e se repreendendo mentalmente por isso.    ̶ Isso é tão absurdo que rir me pareceu a única opção.    ̶ Limpou uma lágrima que ameaçava cair de seus olhos, respirando profundamente ao encarar os dois com seus olhos azuis intensos, tomando uma expressão de dúvida.    ̶ Ok, ok, seriedade.

   ̶ Mal?    ̶ Carlos chamou a platinada, a citada se encontrava parcialmente absorta em seus seus pensamentos e apenas murmurou baixo, correspondendo ao chamamento.    ̶ Minha poção.

   ̶ Sua o quê?    ̶ Escapou sem perceber de seus lábios, chamando a atenção dos dois para si, franziu o cenho os observando com curiosidade.    ̶ Que história é essa? Calma...    ̶ Suas mãos se levantaram em frente ao corpo, gesticulando com suas mãos de forma imediata.   ̶  Isso é por conta da Jane?!    ̶ O viu assentir com a cabeça, esfregando a mão sobre a nuca, aparentemente envergonhado.    ̶ Oh céus. Não sei se acho fofo ou estranho.    ̶ Murmurou então percebendo o cachorro que mal vira despertar pular sobre a cama do Vk retirando uma risada sua.

   ̶ Isso vai me fazer dizer mesmo o que sinto pela Jane?

   ̶ Isso é um chiclete da verdade então...   ̶  Isso chamou atenção da garota de cabelos acastanhados, observando a pequena bolinha vermelha nas mãos da loira, sua cabeça tombou para o lado rindo de forma baixa.    ̶ Mas espera um pouco...tem certeza que quer mascar isso? Porque você vai dizer a verdade o tempo todo haja o que houver, e eu só tô perguntando isso porquê se eu mascasse isso agora eu seria mandada de volta pra ilha, o que pode não parecer uma boa ideia, entende?    ̶ Fayrie sorriu abanando a cabeça, sorrindo.

   ̶ E eu que sou insistentemente obrigada a nunca mentir? Por que acha que sou consideravelmente odiada por metade de Auradon?    ̶ Disse com uma naturalidade estranha, quase com uma calma excessiva que demonstrava nada mais do que conformidade.    ̶ Pessoas que falam a verdade costumam ser apocalípticas demais nesse mundo.    ̶ Observou-o arregalar os olhos, e Faye quase pode ver nos olhos dele que ele se questionava se Jane o odiaria, revirou os olhos olhando para ele.

   ̶ Entendo, eu acho que vou arriscar.    ̶ Escutou ele dizer e então sentiu falta do mascote do time, ao olhar para o seu lado ele havia sumido e ao escutar os gritos e objeções de Mal se virou rapidamente, encarando os dois.

   ̶ Nossa que troço horrível.    ̶ O cachorro comentou, Fayrie não esboçou nenhuma reação exagerada, animais falantes não eram as coisas mais inéditas que já vira, não em seu caso em específico mas olhou para a cara incrédula dos dois, quase como em choque.    ̶ E você precisa tomar coragem.    ̶ Faye sorriu, porção da verdade, é claro.    ̶ E aproveita aí e coça meu bumbum.

   ̶ Ouviu o que ele falou, coça o bumbum.    ̶ A fada voltou a rir compulsivamente com humor quebrado agindo, vendo-a se virar e correr para fora.

   ̶ Pensa pelo lado bom, agora tem alguém pra conversar com você o tempo todo.    ̶ Comentou a fada voltando a rir, isso fez o garoto murmurar um "ha ha muito engraçado." Dude começou a lamber seu rosto lhe retirando gargalhadas sinceras, antes de afastá-lo com as mãos ao colocá-lo ao chão.

   ̶ Você não acha isso nenhum pouco estranho?

   ̶ A minha mãe literalmente conversava, ou melhor, dava bronca em um boneco de madeira, ele tinha um grilo falante como consciência e foi enganado por uma raposa charlatona.    ̶ Comentou erguendo a sobrancelha enquanto falava, um sorriso surgiu em seu rosto enquanto balançava sua cabeça negativamente, divertida.    ̶ Realmente acha que o fato do Dude falar é assustador pra mim?

   ̶ É por isso que eu gosto de você.    ̶ O cachorro afirmou, então voltando a lamber a bochecha da fada.

   ̶ Para Dude! Dude!

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Bouuummm diaaaaaaaa meus amores! Hoje estou feliz como muitas vezes, postei este capítulo que coincidentemente foi postado no dia do aniversário do Cameron! 💙🥺. Nosso amado Carlos, o quanto eu amo esse menino não tá escrito e espero que onde ele esteja, esteja bem e muito feliz, espalhando a energia maravilhosa a qual ele tinha por lá, Descendentes fez e faz parte da minha vida e sinto que sempre fará, foi um extremo apego a saga desde a primeira vez que vi quando mais nova a conexão foi imediata, I Love you Cameron! Este capítulo é inteiramente dedicado a você minha estrelinha.

Como vocês viram nos avisos, pretendo fazer um especial aprofundando o relacionamento entre Octavian e Fada Azul, mas creio que demorará para sair pois estou atarefada, três trabalhos da escola em andamento, um deles baseado em "Romeu e Julieta", curso, vida pessoal, escrita, fichas de Apply's para finalizar e ainda planejar esse especial, mas vamos a uma frase que foi o motivo do meu surto - um deles, pois surtar para mim já se tornou um estado anormalmente corriqueiro - : "As estrelas azuis são as mais quentes de todo o universo, talvez por isso eu me sinta tão atraído pelos olhos dela, que são o fragmento mais belo delas na terra."

Enfim, bom dia, boa noite/tarde, eu amo vocês meus leitores amados.

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