Facetime.

Junho, 2013.
LILI REINHART.

Estava em semana de prova. Fim de junho, um frio horrível, daqueles que só acontecia uma vez em cada dez séculos no Rio de Janeiro. Deitei-me na cama para dormir, completamente encapotada, com calça, blusa de mangas cumpridas, meias, me enrolei em dois cobertores e me encolhi na cama, dormindo logo em seguida.

Acordei com o barulho de chamada do FaceTime. Eram duas da manhã. Esfreguei meus olhos e peguei o celular de cima da mesinha de cabeceira, era Cole quem estava ligando. Acendi a luz do abajur e aceitei a chamada.

- Oi, Col... - minha voz saiu rouca, cansada, e eu nem conseguia abrir os olhos direito.

"Oi, baby" - um arrepio quente subiu por minha espinha, como todas as vezes em que ele me chamou assim nos últimos seis meses. - "Por que está tudo escuro?" - perguntou, arqueando a sobrancelha em confusão.

- Porque são duas da manhã, Cole. - eu ri com a expressão constrangida dele. O sorrisinho sem graça, envergonhado sempre amolecia meu coração.

"Ow, me desculpe! Eu sempre esqueço da diferença de horário." - Cole sussurrou, rindo.

- Tudo bem, não tem problema. Eu gosto quando você liga... - murmurei baixo, e logo senti minhas bochechas queimarem com o constrangimento. Eu provavelmente estava vermelha como um pimentão.

"Eu sei disso..." - seu sorrisinho ladino acerta-me em cheio na boca do estômago. - "Nos falamos amanhã então? Você está bem?" - questionou, mordendo o lábio inferior.

-Estou sim, e você? Sim, nos falamos amanhã...

"Estou bem também. Ok então, até mais. Boa noite!"

Cole finalizou a chamada de vídeo e eu me encontrei sorrindo para o nada e abraçando meu celular. Ri da minha situação patética e larguei o celular em cima da mesa de cabeceira, sem conseguir voltar para o meu sono.

Era assustadora a maneira como Cole havia se instalado em mim, ao ponto de ser necessário que eu falasse com ele todos os dias, mesmo que apenas um pouquinho, para me sentir completa. Eu já sabia o óbvio, estou completamente apaixonada por uma pessoa que conheci virtualmente, e isso me assusta como o inferno.

Deus sabe quantas noites de sono perdi conversando com Cole sem nem ver a hora passar nos últimos meses. Nos tornamos amigos tão rápido que até hoje isso me surpreende. Ele sabe de todos os meus medos, sonhos e planos, assim como eu sei os dele. Eu sinto que Cole corresponde todos os meus sentimentos, mas, assim como eu, luta contra eles por estarmos tão longe um do outro.

❀❀❀

- Lili, o que está acontecendo? - a voz de minha mãe soa alta, fazendo-me acordar em um pulo, completamente desnorteada. - Eu não precisava acordar você desde a quarta série, e só essa semana precisei te chamar três vezes!? - a expressão de dona Amy não era nada agradável, e ela estava coberta de razão, eu estava sendo bastante irresponsável e negligente ultimamente.

- Não está acontecendo nada mãe, só acho que meu despertador está com problema, e eu estou com problemas para dormir por causa das provas. - menti. Estava acontecendo algo sim. Eu estava indo dormir super tarde quase todos os dias, por ficar conversando com Cole. Duas horas de diferença não é tão pouca coisa assim.

- Então dá um jeito de arrumar isso, e anda, pois você já está mais que atrasada. - seu tom de voz irritado não combinava absolutamente nada com seu olhar de compaixão.

Levantei-me da cama me arrastando e repeti aquele mesmo processo de todos os dias, peguei minha mochila e celular e saí do quarto. Me despedi de meus pais e saí de casa.

Quando entrei na sala de aula, atrasada, três dezenas de cabeças viraram-se em minha direção, acompanhadas pela professora que me encarava com um ar de poucos amigos. A esta altura, já esperava que ela estivesse acostumada com meus atrasos, mas, pelo jeito, estava completamente enganada.

- Atrasada, de novo? - Marina sussurrou entre dentes assim que me sentei ao seu lado na sala de aula.

- O que que está pegando, Lili? - Carol sussurrou atrás de mim.

- Nada gente. Parem de falar, se não a professora vai chamar nossa atenção. - sussurrei de volta, encarando o quadro.

❀❀❀

Essa história é muito meu xodó, por mais que ela seja um clichê extremo e que minha escrita nessa época não fosse tão boa. Vocês estão gostando? 🥺

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