Jughead Jones.

Estreito os olhos em direção a figura a minha frente, mas quando minha visão foca, ela se vira e eu não consigo ter certeza se era quem eu estava pensando que fosse. Então, resolvo me aproximar, deparando-me com Veronica.

- Oi, meu amor. - ela sorri abertamente e eu respiro fundo.

- Vocês não tinham terminado? - Toni questiona confusa, colocando-se ao meu lado. Assinto com a cabeça e Veronica revira os olhos.

- Não, cobra descascada. Jug e eu estamos mais juntos que nunca. Não é, meu amor? - ela enfatiza as duas últimas palavras e joga-se em meus braços, me fazendo trincar o maxilar.

Sem dizer nada, observo Toni, Fangs e Sweet Pea se afastarem de nós dois, e então, foco meus olhos no rosto de Veronica. Mordo meu lábio inferior com tanta força que logo o gosto de ferrugem toma conta de minha língua.

Eu queria enforcá-la.

- Até quando você vai continuar forçando a barra, Veronica? - digo entredentes, afastando-me abruptamente da garota a minha frente.

- Ronnie. - ela corrige e eu rio debochado, negando com a cabeça. - Não seja mal agradecido, Jughead. Se não fosse por mim e pela minha mãe, você ainda viveria com a bruxa da sua mãe, teria se mudado pra Toledo, e seu papaizinho querido não estaria fora da cadeia.

Fecho minhas mãos em punho com tamanha força que posso sentir o sangue se esvaindo dos nós de meus dedos. Respiro fundo e umedeço meus lábios, tornando a olhá-la nos olhos.

- Nós dois sabemos que meu pai só foi parar atrás das grades por causa de uma armação sua. Você é pior do que eu imaginava. - rio desacreditado e nego com a cabeça. Ela torna a se aproximar, e quase junta nossos lábios.

- É bom que você tenha isso sempre em mente. Se eu mandei seu pai para trás das grades uma vez, eu mando outra, e mais outra. Basta você fazer tudo o que eu quiser pra isso não acontecer. - ela junta nossos lábios em um selinho demorado e logo se afasta, me deixando ali, encarando suas costas. Com uma tremenda vontade de enforcá-la.

Betty Cooper.

Rockstar tocava alto no ginásio enquanto Cheryl repassava a coreografia com as Vixens. Eram passos lentos, sexys, e até um pouco ousados pro que se era permitido nas coreografias das líderes de torcida.

Por não conseguir me concentrar, me afasto do grupo de meninas e caminho até a arquibancada, onde me sento e afundo o rosto em minhas mãos, soltando um longo suspiro contra as mesmas.

- Você precisa relaxar.

Me assusto com a voz de Cheryl tão próxima de mim, e mais ainda ao notar o ginásio quase vazio, com algumas das líderes de torcida caminhando para fora do mesmo.

- Você fala como se fosse fácil. - respiro fundo, e sustento seus olhos escuros, que pairavam sobre meu rosto.

- Quer que eu vá com você? Você sabe... Conversar com ele, e dizer o que está acontecendo? - senta-se ao meu lado, um "degrau" abaixo de mim, e repousa seus braços em minhas pernas.

Nego com a cabeça e repouso minhas mãos sobre as de Cheryl.

- O que quer fazer então?

- Eu acho que nada. Sinceramente, minha maior vontade no momento é ignorar essa situação e agir como se nada estivesse acontecendo até que eu não tenha alternativa. - desabafo.

- E você acha que isso vai te fazer bem? Não vai te prejudicar, ou prejudicar o bebê? - dou de ombros.

- Eu só quero ser normal enquanto puder. Quando eu me sentir preparada converso com a minha mãe, e vejo o que fazer, Cher... Por que já decidi que não vou dizer nada para o tal carinha. - suspiro pesadamente e Cheryl arregala seus olhos escuros.

- Por que não? Ele precisa saber, é o pai. Não acha?

Estreito os olhos.

- Cheryl. Esse garoto namora a filha de uma mulher poderosa e com fama de viúva-negra. - digo séria e umedeço os lábios. - E aliás, queria entender o que ela está fazendo em uma escola pública. - devaneio. - Além disso, ele faz parte de uma gangue, - digo incrédula. - do lado da cidade que ambas sabemos que é conhecido pelos tipos de pessoas que andam por lá. Eu, sinceramente, não gostaria que ele fizesse parte disso.

- Mas Betty... Ele fez parte disso. Aliás, ele é parte disso até o último fio de cabelo. - contesta.

Abro minha boca para responder minha amiga, mas, por sorte, sou salva por Archie, que se aproxima de nós duas, com um belo sorriso no rosto.

- E aí? - ele se joga ao meu lado na arquibancada. - Você tem algum plano pra esse fim de semana? - questiona, e eu arregalo os olhos.

- Sério, Archie? Você teve a vida inteira pra convidar a Betty pra sair, e é agora que resolve fazer isso? Péssimo momento. - Cheryl dispara e eu a fuzilo com os olhos.

Archie nos encarava completamente sem graça, suas bochechas estavam vermelhas graças a indiscrição de sua irmã gêmea. Rio, tão sem graça quanto ele e nego com a cabeça, logo tomando fôlego.

- Não, Arch. Eu não tenho planos. - Cheryl me encara com reprovação e suspira frustrada.

- O que acha de me acompanhar até o Bijou no sábado? - assinto com a cabeça e sorrio sem mostrar os dentes. - Te busco as sete. - avisa, deixando um beijo em minha bochecha antes de se afastar de nós duas.

- Eu não vou permitir que você faça isso, Elizabeth Cooper.

- Isso o que? É só um filme. - resmungo.

- Você sabe que não é. Archie tem sentimentos por você, e você vai machucá-lo. - suspiro, abaixando o olhar e encolhendo os ombros. - Meu irmão não merece isso, Betty. Se você for se envolver com ele, por favor, seja honesta. - ordena e eu assinto com a cabeça.

- Vou deixar claro que vamos ao Bijou apenas como amigos. - garanto.

Cheryl me examina por alguns segundos e logo concorda.

- Eu preciso ir.

Deposito um beijo estalado na bochecha da ruiva e pego minha mochila, deixando o ginásio em passos largos e apressados.

- Que droga! Olha por onde anda. - digo mau humorada quando minha mochila vai ao chão, e me abaixo para pegá-la, de imediato.

- Não era eu quem estava correndo. - ouço um resmungar, e ao que volto a minha postura estreita, me deparo com a pessoa de quem eu estava fugindo desde o primeiro período.

- Você. - sussurramos juntos.

- Que coincidência. - um sorriso ilumina seu rosto, e por um segundo, perco o fôlego.

- Você é? - estreito os olhos, me fazendo de desentendida, e ele sorri, com o deboche dançando por seus lábios bem desenhados.

- Jughead Jones. Prazer.