Good girls trying to be bad.

Havia menos de cinco minutos que eu tinha me sentado em um dos booths do Pop's após ligar para Cheryl, a pedindo que viesse me encontrar o quanto antes, mas a ansiedade já me consumia.

A lanchonete estava vazia quando eu cheguei, mas conforme a hora do almoço ia se aproximando, o barulho do sino na porta se tornava cada vez mais frequente e constante, me fazendo ansiar nervosamente pela chegada da minha melhor amiga.

- Elizabeth, você sabe que pode conversar comigo! Desembucha de uma vez, por que eu estou quase explodindo de curiosidade, e afinal, você simplesmente sumiu no fim das férias de verão. - Cheryl desanda a falar assim que chega na lanchonete, gesticulando com as mãos de maneira agitada. A ruiva se senta ao meu lado, seus olhos atentos em meu rosto, esperando por uma resposta.

- Ainda bem que você veio sozinha! Fiquei com medo, por um segundo, que o Archie viesse com você. - tento desconversar, por não saber por onde começar, e solto um suspiro cansado.

- Relaxa. Archie e eu somos gêmeos, mas não siameses. - ri nasalado e joga seus cabelos ruivos para trás de seus ombros. - Agora me diz logo o que está rolando, você me deixou bastante assustada pelo celular.

- Eu nem sei por onde começar, Cher. O trem da minha vida literalmente saiu dos trilhos e eu estou até hoje tentando colocar as peças no lugar pra entender como isso aconteceu. - um suspiro frustrado e cansado escapa de meus lábios, me fazendo largar os ombros, perdendo a postura confiante.

- O que quer dizer com isso? - a ruiva questiona confusa, estreitando os olhos, numa tentativa falha de decifrar as minhas expressões.

Engulo em seco, sem dizer nenhuma palavra, e em um movimento único e breve, coloco o teste de gravidez - que antes estava sendo quase quebrado por meus dedos num ato nervoso - sobre a mesa, e deixo que Cheryl tire suas próprias conclusões.

- Elizabeth... Como diabos isso aconteceu? - minha melhor amiga questiona perplexa, pegando o pequeno objeto de plástico entre os dedos.

- Foi... Na festa de aniversário do Joaquin...

Mais ou menos um mês antes:

Levanto da cama num pulo ao ver a hora. Eu já estava atrasada para a festa do namorado do Kevin, e haviam mais de dez mensagens do meu amigo brilhando na tela do celular. Pego o aparelho enquanto caminho em direção ao banheiro, e envio uma mensagem breve para Kevin, dizendo que logo o encontraria.

Tomo um banho rápido, e ao terminar, enrolo meu corpo na toalha, começando a me arrumar ali no banheiro mesmo, onde dou um jeito em meus fios loiros, os deixando soltos e ondulados como sempre. Seco meu corpo no caminho até o quarto, e paro em frente a penteadeira, fazendo uma maquiagem um pouco mais carregada nos olhos, e ao terminar, coloco um vestidinho preto, acompanhado de uma jaqueta jeans comprida e um par de botas que batiam na altura dos meus tornozelos.

- Onde você pensa que vai, assim vestida como uma qualquer? - a voz de minha mãe soa visivelmente alterada assim que coloco os pés para fora do quarto.

Trinco minha mandíbula numa tentativa de controlar minha raiva e a olho por cima de meu ombro, enquanto caminho em direção as escadas.

- Eu estou vestida como sempre me visto. - digo com um sorriso falso nos lábios. - É aniversário do namorado do Kevin, então não me espere, não vou dormir em casa. - me pronuncio já no fim das escadas.

- Você não vai a lugar nenhum! - ouço minha mãe gritar assim que fecho a porta da frente de casa, e respiro fundo, sentindo um arrepio subir por minha espinha. - Elizbeth! - ouço-a gritar ao longe, assim que entro em meu carro.

As coisas com a minha mãe sempre foram complicadas, mas só pioraram depois que minha irmã mais velha saiu da cidade pra fazer faculdade. Antes, Polly era o centro das atenções, e eu agradecia por isso, pois só assim, minha mãe esquecia de controlar cada passo da minha vida, mas agora... Agora a única coisa que faz minha mãe acordar todos os dias, é poder controlar tudo o que eu faço ou o que deixo de fazer.

- O que te fez demorar tanto? - Kevin praticamente grita ao que chego na festa, visivelmente feliz pela minha presença, e também por estar bêbado.

- Dramas em casa, como de costume. Mas agora eu estou aqui e nós podemos comemorar! - sorrio e abraço meu amigo de lado.

Pego um copo vermelho de plástico, preenchido até a boca com algum líquido alcoólico que eu não fazia questão de saber do que se tratava. Não demora muito para que eu alcance o mesmo nível de animação e alegria de Kevin, e me afaste do mesmo para curtir a festa sem segurar vela.

A festa estava extremamente animada, assim como todas as que Kevin organizava. Mas aquela ali estava mais interessante, talvez por ser em um lugar onde eu nunca havia estado. Talvez por conta das pessoas diferentes, que eu não lembrava de ter visto em nenhum momento. Ou, talvez, por conta do garoto do outro lado do local, que sorri em minha direção, e pisca com o olho esquerdo de um jeito que me tira o fôlego, um pouco antes de começar a caminhar em minha direção.

Me encosto na parede, levando o copo aos meus lábios, pela milésima vez aquela noite, quando o garoto de olhos azuis esverdeados se aproxima. Ele torna a sorrir e arqueia a sobrancelha, ao deixar seu corpo extremamente perto do meu.

- Desculpa a audácia, mas, nunca vi você por aqui... - ele umedece os lábios e corre os dedos pelos fios escuros de seu cabelo. - É uma das amigas do namorado do Joaquin? - questiona com os lábios próximos do meu ouvido, talvez por causa da música alta, mas aquilo me causa um leve arrepio.

- Desculpa, não consigo te ouvir direito. - digo um pouco desnorteada, numa tentativa falha de me dispersar do garoto.

A última coisa que eu precisava aquela noite era mais um problema, ainda mais um problema tão bonito quanto aquele.

Mas a minha tentativa de dispersá-lo não poderia ter sido mais falha, já que o tal garoto envolveu seus dedos em minha mão livre e me guiou para dentro da casa, em direção a cozinha, que mais tarde eu notei estar completamente vazia.

- Aqui você pode me ouvir melhor... - um sorriso debochado brota pelo canto dos lábios bem desenhados do garoto a minha frente. - E o mais importante... Me beijar. Que é o que eu estava querendo que você fizesse desde o momento que pisou na festa, horas atrás.

A audácia dele me deixa perdida, e mais interessada que nunca. Cada palavra que saia pelos lábios daquele cara que eu nunca havia visto na vida, o deixava mais interessante e convidativo pra mim. E por um pequeno instante, eu resolvo deixar toda a "marra" pela qual eu era conhecida e o medo de lado.

- E o que te fez querer um beijo meu sem mais nem menos? - questiono com um sorriso debochado, e envolvo meus dedos ao redor do pescoço dele, o puxando pra mim.

- Garotas perfeitas tentando se passarem de más, como você, me atraem bastante. - ele sussurra em meu ouvido, no momento em que me suspende pelo quadril e me senta sobre o balcão ao lado da pia, me tirando o fôlego e me impedindo de lhe dar uma resposta malcriada em resposta ao seu comentário.

Não demora muito para que eu sinta os lábios dele contra meu pescoço, e sua mão firme percorrendo cada mísero pedaço da minha pele, fazendo meu corpo inteiro arrepiar e minha intimidade começar a umedecer quase que de imediato. Nossos lábios se chocam de maneira bruta e intensa, enquanto nossos corpos acabam por derrubar algumas coisas no percurso.

Os dedos dele caminham pelo meio de minhas coxas, enquanto sua língua percorre meu pescoço, me fazendo deixar gemidos escaparem por entre meus lábios que eram pressionados um contra o outro.

O álcool parecia fazer tudo ficar mais gostoso e intenso. O ar parecia estar mais quente, fazendo nossos corpos já nus suarem cada vez mais.

Nossos gemidos se misturavam com os sons saídos de nossos corpos, e com a música alta da festa que acontecia do lado de fora da casa.

O senti dentro de mim em diversos cômodos daquela casa... Começando pela cozinha, passando pelo sofá da sala, e, por fim, no quarto. E posso afirmar que nunca havia sentido nada tão gostoso.

Três semanas depois.

Meu período deveria ter começado a duas semanas atrás, e eu estava cada vez mais preocupada. A única coisa que me faz ser certinha nessa vida é a minha menstruação, que nunca veio atrasada ou antes da hora. Nunca.

Eu não podia falar sobre aquilo com ninguém, começando pela minha mãe. Então minha única saída seria um teste de farmácia.

- Onde você vai? - minha mãe questiona assim que passo pela cozinha.

- Visitar a Cheryl e o Archie. Não vou demorar. - tento responder o mais amigável possível, e deixo a casa antes que ela possa retrucar.

Dirijo em direção a farmácia mais distante de casa. Ela ficava em um posto de gasolina, no limite de Rivedale. Adentro o estabelecimento e compro três testes de marcas diferentes e saio dali feito bala, correndo direto pro banheiro da lojinha de conveniência.

O primeiro teste: Positivo.

O segundo teste: Positivo.

O terceiro e último teste: Positivo.

- Merda!

Grunho em total desespero, deixando que minhas lágrimas inundassem meu rosto, sem nem ao menos conseguir me mover e deixar aquele banheiro público.

- Eu não faço a menor ideia do que fazer, Cheryl. - murmuro em meio as lágrimas e soluços. - Eu estou completamente perdida. E agora?

- A gente vai dar um jeito nisso. - minha melhor amiga diz olhando em meus olhos e me toma em seus braços num abraço apertado, me dando mais conforto para poder chorar. - Eu estou do seu lado, como sempre!

Trailer:

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