7

Lili Reinhart

— Ele quer falar com você.

o policial que tinha se apresentado como Ryan estava sentado em uma cadeira atrás de uma mesa enquanto bebericava sua xícara de café me
observando por cima da borda.

Mudei o peso da minha perna esquerda para a direita.

Sobre o que ele queria falar exatamente?

Não tínhamos nada para falar.

— Eu tenho a opção de não ir?

perguntei, eu estava completamente desconfortável com a ideia de ficar sozinha em uma sala com meu pai.
Se é que ele poderia mesmo ser rotulado com esse título. Eu não sabia exatamente qual era a função de um pai em uma família, eu tinha poucas recordações do meu e uma.breve noção, mas acho que pais certamente não deveriam apontar uma arma para suas próprias filhas.

— Acho que não será bom, mas sim, você a tem.

ele disse dando de ombros e
outro policial cruzou a sala da delegacia.

— Então, você está pronta?

ele me perguntou, com cautela.

— Estou.

respondi esperando que soasse firme.

Eu gostaria que o Cole estivesse aqui, mas infelizmente ele teve de ir a um jantar importante com sua mãe.

Mas eu tive que convencê-lo de que ficaria bem porque ele estava bem determinado a enfrentar isso comigo.

Depois de longos minutos, ele acabou cedendo e pediu para discar o seu número a qualquer momento e ele viria imediatamente ao meu chamado. Foi muito doce.

— Ok. Vamos.

ele disse me guiando até uma porta ao seu lado, um imenso painel de vidro cobria metade da parede. Meu coração bateu fortemente contra meu peito e eu engoli em seco.

O policial tocou levemente em meu braço.

— Querida, eu estou monitorando vocês através deste vidro. Nada de ruim acontecerá com você.

Suas palavras me tranquilizaram um pouco e eu assenti levemente.

Suspirei e girei a maçaneta.

Daniel estava com a barba por fazer e vários cabelos brancos se misturavam com o seu cabelo que um dia já foi castanho e belo, num intervalo de duas horas, ele havia envelhecido dez anos.

Ele estava sentado em uma cadeira atrás de uma mesa retangular.

— Lil.

meu apelido escapou de seus lábios em forma de suspiro como se fosse
alguma palavra sagrada e proibida assim que ele ergueu os olhos para meu rosto.

— Lili.

Corrigi tentando não soar rude. Eu não gostava de ser chamada por meu apelido com quem eu não tinha intimidade.

— Lili... Sente-se, por favor

Ele disse acenando levemente para a cadeira à sua frente.

Me sentei lentamente e encarei a pintura da parede desgastada num tom de branco.

— Eu sinto muito.

sua voz era um sussurro baixo, quase inaudível.

Mudei meus olhos da parede para seu rosto e o encarei surpresa.

Ele soltou um riso baixinho, provavelmente percebeu a confusão em meu rosto.

— Sabe, eu nunca quis que nosso reencontro fosse assim. Você está tão diferente que foi difícil te reconhecer. Está muito mais bonita que a sua mãe, sempre foi.

Acenei lentamente com a cabeça sem saber as palavras certas para usar.

— Obrigada.

murmurei.

— Como ela está? — ele perguntou com um certo brilho em seu olhar. Ele ainda pensava que Amanda era a mulher divertida e graciosa, que usava vestidos floridos e sorria
abertamente.

— O que há de errado?

Sua voz era preocupada percebendo minha expressão.

— Ela... não é mais como antes. Ela mudou. — eu disse observando seu rosto. —Completamente.

Ele franziu a testa e fungou.

— Merda... — ele murmurou com o maxilar tenso. — Você não merecia ter dois pais de merda. Você sempre foi uma criança doce e compreensiva, quando eu saí de sua vida,.esperava ter a deixado com uma figura maternal, de amor. Alguém que realmente soubesse.te dar tudo o que você merecia, Lili. E acredite em mim, você merece ter a droga do mundo inteiro sob seus pés.

— Você não deveria ter ido embora

as palavras saíram antes que eu pudesse impedí-las e eu me repreendi mentalmente por isso.

— Eu sei... Droga, eu me arrependo de ter feito essa escolha todo maldito dia. Olha o que aconteceu comigo sem vocês... Eu me perdi, Lili. Eu me perdi.

Ele sussurrou a última parte.

Seus olhos estavam azuis brilhantes, com uma certa emoção neles. Senti meus olhos arderem e me levantei da cadeira.

— Eu preciso ir agora.

Pisquei algumas vezes para afastar as lágrimas.

Eu não poderia mais ficar aqui neste lugar.

— Tudo bem, eu não te culpo. Não mereço um prêmio de melhor pai do mundo, longe disso.

Ele sorriu torto mas seus olhos eram puro arrependimento.

Acenei brevemente com a cabeça e me virei indo em direção a porta. Quando coloquei minha mão em cima da maceta olhei por cima do meu ombro.

— Eu te perdoo. Já fiz isso há muito tempo.

E com essa última fala eu saí da sala, respirando fortemente e com o coração descontrolado.  

— Está tudo bem?

O policial me perguntou enquanto segurava um copo descartável
com café.

— Sim.

Limpei rapidamente com a manga de meu suéter uma lágrima solitária que escorreu por a minha bochecha.

— Está bem...

ele murmurou e fez um sinal para que eu o seguisse novamente até a
secretaria.

Peguei meu celular de meu bolso e pensei na única pessoa com quem eu gostaria de falar neste momento e apertei em discar.

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