33
Cole Sprouse
— Lil...
Eu a chamei quando ela passou por mim e meu apartamento e foi até o
banheiro, me ignorando. Eu andei pelo corredor, até parar sobre a porta aberta.
Ela estava encarando o chupão em seu pescoço através do espelho.
Eu passei a mão pelos meus cabelos, porque não sabia exatamente o que fazer. Eu não queria dar o presente agora que ela estava chateada.
— Você vai me desculpar ou não?
Perguntei, batendo a mão contra o batente da porta em um ritmo constante. Eu estava nervoso.
— Eu disse que estamos quites.
Ela suspirou, tentou passar por mim mas eu bloqueei sua passagem.
— É sério, eu sinto muito por ser territorial ao seu redor. Eu não sei o que acontece comigo, é só automático.
— Então você está tentando me dizer que é um babaca de natureza?
— Exatamente isso. — eu concordei.
— Está bem.
Eu finalmente dei passagem para ela passar, ela foi até a cozinha e eu a segui. Ela começou a revirar os armários e retirou três ingredientes. Uma lata de algo que eu não
sabia o que era, chocolate em pó e manteiga.
Franzi as sobrancelhas mas continuei em silêncio.
Depois de pegar uma panela, ela jogou tudo dentro dela, aquela coisa na lata parecia ser um creme, eu me aproximei e raspei um pouco com o dedo. Era doce pra caralho, muito
bom.
— O que é isso?
Eu perguntei, imaginando se eu poderia jogar sobre ela algum dia e
depois limpar com a língua.
— Leite condensado.
— Como eu nunca experimentei isso antes?
— Não sei.
Ela deu de ombros. O que ela mexia na panela parecia ser chocolate.
Depois de alguns momentos, o cheiro maravilhoso daquilo inundou meu apartamento inteiro. Eu até tentei comer algumas vezes, mas Lili sempre me empurrava para o lado e me dizia que ainda não estava pronto.
Então eu esperei, nenhum pouco paciente enquanto Lili enrolava os doces e passava por cima do granulado e colocava em forminhas cor-de-rosa. Quando ela finalmente acabou tudo, ela levou dois deles até mim.
Eu engoli um de uma única vez, o doce ainda estava se derretendo em minha língua quando enfiei o outro dentro de minha boca também.
— Uau. — Lili disse, levemente sorrindo. — Ficou bom?
— O que é isso? É muito bom.
— É brigadeiro. Um doce do Brasil.
— Brasil? A gente precisa ir pro Brasil.
Eu me levantei, indo até os doces mas ela pegou a bandeja e a escondeu atrás de suas costas.
Eu bufei.
— Que porra é essa? Me dá os doces.
Eu tentei avançar para cima dela novamente mas ela os colocou embaixo da torneira e fez menção de a abrir.
— Para trás ou eu acabo com os doces.
Eu recuei alguns passos, com medo de que ela realmente cumprimesse sua
promessa.
— Amor, você vai me privar dessas bolinhas calóricas? Não imaginei que você pudesse ser tão cruel.
Ela sorriu, então comeu um dos brigadeiros enquanto eu só observava feito um palhaço.
Eu queria comê-los em cima dela, em uma trilha.
— Comprei algo para você.
Ela me encarou surpresa.
— Quero ver.
— Não. Só se você deixar eu comer mais alguns desses. Depois a gente pensa se eu vou devolvê-lo para loja ou se você pode usar.
— Usar? Então é uma roupa?
Eu dei de ombros.
— Não sei.
Ela pareceu pensar por alguns momentos e então empurrou a bandeja, hesitante, em minha direção.
Eu andei até ela e comi três dos chocolates de uma vez só.
— Cacete, isso é muito bom.
Eu murmurei de boca aberta, ainda mastigando.
— Que nojo.
Eu a ignorei e enfiei mais dois deles em minha boca, deixando as forminhas vazias sobre a bandeja. Quando eu estava prestes a comer outros, duas batidas foram dadas
sobre a porta.
Lili colocou a bandeja sobre o balcão e eu me virei e andei até a porta, a abrindo.
— Que cheiro é esse?
Kj perguntou, entrando em minha sala. Ele andou até a bandeja e pegou um dos meus doces e comeu.
— Nossa, que coisa é essa? — ele perguntou, franzindo as sobrancelhas. — Muito bom. Foi você quem fez, Lili?
Ela assentiu, parecia orgulhosa.
— Se afasta dos meus doces, otário.
Eu empurrei Kj para o lado, o tirando fora do caminho.
— São da Lili, ela não se importa se eu comer alguns, não é?
Eu quase revirei os olhos, mas peguei a bandeja.
— Ela fez para mim. Não para você. Então se manda.
— Vai se foder, você tá parecendo aquelas crianças mimadas e egoístas.
Eu ouvi os passos dele atrás de mim, então coloquei os doces sobre minha mesinha e me virei, o peitando.
— Repete. — eu falei, segurando meu pulso atrás de minhas costas, fingindo estar com raiva.
Kj era um pouco menor que eu, então eu tinha a vantagem da altura.
— Eu disse que você.
Ele apontou para meu rosto.
— É uma criança, mimada, seu
merdinha egoísta.
— E você parece uma cenoura irritada.
Nós ficamos em silêncio por alguns momentos, ele me encarando seriamente e vice- versa, até que nós dois rimos e eu o empurrei.
— Quer levar uns socos, né, irmão?
Eu perguntei, levantando meus braços como se estivesse em um ringue.
— Quem quer levar porrada aqui é você.
Ele deu um soco em meu ombro, não
muito forte, nem muito fraco.
— Vocês já podem parar.
Lili nos interrompeu quando eu estava prestes a revidar o soco.
— Idiotas.
Ea murmurou, levando a bandeja até a geladeira e guardando os doces.
Kj me deu uma cotovelada nas costelas, como se a culpa de que os doces foram levados fosse minha.
— Amor, o Kj está me batendo.
Eu esfreguei o local que ele tinha me atingido.
Estava doendo pra caralho.
— A Lili virou sua mãe agora, porra?
— Claro que não. Eu não como a minha mãe.
O rosto de Lili corou violentamente e Kj tossiu algumas vezes.
— É, acho melhor eu me mandar.
Ele piscou para ela e se virou, indo até a porta.
Quando ela se fechou eu passei a mão por meu pescoço, sem jeito.
— Hum... Desculpa?
♡♡♡♡
Depois de algumas horas, Lili estava sentada sobre o sofá, ela estava vestindo um vestido branco com girassóis. Eu adorava o ar inocente que ela transmitia em suas roupas.
Fiquei parado no corredor observando enquanto seu olhos percorriam a página de um livro que ela segurava em suas mãos. Ela estava tão concentrada em sua leitura que só ergueu os olhos para mim alguns momentos depois.
Ela me encarou em silêncio enquanto eu andava até ela.
— O que você está lendo? — perguntei me sentando ao seu lado.
— Para todos garotos que já amei.
Ela disse voltando sua atenção ao livro em suas mãos.
— O nome desse livro é muito menininha. Pensei que você gostasse de Stephen King ou de John Douglas.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— Eu já li algumas obras deles.
Agora eu estava surpreendido.
— Você engana todo mundo com este rosto angelical.
Eu puxei o livro de suas mãos e fui até as últimas páginas.
— Vou te jogar um spoiler.
Ela riu.
— Eu já li este livro duas vezes, estou apenas relendo pela terceira.
— Cacete, como você consegue?
— Não sei. — Ela deu de ombros. — Eu gosto de ler.
— Isso parece obsessão.
Ela o puxou de minhas mãos e voltou a o encarar.
— Igual a que você tem por mim?
Ela disse distraída virando uma página do livro.
Eu ri.
— Preciso te contar algo.
Ela fechou o livro de repente e me encarou, seu semblante era completamente sério.
Esperei com que ela continuasse.
— A Amanda não é minha mãe.
Eu ergui as sobrancelhas, confuso.
— O quê?
— Eu descobri que Amanda não é a minha mãe verdadeira, ela é apenas minha tia.
Ela suspirou, mexendo na borda do livro distraidamente.
— Aquela moça que nós encontramos no mercado outro dia... Ela pagou por minha faculdade. E ela me contou uma história... Muito longa sobre o que realmente aconteceu com nós. — Percebi que ela não queria me contar a história. Eu respeitaria seu espaço. — E no final das contas, ela é minha mãe. E ela quer que nós estejamos em um evento beneficente que ela está organizando.
Eu assenti. Eu iria, só para ver qual era a desta mulher, eu tinha minhas dúvidas mas seria o pior mentiroso do mundo se não dissesse que elas eram extremamente parecidas.
Ela poderia estar falando a verdade, ou ela poderia ser uma psicopata manipuladora. E se ela estava organizando um evento, ela deveria ter uma porrada de dinheiro.
Meu celular começou a vibrar em meu bolso antes que eu pudesse respondê-la. Eu desliguei e ele voltou a tocar novamente. Eu parei quando o número ligou pela terceira vez,
vendo o nome que brilhava no visor.
Era Melanie.
— E aí.
Eu disse meio ríspido quando atendi, eu estava meio puto por ela ter
interrompido meu momento íntimo com a Lili.
— Eu preciso que você venha até meu jantar.
Ela parecia nervosa, e ela só ficava
nervosa quando organizava jantares com o clube de golfe de mulheres.
Elas levavam seus filhos e exibiam uma bela moça que eles estavam tendo algo.
Geralmente eram todas modelos e podre de ricas. Era como alguma disputa para ver qual delas tocavam o maior número de instrumentos e essas outras porcarias. E Melanie sempre me arranjava uma companhia desagradável.
— Por que eu iria?
Ela suspirou.
— Porque eu sou sua mãe e eu te amo. Então, eu vou convidar a filha da Susan para te acompanhar hoje, às oito.
Eu quase ri em descrença.
— Não. Se eu for estarei levando a minha namorada.
Ela soltou um murmúrio em surpresa.
— Você está namorando? Uma moça de família boa, assim espero.
Ela quis dizer uma moça com muita herança.
— A gente fala sobre isso depois.
Eu não queria discutir isso ao lado de Lili.
— Você vai conhecê-la.
Lili se virou para mim, confusa.
Minha raiva se evaporou quando meu olhar encontrou o seu.
— Está bem, te vejo mais tarde. Não me decepcione
Ela disse encerrando anchamada, me fazendo suspirar.
— Vamos até a casa de minha mãe.
Eu anunciei e ela arregalou levemente os olhos.
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