29
Lili Reinhart
A encarei em choque
— Não é possível.
Eu disse me levantando. A náusea havia voltado. Eu sentia meu
estômago se revirar e meu coração martelando contra minhas costelas.
Ela me encarou com um olhar triste.
— Eu não queria te contar dessa maneira, me desculpa.
— Você é minha... mãe?
Eu ssurrei a última palavra.
Ela assentiu.
— Amanda é apenas a sua tia. Eu fiquei grávida na adolescência, ela era minha irmã mais velha. Ela tinha vinte e um anos e se ofereceu para ficar com você quando sua avó me
expulsou de casa. Amanda não era exatamente a melhor irmã do mundo, ela fazia o que podia para me ferir, ela até mesmo conseguiu seduzir o seu pai e ficar com ele.
Ela suspirou.
— Mas quando você nasceu ela... se derreteu aos seus pés. E você era tão linda e encantadora, era impossível não se apaixonar por você. Você era frágil, silenciosa e... simplesmente perfeita.
Ela fez uma enorme pausa enquanto eu digeria todas suas palavras.
Eram muitas informações.
— Eu sempre te visitava quando podia, até seus cinco anos de idade eu te visitava em torno de doze vezes ao ano. Mas eu me arrependo todo maldito dia, eu perdi seus primeiros
passos, suas primeiras palavras. — Uma lágrima solitária deslizou por sua bochecha. — Eu perdi a sua infância inteira, Lili. Mas eu era jovem, eu queria as coisas que o mundo poderia me oferecer enquanto estava perdendo o meu mundo.
Meus olhos começaram a arder.
— Eu sei que eu não estive presente durante anos. Mas eu quero consertar isso, eu realmente quero. Se você me permitir fazer parte de sua vida, claro.
Ela me deu um pequeno sorriso cheio de expectativa.
— Me desculpe, eu não sei. Eu só preciso ficar sozinha por alguns momentos, eu estou tão confusa.
Ela assentiu e me lançou um olhar triste.
— Por favor, não me deixe ficar de fora.
Com essas últimas palavras, ela passou pela porta e a fechou atrás dela.
Me deitei na cama e encarei o teto.
Amanda era minha tia, não minha mãe.
Eu não sabia o que fazer em relação a tudo isso. Amy parecia ser realmente uma pessoa boa, e eu nunca tive alguém que se importasse.
Não realmente.
Então eu me decidi.
Eu a perdoava.
Eu queria que pudéssemos recomeçar um relacionamento de mãe e filha, eu realmente queria tentar, não num ritmo tão rápido quanto ela gostaria, mas aos poucos, nós poderíamos nós conhecer e talvez, só talvez, eu poderia a amar de verdade.
Uma hora depois Amy deu duas batidas na porta. Me sentei na cama e murmurei um "pode entrar".
A porta se abriu e a figura da mulher de cabelos loiros apareceu no centro de sua extensão. Ela estava tensa e deu alguns passos em minha direção.
— O jantar está pronto, você...
— Sim. Eu quero tentar um relacionamento de mãe e filha.
Eu falei antes que minha coragem fosse embora, a interrompendo.
Ela me encarou surpresa e ficou paralisada no meio do quarto.
— Eu posso te abraçar?
Ela perguntou parecendo envergonhada e suas bochechas
ficaram vermelhas.
Agora eu sabia que era genética.
— Sim.
Dei um pequeno sorriso em sua direção.
Ela suspirou em alívio e andou até mim e me abraçou com força. Retribui o gesto com o coração acelerado.
— Obrigada. Obrigada por me dar uma chance. — sua voz estava embargada e ela se afastou.
♡♡♡♡
Estávamos comendo falando sobre assuntos aleatórios. A sensação de saber que você pertence em um lugar era tão boa que aqueceu meu peito.
Por alguns momentos eu me permiti esquecer de Cole.
— Lili, preciso te falar uma coisa.
Ela disse limpando a boca em um guardanapo parecendo nervosa.
Esperei até que ela continuou:
— Eu paguei sua faculdade.
Ficamos em silêncio.
Cole estava falando a verdade e eu queria morrer. Senti minhas orelhas arderem.
— Eu acusei meu namorado de ter pago.
Admiti, em voz alta. Eu estava tão
envergonhada que me recusava a encarar Amy.
— Isso é péssimo, querida. Mas eu também não fiz isso por mal. Eu queria te ajudar, eu sinto muito.
Dei um pequeno sorriso.
— Eu entendo.
Mais silêncio.
— Nós brigamos... — comecei — Eu fui me desculpar em seu apartamento e ele estava com outra garota, eles estavam...
Encarei o prato e os talheres na enorme mesa de vidro, parando abruptamente no meio da frase. Eu não conseguia dizer isso em voz alta.
— Desculpe, eu não consigo dizer isso em voz alta, me desculpe.
— Eu sinto muito. Eu não deveria ter feito isso no anônimo.
Seu olhar era um misto de mágoa e arrependimento.
— Ele disse que me amava algumas horas antes.
Eu comentei, franzindo as sobrancelhas.
— Eu não entendo.
Eu não entendia. Ele me amava, então por que ele fez aquilo? O amor é isso então? Doloroso e... fugaz?
— Ah, querida. Mas você o acusou injustamente quando a culpada sou eu. O amor às vezes é complicado, muito mesmo.
Ela sorriu.
— Eu sei que deve estar sendo difícil para você perdoá-lo, mas se permita fazer isso. As coisas às vezes saem do controle, nós não somos perfeitos. Ninguém é. As pessoas vão continuar errando, todos nós continuamos aprendendo com os nossos erros, você não pode julgá-lo antes de pensar em seu ponto de vista. Sei que parece difícil mas você sempre foi a pessoa mais doce que eu conheço.
Ela diz com um olhar melancólico.
— Me lembro que em uma das visitas nós estávamos no parque. Você estava brincando de chá de bonecas com outra garotinha, ela pediu para segurar a sua por alguns segundos, e
você deixou que ela o fizesse sem hesitar.
Ela suspirou, parecia distante. Um leve sorriso dançava entre seus lábios.
— No momento em que ela pôs a mão em sua boneca, acabou a quebrando. Eu me lembro do desespero no rosto daquela criança até hoje, ela havia ficado tão constrangida por ter quebrado algo seu que ela começou a chorar, mas ao invés de gritar com ela e chorar como a maioria das outras crianças fariam, você a abraçou e disse que estava tudo bem e então você a perdoou.
Meus olhos estavam começando a lacrimejar. Acho que nunca fui tão sentimental quanto hoje.
— Você era uma criança perfeita, incomum de um jeito bom e somente seu. Eu sei que não se compara à situação que você está passando, mas isso é um exemplo do que está em seu coração. Você é capaz de perdoar as pessoas, sempre foi. E isso foi uma das características que eu guardo da sua personalidade em meu coração. Você é especial, Lili.
Nós duas estávamos prestes a chorar quando uma empregada entrou na sala de jantar para retirar os pratos e Amy secou os olhos.
— Converse com ele. Ouça sua versão da história, sempre há dois lados. E sempre faça o que seu coração acha melhor.
Suas palavras ecoaram em minha mente por alguns minutos. Então eu me levantei e subi para meu quarto, depois de pedir licença.
Era estranho estar em um casa enorme como esta, eu tinha medo de tocar nas coisas, tudo parecia terrivelmente caro.
Eu fui até o banheiro e tomei um longo banho de banheira, com direito a alguns sais e aromas que uma das empregadas haviam preparado.
Eu observei as bolhas que se formavam na água quando duas batidas foram dadas sobre a porta.
Depois de um segundo ela foi aberta.
— Olha, eu trouxe essas toalhas que a senhorita Amy enviou para você...
A garota parou de falar no mesmo momento em que seus olhos encontraram os meus.
Eu quis me afundar dentro da banheira e me esconder.
Era ela.
A garota do apartamento de Cole.
Eu quis jogar o sabonete ao meu lado em seu rosto, esses sentimentos de fúria e possessão eram novos para mim e eu me estranhei por alguns segundos. Então respirei fundo, torcendo minhas mãos em baixo da água, os afastando para longe.
— Ai, meu Deus.
Ela falou lentamente e as toalhas em sua mão caíram no chão. Ela abaixou rapidamente e as pegou.
— Me desculpe, me desculpe.
Ela murmurou, sorrindo
forçadamente.
Ela parecia outra pessoa. Seus longos cabelos estavam presos em um coque, seu rosto estava livre de maquiagem e agora ela estava... vestida.
— Por favor, se retire.
Eu falei, o tom de voz baixo enquanto encarava a parede à minha frente.
— Espera. Eu sei que...
— Por favor, basta sair.
Eu peço novamente, o tom de voz suave.
Ela me encarou confusa.
— Porra, você devia gritar comigo. Ou me demitir. Acho que eu me sentiria melhor.
Eu dei de ombros, finalmente a encarando.
— Isso não nos leva a lugar nenhum.
— Uau, você é bem madura. Como aquele otário conseguiu alguém como você? Tipo, eu estava com ele. Mas porque eu não acredito que o sexo deve ser apenas com quem nós
amamos ou gostamos. Eu faço dele algo casual, e eu estava super estressada com a faculdade e ele me chamou para o apartamento dele. Mas eu juro que eu nunca teria ido se
eu soubesse que ele tinha uma namorada.
Sua expressão parecia honesta, assim como suas palavras.
— Eu sinto muito.
Ela disse por fim, antes de se virar e fazer menção de sair.
— Espera. — eu a chamei.
Ela se virou para mim novamente.
— Eu entendo, não a culpo. Você não me deve desculpas.
Ela sorriu.
— Obrigada por compreender, e mais uma vez, o Cole pode ser um babaca estúpido, mas ele realmente parecia abalado quando voltou depois de te perseguir pelo prédio. Acho que ele se arrepende. Eu me arrependeria no lugar dele.
Então ela deu de ombros e saiu.
Eu fechei os olhos e encostei a parte de trás de minha cabeça contra a borda da banheira.
Eu teria que falar com Cole.
Mas ainda não, eu não me sentia pronta.
E eu esperava que as coisas não saíssem do controle.
{...}
Genteeee, vim convidar vcs pra lerem a fanfic nova da minha amiga, o nome é "Lover" está disponível no perfil dela bugheadream vão lá dar uma forcinha pra ela :)
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