28

Lili Reinhart

Eu estava sentada em frente a lanchonete enquanto observava as pessoas que passavam pela calçada.
Eu não conseguia sentir mais nada, eu havia parado de chorar há algumas horas atrás e agora estava completamente anestesiada, eu não sentia mais nada e era assustador.

Eu estava certa sobre isso. Certa sobre nós.

O Cole iria acabar me quebrando.

E ele havia conseguido.

Quando ele saiu pela porta da lanchonete eu havia me arrependido no mesmo instante. Eu fui atrás dele. Mas Camila me alertou que o dono da lanchonete estava a caminho e queria conversar com os funcionários.
Então eu tive que ficar até a lanchonete se fechar. Eu estava ansiosa imaginando como ele iria reagir quando eu finalmente dissesse que o amava.

Eu o imagina sorrindo e me puxando para um abraço e retribuindo as três palavras novamente.

Mas tudo isso foi apenas uma grande ilusão. O evento de Amy era daqui a dois dias. E eu automaticamente puxei seu cartão de meu bolso e liguei para o seu número.

Após dois toques a voz de uma mulher soou do outro lado da linha.

— Olá, sou a secretária da Srt. Amy Quem está falando?

Observei a iluminação do poste fraca por alguns segundos. Eu não sabia se deveria estar fazendo esta ligação.

— Lili. — respondi, relutante.

Ela soltou um murmúrio surpreso e disse para eu aguardar um momento. Logo após alguns minutos a voz de Amy soou:

— Oi, Lili. Achei que não ligaria.

Seu tom de voz era surpreso, talvez tão quanto o de sua secretaria.
Eu franzi as sobrancelhas, confusa.

— Ah... oi.

— Está tudo bem?

Ela perguntou provavelmente percebendo o desânimo em minha
voz.

— Sim.

Essa foi a pior mentira que eu já tinha contado em toda minha vida. Não que eu mentisse muito.

Suspirei derrotada.

— Na verdade não. Eu estou me sentindo... perdida.

As palavras saíram rapidamente e eu me arrependi logo após.

— Desculpa, eu não deveria ter ligado. Desculpa mesmo.

Continuei constrangida.

Ela me interrompeu.

— Está tudo bem. Aonde você está? Estou indo até aí.

Eu estava surpresa. Mas no momento eu estava aceitando ajuda até mesmo de estranhos. Eu não tinha amigos, não tinha família. E agora também não tinha ao Cole.

Minha situação já era ruim o suficiente, então se Amy fosse alguma psicopata, quem se importava?
Passei o endereço à ela e encerramos a chamada. Encarei o asfalto, alguns
momentos depois uma limousine parou  sobre o meio-fio.

Amy.

Ela desceu do carro e andou até mim. Ela estava usando um casaco nude elegante e saltos altos. Por um momento, seu rosto me lembrou a alguém. Eu só não sabia
exatamente a quem.

— Por que você está aqui? — ela perguntou confusa, ao me ver sentada na calçada.

Ela me encarava com preocupação. Ela realmente parecia se importar.

— Eu não tenho aonde ficar.

Ela me analisou por alguns segundos e me deu um pequeno sorriso.

— Vamos. Você pode ficar comigo.

Ela estendeu sua mão em minha direção.

A encarei meio incerta mas acabei deslizando minha palma contra a sua.

Nós entramos na limousine e seguimos até a parte nobre da cidade. Havia muitas casas enormes e planejadas pelo bairro. Paramos em frente à uma mansão, a casa era enorme e tinha um jardim amplo e
bem cuidado em sua lateral, tudo aqui gritava o quanto Amy era muito, mas tipo muito mesmo, rica.

Após estacionarmos, nós descemos do carro e ela me guiou pela sala e depois até a escadaria, em um corredor repleto de portas, ela me levou até um dos quartos.

Aqui dentro era mais elegante do que por fora, se possível. Tudo era decorado em cores claras, com móveis planejados e brancos.

A casa era linda e parecia ter saído de um filme.

— Será que está bom para você?

Ela perguntou com um tom preocupado.

O quarto era decorado com as cores branco e rosa. Era delicado e perfeito, muito feminino.

Assenti, achando graça. Eu havia vivido em um quarto humilde a minha vida toda, este quarto era como um sonho de qualquer garota.

— Eu gostei. É muito, muito lindo.

Eu disse sinceramente, dando passos para dentro. Havia uma escrivaninha com um computador rosa imenso.

— Eu não sabia que tinha rosa.

Comentei passando levemente o dedo na tela quadrada.

Ela sorriu.

— É exclusivo.

Ela havia criado uma linha de eletrônicos exclusivos somente para seu uso pessoal.

Eu estava impressionada.

Suspirei e me sentei na ponta da cama que também era enorme, ela estava forrada com lençóis muito macios sobre meu toque, parecia algum tipo de seda. Eu estava tentando ocupar minha mente com coisas aleatórias e banais, mas toda vez que eu fechava os olhos eu estava de volta ao apartamento do Cole.

Eu imaginava a ruiva passando a mão em seu peitoral e tirando sua roupa, também poderia visualizar Cole a beijando avidamente.
Essa imagem me fez querer chorar, gritar e vomitar, não exatamente nessa ordem, talvez tudo ao mesmo tempo.

Senti meus olhos arderem. Eu não queria chorar.

— Tem algo de errado? — Amy andou até mim.

Essas palavras foram um gatilho para eu desmoronar. Um soluço escapou de minha garganta e eu prendi minha respiração, numa tentativa falha de conter minha crise de choro.

Eu estava me sentindo completamente patética.

Ela andou rapidamente em minha direção e passou os braços ao redor dos meus ombros. A abracei de volta e percebi o quanto eu precisava disso.

— Obrigada. — falei após me acalmar.

Ela sorriu fracamente.

— Está tudo bem, querida.

Ela me tranquilizou, sua mão fazia movimentos em linha reta em minhas costas lentamente, era tranquilizante.

E de certa forma suas palavras haviam me deixado relaxada. Havia alguma coisa nela que eu não conseguia explicar. Mas eu sentia que podia confiar nela.

— Sabe, eu fiz esse quarto pensando em alguém especial.

Ela disse de repente, analisando o ambiente ao seu redor.

— Eu sempre imaginei qual seria a reação dela ao entrar aqui. Eu sonhava com este dia.

Ela sorriu tristemente, parecendo distante. A observei em silêncio.

— Mas agora ela já viu. Ela adorava rosa. Sempre gostou.

Ela andou até as cortinas e as abriu, a janela ampla nos dava uma ótima visão da lua cheia no céu, em toda sua glória.

— Você tem uma filha? — perguntei, confusa.

Ela me encarou.

— Sim.

Assenti e dei um pequeno sorriso. Ela devolveu o gesto em minha direção.

— Onde ela está?

Sua expressão ficou séria enquanto ela me encarava.

— Ela está aqui.

Não podia ser.

Percebi que ela me olhava com amor e ternura. Um olhar maternal que eu vi muito quando estava no fundamental, quando as mães de minhas colegas iam as buscar após as aulas e as abraçavam, quando eu entrava no ônibus e voltava para a casa sozinha, com os
pensamentos perdidos em como realmente era se sentir amada. Deveria ser algo bom,
reconfortante. Bem, eu não tinha isso. Eu não sabia o que era isso. Por isso, a possibilidade de Cole me amar me assustou tanto, eu não sabia o que era o amor ou como eu deveria
reagir a ele. Era confuso.

— Exatamente aonde ela está?

Insisti com o coração acelerado.

— Ela é...

Ela desviou os olhos por um momento e logo depois olhou novamente
para mim.

Ela é você.

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