Resgate.

Capítulo 34.
Resgate.
LIZZIE REINHART

Era por volta das nove da noite quando Alex me deixou em frente ao apartamento da minha mãe. Pedi para que ele esperasse lá embaixo, e que só fosse atrás de mim caso eu demorasse mais que vinte minutos para descer.

Para minha sorte, o turno do porteiro estava terminando quando cheguei. Se eu tivesse chegado dois minutos mais tarde, meus planos teriam ido por água abaixo, pois eu teria que tocar o interfone e não conseguiria pegar minha mãe desprevenida.

Com a mentira de que estava indo fazer uma surpresa para minha mãe, subi sem ser anunciada. Minha mãe morava no quarto andar, mas parecia que eu estava há pelo menos dez andares dentro daquele elevador. Provavelmente era a ansiedade fazendo o tempo passar devagar.

Precisei bater na porta por dois minutos seguidos, fora do alcance do olho mágico para que a porta fosse finalmente aberta. Quando deu de cara comigo, Daisy empalideceu imediatamente. Acho que viu a fúria em meus olhos e deu-se conta de que eu finalmente havia descoberto suas tramóias.

- Onde ela está? - grunho entredentes, passando por minha mãe e adentrando sua casa sem nem ao menos ser convidada. - O que você fez com a Lili? - grito.

- Do que diabos você está falando? - ela grita, vindo atrás de mim e segura meu braço na intenção de me parar enquanto ando em direção ao meu antigo quarto. - Lili? - chamo, assim que me dou conta de que a porta do meu quarto está trancada.

- O que você está fazendo, Lizzie? - Daisy coloca-se entre a porta e eu. - Sai da minha casa, garota mimada, anda!

- Mimada? - solto uma gargalhada sonora. - Que mimo eu tive mãe? Seu carinho inexistente? Ou foram as minhas necessidades básicas escassas? - questiono num tom debochado e cruzo meus braços.

- Sai daqui de uma vez antes que eu enfie a mão na sua cara. - ela ruge entre os dentes.

- Eu não saio daqui sem a minha irmã! - grito, furiosa.

- Irmã?

Escuto uma voz confusa ao longe - provavelmente atrás da porta - e arregalo os olhos.

- Meu Deus. - sussurro e encaro minha mãe. - Você a mantém trancada aí dentro esse tempo todo? Você enlouqueceu de vez, eu vou internar você. - digo entredentes e empurro Daisy para o lado, afastando-a da porta. Ela logo volta e começa a socar minhas costas incansávelmente. - Lili, saia de trás da porta. - peço, num tom alto o suficiente para que ela me escute.

- Você não vai levá-la daqui! - minha mãe grita enquanto distribui socos por meu corpo, que ficava cada vez mais dolorido.

Viro-me para ela de supetão e agarro seus pulos com uma força que eu jamais imaginei que tinha.

- Tira a porra das mãos de mim! Chega! - grito na cara dela, fazendo-a se afastar.

É exatamente isso, se você gritar mais alto que os valentões ao seu redor, eles vão recuar.

- Se você encostar em mim mais uma vez, eu juro por Deus que vou devolver. Você não é minha mãe, nunca agiu como tal, e eu não te devo o respeito que uma mãe merece. - dito cega de raiva. - Ou você abre essa maldita porta, ou eu mesma vou colocá-la abaixo.

Daisy retira o que acredito ser as chaves do bolso do short e me entrega. O olhar de ódio em sua face é assustador, mas eu cheguei em meu limite de recuar como um cãozinho apavorado. Não deixaria que ela arruinasse Lili como fez comigo.

Quando estou destrancando a porta, ouço Daisy afastar-se e suspiro aliviadamente. Aquilo só poderia ser sinal de que ela nos deixaria ir embora em paz.

- Lili? - questionei assim que abre a porta o suficiente. - Eu sou Lizzie, sua irmã mais velha. - murmuro, com um pequeno sorriso. - Não muito mais velha, só tenho vinte e um anos. - digo num tom amigável, esperando que ela me receba com um sorriso e um abraço, ou algo assim, mas Lili está petrificada. Seus olhos verdes estão arregalados, transbordando lágrimas e fixos em algo atrás dos meus ombros. Quando me viro, deparo-me com Daisy, com uma enorme faca na mão. - Daisy, coloca essa faca pra lá.

- Você realmente está pensando que eu vou deixar vocês duas saírem daqui? - olhar dela mostra que ela perdeu de vez a cabeça. - Até você desamarrar Lili, eu já me livrei de você. - ela sorri e cruza os braços.

Quando ela diz isso, viro meu rosto para observar minha irmã, que está com uma corrente no pé, longa o suficiente para ela ir até centímetros da porta, presa em seu tornozelo.

Engulo em seco.

- Por que você está fazendo isso com a gente? - grita Lili. - Eu nunca te fiz nada de mal, eu nunca nem quis procurar você!

- Ah, pobrezinha. - ela revira os olhos e assume sua postura assustadora novamente, apontando a faca na direção de Lili. Coloco me à frente dela e engulo em seco. - Você é uma ingrata, Elizabeth. - ela rosna em minha direção. - Te criei por todos esses anos e você fica contra mim por causa de uma garota que você nem ao menos conhece.

- Você sempre foi o meu maior problema, Daisy. É o motivo de todos os meus traumas. Eu não vou deixar que você faça com Lili o mesmo que fez comigo.

- Ah! Agora você vai bancar a supergirl. - ela debocha. - Por que você acha que a filha de um maldito estuprador merece toda essa compaixão, Elizabeth? - ela grita, aproximando-se ainda mais. Olho brevemente por cima do ombro e meu coração parte-se em milhões de pedaços ao ver o olhar de desespero e nojo nos olhos de Lili. Daisy ainda não havia contado a ela toda a história. - Ah, é verdade, a princesinha ainda não sabia que era fruto de um estupro, não é mesmo? Mas é exatamente isso que você é, Lili. Fruto da pior noite da minha vida, resultado da maior e mais cruel violência de que uma mulher pode sofrer.

- Por que diabos você não me tirou? Ninguém merece gerar um filho de algo assim. - a voz dela é quase um gemido de dor.

Agora eu me pergunto, como diabos Lili pode ser filha de duas pessoas tão ruins e ser assim? Sentir compaixão por quem a vem agredindo por sei lá quanto maldito tempo.

- Porque eu não tinha condições de pagar por um aborto que não me matasse, e além disso, poderia ser julgada pelo estado como se tivesse realmente cometendo um crime tão ruim quanto o que seu pai fez comigo. - ela sorri. É assustador como Daisy não demonstra nenhuma tristeza, dor ou arrependimento. Diferente de Lili que tem tudo isso nos olhos, mesmo que não seja culpa dela.

- Você já a fez sofrer demais, deixa-a em paz. - dito duramente.

- Como diabos você consegue defender essa garota? Você é imbecil? O pai dela matou o seu pai, merda. Você deveria ter tanto ódio dela quanto eu! - num passo, Daisy está com a faca na altura do meu rosto.

- Você é completamente louca. - digo engolindo os soluços. - A vovó disse a vida inteira que você cometeu um erro dando Lili para adoção, porque ela é filha do papai, e no fundo eu sei que você sabe disso. Você já estava grávida quando sofreu essa violência, mas enfiou na cabeça que não. Isso te danificou completamente, mas Lili e eu não temos culpa e você precisa entender isso.

- A sua avó não sabe de nada! - ela grita e passa a faca por meu braço quando a baixa, fazendo-o arder e me arrancando um grito. Coloco a mão no ferimento e a encaro apavorada. - Sua avó me tratou como louca a vida inteira, e eu não vou aceitar que você faça o mesmo!

- Daisy!

Me assusto com o grito de Alex, assim como minha mãe. O que me dá a oportunidade de empurrá-la, fazendo-a derrubar a faca que eu pego imediatamente.

- Alex, liga para a polícia. - grito enquanto corro em direção a Lili para dar um jeito de tirá-la daquelas correntes. - Não deixe ela fugir. - grito novamente.

Graças às habilidades marciais de Alex, ele consegue imobilizar minha mãe sem machucá-la. Daisy estava de bruços no chão, com ambos os braços atrás de seu corpo, e Alex os segurava pelo pulso com uma mão, enquanto com a outra ligava para a polícia.

Demorou até que eu finalmente percebesse que a única maneira de soltar Lili era achando as chaves do cadeado, que esse tempo todo estavam no chaveiro, pendurado na porta do quarto. Quando a solto, Lili encolhe-se como uma bola no chão, chorando compulsivamente.

Eu não fazia a menor idéia do que minha mãe havia feito com ela, mas a havia apavorado muito. Faço a única coisa que vem em minha cabeça e me deito no chão ao lado dela, abraçando-a para que fique segura.

- Vai ficar tudo bem. - sussurro, afagando seu cabelo. - Ela nunca mais vai nos machucar, Lili.

_____

QUEM MERECE 500 COMENTÁRIOS NESSE CAPÍTULO DEPOIS DESSA MINI MARATONA QUE PASSOU DESPERCEBIDA???? EM EM EM?? EUU!!! COMENTEM MUITOOOO!!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top