Novos amigos.

Capítulo 3:
Novos amigos.

Cole sentiu-se obrigado a admitir que Lili não aparentava ser nada como ele pensava. Ela era realmente uma garota legal, educada e até divertida à primeira vista. Para algumas pessoas poderia até parecer um pouco idiota, mas todo aquele encantamento de Rachel com Lili deixou Cole levemente irritado. Ou melhor, enciumado, mesmo que ele insistisse em tentar se convencer de que não era ciúme, e que apenas achava um tanto ridículo toda aquela adoração por uma pessoa que eles haviam "acabado de conhecer". Para o rapaz, aquilo soava falso.

KJ, como sempre, mal conseguia manter o pau dentro das calças e já estava, mesmo que discretamente, dando em cima de Lili. Era compreensível, a garota é linda, mas de toda maneira, é uma beleza natural, comum. Nada que Cole não tenha visto antes, diante do meio em que vive.

Em torno de onze da noite Cole chegou ao shopping acompanhado por Camila Mendes, sua melhor amiga e parceira de trabalho, e Charles Melton, o namorado da garota. Os três estavam esperando por KJ, que havia feito questão de buscar Lili, mesmo depois da garota ter insistindo em encontrá-los lá de táxi. Mas, como o garoto fora irredutível e não aceitou não como resposta, agora chegava ao shopping acompanhado de Lili.

Graças a fama de Cole, era um tanto quanto difícil o rapaz frequentar lugares públicos sem que fosse sufocado por uma multidão de adolescentes desesperadas, então, precisou basicamente "reservar" o shopping por algumas horas para poder curtir a noite com os amigos. A primeira parada depois de apresentar todo mundo a Lili foi um restaurante de comida japonesa, onde os cinco se entupiram de sushi e acabaram-se em risadas graças a aversão de Lili a peixe cru. Quando saíram do local, Camila puxou Lili pelo braço e a saiu carregando, como se fossem amigas de infância.

- Garota, você está realmente precisando de roupas novas! - Camila decretou, com seu jeito espontâneo e extrovertido, encarando brevemente o short jeans surrado e a blusa azul bebê de mangas cumpridas que Lili vestia.

A loira soltou uma gargalhada sonora encolhendo os ombros e deixou-se ser arrastada para dentro e fora de diversas lojas incansavelmente.

Camila a fez experimentar de tudo, desde casacos para o inverno que ainda estava relativamente distante e mal existia em Los Angeles, até roupas íntimas e sapatos.

Enquanto isso, KJ, Melton e Cole estavam em uma loja de fliperamas, testando algumas máquinas e tentando decidir se seria muita loucura comprar um daqueles para deixar no quintal de Cole durante suas festas para o pessoal se divertir.

- Sua irmã é linda, daria uma bela modelo. - Melton murmurou aleatoriamente, arrancando uma leve risada de Cole.

O rapaz era fotógrafo, então, qualquer garota cumprida e esguia aguçava-lhe a vontade de fazer fotos e promovê-las em algum editorial.

- Tira o olho por que eu vi primeiro. - KJ esbravejou.

- Não falei nesse sentido, idiota. Eu tenho namorada. - retrucou Melton.

Cole moveu a cabeça em negação, soltando uma risada nasal. Ele sabia o quanto KJ era apenas fogo de palha, o tipo de cara que tem uma garota por semana, e por mais que não conhecesse Lili mais do que há algumas horas, não permitiria que o melhor amigo avançasse esse sinal.

- A Lili é fora de questão pra você. - assumiu uma postura rígida. - Não quero que você arrume problemas pra mim partindo o coração da filha adotiva da minha mãe. - avisou.

- Estamos quase acabando! - Camila falou empolgada, interrompendo os garotos ao finalmente encontrá-los saindo da loja de fliperamas. Ela está acompanhada de Lili, que assim como a morena, empurrava um carrinho cheio de sacolas com roupas, sapatos, e outras coisas mais.

- Eu estou com fome de novo. - reclamou Melton, enquanto aproxima-se da namorada e a envolvia em um abraço lateral.

- Vamos comprar uns hambúrgueres no shake shak pra levar lá pra casa. - sugeriu Cole.

A jornada no shopping fora mais divertida do que Lili esperava, a garota ficou surpresa ao ver Camila quando chegou. Aparentemente, seu cérebro não havia assimilado que, agora que ela fazia parte da família de Cole, cruzaria constantemente com pessoas do mesmo meio dele.

Camila, no ponto de vista de Lili, era muito diferente do que a mídia mostrava. Ela era uma pessoa aberta, prestativa e divertida, com uma energia maravilhosa, e conseguiu fazer com que a loira se sentisse acolhida e em casa.

Lili tinha consciência do quanto era sortuda, mas, ainda assim, sentia falta do orfanato de certa forma, e de Madelaine, sua melhor amiga.

Uma hora mais tarde, depois de comprar tudo o que precisava, Lili encontrou-se com os meninos no local que haviam marcado mais cedo, a saída do estacionamento C. Camila correu para os braços do namorado, e KJ foi em direção a Lili, puxando assunto com a garota, mas a atenção dela havia prendido-se a Cole, que estava distante da entrada, com uma expressão sisuda enquanto fala ao telefone e fumava um cigarro. Ele parecia discutir ferozmente com alguém.

- Amor, pelo amor de Deus! Para com isso, cara! Que bobeira, Celine. - pediu o rapaz, enfiando a mão em seu cabelo, depois de jogar o cigarro pela metade no lixo. Cole andava de um lado para o outro, visivelmente frustrado.

- Ah, essa mala de novo. - Camila revirou os olhos.

- Eu nunca vou me acostumar a viver no meio de vocês. - Lili, murmurou meio boquiaberta ao dar-se conta de que Cole estava ao telefone com Celine Rudolph, a maior cantora pop da atualidade, e namorada de Cole.

- Ela tá puta por que ele veio pra cá e a Camila veio junto. Aposto. - ditou KJ, ignorando o que Lili disse.

- Não consigo entender, isso não parou nem agora que Camila e eu estamos juntos assumidamente. - Melton resmungou, visivelmente irritado.

- Eu vou falar com ele. - Camila afastou-se e seguiu na direção em que Cole estava.

A morena tirou o celular da mão dele e Cole lançou um olhar desesperado para ela. Camila o ignorou, colocou o telefone no ouvido e começou a falar, falar e falar. Cole arrancou o telefone da mão dela e saiu em direção ao estacionamento.

- Acho que vocês terão de ir embora comigo. - KJ cutucou Melton com o cotovelo.

- Eu tenho certeza. - Melton concordou, olhando para onde Cole tinha saído.

Lili mantinha-se em silêncio, apenas observando os acontecimentos um tanto quanto confusa.

- Acho que temos que ir embora de ônibus. - Camila forçou um sorriso exagerado.

- Cami, por que você implica tanto com a garota? Você sabe que o Cole fica puto contigo. - KJ questionou.

KJ e Melton empurravam os carrinhos com as sacolas de Lili e Camila, enquanto andavam a caminho do carro de KJ, que estava estacionado um pouco mais distante da saída C do estacionamento do shopping.

- Não é implicância, é apenas senso de proteção. - bufa, levemente irritada. - O Cole parece ser o único que não percebe o quanto a Celine é tóxica. Ela o proíbe de estar com os amigos por ciúme, praticamente não o deixa sair quando pode impedir, e fora que, ela constantemente ferra com a cabeça dele com as constantes agressões psicológicas. - a esse ponto, a face da morena já estava vermelha de raiva. - Eu nunca vou apoiar o namoro dele com essa garota, e não é por que sou uma pessoa ruim, mas sim por que quero ver meu melhor amigo feliz e sei que a Celine não é capaz de fazer isso. - Um suspiro frustrado irrompe dos lábios de Camila.

- Eu achava que eles viviam um conto de fadas quando os via na televisão. - comentou Lili, desacreditada.

- A menos que o conto de fada seja a Bela e a Fera num cunho tóxico e abusivo, eles não vivem contos de fadas nenhum. - Camila colocou as duas últimas sacolas na mala do carro de KJ.

- Droga, os lanches ficaram com o Cole. - KJ retrucou, completamente alheio ao assunto sério do momento. Tal comentário arrancou uma onda de gargalhada dos jovens, fazendo-os caçoarem do ruivo por alguns segundos.

Depois de Lili pedir permissão a sua mãe adotiva para que Camila dormisse em sua casa, as duas jovens subiram as escadas para o quarto da garota e começaram a tirar as compras de dentro das sacolas. Se Lili não tivesse passado a vida inteira em um orfanato que mal recebia doações, e tivesse tido experiências abundantes e felizes nos feriados natalinos, poderia comparar aquele momento a manhã de natal. Embrulhos estavam espalhados por todo o quarto, enquanto as garotas abriam mais e mais sacolas de roupas novas.

Lili mais que feliz, sentia-se agradecida. Não só pelo luxo em que agora vivia, mas também por ter sido tão acolhida por Rachel e agora por Camila. Era como se ela além de ganhar uma mãe, tivesse ganhado também uma irmã.

Minutos mais tarde, Rachel juntou-se as garotas, ajudando-as a abrir as embalagens e elogiando as escolhas da filha e da amiga. A noite terminara leve, e alegre. Mas no dia seguinte, não seria nada daquilo.

Na manhã seguinte, Lili adentrou o quarto com seu celular novo nas mãos e ligou para o orfanato. Ou melhor, para o celular do orfanato. Lá cada quarto tinha um pequeno aparelho telefônico que apenas fazia e recebia ligações e mensagens, e ficava na responsabilidade do interno mais velho do quarto. No caso do quarto de Madelaine, ela era a interna mais velha, e por isso, Lili sabia que seria ela quem atenderia quando ligasse.
No terceiro toque a ruiva atenção.

- Alô?

- Oi Mad, sou eu, Lili! - a loira quase gritou.

- Não acredito, Lili! Você ligou mesmo! - disse a menina, mas sua voz parecia triste.

- Sim, liguei! E liguei durante o dia também, mas ninguém me atendeu. Nem você, nem o Chace. - resmungou, apertando o celular nos dedos.

- É que... É... Lili, eu preciso te contar uma coisa. - Agora a voz dela estava estranha, parecia chorar e a respiração dela parecia pesada.

- O que aconteceu?

- O Chace morreu. Ontem a noite. Mas só encontraram ele hoje de tarde. Por isso você não conseguiu se despedir, ele morreu dentro do banheiro dos meninos.

Depois de ouvir aquelas palavras Lili não conseguiu mais se mover, seus dedos amolecerem ao redor do celular, fazendo-o cair sobre a cama. A garota sentiu tudo rodar ao seu redor, e escorreu pela cama até parar no chão.

- Mas o que? Por que? Ele morreu de que? - quase gritou, depois de conseguir levar com dificuldade o celular novamente até o ouvido.

- Eu não sei, Lili, eles não quiseram nos falar. Mas eu desconfio que tenha sido pelas drogas. Lili, promete pra mim que você não vai usar drogas de novo! Promete! - Madelaine estava quase gritando.

Lili entrou em pânico, começando a chorar ainda mais e desligou o telefone rapidamente.

Era horrível e automático, toda vez em que ela se via em uma situação ruim, o corpo implorava pela droga. Ela precisava se anestesiar, mesmo sabendo que decepcionaria Madelaine. Lili estava despedaçada. Havia perdido a pessoa que amava do dia para noite, sem nem poder se despedir.

O choro não sessava. A garota só conseguia pensar em como queria Chace ao seu lado, em como tinha sido egoísta em não ter ido vê-lo antes de dormir por que não gostava de despedidas.

Madelaine estava chorando por Lili, não pelo Chace. Ela queria estar ao lado dela para abraçá-la e não permitir que ela fosse pelo mesmo caminho que a jovem achava que ele tinha ido. Madelaine nunca aprovou a proximidade de Lili e Chance. Antes dele, ela não usava drogas, não sofria. Depois que ela ficou com ele a primeira vez as coisas começaram a dar errado, e a ruiva sabia disso.

Chace, assim como Madelaine, era dois anos mais velho que Lili. Ele a manipulava. A jovem tentava abrir os olhos da melhor aiga, porém ela estava tão apaixonada por ele que não enxergava. Lili perdeu sua virgindade com Chace porque ela "precisava" de droga e não tinha como pagar, com isso, ele a propôs sexo em troca de drogas, e ela aceitou. Pelo vício e por gostar dele. Desde então, o nojo e implicância de Madelaine com Chace só aumentou. Ninguém havia contado isso para ela, ela havia visto. No fundo, ela estava aliviada pela morte dele, sendo assim, ele não arrastaria Lili para a sarjeta junto com ele e nem se aproveitaria mais dos sentimentos da garota.

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Oi amorzinhos! Próximo capítulo vocês terão o primeiro momento sprousehart hihi!

Fiquei muito feliz com o aumento de comentários, sério! Obrigada, de verdade! Até o próximo capítulo, amo vocês!

E comentem muito, assim talvez eu lance um capítulo surpresa rsrsrs

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