Dor.

Capítulo 31:
Dor.
COLE SPROUSE

Precisei usar todas as minhas habilidades de ator para engolir todas as minhas emoções quando minha mãe me contou que Lili havia decidido passar um tempo, indeterminado, diga-se de passagem, com a mãe biológica.

Não consegui acompanhá-las até San Francisco, pois sabia que não aguentaria ficar mais de seis horas com Lili dentro do carro sem questioná-lo o motivo de tudo aquilo agora. E, sinceramente, minha mãe não precisava que Lili e eu brigássemos no último momento das duas juntas em um longo tempo.

A última coisa que fiz relacionada a Lili, foi entrar em contato com meu advogado para que ele deixasse claro para o reitor da Juilliard que a passagem de Lili pela polícia havia sido um "mal entendido", e mandá-lo deixar claro que a mesma já havia caído, pois Lili havia sido provada como inocente, já que não fazia ideia de nada com o que aquele maldito Chace estava se metendo. Depois disso, decidi que precisava tirá-la da minha cabeça ou enlouqueceria de imediato. Mas, é claro, que não seria fácil, já que, neste exato momento, Camila e Madelaine estão sentadas à beira da minha piscina, discutindo o quão estranha essa situação toda de Lili realmente é.

- Será que vocês podem parar de falar da Lili? Sinceramente, esse assunto está me tirando do sério. - disparo, tirando o óculos de sol e as encarando.

- E você acha que não está tirando à nós duas do sério também? - rebate Camila. - Mad e eu somos suas amigas mais próximas e ela simplesmente foi embora para San Francisco sem nem se preocupar em nos avisar.

- Foi escolha dela, vocês deveriam respeitar.

- Será que foi mesmo escolha dela? - Madelaine indaga. - Ou você está tão aborrecido pelo pé na bunda que tomou que não consegue enxergar que tem alguma coisa errada? - a ruiva arqueia a sobrancelha e suspirou cruzando os braços. - Cole, a Lili jamais terminaria com você, ou com qualquer pessoa de maneira que machucasse, ela não é assim. Nem quando eu, a melhor amiga dela de infância, me declarei pra ela e disse que precisava me afastar, nem assim ela foi rude. A Lili que você nos descreveu, basicamente te dizendo que te usou, não é a Lili que cresceu comigo.

- A Mads tem razão, Cole. - Camila para de passar bronzeador na barriga e me encara. - Podemos não conhecer a Lili a tantos anos assim, mas ela sempre se mostrou tão doce, até mesmo quando estava decidida a arrancar os cabelos da megera da Celine. Qualquer pessoa que olhe para Lili sabe o que ela sente por você, menos a Rachel, que é cega. Mas eu tenho certeza que ela jamais faria algo para te machucar.

Eu bufo, já extremamente irritado e impulsiono meu corpo para frente.

- E o que vocês acham que houve então? Que algum alienígena tomou o corpo da Lili e a fez terminar comigo? - rio num tom amargo e torno a me deitar.

- Não. Faz mais sentido ela ter terminado e estar se afastando de vocês para não machucar a Rachel, afinal, legalmente, dentro de alguns meses, vocês serão irmãos. - lembra Madelaine, me deixando ainda mais irritado.

- Talvez ela só esteja tentando proteger você e a Rachel do sofrimento que seria se vocês dois levassem esse relacionamento pra frente.

- A gente poderia facilmente ter trabalhado isso, cara, será que vocês não percebem?

- Não, Cole, vocês não poderiam. Por mais que eu esteja só no primeiro ano de direito, sei muito bem que a situação de vocês não tem o que fazer legalmente, a não ser que Lili fizesse dezoito anos e se emancipasse, aí sim. - argumenta Madelaine.

- Poderíamos ter esperado isso... - murmuro, derrotado.

- Vamos dar um tempo nesse assunto, ok? - Camila pede, sentando-se ao meu lado na espreguiçadeira. - Precisamos dar um tempo tanto para você quando para Lili. - ela corre os dedos pelo meu cabelo e me oferece um sorriso reconfortante.

- Obrigado.

O resto do dia passou com Madelaine e Camila tentando me distrair, mas, ao mesmo tempo, tentando discretamente, entrar em contato com Lili, claramente sem sucesso.

Por volta das sete da noite, quando as garotas já haviam ido embora, recebi uma mensagem de minha mãe, pedindo-me para que eu fosse até a casa dela, passar a noite lá se fosse possível. E assim o fiz. Tomei um banho, vesti uma camiseta e uma calça de moletom, e caminhei algumas quadras até a casa de dona Rachel, já que precisava espairecer.

Quando cheguei na casa da minha mãe, um vazio tomou conta do meu estômago, como se eu tivesse tomado um soco. Era estranho chegar ali, ainda mais naquele horário, e não ver Lili jogada no sofá, assistindo alguma coisa na televisão.

A empregada avisou que minha mãe estava no quarto, provavelmente por ter me visto parado no meio da sala por tempo demais, então, para não parecer tão estranho quanto provavelmente já estava parecendo, subi as escadas e entrei no quarto de minha mãe, depois de dar duas leves batidas na porta. Estranho ao não vê-la na cama, então, decidi chamá-la para ter saber se ela estava mesmo ali ou não.

- Mãe?

- Estou aqui. - murmuro baixo, saindo do banheiro enquanto secava os olhos.

- O que aconteceu? - questiono ao me aproximar. - Você estava chorando?

- Sim... - ela me abraça apertado e suspira. Fico em silêncio, com o queixo apoiado no topo de sua cabeça, dando-lhe um momento para que possa falar. - Está tudo desmoronando, Lili nos deixou, e seu pai fez o mesmo essa manhã.

- Meu pai? O que? Por que?

Ela se afasta de mim e força um sorriso enquanto seca os olhos.

- Ele descobriu que o traí. Mas quer saber? Bem feito. Ele também me traiu não foi? Manteve a mãe dos gêmeos e a mim por sei lá quantos anos. Ele que se dane. - ela tenta se fazer de forte, mas lágrimas grossas escorrem por suas bochechas. - Não preciso dele para absolutamente nada.

Ajudo-a a sentar-se na cama e me sento ao seu lado, afagando seu ombro.

- Então porque você não para de chorar, em? - a abraço de lado e beijo seu rosto. - Não precisa fingir que está tudo bem, mãe, eu conheço você.

- Eu estou assim pela Lili, Cole. Queria saber o que eu fiz de errado, o que deixei faltar para ela querer ir morar justo com a mulher que a abandonou.

"Ela não tem o melhor dos gostos. Nem para namorados, e nem para mães, pelo visto." Era exatamente o que eu queria dizer, mas não podia, ou iria acabar expondo uma situação que deixaria minha mãe ainda pior. Então, engoli minha mágoa, segurei as mãos de minha mãe e disse:

- Você não fez nada de errado, mãe, e nem muito menos deixou de fazer algo. Lili só sentiu necessidade de conhecer a família biológica dela e tudo bem, é um direito dela. - forcei um sorriso e suspirei. - E eu posso apostar com você que logo ela volta pra casa, e quando a chegar o dia da audiência de guarda permanente, ela vai estar bem do seu lado, ok?

Minha mãe assentiu com a cabeça e me abraçou apertado, deixando que mais lágrimas escorrerem por sua face.

- E quanto ao papai, ele recebeu o que merece, você merece alguém melhor e que te valorize. Mas... isso não quer dizer que traição é certo, mãe, você vacilou.

- Eu sei, querido. Eu sei.

Longas horas se passaram até que minha mãe finalmente pegasse no sono, e aí foi a minha vez de não conseguir dormir. Minha cabeça estava cheia demais, e por mais cansado que eu estivesse, não conseguia esvaziar minha cabeça e pregar os olhos, então, levantei e deixei o quarto, vagando pelo corredor até parar em frente a porta do quarto de Lili.

O cômodo estava silencioso como era de se esperar, mas não ver nenhuma da bagunça costumeira, me atingiu ainda mais forte que a ausência de Lili na sala de estar. Desde o momento em que ela terminou tudo comigo, dizendo que ainda gostava de Chace, até minha mãe contar que ela estava indo embora para San Francisco, eu não havia derramado nem uma lágrima se quer. Mas, agora, parado diante da cama dela, sentindo seu cheiro empesteado no local me inebriar, fora inevitável.

Desisti de lutar contra as lágrimas e os soluços, e deixem que os mesmos saíssem, fazendo meu peito doer. Deitei-me na cama de Lili e me abracei ao seu travesseiro, como se aquilo pudesse diminuir a saudade e a perda.

Nem o término grotesco com Celine havia me machucado tanto como a partida de Lili. Tudo o que eu queria nesse exato momento era pegar meu carro e dirigir até San Francisco para vê-la, mas não adiantaria de nada, porque não é a mim que ela ama, é a Chace. Talvez ele até esteja lá com ela.

Nunca imaginei que amar alguém poderia doer tanto.

_____

é, gente...

vamos comentar, né? deixar estrelinha também! justo agora que eu estou atualizando frequentemente vocês resolvem sumir):

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top