Descoberta.
Capítulo 4.
Descoberta.
Na semana seguinte, Rachel já havia contratado os professores para que Lili recebesse as aulas em casa, já que era inviável submeter a jovem a uma escola convencional, graças a fama de seu irmão adotivo. Seria um caos, por isso a mãe decidiu pela conhecida home school.
Lili havia se fechado completamente desde a notícia da morte de Chace. Ela praticamente não comia, não bebida, não fazia nada além de utilizar aquele maldito e refinado pó branco. O único momento em que Lili obrigava-se a sair do quarto era de oito da manhã às uma da tarde, em seu horário de aula, pois não queria que Rachel percebesse que havia algo de errado.
Cole passou a semana em Nova York, gravando a participação especial que faria em um filme. Por mais que tentasse negar, o rapaz estava devastado. Desde o ocorrido no shopping, Celine o evita, ignorava suas ligações, e não o atendera nas duas vezes que o rapaz fora até sua casa antes de viajar a trabalho. Quando o avião de Cole pousou no LAX, em Los Angeles, ele notou que ela havia finalmente entrado em contato com ele, através de uma mensagem: "Precisamos conversar. Sei que chega hoje de NY. Passe aqui em casa ao meio dia."
Como eram oito da manhã quando Cole chegou em casa, largou o corpo no sofá imenso de sua sala e ficou encarando o teto. Ele precisava passar na casa de sua namorada, e depois ainda tinha que conversar com Lili, como sua mãe havia pedido. A mulher notou o quanto a jovem estava deprimida nos últimos dias, mas não conseguira tirar nada dela, e acreditava que por seu filho ter quase a mesma idade que ela, talvez conseguisse descobrir alguma coisa.
Por volta das onze da manhã, Cole levantou-se do sofá e pediu para que Emma, sua empregada, lhe preparasse um sanduíche caprichado enquanto ele tomava banho.
Enquanto a água escorria pelo corpo de Cole, ele encarava a parede. Os olhos perdidos e o coração acelerado denunciavam que ele sabia o que estava por vir. Celine terminaria com ele pela milésima vez em dois anos de namoro, e ele não aguentava mais lidar com aquilo.
Depois de se arrumar e se perfumar, ele desceu as escadas penteando os fios loiros com os dedos e caminhou até a cozinha, sentando-se diante do balcão. Enquanto conversava com Emma sobre a semana em Nova York, devorou os dois sanduíches que a senhora o havia preparado e tomou um generoso copo de suco de goiaba.
No percurso para casa de Celine, Cole precisou cortar caminho no mínimo três vezes para escapar dos paparazzis que o perseguiam diariamente. Quando passou pelos enormes portões da mansão de sua namorada, estacionou o carro de qualquer jeito e foi em direção a porta, ficando cada vez mais ansioso e aflito. No instante em que ele ergueu a mão para bater à porta, Celine surgiu atrás da mesma. Ela estava linda. A pele negra coberta por um fino robe amarelo, os cabelos longos cacheados caídos como cascatas por seus ombros e a face sem nenhuma gota de maquiagem. Aquela garota era alguém facilmente comparada a perfeição, e a falta de ar de Cole provava aquilo.
- Vamos pro meu quarto. - ditou, sem nem ao menos cumprimentar o namorado. Cole apenas maneou a cabeça em um movimento afirmativo e a seguiu para dentro de casa, e depois, escada a cima.
- O que quer conversar? - questionou Cole, engolindo o nó na garganta.
- Eu estou terminando com você. - ditou, passando as unhas pelos cabelos encaracolados. - Eu não aguento mais essa situação! Você sempre me deixa de lado pelos seus amigos, prefere chamar a Camila para sair do que eu, está sempre longe. - começou a falar com os olhos fixos nos de Cole. Ele ri desacreditado e nega com a cabeça, visivelmente amargurado.
- Celine, pelo amor de Deus! Não começa com essa história! Sempre que eu te chamo pra sair, ou pra fazer algo você nunca pode, e quando está comigo me evita o tempo todo, parece mais interessada no celular! Isso é amar alguém? Acho que não. Se você quer terminar tudo bem, mas assume o teu erro, não joga a culpa em cima de mim. - o rosto dele estava vermelho, e seus lábios tremiam por conta do esforço para conter o choro.
- Mas a culpa é sua! Você quem me larga por seus amigos! É você quem insiste em ter amizade com pessoas que eu não gosto. - sua voz sai em um grunhido. - Quer saber? Você é nojento! Eu não suporto olhar mais na sua cara. - Celine grita ofegante, tendo um acesso de raiva. - Pra mim acabou! E eu espero que você lembre muito bem que ninguém nunca vai te suportar, Cole. Ninguém vai aguentar todo ódio que eu aguentei por você, por que você não vale a pena. Sai daqui! - diz aos berros.
Cole a encara com o coração despedaçado, as lágrimas quentes escorriam por suas bochechas e seu peito subia e descia num ritmo descompensado. Sem dizer nada, ele apenas acenou com a cabeça e deu-lhe as costas, saindo do quarto. Ele desceu as escadas o mais rápido que podia, saindo depressa da casa de Celine. Assim que entrou em seu carro, esmurrou o voltante com os pulsos cerrados, deixando que as lágrimas saíssem com ainda mais violência.
Naquele momento, Cole havia se dado conta o quanto Camila tinha razão. Celine não o amava. Quem ama não humilha daquela maneira, não fala coisas para machucar o outro de propósito. Aquela houvera sido a gota d'água. Ele não seria mais um fantoche de Celine, e nunca mais permitiria que ela o magoasse daquele jeito outra vez.
Decidido, ele se recompôs, limpou as lágrimas de sua face e ligou o carro, dirigindo a caminho da casa de sua mãe.
- Mãe? - chamou alto, depois de passar pela porta da casa de Rachel. - Mãe, cheguei! - dessa vez, aumentou o tom de voz e trancou a porta, depois de guardar a cópia da chave de sua mãe no bolso traseiro da calça jeans.
- Oi Cole. Rachel saiu para comprar alguma coisa... - Lili avisou, descendo as escadas e esfregando a manga do vestido cinza no nariz, como se quisesse o tirar fora.
- Tudo bem, ela me mandou aqui para falar contigo mesmo. - sorriu e caminhou até a garota beijando-a na bochecha.
Por um instante, Cole parou para observá-la. Lili não estava normal. Ela havia emagrecido visivelmente em apenas uma semana, seus olhos eram contornados por olheiras fundas, as pupilas dilatadas, os olhos vermelhos, e ela não parava de fungar. Nem Cole que acabara de descobrir que a mulher que ama é uma víbora estava num estado tão deplorável quanto a garota naquele momento.
- Comigo? Porque? - questionou andando em direção ao sofá e sentou-se no mesmo. Foi aí que Cole percebeu que a garota não parava de sacudir as pernas. Ela estava agitada. - Ela devia mandar alguém falar com você, não comigo. Seus olhos estão inchados, você estava chorando. - observou.
- Pois é... Acho que estamos os dois precisando conversar. - Cole sorriu e sentando-se ao lado de Lili. Foi quando percebeu duas coisas, o nariz de Lili com um rastro de sangue e a maga da blusa dela suja com um pó branco. Era isso, ela estava drogada, com cocaína.
Cole não era nenhum santo. Por viver no meio de estrelas de Hollywood e show business, já havia presenciado muitas coisas, entre elas, pessoas drogadas por cocaína. Ficavam exatamente como Lili estava quando inalavam a droga em grande quantidade, o nariz sangrando, o corpo agitado e meio alheios a realidade.
- Ou talvez, a gente só precise sumir e se divertir. - sugeriu Lili, levantando-se do sofá e chamando a tenção de Cole. Ela foi até a escada e subiu em direção ao seu quarto. Ele a seguiu, e ao entrar no cômodo, sentou-se em sua cama.
- Lili, vai tomar um banho gelado, vai. - pediu, olhando por cima do ombro para ela que estava dançando, sem nenhuma música.
Lili negou com a cabeça e Cole sacou seu celular do bolso, enviando uma mensagem à Camila:
"Preciso de ajuda, Cami! Lili está drogada, tenho quase certeza de que é cocaína. Como diminuo o efeito dessa merda? Me responde e corre pra cá."
Menos de dois minutos depois, Camila respondeu a mensagem:
"Sprouse, dá um banho gelado nela. E alguma coisa doce. Faz ela beber bastante água e comer um doce. Já estou indo para aí."
Quando Cole ia guardar o celular, recebeu outra mensagem, dessa vez, de sua mãe:
"Filho, você já está na minha casa? Eu tive que passar na editora e vou demorar aqui, se puder me espera em casa. Te amo".
Cole não respondeu a mensagem de sua mãe, estava preocupado demais com a situação de Lili para continuar preso ao celular. Colocou-se de pé parando o corpo dançante da menina e segurou seus ombros sem exercer força sobre eles.
- Lili? Ei! Olha pra mim! - chamou a atenção da garota. - Vamos pra piscina?
- A água deve estar gelada, não quero. - negou, jogando-se na cama.
- Deixa de ser chata, vamos logo! - Cole puxou-a pelas mãos, tirando-a da cama.
- Ok, menino! Ok! - resmungou irritada e fungou mais uma vez.
Cole ajudou-a a descer as escadas e a guiou para fora pela porta da cozinha, em direção a área da piscina. Ele parou para tirar os tênis e as meias, e Lili continuou andando. Quando Cole chegou perto dela, deu-se conta de que a garota estava tirando o vestido e ficando de calcinha. Para piorar a situação, a loira estava sem sutiã. Ele correu em sua direção e abaixou o vestido o mais rápido que pôde, impedindo que Lili ficasse seminua.
- Não, vamos de roupa! - ditou Cole, e ela o olhou com uma expressão engraçada, confusa, fazendo-o deixar uma gargalhada escapar.
Ele movimentou a cabeça em negação e tirou a camisa, estendo a mão na direção da garota, em seguida.
- Mas você tirou a camisa, eu também vou tirar. - reclamou.
- Não! Não vai nada!
Antes que Lili pudesse ficar nua, pelo simples fato de querer direitos iguais aos de Cole, que havia acabado de tirar a camisa, ele a pegou no colo pelas pernas e jogou-se na piscina, rezando para que tal ato, de alguma forma, começasse a cortar a onda da droga que ela havia inalado.
- Seu louco, eu podia ter morrido! - gritou Lili, ao voltar para a superfície a procura de ar.
- Na hora de se drogar você não pensa que pode morrer, né? - Cole debochou, vendo a cor se esvair das bochechas de Lili.
- Co-como você sabe? - gaguejou, aproximando-se com um olhar perdido e apavorado.
- Eu vi, Lili. Além de conhecer muita gente que usa cocaína, eu vi o pó branco na manga do seu vestido... Fora outros sinais óbvios.
- Você vai contar para sua mãe? - A expressão de Lili era indecifrável, mas se Cole pudesse adivinhar, ele diria que ela estava aterrorizada.
- Não, mas você precisa me prometer que vai parar. - Cole estendeu a mão para Lili, que repousou a palma no centro da dele. O rapaz se aproximou, e respirou fundo antes de voltar a falar, enquanto a olhava nos olhos, tentando decifrar o por quê daquilo. - Cocaína é uma das drogas mais prejudiciais, lesiva, que tem por aí.
- Eu não consigo. - Lili engole um soluço, e percebe que estava prestes a começar a chorar. - É a única coisa que tira a morte do Chace da minha cabeça! - desabou.
- Quem é Chace? - Cole a puxou com calma para perto, envolvendo-a cuidadosamente em seus braços. Ele ficou devastado ao ver o estado de Lili, vê-la daquela maneira o fez perceber que em pouquíssimo tempo, independente de suas implicâncias, ele havia se afeiçoado a garota.
- Era meu namorado, eu o amava tanto! - soluçou em meio as lágrimas e afundo o rosto na curvatura do pescoço de Cole, apertando seus braços ao redor da cintura dele sem muita força.
- Presta atenção. - Ele segurou-a com as duas mãos pelas bochechas cuidadosamente. - Se esse cara te amava, tanto quanto você diz amá-lo, tenho certeza de que ele não ia querer ver você se destruindo. Então, você vai me prometer, que toda vez que você pensar em fazer isso de novo, você vai me ligar. Independente da hora, do lugar, não importa. Eu vou até você e nós vamos conversar até sua vontade passar, ta bom? - Lili não desviou a atenção dos olhos de Cole nem por um segundo enquanto ele falava, e, mesmo relutante, movimentou a cabeça em resposta ao garoto.
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⚠️ Bom, como não tem muita gente acompanhando/comentando, dando feedback, estou pensando em colocar Adotada em hiatus e focar em Life Ride. Enfim, espero que tenham gostado do capítulo. ⚠️
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