🧠 𝄄 ❪ O TAROT E A CARTA DA MORTE ❫

﹙𝒐𝒏𝒆﹚ 、ヽ. ❛ O TAROT E
A CARTA DA MORTE ...

------------------ ◜ 🧠 a
ceifadora ★ que me
persegue. Ⳋ 𐚁̸ ֺ۪ ⭒ ݂ ?
ᝰ ࣪ . ׅ ᱙

━━━ 、🧠ヽ. O APARTAMENTO DAS IRMÃS YOON CHEIRAVA A CANELA,
VELAS aromatizantes e incenso de maçã. A decoração era muito excêntrica, possuindo um certo tom rústico misturado com um ar sublime e místico. Duas coisas distintas que unidas sob a medida certa conquistaram harmonia. Apesar do residencial Green Home ser um lugar antigo e com bastante mofo, as duas meninas optaram por transformar o antigo apartamento mórbido da sua falecida mãe em algo mais reconfortante. A princípio, os cômodos mantinham um ar mórbido com uma paleta de cores apagadas e fajutas. Entretanto, após o súbito falecimento da genitora a cerca de três meses atrás, ambas das jovens chegaram em um consenso ━ aquele lugar entraria em reforma.


Além disso, deixar aquele apartamento velho e em ruínas era o combustível perfeito para alimentar os fantasmas do passado; algo que elas não queriam.

As paredes antigas do apartamento 1411 estavam repletas de lapsos de memórias deprimentes bem como uma forte sensação de desamparo ambíguo.

Certamente, algo que Nam-ra, a Yoon mais velha da família, não apreciava.

O lar sofrido das duas jovens necessitava
de uma cara nova ou de "boas vibrações" como a mulher sempre ressaltava através das suas estátuas em formato de sol e lua ou dos artigos de olho grego.

Na sala de estar, tinha um grande sofá com tons escuros perto da maior janela existente no apartamento. Além disso, a televisão um pouco antiga de pequenas polegadas ficava em uma simples estante de frente para o sofá.

Ela era cheia de livros que iam desde literatura clássica ou poesia moderna até código penal e justiça criminal ━ um equilíbrio quase perfeito.

As estátuas místicas estavam espalhadas pela estante feita de madeira escura com direito a vários porta incensos de formatos diferentes.

Na janela as cortinas claras estavam fechadas, deixando explícito as várias imagens repetidas do astro solar com algumas estrelas ao redor.

A janela quando aberta, dava a uma sacada que que apesar de antiga e em desgastadas ruínas, Nam-ra havia dado o seu melhor para o colorir com flores de espécies distintas pendurando amuletos de sorte nos seus respectivos vasos.

Tudo era interligado com uma cozinha simples, onde o balcão era igualmente de madeira rústica.

No final do pequeno apartamento, havia um corredor, um tanto, minúsculo que dava o acesso a três portas.

Ao banheiro bastante simples que tinha um extravagante espelho dourado em formato de sol preso na parede e aos quartos das duas irmãs Yoon.

A princípio, Nam-ra havia saído para trabalhar e Areum-ju com os seus dezenove anos assegurou que ela não deveria se preocupar pois, a menina era uma jovem adulta agora.

Claro, a Yoon mais nova prometeu que assim que a mulher colocasse os pés para dentro do apartamento 1411 tudo estaria inteiro e brilhando.

Mas Areum-ju era estupidamente péssima com promessas.

Assim que Nam-ra havia saído para o seu turno noturno, a garota telefonou para o seu melhor amigo Lee Su-hyeok e sua amiga Eun-yoo os convidando para maratonar filmes de terror de caráter duvidoso.

No entanto, ela impôs que o menino só poderia pisar no seu apartamento se tivesse álcool. Areum-ju bancaria os petiscos e doces, Eun-yoo roubaria a senha da plataforma digital de filmes do seu irmão mais velho enquanto Su-hyeok ficou responsável apenas pelas bebidas.

Obviamente, o garoto pontual como sempre apareceu com uma porcentagem de engradados de cerveja bem maior do que o esperado. Já Eun-yoo havia feito o seu trabalho.

O que a anfitriã não esperava era que Lee Su-hyeok apareceu com mais cervejas para impressionar a menina do 1407; do qual a própria dona do apartamento não estava ciente de que apareceria ou de que supostamente não estava convidada.

De maneira observativa, Areum-ju deduziu rapidamente que a vida amorosa do rapaz estava deserta para ele tomar rumos tão desesperados.

Entretanto, a Yoon mais nova optou por não se estressar. Afinal, se Eun-yoo notasse qualquer sinal de desconforto aparente na amiga, as coisas sairiam do controle.

Tudo bem que ela não possuía intimidade alguma com Ji-hye, mas diziam as más línguas obsoletas daquele condomínio que a menina do 1407 estava envolvida com o gangster e o suposto filho valentão dele.

Com o decorrer da noite em Seul, as coisas foram cordialmente tomando outras proporções e um rumo um pouco diferenciado.

A princípio, era só uma tarde de filmes de terror de baixo orçamento com muita besteira, bastante álcool e dois amigos que não se suportavam por muito tempo; claro, tudo sem a Yoon mais velha estar ciente.

Possivelmente assim que ela colocasse os pés naquele apartamento descobriria tudo. Afinal, era quase improvável mentir para a melhor detetive do departamento de casos especiais da cidade.

Mas todos os planos foram por água abaixo e acabaram se transformando em uma noite de improváveis tiragens com três jovens alterados, alguns possíveis contatos do outro lado e uma anfitriã sóbria o bastante para ficar de olho em Kim Ji-hye.

Os três jovens estavam sentados no chão em cima de almofadas confortáveis com estampas sólidas.

A quarta também permanecia no chão enquanto mantinha-se de pernas cruzadas e com um semblante sério na frente deles.

A mesinha de centro era um pouco grande e tinha um candelabro com detalhes em dourado de sol com uma vela acessa.

O tapete claro que representava os chakras principais estava repleto de latinhas de cerveja espalhadas pela extensão do mesmo; o que causaria um possível infarto em Nam-ra.

O apartamento estava uma penumbra, a única iluminação presente eram as velas aromatizantes espalhadas pelo cômodo.

Além disso, o aroma cotidiano de canela perambulava pela sala e misturava-se com o atual cheiro de baunilha dos aromatizantes trazendo uma singela calma para o ambiente.

Em cima da mesinha de centro de madeira escura, Areum separava o baralho de tarot em quatro montes distintos sob a luz da vela.

"Eu juro que tenho amigos do outro lado." a Yoon mais nova brincou subitamente passando a mão com leveza em cima de cada monte buscando sentir a energia.

"Você andou fumando algum dos meus cigarros?" Eun-yoo questiona rindo.

A menina respirou fundo tentando evitar que o seu olhar acabasse cruzando com o da senhora pálida parada estática no outro lado da sala.

"Quem me dera." murmura Areum.

"Parece que o álcool bateu feio em você, ein." brinca o rapaz de maneira divertida.

"Su-hyeok, eu quase não fico bêbada." a Yoon fala com sinceridade. A verdade é que Areum havia adquirido a resistência do seu pai; o que começou como um sonho adolescente terminou em um pesadelo jovem fajuto.

"Quem está bêbado é você, idiota." fala Eun-yoo como se fosse óbvio.

"Ei, para de me chamar de idiota, porra." defende Su-hyeok se sentindo ofendido

"Idiota." ela provoca se aproximando do rapaz. Lee mantinha uma carranca no rosto, não se intimidando com a menina.

"Repete de novo." o rapaz retrucou ainda mais próximo do rosto de Eun-yoo.

"Você não entendeu ainda? Quer que eu soletre pra você?" ela questiona estalando a língua no céu da boca com um toque de humor.

"i.d.i.o.t.a" A cada letra proferida pausadamente a jovem se aproxima ainda mais perto dele. Os narizes estavam quase se tocando.

Kim Ji-hye observava tudo confusa. Areum poderia jurar de pé junto que aquela menina estava em outro planeta.

E certamente estava.

Os cogumelos que havia roubado do gangster estavam fazendo efeito.

"Se chegarem mais perto desse jeito, vão se beijar e trazer energias insalubres para o meu querido tarot." admite Areum-ju fazendo ambos dos amigos se afastarem bruscamente.

"Ugh!" resmunga a garota fingindo que estava vomitando. "Eca, eu estava intimidando esse idiota!

"Idiota não!" ele balbucia irritado. A Yoon mais nova segurava uma risada, ela ainda achava que aqueles dois acabariam juntos de alguma maneira. Uma vez ela estava jogando tarot e saiu a carta improvável dos Enamorados; Areum sabia que para eles ficarem juntos uma decisão precisava ser tomada.

"E aliás, eca. Eu prefiro ficar com qualquer monstro do Mortal Kombat do que com a Eun-yoo." argumenta o menino rapidamente arrumando sua postura.

"E eu tenho certeza que acabaria com qualquer monstro do Mortal Kombat na porrada!" admite de braços cruzados. Su-hyeok segura uma risada, ela com certeza não conseguiria derrubar o Kronika. "Aliás, sou bonita demais pra você. Então, fique com os monstros fedidos, vocês têm um cheiro parecido.

"Sua filha da puta! Eu tomo mais banho que você!" o rapaz justifica incrédulo.

"É claro, da última vez que eu fui à sua casa o sabonete cheiroso que o meu irmão tinha te dado de presente estava inteiro e intacto!" retruca Eun-yoo soltando uma risada nasal.

"Eu sou econômico, você não entenderia." comenta de maneira indiferente.

"Meu deus, assim vocês vão afastar todos os espíritos daqui." suspira Areum-ju ainda tentando se concentrar na frente do tarot.

"E se eu fosse um monstro do Mortal Kombat, você ficaria comigo?" Ji-hye questiona com um sorriso estranho enquanto alisava o braço do rapaz.

O cômodo fica em completo silêncio.

Eun-yoo queria rir e incentivar a menina para importunar o rapaz.

No entanto, Areum-ju sentia cada vez mais que deveria ouvir a sua intuição.

Lee Su-hyeok coça a nuca e com um sorriso nervoso ele solta uma risada sem graça.

"Bem, hum" ele limpa a garganta de uma maneira nervosa.

O rapaz encara a melhor amiga que apenas levanta as sobrancelhas como se o dissesse: "Foi você que convidou, agora arque com as consequências meu caro"

"Nunca saberemos né, é só um jogo de videogame." explica de uma maneira racional.

Kim Ji-hye larga o braço do rapaz e permanece com um sorriso estranho.

Su-hyeok arruma a postura, sentindo-se desconfortável.

"Ok, quem vai ser o primeiro?" Areum pergunta quebrando o clima que havia se formado. Os três jovens na sua frente se entreolham. "Só pra ressaltar que eu não sou completamente experiente. Tarot é algo muito complexo, ainda mais se for antigo como esse.

"Eu." Eun-yoo fala levantando a mão ansiosa. Lee Su-hyeok bufa incrédulo. "Ninguém falou nada. Então, agora sou eu.

"Tinha que ser." ele resmunga revirando os olhos. No entanto, Eun-yoo dá uma leve cotovelada no estômago do menino. O Lee balbucia alguns poucos palavrões.

"Então, ò vidente Yoon Areum!" saúda o menino em tom de brincadeira. A menina abre um pequeno sorriso.

"Veja o nosso futuro." cantarola Eun-yoo em tom de brincadeira também.

Yoon Areum respira fundo, tentando se concentrar.

Mentalmente ela pede para os espíritos darem uma resposta ou apenas serem cordiais. A jovem anseia para que eles pudessem comunicar os planos que o universo já tinha feito; aqueles que iam muito além da compreensão humana.

Feito isso a garota vai em direção a cada monte retirando somente uma carta de cada um, ela coloca as respectivas cartas em cima da mesa.

A justiça. O eremita. A torre. O ceifador.

Areum-ju sente o pelo dos braços arrepiarem. Como supostamente ela deveria descrever isso para a garota?

"Não sou tão experiente então, devo ter feito a tiragem de maneira errada." pensa a menina divagando.

"Então, o que o seu baralho esquisito tem pra me falar?" questiona em expectativa.

"É difícil de falar ao certo." admite analisando as cartas na mesa. A outra menina franziu as sobrancelhas, aparentando curiosidade. "Eu entendi que muitas coisas vão acontecer, coisas boas e ruins. Eu também vejo perdas, dor, final de ciclos, rupturas e prudências. Mas eu acho que isso só vai te fortalecer.

"Isso quer dizer que eu vou cortar o cabelo e derrubar na porrada todos os monstros do Lee Su-hyeok em Mortal Kombat?" brinca a menina não levando a tiragem muito a sério. O rapaz cruza os braços segurando um sorriso no canto dos lábios.

"Provavelmente." Areum fala rindo e entrando na brincadeira.

"Você é satanista?" questiona subitamente a menina do 1407 para a anfitriã. Era como se Kim Ji-hye pudesse cortar todos os climas bons com uma tesoura. Os três jovens que riam se entreolham confusos.

Ji-Hye estava um pouco alterada mas já era o suficiente para a sua curiosidade incomum vir à tona.

A jovem tenta tocar em um dos montes do centro mas é parada por Areum-ju que profere um leve tapa na mão da menina fazendo ela resmungar um "Aí" enquanto passava a mão, massageando o lugar atingido.

"Ei, era a minha vez porra." xinga Eun-yoo irritada. "Espera a sua vez.

"Tanto faz." a Kim dá de ombros de maneira simples.

Eun-yoo sente o sangue ferver mas Lee Su-hyeok lembrou que tinha uma arma secreta para impedir que a menina do 1407 não saísse do apartamento caolha ou em uma bela cadeira de rodas.

"Toma, lembrei que tinha comprado chiclete de morango mais cedo." diz colocando uma cartela de chiclete sob a mão da menina.

No entanto, assim que Eun-yoo sente o cheiro de morango é como se a raiva estivesse se despedindo.

"Não vou perdoar você por ter convidado essa maluca do caralho." ela murmura colocando dois chicletes de uma vez na boca. O rapaz abre um pequeno sorriso sabendo que a situação estava sob possível controle agora.

"Primeiro, jamais mexa nas cartas, a sua energia vai interferir na tiragem de outra pessoa." ela interviu. Lee Su-hyeok segura uma risada, o menino tinha noção do quanto a melhor amiga poderia ter um pavio realmente curto em certas horas. Ji-Hye engole em seco. Já Eun-yoo ria sentindo o seu sangue esfriar com o seu chiclete favorito entre os dentes. "E segundo, você deveria se desprender de conceitos tão preconceituosos. Ok e se eu supostamente fosse satanista?

"Se você fosse satanista, eu iria achar legal." ela abre um sorriso um pouco sádico seguido de uma risada.

"Ok. Porra, para de falar coisas esquisitas." fala Eun-yoo de braços cruzados.

Kim Ji-hye apenas olha para a outra garota enquanto mantém o queixo apoiado sobre uma das mãos.

Eun-yoo não se intimida e permanece encarando.

"Ok, Su-hyeok você é o próximo." diz a anfitriã quebrando o clima que surgia.

A garota embaralha novamente as cartas e as espalha em quatro novos montes.

Areum respira fundo e retira novas cartas, colocando elas sob a mesa.

O louco. O carro. A roda da fortuna. A morte.

"Porque a maioria das cartas que estão saindo têm lados negativos tão ruins?" ela pensa ainda mais perdida que antes.

"E então, eu vou conseguir namorar a sua irmã?" Su-hyeok pergunta com um sorriso sacana. Kim Ji-hye pareceu se irritar.

Yoon Areum-ju achou melhor não comentar sobre as cartas que haviam saído e guardar para si, omitindo.

Talvez, os seus dons para o tarot sejam péssimos.

De qualquer maneira, o mundo espiritual parecia estar de cabeça para baixo.

"E a resposta para a sua pergunta é..." Areum faz uma pausa tirando uma carta. Os olhos de Lee Su-hyeok brilhavam em pura expectativa. "Hum, claro" murmurou a menina analisando a carta.

"O que diz?" pergunta esperançoso e ansioso.

"Aqui diz.. Só por cima do meu cadáver, seu idiota." responde a Yoon mais nova com um leve toque de humor.

"Ah qual é!" Su-hyeok resmunga.

Eun-yoo solta uma risada sincera.

De súbito eles escutam o barulho da chave entrando na fechadura e a destrancando.

Em questão de segundos uma Nam-ra cansada caminha porta a dentro.

A mulher busca pelo interruptor até o encontrar e acender a luz.

"Que porra é essa?" ela profere assim que percebe o estado da sala. Nam-ra analisa tudo, nada escapa do campo de visão dos seus olhos peregrinos.

Uma vela até o final, um baralho de tarot e muitas latas de cervejas vazias e amassadas sobre o tapete.

Os três jovens se levantaram em um pulo enquanto Kim Ji-hye permaneceu no chão.

Nam-ra sabia que precisaria bancar a durona para as coisas não saírem facilmente fora de controle.

"Lee Su-hyeok, você é a voz do povo. Vamo lá, me fala o que aconteceu aqui." ordena a mulher de braços cruzados, esperando ao menos por uma explicação decente de algum dos jovens.

"Desde quando eu sou a voz do povo?" o menino questiona completamente confuso.

"Desde agora. Vamos lá, desembucha amigão!" fala com o tom imperativo.

"Ok, ok, ok." ele concorda sentindo as mãos suarem frio. "A princípio nós iríamos... Estudar. Isso, estudar."

Areum-ju cobre os olhos, desacreditada com a desculpa esfarrapada.

"Sabia que é crime mentir pra alguém da polícia?" a mulher argumenta com as sobrancelhas levantadas.

"Você não é policial." o menino responde simples.

"Eu sou detetive, é bem pior. Pode acreditar." admite colocando as suas chaves sob a bancada rústica.

"Mas é verdade, nós estávamos estudando." Lee Su-hyeok insiste.

"Você e Areum ainda estão esperando os resultados da admissão pra faculdade." responde a mulher espremendo os olhos. A verdade viria à tona bem como a mentira.

"E quem disse que a gente não pode se precipitar, ein?" brinca o rapaz coçando a nuca e soltando uma risada nervosa.

"E sério? Quem consegue estudar no escuro sob a luz de uma vela só depois de ter bebido tudo isso?" fala Nam-ra como se fosse óbvio.

"Você não entenderia nossos métodos muito avançados." Areum se pronunciou pela primeira vez desde que a mulher entrou no apartamento.

"A gente foi ver um filme de terror com porcaria e muito álcool mas o Lee Su-hyeok chamou essa menina estranha do 1407.." começa Eun-yoo entregando o jogo. Kim Ji-hye apenas abriu um sorriso descansando o queixo em uma das mãos; a ponta dos dedos batia devagar contra a bochecha. Areum-ju observava a outra menina e começou a se questionar se ela era sempre assim ou o álcool facilitou o seu incomum comportamento.

"Não não, a gente estava estudando!" o rapaz tenta argumentar novamente.

No entanto, Eun-yoo pisa no pé de Su-hyeok fazendo ele se calar.

"Porra." ele resmunga sentindo a ponta do dedo de seu pé latejar.

"Olha a boca, Lee Su-hyeok." pede a mais velha.

"Foi mal, Nam-ra." ele abaixa a cabeça se desculpando.

"Depois a gente bebeu tanto que o resto eu esqueci. Ai a gente apagou a luz, acendeu uma das suas velas e foi brincar com o baralho esquisito da Areum." completa Eun-yoo entregando o jogo enquanto faz uma bolha de chiclete e em seguida a estoura no céu da boca.

Lee Su-hyeok encara a menina ainda incrédulo.

"Bom, obrigada Eun-yoo." agradece Nam-ra. "Você é oficialmente a voz do povo agora.

A garota pisca para Lee se gabando.

Entretanto, o rapaz apenas revira os olhos.

"Então, eu quero que a..." a mulher começa encarando a jovem que até agora estava sentada em uma das almofadas.

"Kim Ji-hye, senhora." Ela abre um sorriso forçado levando-se do chão.

Arem-ju franziu as sobrancelhas, essa menina tinha sujeira escondida debaixo do tapete e ela iria descobrir.

"Por favor, Kim Ji-hye volte para casa." pede Nam-ra em um tom gentil.

"A gente deveria se encontrar mais vezes." A Kim admite se despedindo dos três jovens com um aceno breve. Além disso, antes da menina passar pela porta ela piscou para Lee.

"Eu acho que ela quer você, Su-hyeok." implica Areum-ju cutucando o menino.

"Sai fora!" ele fala se afastando da Yoon mais nova.

"Pensei que você quisesse ela." justifica Eun-yoo em tom provocativo.

"Pensou errado então." responde rapidamente.

A outra menina só conseguia rir da situação. Eun-yoo sabia que implicaria com o rapaz por muito tempo.

"Agora, os três místicos aqui vão limpar toda a sujeira que fizeram." ordena Nam-ra tirando o seu distintivo e o deixando em cima do balcão da cozinha. "E eu vou tomar um belo de um banho.

"Está precisando, você tá fedendo." brinca a irmã mais nova segurando um sorriso.

Nam-ra tira a colinha, desmanchando o rabo de cavalo e deixando seu cabelo solto.

A mulher com os seus olhos de peregrino encara a menina.

Oh céus, quando Nam-ra espremia os olhos daquela maneira significava que ela não estava para brincadeiras.

Areum-ju não sabia ao certo se soltava uma risada ou se a irmã mais velha possivelmente iria a matar.

Nam-ra apenas suspira e caminha até o corredor indo em direção ao banheiro.

"Areum-ju você brinca com a morte." diz Lee desacreditado segurando uma risada o que faz a menina sair de seus próprios devaneios.

O que era para ser apenas uma piada fez o estômago da mais nova se embrulhar.

Era verdade.

Ela brincava com a morte.

"Lee Su-hyeok, você precisa começar a mentir melhor." Eun-yoo dispara colocando a mão sobre o ombro do amigo.

"Cala a boca." ele balbucia irritado. "Pelo menos eu não fui uma traidora e entreguei todo mundo.

"Diferente de você, eu respeito a Nam-ra." fala com sinceridade. A verdade é que a menina enxergava na mulher uma figura materna que não tinha.

"A única pessoa que você respeita né." retruca Su-hyeok.

Eun-yoo pega uma latinha de cerveja do chão e ameaça jogar no rapaz que apenas abriu um sorriso provocativo.

"Ei, ei." intervém a Yoon se colocando no meio de ambos tentando apartar uma possível terceira guerra mundial. "Vocês dois, parem com isso. Se vocês quiserem que a Nam-ra não nos mate assim que sair debaixo do chuveiro, cooperem aqui.

A princípio, a bagunça parecia ser maior do que os três imaginaram. Claro, foi um pouco árduo colocar tudo em ordem com Su-hyeok e Eun-yoo se alfinetando.

Entretanto, com muito esforço conseguiram deixar a sala de estar arrumada.

Areum-ju alonga as costas sentindo elas estalarem. Céus, a menina estava exausta.

"Uau, bastante crocante." fala o amigo impressionado.

"Porra." murmura a outra menina vendo 22:00 brilhar em ponto na tela de bloqueio do seu smartphone. "Lee Eun-hyuk vai me matar.

Eun-yoo se despede da anfitriã com um forte abraço enquanto apenas aperta a mão de Lee Su-hyeok.

"E então, eu tenho chance de ficar com a sua irmã?" pergunta descansando a mão na cintura enquanto observava Eun-yoo sair pela porta.

Areum-ju vira para o rapaz, incrédula.

"Ei, me diz o que você viu no tarot!" ele implora sendo arrastado para fora do apartamento contra a sua própria vontade.

"Ela é cinco anos mais velha do que você, cai fora. Lee Su-hyeok, você precisa parar de tentar pegar todas as mulheres que eu conheço." justifica Areum desacreditada.

"Você tem contatos e eu só pego o telefone." ele fala piscando um dos olhos tentando parecer galanteador. A amiga revira os olhos e em meio a risadas ela expulsa o menino porta a fora.

"Vai embora, Su-hyeok." a jovem pede ainda rindo observando o garoto com um sorriso estupido nos lábios.

"Eu também te amo, senhorita Areum-ju." o rapaz cantarola assim que a Yoon mais nova fecha a porta.

A garota abre um sorriso escutando o melhor amigo assobiando pelos corredores mofados de Green Home.

Certamente ela sabia que isso irritaria o insuportável do senhorzinho que Areum-ju detestava. Mas este era o principal intuito de Lee Su-hyeok.

A jovem escora as costas contra a porta, sentindo um cansaço mental estranho tomar o sua mente e o seu corpo.

"Agora sim isso parece uma sala de estar." Nam-ra aparece no balcão da cozinha enrolando os cabelos molhados em uma toalha branca com detalhes em dourado.

"Nam-ra, desculpa. Eu fiz merda." a jovem diz com sinceridade, arrependendo-se dos seus próprios atos.

"Estrelinha, eu amo você de paixão." admite caminhando até a irmã e deixando um singelo beijo em sua testa. "Mas você poderia ter me avisado. Sabe, eu não quero ser a irmã mais velha chata e pé no saco.

"Você não é." ressalta a encarando.

"Ei, não vai me perguntar nada sobre o trabalho hoje?" pergunta a mulher se sentando no sofá.

A jovem a segue, sentando-se do seu lado.

"Você entrou em ação hoje?" Areum a questiona.

"Bem, não exatamente." ela fala simples. "Mas recebemos alguns militares no departamento hoje. Acho que alguma coisa está acontecendo.

"Você acha que foi só um encontro diplomático ou era outra coisa?" deduz a mais nova interessada.

"Não faço ideia. O capitão Kwan me expulsou da sala antes que eu tivesse chance de ouvir qualquer coisa." a mulher bufou se sentindo traída.

"Você poderia estar me contando isso?" a jovem pergunta segurando uma risada.

"Claro que não! É uma parada bem confidencial. Então, se sinta privilegiada." admite pegando o controle da televisão e ligando o aparelho.

Um calafrio estranho tomou a Yoon mais nova, ela encara a mesinha de centro em sua frente, percebendo que a única carta que estava virada para cima era do mensageiro.

A garota sente calafrios espalharem-se pela sua estatura óssea, ela não queria mais que a ceifadora em suas vestes escuras continuasse a visitando ou apenas mandando sinais cordiais do além.

"Areum, o que foi?" a mulher pergunta se sentindo preocupada com o súbito estado catatônico da irmã.

Areum-ju se joga no colo de Nam-ra abraçando a sua cintura, as lágrimas já caiam livremente dos olhos da jovem.

"Ei, estamos bem." a mais velha assegura com um sorriso reconfortante enquanto passa as mãos delicadamente pelos cabelos rebeldes de Areum. No entanto, ela não consegue segurar o choro por complexo e deixa as lágrimas deslizarem pelas suas bochechas rosadas. "Nada vai separar a gente, eu prometo.

"E se a morte separar a gente?" a menina questiona segurando a carta do esqueleto na ponta dos dedos, os entrenós das mãos tremiam somente com a ideia súbita de perder o que sobrou da sua família.

Nam-ra intercala o olhar entre a katana dentro do quadro de vidro exposto na sala e a irmã mais nova em seu colo.

"Eu engano e mato a própria morte." a mulher responde de maneira simples e decidida.

"Mas como se pode matar a morte se ela já está morta?" questiona Areum-ju segurando um soluço.

"Nem tudo que está morto realmente morreu. Sem contar que eu sou uma detetive, sei enganar bandidos." brinca a mulher com um sorriso se gabando.

"Sabe que hora são agora?" questiona Nam-ra comprimindo os lábios em uma pequena tentativa de melhorar o clima.

"Meia-noite?" a jovem fala após se levantar do colo da mulher e conferir o relógio grudado na parede.

"Não." Nam-ra nega, o sorriso preso em seus lábios aumentando. "É hora do monstro sair da caverna!"

Em questão de segundos, Nam-ra enche a irmã mais nova de cócegas da cabeça aos pés.

Areum-ju ria enquanto se contorcia no sofá da sala.

"Você sabe que eu não tenho mais oito anos!" fala Areum entre risadas.

"Você sempre vai ter oito anos pra mim." justifica caindo em cima da irmã mais nova e a enchendo de cócegas.

E assim, com o cômodo lotado de risadas, o apartamento 1411 colocou ambas das irmãs Yoon dentro de um carro futurístico e as levou novamente de volta ao passado.

🧠 ⧛ ★

Yoon Areum-ju estava exausta, aquelas tiragens de tarot haviam esgotado a sua energia. Além disso, ela só havia tirado cartas que possuíam um lado negativo muito explícito. Mas a verdade era que tarot é algo muito complexo e que precisa ser adaptado para situações específicas que o possível consulente possa estar ou não passando.

A jovem encara os quatro montes espalhados em cima da cama, a única iluminação presente naquele cômodo era a proveniente do astro lunar que ajudava Areum a enxergar as cartas.

Naquele instante, deveriam ser no mínimo três horas da manhã.

Areum suspirou, o seu sono havia desregulado novamente.

Ela fecha os olhos e tudo que conseguia ver era apenas escuridão. Respirando fundo Areum-ju mentalizou respostas.

Era isso que a mesma queria.

Respostas.

A Yoon mais nova abre os olhos e retira quatro cartas de cada monte colocando elas sobre a sua cama.

"Eu estou alucinando, não é possível." ela fala sentindo calafrios percorrerem a sua espinha dorsal até a ponta dos pés.

A morte. A morte. A morte. A morte.

Todas as cartas eram o mensageiro.

Mas como isso seria possível? Era apenas um baralho e só tinha uma carta que representava o mensageiro da morte.

Entretanto, Areum-ju escuta um barulho vindo do canto mais escuro de seu quarto; era como sussurros do além seguidos de lamentações distorcidas.

Uma senhora pálida estava parada estática na penumbra do canto perto do seu guarda-roupa. A entidade parecia a encarar, ela tinha os olhos que tudo vê mas nada sente. As órbitas oculares sem pupilas ou coloração demonstravam a vida que já não tinha. A aparição não tinha cabelos mas uma certa parte do seu crânio permanecia exposta.

A princípio, a figura fantasmagórica apenas a olhava com uma sensação perpétua de vazio.

Era como se até a silhueta morta e deplorável soubesse o segredo mórbido escondido através das entrelinhas daquela carta antiga do seu baralho de tarot.

Por via das dúvidas, Areum-ju buscou optar pela linha de pensamento mais racional possível "A morte reconhece a morte" justificou mentalmente.

De súbito a figura abre a boca; os lábios roxos, secos e rachados deixavam, um tanto, explícito que ela não está mais entre os vivos a muito tempo.

Ela parecia estar em ânsia, querendo expurgar toda a agonia acorrentada na própria alma e presa na garganta. Os lábios entreabertos demonstravam um chamado das sombras; era o grito silencioso da morte ao alvorecer.

Areum conseguia sentir a presença fúnebre dentro das suas próprias entranhas, como uma ligação ou pacto visceral.

Entretanto, aquilo não assustava a jovem Yoon. Ela sabia que era somente mais uma manifestação distinta da morte que a perseguia a sete chaves no escuro.

Perante o breu incessante do cômodo, Areum luta contra as sombras para tentar enxergar mais detalhes da senhora que tanto conhecia.

A menina buscava entender o porquê da visita fúnebre durante o ato simples de tarot.

Seria um sinal breve? Ou apenas uma mera coincidência ambígua?

Yoon Areum-ju não fazia ideia.

A mística lua ainda iluminava o cômodo, entrando pela janela e espalhando-se pelo restante do quarto através dos feixes de luz.

Nesse meio tempo, a figura mórbida permanecia estática no mesmo canto; as mãos podres estavam ao redor da própria garganta enquanto as unhas sujas de terra arranhavam a região do pescoço.

Areum-ju presencia a cena com um semblante pensativo; as dúvidas percorriam o próprio cérebro como um maldito parasita carnívoro, alimentando-se dos neurônios cansados e causando mais trabalho árduo para a sinapse

Apesar do aparecimento da senhora pálida ser algo cotidiano em sua vida ordinária, algo não cheirava bem.

A garota suspira profundamente e pega o montinho de tarot espalhado em cima da própria cama o colocando de forma organizada e ordenada sob o bidê amadeirado rústico.

Entretanto, a menina sente o sangue gelar assim que percebe que uma carta sobrou no meio da sua cama; era ela.. A carta da morte.

Areum estava cansada de ser perseguida pela ceifadora.

A morte não era apenas a sua velha e fiel companheira como também, um vislumbre intoxicante de um parasita estomacal.

Ela respirou, sentindo o aroma incerto das incertezas; a morte, o renascimento, os ventos das grandes transformações e cruciais mudanças.

A senhora morte esquelética pisava em cima de muitos crânios enquanto a sua foice reluzente a acompanhava com certo destemor; ela parecia tão apática com a vida que lhe faltava.

Além disso, com ênfase nos símbolos sublimes presentes na carta do mensageiro deixavam a desejar que a morte não é apenas o fim da vida, mas também o começo. É o fim de uma vida e o nascimento de outra.

Em suma, Areum-ju chegou a concluir que estava enlouquecendo e a um passo de perder a cabeça por completo.

A Yoon mais nova olhou uma última vez para a carta do esqueleto entre os seus dedos e a deixou virada para baixo sob o bidê.

Enquanto deita na sua cama ela questiona o motivo por se sentir tão vazia por dentro.

Seria a morte alimentando-se da sua alma sofrida e em agonia?

Ou eram apenas as consequências dos eventos severamente traumáticos que carregava dolorosamente dentro da sua caixa torácica?

Yoon Areum-ju resolveu deixar de ser uma ilustre investigadora e permitiu que a madrugada a transformasse em uma mera questionadora da própria existência.

"Boa noite, mamãe." ela se despede em tom de melancolia enquanto pega uma porção do cobertor e vira-se para o lado oposto fechando os olhos.

A senhora pálida desaparece pelas sombras em circunstâncias misteriosas, levando consigo a vida que ainda não tinha e o silêncio que sempre teve.

🧠 ⧛ ⋆ ★ ' . 𓋰
NOTAS ?!

★ 1. Olá, seja muito bem-vindo ao
primeiro capítulo de "void" espero
que toda a experiência possa ter
sido interessante e agradável.

2. O que achou sobre a escrita,
o detalhamento e o rumo da história?
Pode deixar aqui embaixo o seu feedback sincero e construtivo!

3. Qual a sua opinião sobre
a relação dos personagens? O
que você achou?

4. Tem alguma teoria? Seja
Sobre o tarot, as tiragens ou
algumas falas quem sabe?

5. Qual o seu personagem
favorita de "sweet home?"

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