🧠 𝄄 ❪ O CADÁVER ENSANGUENTADO NO TAPETE ❫
﹙𝒏𝒊𝒏𝒆﹚ 、ヽ. ❛ O CADÁVER ENSANGUENTADO NO TAPETE
------------------ ◜ 🧠 não sei o seu
★ nome, nem a sua história mas
eu sinto muito ... Ⳋ
𐚁̸ ֺ۪ ⭒ ݂ ?ᝰ࣪ . ׅ ᱙
━━ 、🧠ヽ. NO APARTAMENTO 1411 AS COISAS ESTAVAM LONGE de estar tranquilas ou até mesmo monótonas. Areum-ju estava parada estática perto do balcão rústico da cozinha, ela tentava assimilar todas as informações que ouviu sair da boca da irmã mais velha. Um vírus, mortes e uma suposta maldição. Céus, a garota se sentia sufocada pela madame esquelética; a presença dela parecia ser atemporal e isso causava calafrios na Yoon.
Apesar de todo o clima desagradável que aquele cômodo enfrentava, a televisão estava ligada no YouTube tocando certas frequências de Chakras com um volume até mesmo alto; algo que Nam-ra sugeriu para aliviar as tensões.
Afinal, depois que Areum-ju entrou porta a dentro e avistou o estado que a sala de estar estava, as coisas foram rapidamente saindo do controle.
Mas o ápice de tudo, foi quando a cartomante viu a irmã tirar a katana da vitrine exposta na parede. Ela soube na mesma hora que as circunstâncias estavam prestes a ficar difíceis.
O que ambas as irmãs Yoon não imaginavam é que aquela mesma mulher estava justamente naquele estado muito deplorável e ensanguentado justamente por já ter passado pela porta enferrujada de outro apartamento, o 1410.
A tal moradora havia justificado para Cha Hyunsoo que estava com medo, pois chegou em casa e o seu pobre gatinho havia desaparecido deixando um rastro de sangue pelo seu apartamento.
Entretanto, o que atraiu a misteriosa moça foi o alto barulho da televisão do 1411 que a fez migrar para a outra porta.
Assim que a campainha começou a tocar sucessivamente, Areum-ju preferiu manter certa distância daquela porta, ela deixou o arco sob o balcão juntamente com as suas respectivas flechas.
A cartomante viu a irmã mais velha com o rosto próximo ao olho mágico antigo.
Nam-ra observava através do olho mágico com tremendo cuidado, analisando cada detalhe daquela mulher ensanguentada que parecia estar beirando a própria loucura, sua simples justificativa para o comportamento anormal era a suposta fome insaciável que sentia.
"Eu estou morrendo de fome." a silhueta do outro lado da porta fala desesperada.
Nam-ra ainda tinha muitas dúvidas sobre a suposta sanidade daquela mulher.
Por um lado bom, a Yoon é uma detetive boa demais para deixar que os detalhes escapem do seu campo de visão tão destemido e peregrino.
O lado ruim é que a sua visão estava meio prejudicada devido a ausência do monitor preso na parede ao lado da porta, ele havia queimado a alguns dias atrás.
Ding dong.
A campainha tocou outra vez, ela estava determinada.
"Por favor, por favor.. Me ajuda." suplicou se grudando ainda mais contra a porta metálica e bastante enferrujada do 1411.
Nam-ra deixou um suspiro pesado escapar por entre os lábios, ela não sabia muito bem como agir naquela determinada situação; a Yoon queria ajudar a pobre moradora, ninguém merecia passar fome.
Não ajudar os outros, era contra a sua própria conduta moral e da própria profissão que havia escolhido com muito orgulho e determinação.
Entretanto, o instinto de proteger a irmã mais nova sob qualquer circunstância, falava bem mais alto; ela não poderia tapar os ouvidos e fechar os olhos.
A família Yoon não existia mais.
A mãe estava morta e enterrada a sete palmos abaixo da terra. Já o pai, havia as abandonado a muito tempo atrás e Nam-ra supostamente recebeu a notícia de que foi encontrado apenas o cadáver dele em decomposição em um esgoto qualquer.
Então, a ex-detetive destemida só tinha a irmã mais nova. Ela não poderia deixar toda a família Yoon ir parar a sete palmos abaixo da terra; é cruel.
A mulher afastou os pensamentos intrusivos, buscando equilibrar o seu foco novamente; Nam-ra precisava ter certeza se a moradora estava infectada ou não.
Ela encarou os olhos da desconhecida, as órbitas apáticas, mas apreensivas; aquilo cheirava a desespero.
Como se a mesma não conseguisse mais usar o lado esquerdo do seu cérebro, conhecido pelo raciocínio racional.
Era como se a moradora estivesse apenas seguindo cegamente o instinto básico de sobrevivência, se igualando aos animais.
"Estranho." pensou Yoon não entendendo a falta de racionalidade. Será isso outro possível sintoma da suposta maldição?
Será que a maldição transforma todos em seres irracionais ligados pela vontade tão incansável de sobrevivência animalesca básica?
Yoon não sabia muito bem.
As pupilas dilatadas evidenciaram a sua falta de lucidez, a desconhecida estava beirando ao precipício da loucura.
A detetive já havia visto muito aquele olhar, era o olhar dos viciados em drogas.
Eles tinham aquele olhar insaciável com um leve toque do nu e cru desespero.
Aquela moradora claramente não estava muito lúcida.
Por outro lado, Areum-ju buscava entender de longe tudo que estava acontecendo.
Ela queria tanto ajudar aquela pobre desconhecida, a mesma aparentava estar lidando com uma situação infeliz e difícil.
Mas a sua intuição parecia estar o tempo todo a beliscando, tentando fazer ela retomar para a realidade. Além disso, tinha o estranho arrepio atrás da sua nuca que parecia aumentar cada vez mais; algo realmente estava cheirando mal e ela deduziu que a madame morte andava perambulando pelos corredores cheio de bolor e mofo de Green Home.
Nam-ra suspirou e espremeu ainda mais um dos olhos contra o olho mágico, tentando analisar com mais nitidez.
Ela parou por um instante, percebendo que a íris dos olhos da mulher estava diferente; havia veias avermelhadas saltadas.
A de cabelos curtos sentiu o coração errar uma batida, quando o olhar perdido da moradora se encontrou com o seu pelo olho mágico; ela odiava quando deixava o medo controlar os pensamentos.
Nam-ra sentiu os entrenós das falanges ficarem doloridos pela pressão e força que estava exercendo sobre o cabo escuro da katana reluzente; a ponta dos dedos já estavam vermelhas.
Mas ela não se importava.
Ding dong.
Era a campainha mais uma vez.
"O que você quer?" Nam-ra questionou, a voz um pouco trêmula devido a ansiedade e nervosismo que consumia o seu peito. Mas ela se manteve firme, jamais iria deixar uma completa desconhecida a tirar dos trilhos por estar sendo muito estranha e extremamente inconveniente.
Um sorriso sádico surgiu nos lábios da desconhecida, como se ela pudesse sentir o desespero e farejar o medo pela linha tênue do timbre de Nam-ra.
A mulher não se sentiu intimidada, mas aquilo havia feito o seu sangue gelar.
Céus, aquele sorriso de orelha a orelha tinha uma pincelada insana da própria insanidade personificada.
Nam-ra não costumava acreditar muito que sorrisos são o idioma que todos entendem, mas aquele em específico ela havia compreendido ao pé da letra.
"Vocês vão morrer." anuncia a silhueta feminina contra a porta enquanto ria sozinha, o barulho da risada da mulher era desagradável e distorcida como um antigo violino desafinado.
A desconhecida começou a perfurar a própria bochecha, usando as suas unhas pontiagudas para rasgar a própria pele, em uma tentativa de deixar bem exposta a camada mais interna onde tinha a carne.
Nam-ra sentiu o estômago embrulhar enquanto assistia tudo pelo olho mágico, a mulher arrancando a epiderme em uma brutalidade escancarada parecendo querer cutucar a própria carne.
Sangue começou a escorrer pelo pescoço da moradora, manchando suas roupas.
Ela parecia estar empenhada e bastante determinada em arrancar toda a epiderme da sua bochecha esquerda.
A desconhecida não parava de rir, como se arrancar a sua própria pele fosse um entretenimento puro, quase um hobby.
Então, em uma rapidez incomum, ela havia retirado parcialmente toda a pele da bochecha esquerda, deixando a carne toda exposta.
Ding dong.
E então, o barulho agudo soou pela última vez.
"Eu vou arrancar os seus olhos, tirar suas entranhas, quebrar os seus ossos e mastigar as suas deliciosas tripas entre os meus dentes." ameaçou, um sorriso muito psicótico brilhando nos lábios. Os olhos da mulher haviam escurecido, como se ela estivesse com lentes de contato pretas.
A Yoon achou aquilo demais para ela. A desconhecida estava mais fora de si do que poderia realmente imaginar.
Ela era uma psicótica sádica.
"Eu sou uma detetive, tenho uma revólver calibre 32 e uma katana bem afiada e não tenho medo de usar nenhuma das duas. Então, cai fora ou eu vou ligar para a polícia." argumentou a dona do apartamento, não aguentando mais aquela cena pelo olho mágico que aparentava mais ter saído de um filme de terror.
"Blá. Blá. Blá." murmurou a moradora tirando sarro enquanto arrancava um pedaço da outra bochecha.
Certamente, o caos havia começado igual a todas aquelas informações que leu nos arquivos ultra secretos do governo.
Ela fincou as unhas em gel afiadas contra a epiderme do lado esquerdo, arrancando um pedaço mais para baixo perto dos lábios, a desconhecida gostava tanto daquilo que com a sua determinação era possível ver o seu dentes pelo buraco que havia causado na própria carne.
"Abre a porta!" ela gritou de repente, parando de arrancar a própria pele. A moradora arranhou a porta, o barulho desagradável de unhas pontiagudas deslizando pelo metal, era muito desagradável e estava doendo os tímpanos das duas irmãs.
"Ela precisa de ajuda, Nam-ra." a mais nova argumenta apreensiva, como se pudesse sentir todo o desespero da mulher atrás da nuca, os pelos haviam se levantado e arrepiado.
"Ela está infectada, Areum." diz a mulher, o aperto contra o cabo escuro da katana havia ficado um pouco mais forte conforme o aumento das meras lamentações da completa desconhecida, ela começou a ficar raivosa e se jogou contra a porta quase amassando o metal.
"Você nem sabe direito o que está acontecendo." tentou Areum novamente buscando uma forma mais coerente de lidar com aquela situação; tudo aquilo estava sendo demais para ela, a pobre desconhecida parecia estar em aflição fazendo Areum-ju se sentir mal.
"Sei o suficiente pra entender que daqui a algumas horas, Seul vai estar na completa merda. Se já não está." admitiu confiante, esperando pelo melhor. Nam-ra esperava que ao menos o capitão estivesse bem. Mas ele certamente já havia sucumbido ao suposto vírus ou maldição. A mulher ainda estava confusa com os termos que havia lido nos arquivos.
"Mas ela ainda é um ser humano." e essa foi a gota da água para Areum-ju correr até a porta, empurrando a irmã mais velha contra a parede.
A Yoon mais nova tentou a impedir, mas já era tarde demais, a menina havia virado a chave da fechadura, a destrancando.
Areum-ju cedeu ao seu bom coração e deixou ele guiar o seu instinto, acreditando que mulheres precisavam se unir em momentos difíceis independente da situação ━ o que era parcialmente mentira, pois ela havia permitido que o arrepio estranho atrás da nuca guiasse suas próprias ações.
Mas ela não imaginava que a moradora desconhecida que lamentava segundos atrás se jogaria contra a porta derrubando novamente Nam-ra que quase bateu o cerebelo em uma prateleira.
A mulher se jogou contra o corpo de Areum, agarrando os seus braços de uma forma irracional e animalesca.
"Sai de cima de mim!" gritou Areum-ju se debatendo no chão, apavorada com a mulher. A força e pressão do aperto aumentam de forma uniforme nos seus dois braços. Yoon sentiu o arrepio atrás do pescoço, sua nuca estava ardendo como nunca ━ como brasas alucinantes.
"Eu vou comer as suas tripas e todos os órgãos dentro do seu corpo." admitiu com um sorriso monstruoso tentando agarrar o pescoço da garota. Areum-ju lutava com todas as forças que tinha, desviando das possíveis tentativas da outra de enforcar.
O peso da silhueta sob a cartomante, estava machucando toda a sua estatura óssea, principalmente as suas duas pernas que se debatiam contra o chão de madeira.
Nam-ra correu para ajudar a irmã que gritava apavorada no chão da sala de estar.
Ela agarrou a mulher pela cintura e a jogou contra a porta entreaberta.
A desconhecida bateu com o cerebelo contra a quina da porta, acertando em cheio o ponto importante da nuca.
Entretanto, aquilo não pareceu parar a mulher, pois de súbito empurrou Nam-ra contra a parede ao lado da porta.
Agora com as duas mãos ao redor do pescoço da detetive, um sorriso surgiu no seu rosto aos pedaços; ela estava apreciando cada momento daquele asfixiante sofrimento
Devido ao brusco empurrão contra a parede, a Yoon havia deixado a katana cair no meio do tapete.
A jovem detetive tentava a todo custo se livrar do aperto forte da outra mulher, mas era em vão. Ela parecia ter uma força sobrenatural.
Nam-ra olhou no fundo dos olhos daquela psicopata apática e sádica.
Ela tinha o diabo nos olhos dela.
Yoon Nam-ra nunca tinha visto aquilo em toda a sua vida, as órbitas oculares sem pupila e completamente preta; como se ela não tivesse vida e fosse apenas uma mera mensageira de lúcifer.
Areum-ju tentava levantar do chão, mas estava completamente aterrorizada para fazer algo a respeito; suas mãos tremiam enquanto o seu peito subia e descia, em uma respiração descompensada.
A cartomante se arrastou até o balcão da cozinha, sentindo todo o seu corpo doer.
Ela levanta o braço, tateando o arco e as flechas que havia deixado ali em cima.
Entretanto, estava sendo árduo encontrar.
"Você cheira a desespero." a silhueta disse tornando o aperto ao redor do pescoço dela ainda mais forte.
Nam-ra tentava buscar o ar, mas ele simplesmente não vinha. Ela não sabia se aguentaria por mais tempo, a sua visão já estava ficando turva e escura devido a falta recorrente de oxigênio.
Areum-ju conseguiu achar e rapidamente puxou ambos para o chão, fazendo o arco cair juntamente com as flechas.
A menina é rápida em pegar o arco e colocar uma das flechas no mesmo, ela ajusta o arco, puxando o elástico firme entre os seus dedos, sentindo ele cortar um pouco eles, devido ao atrito bruto.
Ela fecha um dos olhos buscando o ponto perfeito que o centro óptico do seu olho pudesse captar.
E então, ela solta a flecha fazendo a mesma acertar o braço esquerdo da desconhecida.
A mulher grunhiu de dor, soltando o pescoço de Nam-ra.
A detetive se curva, colocando as mãos nas próprias pernas.
Agora, ela sentia o oxigênio novamente no seu cérebro.
A de cabelos curtos ajeita a postura vendo a moradora dar passos de costas em direção ao tapete.
Areum-ju se arrasta novamente até a katana perto do tapete e a alcançando, ela joga em direção a irmã que devido ao seu excelente reflexo a pegou sem muita dificuldade.
A silhueta arranca a flecha do braço, jogando ela no chão.
"Eu não quero te matar. Por favor, vá embora!" disse Nam-ra enquanto tinha a katana entre as mãos apontada na direção da silhueta, as falanges tremiam contra o cabo maciço e escuro da arma.
"Eu estou com fome." respondeu a outra parecendo não dar a mínima para o que a Yoon pedia, o timbre da voz soando distorcido e completamente monstruoso.
Assim que a mulher fez menção em avançar para cima da detetive, ela empurrou a katana para frente fazendo a lâmina reluzente entrar na região estomacal da moradora.
A desconhecida não resmungou de dor, o que fez Nam-ra estranhar assim que retirou a katana.
Ela começou a rir, como nunca havia rido antes enquanto cambaleava para trás.
As risadas tomaram conta do cômodo, soando distorcidas e monstruosas; cada risada proferida parecia possuir um timbre distinto e bizarro.
A mulher ria e cuspia sangue, não parecendo estar abalada pelo fato de ter sido atingida no estômago.
Ainda cambaleando e rindo, ela tropeçou no tapete em tons claros fazendo o seu corpo ir de encontro ao chão.
"Eu.. estou com fome." resmungou com dificuldade dando os seus últimos sinais de vida naquele tapete.
"Vocês vão morrer." disse com um tom monstruoso rindo fraco.
E então, a sua última expressão de vida, foi um sorriso psicótico entre os lábios que intercalava entre rir e tossir sangue.
Uma poça de sangue fresco se formou ao redor do seu corpo, manchando o tapete enquanto o breu do silêncio havia tomado o apartamento 1411.
Areum-ju estava com as costas escorada contra o balcão rústico da cozinha, o rosto sujo de sangue. Ela estava petrificada e assustada com tudo que havia acontecido.
Nam-ra cai de joelhos e com a katana ensanguentada em mãos, ela encara o próprio rosto refletido contra a lâmina.
A arma afiada que antes estava limpa e reluzente, permitindo que ela pudesse ver o rosto nitidamente, agora estava suja de sangue fazendo a imagem do seu rosto se tornar um pouco distorcida.
A de cabelos curtos, girou a lâmina sabendo que a partir do momento que ela escolheu tirar uma vida, mesmo que tenha sido para salvar outra, ela havia passado de detetive para uma assassinada.
Agora, aquele fardo estava com ela.
Mas Yoon Nam-ra sabia que precisaria tirar outras vidas a troco de não tirarem a da sua irmã mais nova.
A mulher não aguentaria carregar o fardo de mais uma vida que foi embora como um sopro contra as folhas instáveis no outono por conta dela.
Mas era algo que precisaria carregar, se isso significasse que Areum-ju estaria a salvo.
"Perdão, vovó." Nam-ra sussurrou, sentindo o coração apertar.
A senhora odiaria se soubesse que a relíquia que passou de gerações a gerações pela família Yoon ━ o sobrenome que optou manter, pois havia sido concebido pela família materna. ━ havia se tornado a arma letal de um crime cometido pela própria neta.
Nam-ra encarou as próprias mãos, o sangue de uma desconhecida havia manchado elas, escorrendo por entre os dedos como um suco vitalício.
Ela era uma assassina agora.
A mulher se sentiu suja, uma traidora desonesta e desumana.
Ela tirou uma outra vida e havia prometido para si mesma que depois do colecionador de ossos, matar iria contra todas as suas ações e principalmente contra a sua própria conduta moral.
Nam-ra sentiu um leve toque sob o ombro, mas nem mesmo o contato físico delicado fez ela tirar o olhar do cadáver sem vida no tapete da sua sala.
Era a irmã mais nova com um olhar perdido e apavorado.
"Lave esse sangue o mais rápido que conseguir e troque de roupa. Use álcool gel e sabonete de glicerina." ordenou de maneira robótica, tentando não deixar transparecer que ela estava mais perdida que a própria Areum naquela situação.
"Mas e você?" questionou a menina preocupada com o estado catatônico de Nam-ra.
A mulher olhou para as próprias roupas, a camiseta social branca que havia usado no trabalho já não era mais branca, havia sucumbido aos pigmentos vermelhos do sangue fresco da moradora.
Estava completamente manchada e o seu terninho rasgado.
Nam-ra só esperava que todo aquele sangue espalhado pelo próprio corpo não fizesse ela ficar insana também.
Ela não poderia morrer, não poderia deixar Areum-ju à margem do mundo e sozinha.
A mulher precisava ser forte pela irmã. Então, por causa disso, ela olhou firme para os olhos da Yoon mais nova e disse: "Depois. Eu vou depois. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem."
"Eu.. Nam-ra, eu sinto muito." se desculpou a de cabelos longos.
"Não toque no nariz, na boca ou nos olhos. Eu não sei se o sangue do infectado pode ser contagioso ou não. Não li muito sobre isso." disse a outra não dando ouvidos ao pedido de desculpas de Areum-ju e ainda encarando a pobre mulher com um buraco na região estomacal que se assemelhava a ponta da lâmina da sua katana.
"Nam-ra.." tentou novamente Areum-ju sentindo uma culpa imensa a assolar e consumir o seu peito fazendo o vazio parecer fichinha.
"Não foi sua culpa." ela admitiu firme, tirando novamente o olhar do cadáver frio na sua bela sala de estar.
A cartomante a encarou por uma última vez e em seguida correu até o banheiro e fechou a porta.
Nam-ra respirou fundo, se lembrando daquela boate; da bala do seu revólver calibre 32 entrando diretamente no meio do cérebro daquele homem e atingindo o lobo frontal, rasgando e danificando.
Se matar um assassino, a transformava em assassina então, todos os heróis que se livravam dos vilões eram assassinos dos possíveis assassinos?
Mas ela era uma heroína por ter salvo a sua irmã, não deveria estar se sentindo como tal?
A Yoon não queria, ela só conseguia enxergar o "outro lado" escuro da lua.
Todas as vezes que ousava encarar a katana no chão, só prestava atenção no quanto aquele sangue parecia fresco.
"Eu não sei o seu nome, nem a sua história.. Mas eu sinto muito." a mulher sussurrou ao cadáver jogado no tapete, como se estivesse confessando todos os seus piores pecados.
Nam-ra se aproxima da moradora que mais aparenta estar possuída por um espírito maligno e obsessor, as órbitas oculares completamente consumidas por um pigmento preto profundo; como se antes de Areum-ju abrir aquela porta, ela estava em um processo de deixar de ser um ser humano e virar algo além.
A detetive tocou levemente com a ponta dos dedos sobre as pálpebras frias e fúnebres da desconhecida, resolvendo as fechar a respeito a própria falecida.
De súbito o cadáver agarra o pulso esquerdo da mulher, as falanges frias e pálidas da desconhecida exerciam uma força e pressão mediana.
Nam-ra se assusta com um pulo, o medo assolando o seu coração.
"Eu ainda não morri." disse rindo.
A detetive estava ainda mais confusa do que antes, ela havia imaginado que para matar um infectado, deveria acertar algum órgão extremamente vital do indivíduo.
Pelo menos era assim que funcionava entre os seres humanos.
Então, ela acertou o estômago, mas aquilo pareceu causar somente um alarde por minutos de uma falsa morte.
"Será que ela não é um ser humano? Seria isso a maldição?" pensou Nam-ra fazendo uma careta de dor quando o aperto ao redor do seu pulso foi ficando mais forte.
O cadáver que agora parecia ter um resquício de vida novamente de um ser humano, abriu um largo sorriso sádico que mostrava tanto a carne de ambas as bochechas quanto uma visão nítida de uma parte dos seus dentes sujos de sangue; o sorriso sendo consumido por ódio e sangue, ela sorriu perante o sangue parecendo querer triunfar a desgraça e espalhar a discórdia.
"Eu vejo trevas em você. Dor, ódio. A sua ascensão vai ser linda de ver, mas a sua queda vai ser memorável." admitiu o cadáver, os olhos escuros encarando até a alma da detetive.
"Cala a boca." mandou Nam-ra tentando tirar as falanges esbranquiçadas do seu pulso esquerdo, ela não aguentava mais ouvir todas aquelas coisas. Mas todo o seu esforço parecia estar indo em vão, pois o aperto ficava cada vez mais forte como se fosse uma força sobre humana.
Por outro lado, a felicidade da desconhecida parecia ter aumentado, o sorriso sangrento foi ficando mais largo.
Ela adorava o cheiro do medo e o aroma cordial, mas sutil do desespero.
"Você vai morrer. E a sua irmã vai vir até nós, ela vai virar uma de nós." ela disse cada palavra lentamente, se aproximando do rosto da detetive. Nam-ra sente a raiva preencher o seu peito, ela não suportava ouvir morte e irmã na mesma frase. Era imperdoável e inadmissível. Mas sendo uma detetive muito esperta, a peregrina Yoon Nam-ra sempre teve uma carta nova embaixo da própria manga. Então, foi só por isso que ela retrucou, aproximando ainda mais o próprio rosto do cadáver falante: "Eu não tenho medo de alguém que morreu duas vezes.
Nam-ra sorrateiramente usa a mão direita livre e afasta a parte de cima do seu terno, onde havia um coldre escondido com uma revólver calibre 32 com munição completa.
"Morreu duas vezes?" questionou a de olhos escuros, o sorriso monstruoso ainda era mantido entre os lábios.
A Yoon tira a arma rapidamente e puxa o gatilho, fazendo uma bala da munição Blister 10un acertar em cheio o lobo frontal da desconhecida, causando uma morte fatal rapidamente; o sangue respingou contra uma das bochechas de Nam-ra.
O barulho do indiscutível do tiro soou pelo apartamento, rasgando o tempo e espaço do silêncio.
"Agora morreu." murmurou a mulher em uma frieza obsoleta, uma versão dela que particularmente nunca havia sido muito fã. Nam-ra aproximou a palma da mão contra a bochecha, limpando o sangue fresco.
Ela sabia que havia ido novamente contra o seu código moral, mas ouvir que iria ver a própria irmã virar algo assim fez a raiva a possuir.
Ninguém falava da sua irmã.
Era a única lei que não tinha haver com o seu distintivo dourado.
Outro barulho de tiro foi ouvido, ela havia apertado o gatilho mais uma vez só para garantir que agora o cadáver era mesmo um cadáver.
Em questão de segundos, uma Areum-ju completamente limpa corre até a sala, com o rosto em uma feição de pavor.
"Meu deus, o que aconteceu? Você está bem?" disparou uma pergunta atrás da outra parecendo nervosa e afoita.
"Aparentemente, ela não estava morta. De alguma maneira, o ferimento dela curou." a mulher explicou enquanto levantava a blusa do cadáver, percebendo que a região onde a lâmina da katana havia perfurado estava sem um arranhão, como se a arma nunca estivesse entrando em contato com a pele da desconhecida.
Nam-ra se levantou, colocando a calibre 32 ainda quente dentro do coldre preto escondido na cintura.
"Eu sinto que o Hyunsoo está em apuros." a garota disse de repente, sentindo um arrepio estranho atrás da própria nuca; os pelos haviam se levantado, como se algo não estivesse certo novamente.
"O menino do 1410?" indagou a jovem detetive olhando para a falecida no chão da sua sala de estar.
"Sim, eu acho que ele está em perigo. Eu sinto isso." murmurou Areum-ju colocando a mão atrás da própria nuca.
Nam-ra não havia notado aquilo e mesmo que notasse, não conseguia acreditar que a suposta intuição da irmã poderia estar a alertando sobre um desconhecido.
"Como você pode acreditar fielmente na sua intuição? O dia que eu acreditei na minha, ela quase me matou. " retrucou a mais velha lembrando das correntes, o cheiro de cadáver e o quarto insalubre.
"Mas você acreditava." ressaltou a de cabelos longos, olhando no fundo das órbitas oculares da irmã.
"Sim e minha intuição me levou a lugares que é melhor você não saber." respondeu lembrando de tudo que passou naquele quarto insalubre. Nam-ra encarou de volta as órbitas de amêndoas dela, percebendo que a sua preocupação era sincera. "E é por isso que eu prefiro seguir fatos.
"Eu preciso ver se ele está bem." continuou a cartomante, sentindo uma onda de nervosismo percorrer o seu corpo.
"Você nem ao menos conhece Hyunsoo direito. E se ele estiver infectado?" sugeriu a mais velha, levando a conversa para o lado mais racional.
"Você nem sabe se nós duas já não estamos infectadas. E se isso for pelo ar? Ou se for pelo toque? Nós não sabemos." justificou Areum-ju caminhando em direção a porta.
"Por favor, não posso perder você." pediu a mulher aflita, sentindo as próprias mãos tremerem. Ela jamais iria se perdoar se acabasse precisando enterrar a irmã mais nova. Areum-ju tocou na maçaneta suja de sangue fresco, mas não a girou.
"Cha Hyunsoo foi o único que olhou pra mim e não viu só uma alma vazia. Eu sei que você olha pra mim todos os dias e se pergunta onde errou. Onde errou por eu ser tão vazia por dentro e esconder atrás de desenhos e cartas de tarot." ela fala, as lágrimas correndo a solta pelos olhos. A Yoon mais velha sente o coração rachar sabendo que tudo que Areum havia falado era justamente o que pensava. Os olhos da mulher se encheram de água.
"Eu não o conheço direito e não conheço a sua história, mas enquanto eu viver não posso deixar outra pessoa morrer. Eu não posso." a menina disse firme intercalando o olhar entre a irmã e o cadáver frio e sem vida da moça no chão.
Droga, aquilo soou como uma frase que a própria mulher diria e ela não gostou de como as palavras pesaram tanto para a sua irmã; Nam-ra não queria que Areum se transformasse em uma versão mais nova dela.
Era exatamente o que a detetive temia.
E então, Areum-ju girou a maçaneta e partiu fechando a porta com o arco e flecha da mãe nas costas e o constante arrepio incomodativo atrás da sua nuca.
Nam-ra olhou para o metacarpo, para as falanges e ao redor do próprio cômodo; o sangue parecia ter virado até mesmo uma espécie de decoração muito mórbida, pois estava em toda a parte.
Ela roçou um dedão no outro, sentindo a textura do sangue fresco.
Céus, aquilo tudo estava a deixando enjoada.
A Yoon se abaixou, pegando a katana no chão e enquanto limpava o sangue da lâmina no tecido escuro do terno, ela encarou o cadáver sabendo que a morte aparentava estar cada vez mais perto de conseguir o que queria.
Nam-ra só não imaginava que a persuasiva madame esquelética não queria a alma da sua irmã, queria a dela.
Ela encarou os papéis espalhados pelo chão, alguns estavam sujos de sangue devido a poça gigante que se formou ao redor do cadáver; Nam-ra suspirou fundo, torcendo para que as letras nos papéis ainda estivessem nítidas.
No entanto, os seus olhos peregrinos e assustados pararam nas fotografias perto da janela; os vários cadáveres de militares mortos com sangramentos nasais.
As mãos tremeram, o peito subia e descia com a respiração descompassada.
Yoon Nam-ra soube naquela mesma hora que o circo dos horrores havia iniciado. As cortinas foram abertas, o palco não estava mais escuro e as atrações circenses eram cordialmente monstruosas e sangrentas.
🧠 ⧛ ⋆ ★ ' . 𓋰
NOTAS ?!
★ 1. Mais um capítulo concluído com sucesso, o que acharam? Deixa o seu feedback aqui! Esse teve mais de 5000 palavras.
★ 2. Obviamente é um choque matar uma pessoa mesmo que ela esteja se tornando um monstro! Resolvi humanizar os meus personagens justamente para mostrar que eles tem sentimentos e que matar vai ser difícil.
★ 3. Apesar de Nam-ra ser detetive e já ter visto muitos cadáveres, ela nunca usou a katana sagrada da família dela passada por gerações em uma pessoa. Então sim, é bem difícil para ela. Sem contar que em sã consciência quem ficaria bem vendo um cadáver no meio da sala de estar e o apartamento cheio de sangue? Não tem como.
★ 4. Areum-ju saiu para supostamente salvar Cha Hyunsoo! Será que ela vai conseguir? E aquele arrepio atrás da nuca dela? O que será?
★ 5. Por favor, comentem e votem! Eu ando chateada, sabe? Esses últimos dias não ando vendo muita interação nos capítulos e isso realmente é triste para a escritora que o criou.
★ 6. Hoje eu fui plagiada e sinceramente, a pessoa copiou minha nota falando sobre o dorama lá no começo e também todas as palavras-chaves da minha sinopse! Isso é inadmissível.
★ 7. O próximo capítulo ainda estou decidindo se irá focar na dupla Su-hyeok e Eun-yoo, pois eles saíram do próprio apartamento ou na Areum indo salvar o Cha Hyunsoo.
★ 8. Se tiver algum erro ortográfico peço perdão! escrevi esse na velocidade da luz 😪😪
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