Capítulo três.Sob a máscara da perfeição.

❛ / ❜한계를 뛰어 넘어 every day
Oh, I'ma make it my way
Out of the way, yeah (oh, yeah)/ ❜

▬▬▬▬Observo um olhar de choque passar pelos olhos de ambos, como se as palavras que acabaram de ouvir fossem impossíveis de assimilar.

Yi Jing pisca repetidamente, como se tentasse processar a informação, enquanto Kai inclina a cabeça levemente, olhando para mim como se eu tivesse nascido com duas cabeças.

— Como assim, conselhos amorosos para Daoming Si? — pergunta Yi Jing, arregalando os olhos em surpresa.

— Sim, ao que parece ele está muito apaixonado pela caloura Dong Shancai — respondo.

— Aquela que deu um chute nele? Já vi amor à primeira vista, mas ao primeiro chute é a primeira vez— comenta Kai com um sorrisinho malicioso.

— Voltando ao assunto, o Daoming Si pediu sua ajuda para conselhos amorosos? Por favor, conta tudo! — Yi Jing exclama, balançando meu braço com entusiasmo.

— Não tem muita coisa que posso falar, mas o que posso dizer é que a Shancai não cai nos velhos truques do Daoming Si com presentes e viagens, especialmente para Paris — digo, notando a curiosidade nos olhos de meus amigos.

— Eu não recusaria uma viagem a Paris se o Daoming Si me oferecesse— Yi Jing comenta com um olhar sonhador, e vejo Kai fazer uma careta de desaprovação.

— Mas você não está em Paris praticamente todo mês? Quer dizer, você praticamente é parisiense— diz Kai, se apoiando em mim.

— Como eu disse, Kai, se o Daoming Si me oferecesse — Yi Jing retruca, e eu nego com a cabeça, divertida.

— Talvez você não gostasse tanto, Yi Jing. O ego dele é tão grande quanto o do Kai — provoco, notando o olhar ofendido que Kai me lança.

— Não destrua os meus sonhos, Mei Ling. Às vezes eu esqueço da personalidade do Daoming Si — lamenta minha amiga.

Conversamos por um tempo. Meus amigos são os únicos, além da minha tia, com quem consigo relaxar e me sentir acolhida

[...]

Estávamos almoçando agora. Faço de tudo para comer, nem que seja um pouco, para que Kai e Yi Jing não percebam meu desconforto, mas a cada pedaço do bife que levo aos lábios, uma sensação de culpa me consome, e náuseas começam a subir.

Eu deveria ter dado alguma desculpa de que estava com dor de estômago para pelo menos trocar para algo menos calórico e gorduroso.

Aperto a faca com mais força do que o necessário enquanto corto o bife, que com dificuldade levo à boca, e faço de tudo para que o pedaço que engoli não volte. Bebo um pouco de vinho branco para ajudar a engolir.

Dou um sorriso quando Yi Jing faz um comentário engraçado e aproveito que ambos estão distraídos para pedir a um dos empregados que leve meu prato, alegando estar satisfeita. Após o almoço, a sensação de náusea ainda não foi embora, e tento me concentrar na conversa, mas parece impossível.

— Está tudo bem, Mei Ling? Você parece pálida — pergunta Kai, com um olhar preocupado. Yi Jing se vira para mim com os mesmos olhos preocupados.

— Está tudo bem, sim. Só estou com uma pequena dor de cabeça chata, mas nada sério. Vou subir para o meu quarto para colocar algo mais apropriado para que eu possa ver você correr— digo, dando um sorriso que quase vacila enquanto os dois me observam desconfiados.

Às vezes, eles me tratam como se eu fosse filha deles. Assim que termino de falar, peço licença e subo rapidamente.

  Assim que entro no meu quarto, corro para o banheiro, e todo o meu corpo treme enquanto vomito. A bile queima na garganta, e o gosto amargo do arrependimento me sufoca.

A sensação de sufocamento me invade, e não consigo respirar. Me sento no chão e sinto a umidade invadir meus olhos, lágrimas grossas que não consigo controlar.

Coloco as mãos no rosto para abafar o som do meu choro. Não sei quantos minutos se passam até que eu consiga controlar as lágrimas. Com dificuldade, me apoio na parede e fico de pé. Quando me olho no grande espelho do banheiro, vejo meus olhos vermelhos e meu rosto um pouco inchado.

Kai e Yi Jing não podem me ver assim, penso, enquanto jogo água no rosto e refaço a maquiagem, fazendo algo leve, apenas para disfarçar.

Coloco um colírio nos olhos para diminuir a vermelhidão. Procuro uma roupa que combine com o ambiente e, assim que encontro uma combinação que considero perfeita, me visto. Me olho no espelho, satisfeita com o que vejo. Passo um pouco de gloss de morango antes de pegar a bolsa e descer.

— Esta é a visão de um anjo! Yi Jing, acho que ficarei cego com essa beleza sobre-humana — Kai fala enquanto finge desmaiar nos braços de Yi Jing, que concorda com ele.

— Essa cantada já é velha, Kai— digo, risonha.

— Não é uma cantada, Mei Ling. É a verdade— fala ele, piscando para mim. Sei o que está acontecendo: sempre que pareço para baixo, Kai e Yi Jing tentam me animar, seja me elogiando ou me fazendo rir.

— Bom, acho melhor irmos. Caso contrário, chegaremos atrasados, e não queremos perder a competição, não é, Kai? — digo, vendo-o concordar.

Descemos em direção à garagem, e escolho um carro esportivo de cor vermelho escuro para ir. Como íamos em carros separados, dou partida rapidamente e piso fundo no acelerador.

Isso vai ser divertido. Olho pelo retrovisor e vejo o carro de Yi Jing quase me alcançando, então acelero mais. Nada como uma brincadeira saudável entre amigos em uma tarde de sábado. Olho novamente e vejo Kai nos ultrapassando. Aperto o botão para abaixar o vidro do carro.

— Pelo visto, você não irá tão bem na competição de hoje, Kai. Se vai perder para mim, talvez fosse melhor eu competir no seu lugar hoje— falo, provocando-o.

— Sabe, Mei Ling, talvez fosse melhor você continuar com os seus conselhos amorosos mesmo, você vai ter mais sucesso. E, bom, se eu fosse você, prestaria mais atenção — ele termina de falar, e, assim que olho para frente, vejo um carro na minha direção.

Freio bruscamente, e Kai acelera enquanto me ultrapassa, seguido por Yi Jing, que buzina. Acelero novamente, mas é inútil, pois eles chegaram primeiro. Assim que estaciono, os vejo escorados em seus carros.

— Nossa, Mei Ling, estamos há anos te esperando — provoca Yi Jing, e nego com a cabeça enquanto vou até eles.

— Sabe, Yi Jing, eu poderia jurar que vi um carro bem parecido com o da Mei Ling passando por mim, mas como eu estava praticamente voando, acho que era só uma miragem — Kai se junta à provocação.

— Tudo bem, eu admito a derrota— digo, rindo.

Após algumas provocações, resolvemos entrar. Fico impressionada com o que vejo. Se o grupo Jiang domina o mercado de petróleo de toda a Ásia, os Huang dominam a indústria automobilística. Penso nisso enquanto observo alguns carros que provavelmente ainda não estão no mercado.

— Dessa vez, você e o senhor Huang se superaram, Kai — elogio, admirada.

— Obrigado, Mei Ling. Duvido que o mercado japonês consiga superar isso — ele responde, orgulhoso, apontando para uma fileira de carros. Como esta é uma das principais pistas de corrida, especialmente de F1, os Huang exibem uma amostra de sua variedade de carros, todos exclusivos da marca.

Há opções para todos os gostos, especialmente para os amantes de carros esportivos, com tecnologias que também são usadas em conjunto com algumas marcas famosas como Koenigsegg, Ferrari, Pagani, entre outras.

Vejo Yi Jing se apaixonar por um modelo específico, e tenho certeza de que, até o final do dia, ela terá um desses na garagem de sua casa.

Kai nos leva até uma área reservada especialmente para nós, com uma ótima visão da corrida. Ele se despede para se preparar para a competição, e eu e Yi Jing nos acomodamos, tirando algumas fotos enquanto aguardamos o início da corrida. Olho em volta e vejo Daoming Si sentado sozinho com uma taça de champanhe na mão e um semblante sério.

Acho que ele tinha outros planos que devem ter sido interrompidos pela sua mãe, a senhora Daoming.

Quase nunca o vejo por aqui; geralmente, algum representante o substitui. Os Daoming são uma força a ser reconhecida, com negócios em todos os setores, exceto petróleo.

Tiro a atenção de Daoming Si quando o locutor anuncia as posições dos carros que irão competir hoje. Kai me disse que, além da corrida, seria apresentado um novo modelo de carro com uma tecnologia que, nas palavras dele, seria revolucionária.

Assim que a corrida começa, eu e Yi Jing ficamos agitadas e ansiosas a cada volta que Kai dá. Fico impressionada com a velocidade dele a cada volta; os Huang nunca brincam quando o assunto é carro. Comemoramos entusiasmadas quando Kai vence a competição.

— Parabéns, Kai! Você estava incrível— o parabenizo.

— Nossa, Kai, você estava praticamente voando. Parabéns por ter vencido— minha amiga também o cumprimenta.

— Obrigado, garotas. Eu sei que sou incrível mesmo — ele responde com um sorriso orgulhoso.

Após celebrarmos a vitória de Kai, olho o relógio e percebo que é hora de me despedir.

— Mei Ling, você tem mesmo que ir? Sua presença é indispensável — diz Kai. Eu sei como as festas de comemoração dele terminam e não quero acordar em algum lugar do mundo após ele decidir comemorar em um jatinho particular para algum país estrangeiro.

Da última vez, acordei em Bangkok, na Tailândia. É claro que levamos uma bronca dos nossos pais, pois ficamos quarenta e oito horas sem comunicação, apenas festejando. Então, dessa vez, eu passo.

Depois que ele se conforma com minha saída, me despeço dele e de Yi Jing.

Enquanto espero trazerem meu carro, sinto uma presença ao meu lado. Quando olho, vejo Daoming Si, que, como antes, não parece estar de bom humor. Ele apenas me olha e se vira novamente, me ignorando.

Eu deveria me sentir ofendida por tê-lo ajudado mais cedo e ele me tratar assim, mas apenas o ignoro também, fingindo que sua presença não existe.

Quando acho que ele vai falar algo comigo, vou em direção ao meu carro, assim que o valet o traz. Enquanto dirijo, decido ignorar meus pensamentos sobre Daoming Si; não vale a pena.

Assim que chego em casa, subo para o meu quarto e dispenso os empregados pelo restante da noite. No domingo, sou acordada por uma das empregadas, já que a assistente Fang pediu folga. Resolvo fazer uma corrida para começar o dia e, depois, como alguns morangos.

Meu celular vibrou a manhã toda com notificações. Resolvo olhar e vejo vídeos da festa de Kai: ele bebendo com algumas garotas ao seu redor, Yi Jing dançando colada com um homem e uma garota ao mesmo tempo, e um outro vídeo deles completamente bêbados, avisando que iriam festejar na Coreia do Sul. Eu sabia que provavelmente só voltariam para Xangai à noite.

[...]

Mais tarde, recebo algumas notificações no meu telefone. Quando olho, vejo que são de Daoming Si, mas decido ignorar, assim como ele fez ontem à noite. Logo depois, a assistente Fang me envia um anexo, que resolvo abrir.

Era uma lista de pessoas que iriam participar de um leilão do evento beneficente. A cada ano, os organizadores escolhiam algumas garotas para serem “leiloadas”.

Quem desse o lance mais alto teria direito a uma dança e a uma refeição com a participante; isso ficaria a critério da pessoa que deu o lance, podendo ser café da manhã, almoço ou jantar. E, para minha surpresa, meu nome estava na lista deste ano. O evento aconteceria em alguns dias.

Estava tendo aulas de piano quando uma das empregadas me chamou, avisando que havia um convidado. Franzi a testa, pois não me lembrava de ter marcado algo para hoje.

Segui a empregada até a entrada da casa, mas meu semblante mudou de curiosidade para raiva ao ver quem estava parado lá, como se não tivesse me ignorado ontem: Daoming Si.

— ♡ ₊❛. 𝒜VISOS !  ˖ 𖤐 ˖࣪ ♥︎

001.Hello lovers, mais um capítulo.

002.Dessa vez eu tratei o transtorno de forma mais explícita...

003.Bom espero que tenham aproveitado o capítulo!