🃏 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐎

Takashi sempre odiou a forma que o mundo funciona. 
Você deve pensar: "Isso porque ela é uma garota pobre que precisa trabalhar desde nova para ajudar a família" 

Mas você está errado. 

A garota havia nascido em uma família comum, não rica mas também não pobre. 
Uma família estável financeiramente, mas não emocionalmente. 

Talvez, o sentimento de ser deixada de lado a configurou, a moldou, para ser mais exata. 
Não porque seus pais tinham algum tipo de preferência com seu irmão ou porque eram ocupados trabalhando. Mas sim porque eles não sabiam dar e receber amor.

O tão pouco afeto sempre lhe esteve presente. A forma que observava as crianças da escola sendo buscadas por seus pais, irmãos, avós, tios... E ela? Bem, ela tinha que ir a pé até o ponto de ônibus e pegá-lo sozinha. 

Mesmo assim, nunca sentiu falta de seus pais, não por odiá-los ou por algo assim, mas porque não se podia sentir falta de algo que nunca sentiu, ou algo que nunca pode tocar.
Seus pais eram como água que derramava de uma torneira, não poderia colocar os dedos para segurá-la, precisa de um recipiente, mas, Takashi tinha muita preguiça de ir procurar um, então continuava tentando agarrá-los com os dedos finos. 

Seu irmão era o mais estável dentro de casa, sempre indiferente às brigas e aos gritos. Sempre tão irritantemente calmo. 
Aquilo afetava ainda mais a outra, todo aquele silêncio e a frieza lhe deixava incomodada e desconfortável. 
E seus pais eram barulhentos demais.
Muito barulho, muitos gritos, muita bagunça, muita arrogância, muita grosseria, muito insuportável.

Todos eles eram... Muito. 

E todo aquele sentimento de ser demais lhe irritava. Eles não podiam ser mais ou menos, ou só... Nada? 
Era por isso que odiava tudo que era demais. E é por isso que odeia a sociedade. 

Todos sempre tinham que ser demais? 

Na escola, tinha sempre os mais ricos, os mais pobres, os mais bonitos, os mais inteligentes, os mais fortes, os mais talentosos... Mas onde ela se encaixava? Nos mais nada? É isso. Ela não passava de uma garota pouca demais.

Até ser uma garota ela não podia ser tanto.
Por que? Porque seus pais haviam lhe dado um nome de homem, a tratavam como um homem, e a batiam como um homem. 

Era isso que ela era? Um homem? 

Talvez ela só estivesse no mundo errado. Em um lugar errado pra viver. Em um péssimo lugar. 

E céus, como ela desejava sair dali. 

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