03 | 𝑺𝗛𝗔𝗪𝗡 𝑷𝗔𝗬𝗡𝗘?

⚠️ 𝗚𝗔𝗧𝗜𝗟𝗛𝗢: Cenas de abuso sexual e violência.

๑ ꒰⑅꒱ ๑
Author's pov:

Havia passado alguns dias e Amerie sentia uma imensa dor de
cabeça, seu corpo estava dolorido - por nenhum motivo em específico.
Sua pele estava meio pálida, embaixo de seus olhos tinham profundas manchas roxas, provando que não dormia.
A cama parecia engolir, seu corpo afundava cada vez mais, se alguém a visse, suspeitaria que ela estava chorando a horas, ou só estivesse bastante doente. 

Quando ela se juntou ao Cobra Kai, viu na filosofia do dojo uma espécie de armadura para proteger o que restava de seu coração já endurecido. Ela treinava incansavelmente, suas noites eram preenchidas com repetições de golpes e lutas imaginárias, onde seus demônios internos assumiam a forma de adversários. Mas, por mais que lutasse, a dor de sua solidão continuava a perseguir sua mente.

Seus companheiros de treino viam Amerie como uma lutadora destemida, alguém que não mostrava fraqueza. Porém, ninguém sabia que, quando as luzes do dojo se apagavam, Amerie voltava para um pequeno apartamento vazio, onde as paredes pareciam se fechar ao redor dela. Não havia fotos de infância, não havia risos para aquecer o ambiente. Só havia o eco de sua solidão.

Naquela noite, pela primeira vez em muitos anos, Amerie chorou. Chorou pela mãe que faleceu, pelas oportunidades perdidas, e pela infância roubada.

A febre aumentava cada vez mais, sua cabeça doía ao ponto de parecer explodir, e nela, ecoam sussurros.
Se levantou levemente, viu o comprimido de remédio ao seu lado -qual ela se recusava a engolir.

Não por causa do gosto, mas sim, por conta de sua dificuldade.
Desde pequena, Amerie odiava comprimidos porque não conseguia engolir. 

Pegou seu notebook e, ao ligá-lo, se deparou com uma foto de sua mãe.
Seus olhos se encheram d'água, ardendo. 
Seu nariz tomou uma coloração avermelhada, junto de suas bochechas. 
Fungou, e uma lágrima escorreu, desde a morte de sua mãe, tentou ao máximo não chorar, por sua irmã, e por ela própria.
Quase ninguém sabia da morte de sua mãe, apenas Daniel, a família LaRusso, e sua família. 

Então, seus amigos não sabiam.
Um soluço escapou de sua garganta, e ela deitou-se, chorando como uma criança que acabara de se perder da mãe - o que era verdade. 
Soluços ecoavam por seu quarto, junto de sua respiração pesada.  

── Porque a dor de verdade, está prestes a começar. ── Terry disse para Daniel.

A Prescott entrou na sala, minutos após a briga.

── Sensei Silver. ── Chamou, o mais velho a encarou, junto de Daniel, que mudou a careta de dor para uma sorridente e carinhosa ── Vamos, ‘tá na hora. 

O LaRusso desmanchou o sorriso, notando a forma que a garota falava, rudez e raiva presente, também notou sua linguagem corporal. Seu corpo parecia estar desconfortável, suas mãos apertadas em punho, e fogo queimava em seus olhos, junto de uma pitada de melancolia.

Aquela não era a mesma Amerie do Miyagi-do, era a Amerie do cobra kai, o lugar que ela nasceu para estar.

O mais velho, apenas sorriu debochado pro LaRusso, e saiu de perto dele, pondo uma de suas mãos na costa de Amerie, caminhando juntos.

Uma coisa que passava na cabeça dela: Iria lavar aquela camiseta roxa quando voltasse pra casa.


A

merie decidiu não ir para o dojô topanga com o cobra kai, e mandou Tory em seu lugar.

A latina estava ainda muito mal, cada vez mais, ficava mais doente, sua pele parecia estar cada vez mais branca e ressecada, junto de seu corpo que parecia maior que o normal, seus olhos pareciam mais tristes e sonolentos, e passava o dia todo em seu quarto.

Sua irmã? Nem a via mais, e as duas não se importavam. 

Nunca se importaram. 

Adelaine era uma criança complicada, assim como Anthony, que pareciam cada vez mais grudados. 
A avó delas não mantém contato há semanas, e seus tios também não. 
A cada dia que passava, Terry Silver a amedrontava ainda mais. 
Não só ela, como Tory e Micaela também. 
As três nunca deixavam que uma delas ficasse sozinha com ele, por medo.
Medo das barbaridades dele, medo de tudo.

Mas, principalmente, de seus olhos e sorrisos maldosos. 

Mas não queriam sair do cobra kai, o cobra kai era a única família delas.
Até Micaela não se sentia mais confortável com sua própria família.
Miguel e Robby não se odiavam e agora estão de boa, mas o latino ainda a desprezava depois de suas ações.

Família.

Uma coisa de conforto, lealdade, felicidade, certo? 

Errado, pelo menos para ela, para todas elas.

V

estia seu kimono preto, enquanto caminhava em direção à sala de Terry, mas paralisou ao ouvir ele conversar com alguém.

── Ela não vai descobrir, deixa comigo.── Comentou ── É a nossa melhor aluna, já treinou em três dojos diferentes, é agressiva, forte, habilidosa e não tem misericórdia.

── Você acha? É apenas uma garota. ── Aquela voz não lhe era estranha, mas decidiu ignorar ── A qualquer momento, ela pode ir pro outro lado, já o fez várias vezes, além de ser amiga dos outros… E ainda tem aquele garoto, o Keene. 

── Não acho que isso seja um problema, o amor não a destruirá. Estudei sobre seu passado, ela matou o melhor amigo, usou toda a sua força, foi brutal e tinham menos de dezesseis… Mas, foi pro reformatório. 

── É. Mas ainda não confio nela, devia saber o quanto ela pode ser inteligente e maldosa, pode quebrar seu pescoço. ── A voz rouca do estranho se fez presente de uma forma ameaçadora ── É bastante traiçoeira, igual uma cobra. 

── Ela pode ser inteligente, mas eu estou sempre á um passo à frente. Confie em mim, senhor John. ── Silver disse, e a garota saiu dali, seu corpo tremendo, não conseguindo ouvir a última parte

── Pra você é senhor Prescott. ── Respondeu rude

Amerie saiu do dojo, os olhos levemente arregalados de surpresa, e correu em direção ao seu carro, precisava fazer algo. 

Dirigiu, tão apressadamente, que ultrapassou vários sinais vermelhos.
Seu carro estacionou em frente ao Miyagi-do.

Adentrou depressa, se deparando com um tipo de “reunião” estavam todos ali.
A primeira coisa que fez, foi correr até Daniel.

── Me desculpa pelo outro dia, mas eu preciso da sua ajuda com uma coisa. 

── Você não é bem vinda aqui. ── uma voz soou atrás dela, ao se virar, viu Julie. A ruiva estava ao lado de Robby, e Amerie percebeu o moletom dele nos ombros dela, e a forma que ele abraçava sua cintura ── Vai tentar trocar de lado novamente?

── Primeiramente: não estou falando com você, e sim com o LaRusso. E outra, eu não vim pra ficar, e sim para ajudar. ── respondeu, ignorando a forma que a olhava com raiva, e também como Samantha, Miguel, Falcão e até Robby a viam com melancolia e desapontamento.

Eles sabiam.

 ── O que está fazendo aqui? ── Samantha perguntou, não parecia brava, parecia chateada.

── Eu só quero falar com os senseis-

── Não os chame assim. ── A ruiva respondeu com indignação, a interrompendo

 ── Olha, Miller. Eu odeio ruivas, e sabe algo que eu odeio mais que ruivas? Quando me interrompem! Então cala a merda da boca. ── Transpareceu sua irritação, e a outra ficou da cor do cabelo

── Aham, mas sabe quem adora ruivas? O Robby. ── sorriu, beijando o garoto ao seu lado. A Prescott ergueu uma sobrancelha, achando hilário a forma que ela tentava acertar, sendo que, quem terminou com ele foi ela. 

── Enfim. ── os ignorou, se virando para os três senseis. Ela os puxou para dentro do dojo de Daniel, fechando a porta ── Preciso da ajuda dos três. 

── Pra quê? Para cortar o cabelo dos nossos alunos? ── Johnny brincou irônico

── Não fui eu que cortei o cabelo do Falcão! E sim o seu filho. ── respondeu rude, ajeitando sua camiseta ── É sobre o Terry. 

A olharam curiosos ── O quê?

── Eu ouvi uma conversa dele com um homem esquisito. Era sobre mim, e sobre algum segredo. ── Afirmou ── Parece que… Eles estão planejando algo, e falaram frases como “Ela é a nossa melhor” ou “não podemos deixar ela descobrir.” e eu já desconfiava… Mas não sei o que fazer! ── sua voz transpareceu nervosismo e pânico. 

── Calma, então acha que eles estão tramando algo?── o loiro indagou

── Acho, mas é algo grande, que me envolve… Parece que eles realmente confiam em mim. ── suspirou── Mas o que nós vamos fazer?

── Nós? ── Daniel perguntou sarcástico── Você não vai se envolver, não sabemos se você está do nosso lado.

── É sério? Eu literalmente corri o risco de vir até aqui, se alguém do cobra kai descobrir… Eu estou ferrada! ── respondeu frustrada, passando a mão do cabelo

── É só sair. 

── Acha que é fácil?

── Pra você foi fácil sair do Miyagi-do. ── Amerie cruzou os braços

── Isso foi um erro. ── Pegou sua bolsa, mas quando ia sair, o Toguchi a puxou pelos ombros

── Acho que ela pode nos ajudar, Daniel-san. Sei que é capaz e precisamos dela. ── Disse, fazendo-a sorrir

── Acho que podemos pensar. ── Daniel brincou, após pensar um pouco ── Vai voltar pro Miyagi-do?

── Claro, eu preciso disso. ── afirmou, se separando um pouco ── Mas antes… Preciso falar com a Sam… E, desculpe por tudo que causei!

Andou em passos apressados até a LaRusso mais nova.

── Eu preciso- 

── Você acha isso legal? Trair a gente várias vezes, ficar mudando de time sempre que quer? ── perguntou chateada ── Decidimos te dar mais uma chance, mas cada vez que damos, você fica ainda mais… Rebelde e maldosa! 

── Não fala assim! Sam, eu precisava fazer aquilo, o Silver, ele… É um maníaco, eu tenho medo dele.

── Então por que não sai? 

── Eu tecnicamente já saí, o cobra kai não é pra mim. ── Disse, mais para sí mesma do que para a outra

── Acha que vou te perdoar assim? Você fez tantas coisas, você só erra, e se continuar assim, vai parar no reformatório novamente. ── Respondeu, e Amerie sentiu sua garganta se fechar, as lembranças tomando sua cabeça.

Andava em passos rápidos, quando sentiu seu corpo ser jogado, a dor dominando seu corpo, o sangue escorria de seu nariz.

“E Aí novata, sendo recebida de boa forma.” ecoou em sua cabeça, e sentiu a mão masculina passear por seu corpo, a deixando com nojo.

Fechou os olhos, chorando, seu corpo estava dolorido e era segurada por alguém do dobro de seu tamanho. 

Sua intimidade doeu com o contato dele, enquanto sentia o aperto em seus pulsos, e os leves suspiros e gemidos em seu ouvido, deixando-a enojada cada vez mais, sentia a palma quente do garoto apertar seu corpo, apalpando.

O homem ainda a tocava, quando ouviu um barulho e ele saiu de dentro dela, sua intimidade latejava de dor e estava avermelhada, saindo sangue, sentiu seu corpo fraco, enquanto via um garoto negro espancando o que havia a tocado.

O garoto negro, a levantou com cuidado, arrumando suas roupas, tentando não olhar seu corpo avermelhado.

“Sou o Shawn.” ouviu ele dizer, enquanto sua garganta doía e seus olhos lacrimejavam

“Amerie.”

Ao mesmo tempo que seu nome dilata em sua mente, a voz de Sam a “acordou”. 

LaRusso a olhava surpresa e confusa.

── O que foi?

── ‘Tá tudo bem ? ──Viu a forma que estava preocupada, só então notando que caiam lágrimas de seus olhos. Ela a abraçou, e Amerir fungou, enterrando o rosto no pescoço de Sam 

── Desculpa, me desculpe, eu sou uma péssima pessoa, sou nojenta. ── Murmurou, fazendo o coração de Sam se despedaçar, enquanto ouvia a mais velha choramingar 

── Não, você não é. Você é a garota mais corajosa e forte que conheci.

── Não… Eu não sou forte. ── negou ── Se eu fosse aquilo não teria acontecido… É tudo culpa minha.




























𝐎𝐓𝐀𝐒!

- Estava com muito medo e nojo de postar esse capitulo. Tentei não detalhar a cena do reformatorio pois era muito pesada!

- Desculpem pelos erros ortograficos. E espero que tenham gostado

- Votem e comentem! Isso ajuda muito.

- Eu sei que é bem irritante a bipolaridade da Amerie... Mas vai ajudar no final.

- Beijos da Camis!

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