Capítulo 7
ENTRE DESEJOS E CONFLITOS
Os lábios de Amarílis dançavam nos de Helianthus, que a abraçava sob o céu estrelado. Amarílis separou os lábios dos dele.
— Me desculpe... Eu...
Helianthus levou seu dedo indicador até os doces lábios dela.
— Não precisa se explicar nem dizer mais nada. O que você sente aqui, no seu coração...
Ele disse, tirando o dedo dos lábios dela e baixando a mão até seu seio esquerdo, onde pousou a mão. Em seguida, pegou a mão de Amarílis e a colocou sobre o próprio peito.
— Eu também sinto. É como uma conexão que sempre esteve lá desde aquele dia em que te conheci. Nunca me abandonou. Eu também sou atraído por você, Amarílis. E é algo que não dá para explicar. É como se tivesse algo inquieto aqui no meu peito, que só se acalma na sua presença.
Helianthus aproximou os lábios do ouvido de Amarílis e sussurrou, provocando-lhe um leve calafrio.
— Você consegue sentir isso?
— Sim.
Amarílis respondeu, dando outro beijo, ainda mais intenso que o primeiro. No entanto, Helianthus a empurrou suavemente, um gesto sutil que interrompeu o beijo e a fez olhá-lo com desejo. Helianthus viu, naqueles lindos olhos liláses, muito amor e uma paixão ardente por ele.
— Precisamos voltar ao palácio, Amarílis. Sua mãe foi clara ao dizer que eu não deveria sair do palácio. Já é difícil para ela me aceitar aqui, e não quero causar problemas, descomprindo suas regras.
Amarílis baixou o olhar. Desobedecer sua mãe sempre fora um tanto quanto divertido para ela, mas eles precisavam voltar rápido ao palácio e torcer para que Agave não notasse a ausência de Helianthus, especialmente agora que sua mãe estava envolvida em discussões. Amarílis sabia que, se sua mãe descobrisse que estavam fora do palácio e se beijando, a rainha certamente mataria Helianthus com as próprias mãos.
— Você tem razão. Ela vai ficar furiosa. Precisamos voltar rápido para o palácio. Consegue voar rápido, Helianthus?
Ele sorriu, derretendo o coração de Amarílis.
— Tente me acompanhar!
Ela disparou em direção ao palácio. A princípio, Helianthus deixou que ela tomasse a frente, mas, ao avistar o palácio, ele bateu suas asas com força, emparelhando-se com ela. Amarílis tentava acompanhá-lo, mas ele era muito mais rápido. Ambos pousaram com delicadeza no telhado onde estiveram mais cedo, ela apenas alguns segundos atrás dele.
— Você é rápida, princesa.
— Não tanto quanto você. Me surpreendeu.
— É melhor entrarmos. Vamos nos separar para não levantar suspeitas. Não quero problemas com sua mãe.
— Para onde vai?
— Vou procurar um dos guardas. Embora seja mais fácil eles me encontrarem.
Amarílis assentiu, foi até ele e o abraçou forte, sentindo falta de tê-lo perto. Ele deu um beijo rápido e voou para longe.
___
Enquanto voava rapidamente, Amarílis cantarolava, distraída e feliz, com os olhos fechados, relembrando os momentos com Helianthos. Sem perceber, trombou em algo e caiu no chão. Era seu irmão, Antúrio.
— Amarílis?
— Oi, Antúrio. Já jantou? Você, mamãe e papai?
Ela ainda estava no chão, mas Antúrio a ajudou a levantar.
— Ainda não. Estávamos esperando você. Muitos guardas estavam te procurando.
— Bem, eles podem parar de me procurar, pois já estou aqui. Vamos jantar.
Ela saiu caminhando ao lado do irmão, que percebeu o brilho diferente nos olhos de Amarílis e as leves bochechas rosadas. Ele voou até ficar à frente dela.
— Onde estava?
— Voando. Está uma noite linda, não acha, meu irmão?
Antúrio, a contragosto, concordou. Era uma ótima noite, mas não tão perfeita para ele.
— Vamos.
Ela o levou em direção ao grande salão, onde costumavam fazer os jantares familiares.
Durante o jantar, Agave notou o brilho diferente no olhar de Amarílis, mas não comentou. Também notou que sua filha estava mais quieta do que o normal. Quando desviou o olhar para Antúrio, viu que ele estava perdido em seus próprios pensamentos.
— Antúrio, meu filho, você não comeu nada. Está tudo bem?
Ela perguntou, mas ele não respondeu. Ao repetir a pergunta, Antúrio continuava distraído. Amarílis deu-lhe uma leve cotovelada.
— Mamãe está falando com você, preste atenção!
— Perdão, mamãe, o que dizia?
— Perguntei se está tudo bem. Você não comeu nada e não tomou nenhum gole de seu vinho. Está tudo bem?
— Sim, está tudo ótimo. Só estou um pouco nervoso com os treinos.
Ele tentou convencer Agave, que ofereceu:
— Se quiser, pode faltar ao treino amanhã. Eu falo com o capitão.
— Não precisa, mãe.
Antúrio respondeu, tentando desviar a atenção de seus pais.
— Alguma notícia do criminoso?
Amarílis levantou-se, irritada.
— QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? POR QUE TODOS ACHAM QUE HELIANTOS É UM CRIMINOSO? EU PERGUNTO: QUE CRIME ELE COMETEU?
— Amarílis, calma, sente-se...
Fergas começou, mas foi interrompido bruscamente.
— Perdi a fome.
Ela disse e saiu voando, sem olhar para sua mãe ou irmão.
— Vocês sabem que ela está certa. Não podem continuar chamando Helianthus de criminoso ou maldito, pelo menos não perto dela. E ele realmente não cometeu crime algum contra você.
Fergas disse, olhando para Agave.
— Contra mim, não. Mas não sei o que ele fez antes de vir para cá...
— Você é rainha de Νεrάιδα, não de outro lugar. Aceitou que ele ficasse no palácio. Ele é praticamente nosso convidado, afinal salvou a vida de nossa filha. E você, Antúrio, esperava mais de você. Sabe muito bem por quê.
Antúrio abaixou a cabeça.
— Pai, eu não...
— Não diga mais nada. Amanhã, vá ao treino e depois conversaremos. Também perdi a fome.
Fergas saiu da mesa. Agave e Antúrio permaneceram em silêncio, até que ela estalou os dedos, e um guarda apareceu.
— Encontraram Helianthus?
— Sim, senhora. Estava na cozinha, sendo alimentado pelas criadas.
— Obrigada. Pode ir.
Agave levantou-se e saiu, deixando Antúrio sozinho, perdido em seus próprios pensamentos.
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