Capítulo 5

INCERTEZAS NO CREPÚSCULO

Amarilis voou até a masmorra pois ela acreditava que era lá que os guardas teriam o  levado, mas ele não estava lá.  ela começou a procurar pelo palácio inteiro e não o encontrou.

"Será que ele saiu do palácio?"
Ela se perguntou, achando isso algo ridículo. O acordo era que ele não deveria sair do palácio.

"Será que minha mãe estava certa e ele está aqui apenas para matar a família real e tomar o poder?"
Ela sacudiu a cabeça, tentando afastar os pensamentos absurdos. Como ele poderia arquitetar seu resgate? Perdida nesses e em outros devaneios, Amarílis se jogou em um banco qualquer de um dos pátios do palácio, sem perceber a chegada de Petúnia.

– AMARÍLIS! – Petúnia gritou e correu para abraçar sua amiga.– Que saudade eu estava de você! O que aconteceu?

– Muita coisa. Sente-se aqui comigo que eu vou te contar tudo.

___

Fergas encontrou Agave em um dos jardins. Ela estava parada diante de uma planta cujas folhas pareciam feitas de esmeralda, e as flores, de rubis. Ele se aproximou devagar, observando uma borboleta de asas douradas voar por perto.

– Agave – chamou suavemente. Ela se virou devagar, e Fergas viu em seu rosto a aflição. Então, ele se aproximou ainda mais.– Me conte, no que está pensando?

Agave suspirou.

– Está acontecendo tudo de novo, Fergas. Heliantos está aqui para nos destruir e tomar o poder.

– Por que acha isso?

– Minha tia é uma maldita. Eu já vi isso acontecer. Ela o fará matar todos nós e tomar o trono. Ele está seguindo os passos dela.

– Ele salvou nossa filha…

– Isso não importa pra mim.

– Como assim?

– Mesmo que ele tivesse salvado você, meu amor, nada muda o fato de que tudo isso faz parte de um plano da minha tia. Eu vou matá-lo na primeira oportunidade.

– Agave, você está se ouvindo?

Ela ficou em silêncio, observando Fergas, que continuou:

– Você odeia sua tia ou tudo que a envolve, qualquer um que tenha contato com ela?

– Eu odeio minha tia e tudo o que ela fez comigo, com você, com Neraida.

Ela disse, sentando-se em um banco de luz. Fergas sentou-se ao lado dela.

– Dê uma chance ao garoto – disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha de Agave. Ela fechou os olhos por alguns segundos, mas os abriu de repente, assustada.

– Zaieva o mandou aqui para seduzir nossa filha e nos matar!

Fergas se recostou no banco, vendo que Agave não tiraria essa ideia da cabeça, e contemplou o céu azul daquela tarde.

___

Petúnia ouviu atentamente toda a história sem interrupções. Quando Amarílis terminou, Petúnia se levantou.

– Isso está muito estranho.

– Por que diz isso?

– Primeiro, Bromélia. Por que ela iria querer apostar uma corrida com você? E por que justo até o vórtex?

Amarílis, ainda sentada, deu de ombros.

– Na festa, tinha muita gente bêbada. Talvez Bromélia e os outros estivessem muito chapados e nem pensaram direito.

– Não, Lis. Eu conhecia Bromélia. Ela estava feliz por ter passado na universidade, e o namorado dela havia acabado de pedir sua mão em casamento. Ela não era o tipo de garota que bebia, e eu nem a convidei para a nossa festa porque sei que ela não gostava desse tipo de evento.

– Já que está dizendo…

– E tem mais: como e por que seu salvador misterioso estava exatamente no vórtex no momento exato em que vocês chegaram lá?

Nesse instante Petúnia fez aparecer milhares de pontos de interrogação rosas que ficaram pairando ao redor dela e de amarilis.

– O que você quer dizer com isso?

– Talvez não seja coincidência. Talvez não tenha sido um acidente.

Amarílis levantou-se irritada, falando com a voz alta, algo que nunca havia feito com Petúnia, assustando a amiga.

– PARE! Eu não vou ficar aqui ouvindo as mesmas  insinuações da minha mãe!

– Lis, eu só estou dizendo que tudo isso está estranho. Não estou insinuando nada, só tentando entender. Nada disso faz sentido.

– Não te entendo, Petúnia…

– E ainda tem mais. Por que ele perguntou se você se lembrava dele? Eu realmente acho que tudo isso foi orquestrado.

Mas Amarílis não ficou para ouvir o restante. Ela começou a voar para longe, indignada. Como só ela conseguia ver a sinceridade nas ações e palavras de Helianthos?

Ele a havia salvado, e tudo que ele queria era uma chance de viver em um lugar que não fosse Medíocres. Qual o problema nisso? Ele não havia cometido nenhum crime. Para ela, era um exagero de sua mãe e Petúnia ter essas reações. Enquanto voava, ela se lembrou das palavras dele:

"Não cometi nenhum crime contra você ou este reino. Salvei sua vida arriscando a minha, trouxe você até aqui mesmo sabendo que corria o risco de ser morto por minhas raízes."

Ela abriu os olhos, quase colidindo com uma árvore, mas desviou rapidamente e continuou voando, ainda lembrando:

"Eu quase morri salvando sua filha. Eu só quero uma chance de viver aqui. Se não me quiserem, podem me banir, mas lembrem-se de que estarão me banindo por algo que eu não fiz."

Ele não havia feito nada contra o reino ou sua família. Amarílis realmente não entendia como só ela via a sinceridade nas palavras e ações dele.

___

Helianthos estava nos telhados do palácio, contemplando o crepúsculo, quando um som violento o despertou de seus devaneios. Ao olhar em direção ao barulho, viu Amarílis. Ela pousara de forma violenta e chutara uma grande bola de ouro maciço. Heliantos julgou que pesasse pelo menos 30 kg, e além disso, estava fixada em uma estrutura de 10 cm. Após o chute, ela segurou o pé, pulando de dor e gritando:

– Ai! Ai, ai, ai, ai, ai! Aiiiiiiii!

Helianthos não conseguiu se conter. Jogou a cabeça para trás e riu. Amarílis, aparentemente, não o havia visto. Ela colocou o pé no chão e o encarou sem graça.

– O que essa bola de ouro fez para te irritar tanto?

Ela permaneceu em silêncio, ainda irritada, e agora com o pé dolorido. Flutuou até ele, encostando-se.

– O que você está fazendo aqui?

– Estou olhando o pôr do sol. Em Medíocres, eles são raros. Nem todo ano o sol aparece lá.

Amarílis sentou-se ao lado dele e começou a contemplar o céu também. O sol, quase todo entre as montanhas, tingia o céu de vermelho e laranja.

– Por que perguntou se eu me lembrava de você?

– Você ainda não respondeu minha pergunta. O que essa bola de ouro fez para te irritar?

Amarílis suspirou.

– A bola não fez nada. Estou irritada com outras coisas.

– Com o quê?

– Minha mãe e minha melhor amiga acham que você arquitetou meu salvamento e está aqui para tomar o poder. Não entendo como elas não conseguem ver a sinceridade em suas palavras.

Ele a encarou, amarilis, observou que o sol refletia no olho dele , ele sorriu, a maneira que só aqueles que guardam segredos sorri.

– Talvez elas estejam certas, ou talvez erradas. O importante é: você acredita em mim?

– Sim, eu acho.

Amarílis respondeu, olhando nos olhos de Heliantos, finalmente  lembrando-se de quando o conheceu, ainda criança.

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