Capítulo 21

Rastros de Cinzas e Caminhos de Luz

Helianthos  lutava para continuar voando, mas a flecha que Agave lançara em sua asa direita estava queimando a cicatriz que a flecha causou estava se estendendo queimando sua asa cada vez mais e ele se segurava para não se deixar cair e começar a gritar de dor pois sabia que se fizesse isso as fadas que o seguiam com certeza iriam matá-lo.

Ele continuou voando, não se deu conta de quando as fadas que o perseguiam desapareceram, só percebeu quando sua asa parou de latejar. Ele finalmente se deixou pousar, e estava em um lugar desconhecido, não mais nos arredores do reino.  Foi por isso que seus perseguidoras haviam desaparecido.

Ele se via em um vasto lugar que parecia ser um deserto, mas com uma magia sutil que permeava o ar e transformava o ambiente em algo único. A areia, em tons dourados e avermelhados, se estendia até onde os olhos alcançavam, intercalada por rochas lisas e irregulares que se erguiam como monumentos abandonados. O sol inclemente lançava sua luz sem piedade, mas algo no ar fazia com que a secura do deserto não fosse completamente implacável. A temperatura, apesar de abrasadora, mantinha-se constante, nem calor insuportável nem frieza cortante. O vento, quando surgia, carregava um sussurro inaudível, como se o próprio lugar estivesse vivo, respirando suavemente.
Helianthos comecou a caminhar e observar seu novo lar.

As plantas que habitavam esse lugar não tinham semelhanças com nada que se conhecesse em outros desertos. Elas eram silhuetas frágilmente encantadas, com folhas que pareciam se mover por vontade própria, mas sem nunca se desprender das raízes profundas que pareciam absorver não só a terra seca, mas também algo do ar ao redor. Algumas dessas plantas tinham caules retorcidos, que emitiam um brilho tênue, como se estivessem sempre em meio a um estado de transição. Suas flores eram pequenas e esparsas, mas quando Helianthos tocou uma das folhas, uma sensação de formigamento suave percorreu seu corpo, como se a magia da terra estivesse se infiltrando na sua carne.

Helianthos notou, que o lugar não era desabitado. Criaturas que combinavam com  a magia selvagem viviam em seu interior, criaturas que emitiam a mesma sensação de mistério e encantamento do ambiente. Uma delas era o Hurané, um ser com corpo de serpente, mas com asas translúcidas e finas, semelhantes às de uma libélula. Suas escamas eram douradas, refletindo a luz de maneira estranha, quase como se a criatura fosse feita de fragmentos de sol. Ela deslizava pelo ar e pela areia com uma graça incomum, sempre aparecendo e desaparecendo em um piscar de olhos, como se fosse feita de pura energia.

Outro habitante peculiar era o Thylor, uma criatura quadrúpede de tamanho médio, com pelagem que variava entre os tons de azul profundo e lilás. Seus olhos eram completamente negros, mas emitiam uma luz tênue, como se possuíssem estrelas dentro de si. Os Thylors possuíam longas caudas que se enrolavam ao redor de cactos e pedras, aparentemente absorvendo uma energia mística daquelas plantas e rochas. Sua pele, embora áspera ao toque (Helianthos percebeu) , emitia uma vibração suave quando os Thylors se aproximavam uns dos outros, como se estivessem trocando informações mágicas através da eletricidade natural do ambiente.

Por fim, Helianthos observou as Vérrus, criaturas aquáticas que não precisavam de água para sobreviver. Elas tinham corpos longos e finos, como enguias, mas suas peles brilhavam com uma luz etérea, com cores que lembravam o brilho da aurora boreal. Elas se moviam com fluidez, deslizantes e silenciosas, por entre as rochas secas e as raízes das plantas. Embora não possuíssem olhos, sentiam os fluxos mágicos ao seu redor e se aproximavam de Helianthos sem medo

Helianthos sabia que a  vegetação era esparsa, mas ainda assim repleta de vida própria. O Fyllare, uma planta que se assemelhava a uma cactácea, era notável por suas longas folhas espinhosas que, ao serem tocadas pelos dedos pálidos de Helianthos, emitiam um som suave e melódico, como se a planta estivesse cantando uma canção silenciosa. Perto delas, existiam as Grainha, arbustos baixos que liberavam uma neblina cintilante quando o vento passava, como se a brisa estivesse criando uma camada de magia invisível.

Helianthos, de certa forma, se sentiu em paz ali, ele não tinha sua amada, mas também estava livre para ser quem quisesse ser, quem realmente era.

Ele iria começar uma vida nova lá.

***

Íris voava veloz  em direção a Nεrάιδα com suas asas mais leves do que nunca e quase colidiu com outras duas fadas, uma delas, percebeu Íris, era Caladiun e a outra uma garota bonita.

- Íris? É você? Suas asas...

Íris o abracou. Petúnia sentiu ciumes pela primeira vez.

- Íris! Que bom que está bem, eu achei que Zaieva tinha...

Íris falou, desfazendo o abraço:

- Soube que minha mãe atacou Nεrάιδα, achei que você... Não importa, preciso ver Helianthos.

Caladiun balançou a cabeça

- Desculpe Íris, não sei onde...-
Caladiun começou e Petúnia se intrometeu:

-Vamos ao palácio, Amarilis deve saber onde ele pode estar... Isso é... Se ela não estiver... Se ela... A Amarilis...

Só o pensamento de sua melhor amiga ter sido morta fez com que  Petúnia não se contesse.  Ela caiu de joelhos desolada, aos prantos.

Caladiun rapidamente a ajudou a ficar de pé e a envolveu em um abraço sereno

- Petúnia, minha linda, tenho certeza que Amarilis está bem . - E enxugando os olhos cheios de lágrimas de sua amada,  acrecentou: -  Não se preocupe, estou com você...  Eu te...

Íris viu algo diferente entre Caladiun e aquela moça, mas ela não tinha tempo, precisava encontrar Amarilis e Helianthos o mais rapido possível.

- Seja como for... é... Petúnia não é?... Eu preciso encontrar meu irmão ou Amarilis, é  importante.

Se odiou por interromper aquele momento. Parecia que Caladiun e aquela fada tinham algo lindo. Ela não estava aparecendo mais uma fada do momento, como das muitas que Caladiun já saíraantes. Iris viu Petúnia balançar positivamente com a cabeça.

- Tudo bem, vamos.

- Esperem. Eu tive acesso a isso e acho que vocês também devem saber. É uma profecia. 

- Então Amarílis e Helianthos... o amor deles é a chave para a paz. - Disse Petúnia, flutuando de forma bastante romântica.

Mas então Caladiun disse:

- Mas a profecia não fala apenas sobre eles dois, não é? Você mesmo disse. Καθώς οι καρδιές πλησιάζουν, μια αρχαία ελπίδα θα αναζωπυρωθεί, απειλώντας να σπάσει τον κύκλο της σύγκρουσης που ακόμα επιμένει. Κάθε επιλογή, κάθε κίνηση, θα αντικατοπτρίζει τη μάχη μεταξύ φωτός και σκοταδιού, μαγείας και καταστροφής. Olha, eu... Petúnia e eu somos de mundos diferentes, e bem... estamos ligados de alguma forma.

Íris assentiu e disse:

- Eu li essa profecia várias vezes e pensei que só estava falando de dois corações. Mas vendo essa ligação que vocês dois têm, percebo que eu também tenho ou tinha essa ligação com alguém que pertence a Nεrάιδα, Antúrio.

Petúnia ficou de boca aberta, ela não acreditava que Antúrio namorasse alguém, ainda mais alguém tão improvável. Ela abraçou Íris e disse:

- Vamos.

***

O vento frio cortava a noite em Neráida, e o silêncio da floresta ao redor parecia ensurdecedor. Íris sentia o peso do momento, as sombras do passado e as incertezas do futuro pairando sobre ela. Ao seu lado, Petúnia caminhava com passos firmes, como quem já conhecia bem o caminho. Caladiun seguia mais atrás, atento a cada movimento, mas sem questionar a direção.

Guardas estavam por toda parte, Íris e Caladiun estavam apreensivos.

- Vamos, caminhando assim a gente chama menos a atenção. - Sugeriu Petúnia.

Uns 30 minutos depois de estarem caminhando no mais puro silêncio, ele foi quebrado.

- Estamos perto. - Disse Petúnia, com uma segurança na voz que Íris não podia deixar de admirar.

-Ele sempre se esconde em lugares isolados, perto do palácio. Ele... ele não gosta de ser encontrado, mas sei onde ele pode estar.

Íris, ainda insegura sobre o que dizer a Antúrio, balançou a cabeça levemente.

-E se ele não quiser me ver? E se ele me odiar ainda mais?

Petúnia parou e se virou para ela, com um olhar sério, mas também cheio de compreensão.

-Íris, ele não vai te odiar. Ele te ama, mesmo que tudo tenha sido complicado até aqui. Eu sei disso, e você sabe também. Mas, claro, ele tem medo do que tudo isso pode significar para ele, para a família dele... mas o amor é mais forte que o medo.

Íris assentiu, embora seu coração batesse forte. Não era fácil ser filha de Zaieva, não era fácil carregar o peso do sangue que corria em suas veias. Mas ela sabia que sua jornada, sua luta, era muito maior do que qualquer desconfiança que pudesse existir entre ela e Antúrio.

-Vamos continuar. Ele precisa saber da profecia. - Disse Íris, mais para si mesma do que para os outros.

A caminhada os levou até um canto isolado do palácio, onde as sombras eram profundas e o ar parecia carregado com a tensão de segredos antigos. Petúnia, sem hesitar, se aproximou de uma grande árvore que se erguia no centro do espaço vazio. Era ali, embaixo daquela árvore, que sempre encontrava Antúrio quando ele queria estar sozinho.

-Antúrio?

Petúnia chamou suavemente, quase como um sussurro. A voz dela era familiar, mas não sem seu toque de ansiedade.

-Eu trouxe alguém para você.

A figura que emergiu da escuridão era inconfundível. Antúrio. O olhar dele encontrou Petúnia primeiro, depois se fixou em Íris, e finalmente, seus olhos se suavizaram, embora houvesse uma evidente resistência em seu corpo. Ele estava tenso, como se o simples fato de estar ali, naquele momento, o colocasse em conflito com tudo o que ele acreditava ser verdade.

- Íris... - Ele disse, seu tom baixo, quase amargo. - O que você está fazendo aqui?! Depois de tudo o que aconteceu?! Tudo o que sua mãe fez!

Íris deu um passo à frente, sentindo a dor nas palavras dele, mas sabendo que não podia recuar.

-Eu vim porque eu preciso de você, Antúrio. Todos nós precisamos de você. O reino está em perigo, e a única maneira de salvar tudo isso... é fazendo o que a profecia diz.

Íris entregou a profecia para ele, que começou a ler.

- Nós temos de ficar juntos. Você e eu. Amarilis e Helianthos, Caladiun e Petúnia... Precisamos unir nossos corações e nossas forças para impedir que Zaieva destrua tudo.

Antúrio parecia absorver as palavras dela, mas a raiva e o medo estavam presentes em seus olhos. Ele olhou para Petúnia, que agora estava quieta, observando de longe. Então, ele olhou novamente para Íris.

-Você acha que me pedir isso é fácil? Você sabe o que sua mãe  causou?... com todos nós. Você acha que eu posso confiar em você, depois de tudo o que aconteceu?!

Petúnia deu um passo à frente.

-Eu sei que é difícil, Antúrio. Mas, por favor, ouça o que ela tem a dizer. O destino de Neráida... de todos nós, está nas nossas mãos. Zaieva quer que a destruição continue. Não podemos deixá-la vencer.

Íris olhou para Antúrio, seu coração apertado.

-Eu sei que é difícil, mas é a única chance que temos. Eu... eu não sou minha mãe e você sabe. Não quero causar dor. Eu só quero salvar o que é importante para todos nós.

O silêncio se estendeu entre eles, e Antúrio parecia pesar as palavras dela, lutando contra sua própria dor. Mas no fundo, ele sabia que não poderia ficar parado enquanto tudo o que ele amava se desfazia.

-Eu... não posso prometer que será fácil. Mas, veremos o que podemos fazer. O que planeja? -  Ele finalmente disse, com um suspiro pesado.

Íris sentiu uma onda de alívio, embora soubesse que o caminho à frente ainda seria difícil. Mas ao menos, naquele momento, ele estava disposto a lutar ao lado dela.

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