Capítulo 2

A FESTA DE 20 ANOS

15 anos depois

Agave sorria feliz durante o desjejum. O reino de Nεrάιδα havia recuperado o status perdido devido a seus tios, e agora era novamente uma elite. Havia demorado longos 22 anos, mas finalmente tinham conseguido.

De repente, um vento bagunçou seus cabelos, e ela recebeu um beijo na bochecha. Era Amarílis.

— Bom dia, mamãe!

Agave soltou uma risada baixa e respondeu:

— Bom dia, Lis. Feliz aniversário, minha flor.

Amarílis estava completando 20 anos. Ela havia se tornado uma bela fada; suas asas, ainda lilases e brilhantes, haviam crescido junto com ela. Vestia um vestido rosa, a cor que usava em todos os seus aniversários, e seus cabelos castanhos moldavam seu rosto, caindo em cascatas até o meio das costas, bem onde as asas começavam.

— Cadê o papai?

— Assistindo ao treinamento dos soldados. Você sabe que ele acompanha de perto a evolução dos mesmos.

Amarílis não disse nada e pegou uma litarina de uma cesta dourada no centro da mesa. Estalou os dedos e uma jarra de cristal se ergueu sozinha, derramando seu conteúdo em um copo também de cristal.

— Mãe, eu estava pensando...

— Não vou te falar o que eu e seu pai decidimos para você.

Uma sombra de desapontamento cruzou os olhos de Amarílis por um momento, depois seus olhos lilases brilharam como suas asas.

— Mamãe, eu quero... eu queria... bom...

— Diga logo, não enrola. Princesas vão direto ao ponto.

Amarílis suspirou, deu um longo gole no néctar, fechou os olhos apreciando o sabor e, quando os abriu, olhou fixamente para sua mãe.

— Eu quero dar a minha festa do meu jeito, mamãe.

Agave a olhou confusa.

— Não entendo, filha. Sempre fazemos do seu jeito.

— É mãe, “sempre fazemos”.

— Não entendi, filha.

Amarílis deu mais uma mordida em sua litarina.

— Mãe, quero fazer sozinha e...

— NÃO, AMARÍLIS! NÃO VOU TE DEIXAR SOZINHA LÁ FORA!

— Nunca faço nada sozinha! tem sempre meia dúzia de guardas ao meu redor! você controla tudo na minha vida, mamãe!

— Acalme-se e...

— Tudo, mamãe, tudo! quando fui aprender a ser guerreira, o que você disse?

— Esse assunto, novamente...

— Disse que eu era “delicada” e quando fiz o treinamento escondida, o que fez?

— Sinceramente, Amarílis, esse assunto está encerrado.

Agave já ia se levantando quando Amarílis se jogou sobre a mesa e agarrou o braço de sua mãe.

— Não perca seu tempo organizando minha festa. Não irei comparecer.

— Como é?

Amarílis saiu voando. Agave sentou-se atrás dela; as asas de Amarílis eram as mais rápidas de Nεrάιδα.

— Guardas! Atrás dela!

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Helianthus estava apreensivo naquela manhã. Será que conseguiria? Era o que se perguntava olhando para o horizonte. As amargas lembranças do que sua mãe lhe fez atingiam-no como adagas. Fechou os olhos, apreciando a inocência perdida e a alegria que tinha naquele dia. Abriu os olhos negros, cheios de escárnio, e soube o que tinha que fazer.

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As asas velozes de Amarílis a levaram até Limder, um lugar para onde sempre ia quando se sentia triste e sozinha. Como era a mais rápida de Nεrάιδα, os guardas não conseguiram alcançá-la.

Na ponta do precipício, ela se lembrou do único dia em que esteve completamente sozinha. Foi o dia mais feliz da vida dela, quando aprendeu a voar. Ela amava voar; era tudo o que mais importava para ela. Também foi naquele dia que conheceu um garoto. Qual era mesmo o nome dele? Não se lembrava e nem entendia o motivo de seus pais terem se irritado tanto. Afinal, o garoto não fez nada de errado; ele era apenas uma criança, e crianças não são criminosos, mesmo no exílio.

Ela começou a chorar. Suas lágrimas brilhantes caíam, pois não era mais uma criança e tinha perdido a inocência daquele dia. Amarílis sempre se lembrava daquele momento como o único dia em que esteve livre. Depois disso, passou a ficar presa no palácio com guardas ao seu redor, sempre com sua mãe ou os guardas vigiando.

— Achei você!

Uma fada loira, com asas rosa vibrante, disse ao chegar ao lado de Amarílis e a abraçou forte.

— Feliz aniversário! Espera aí! Você está chorando? Por quê?

Era Petúnia, sua melhor amiga. Amarílis levantou-se do chão, enxugou suas lágrimas e disse:

— Não é nada, Tuni. Só minha mãe que sempre me sufoca.

Petúnia pegou na mão da amiga e sorriu.

— Eu entendo. É sério, Agave faz de tudo para estar com você o tempo todo. Mas me conta, conseguiu falar com ela sobre a festa mágica que vamos dar no campo?

Amarílis começou a sorrir. Petúnia fez a festa que ela queria parecer a mais brilhante e mágica de todas.

— Petúnia, quem foi que deu esse nome? É só minha festa de 20 anos.

— Bem, isso não importa. Era esse o nome que estava nos convites, e eu entreguei para todos os jovens solteiros de Nεrάιδα. Estou te dizendo, nossa festa vai ser o máximo. Tenho certeza que você vai deixar de ser... você sabe, fadinha. Chamei todos os jovens solteiros e tenho certeza que a nossa festa vai arrasar. Vou arranjar vários...

— A rainha, minha mãe, não deixou eu fazer a festa. Segundo ela, quer fazer como sempre fazemos.

— Não acredito. E agora, o que faço? Já mandei convites para todo mundo aqui do reino. Não posso simplesmente cancelar. E agora, eu chamei ele, eu chamei ele e agora não vai ter a festa. Como assim? Não dá, Amarílis. Eu chamei ele.

— Está falando do Melo?

— O quê? Esquece ele, ele é passado. Agora quero fisgar Lírio.

Amarílis sorriu e balançou a cabeça, ainda rindo.

— Você não tem jeito, Petúnia.

Petúnia, que estava na beira do precipício, juntou as asas e, de forma dramática, se virou para Amarílis.

— Se você não tiver esta festa, eu prefiro morrer.

Ela disse antes de abrir os braços e se jogar do precipício. Amarílis começou a rir.

— Vou dar a maior festa, minha mãe querendo ou não.

Petúnia apareceu voando graciosamente em volta de Amarílis, que riu alto com o drama da amiga.

— Lis, vamos rápido! Já deixe os preparativos prontos.

E assim, Amarílis e Petúnia voaram velozes até o campo onde a festa iria acontecer.

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