Capítulo 13

O SEGREDO DA LUZ E O BOSQUE OCULTO

Conforme Iris subia a escada feita de luz, os degraus que ela deixava para trás desapareceram na noite e a chave em suas mãos brilhava cada vez mais. Assim que ela chegou ao topo, havia apenas uma porta feita de luz, e agora a chave brilhava como nunca; e então ela destrancou a porta.
Ela ficou paralisada por um momento apenas observando o que havia atrás.

A porta entreaberta revelava um mundo que Íris jamais poderia ter imaginado. À sua frente, estendia-se uma floresta onde tudo pulsava em uma luz prateada, etérea e vibrante. O chão, de um negro profundo como a meia-noite, contrastava com as árvores que cintilavam como estrelas caídas, formando um cenário quase intocado pelo tempo. Acima dela, o céu também era negro, pontilhado por milhares de estrelas que, em um brilho suave, pareciam se mover em ondas, como se estivessem dançando.

Íris deu um passo à frente, encantada pela visão, e seus olhos começaram a captar os detalhes das plantas que iluminavam o caminho. Folhas e galhos formavam arabescos prateados, brilhando com uma intensidade gentil, quase sussurrante, como se a própria floresta estivesse viva e conversando entre si. A luz se espalhava pelas folhas e flores, que mais pareciam feitas de pura energia do que de matéria.

Ela começou a flutuar batendo suas asas e então  percebeu que ela própria se tornara toda prateada, inclusive suas asas, suas roupas, sua pele e seu cabelo

Iris tirou de suas vestes o mapa estelar, e começou a seguir suas instruções; conforme as estrelas do mapa se mexiam, Iris percebeu que as estrelas no mundo que ela estava se moviam na mesma direção.

Foi então que ela avistou os animais, deslizando pela floresta como sombras luminosas. Uma raposa prateada a observava de longe, com olhos brilhantes que refletiam as estrelas, o rabo vasto e vaporoso, quase como um rastro de luz que flutuava ao seu redor. Mais adiante, lobos prateados se moviam em harmonia, suas patas tocando o chão sem som algum, como se fossem espectros dançando ao vento.

Ao olhar mais atentamente, Iris viu pequenos esquilos saltitando entre os galhos brilhantes, suas caudas se enroscando em um rastro de luz enquanto brincavam de galho em galho. Eles faziam pequenos ruídos quase como risadas, e cada movimento deixava no ar um leve brilho, como poeira de estrelas. Nos galhos mais altos, alguns pássaros de plumagem prateada gorjeavam suavemente, suas asas batendo e criando ondulações de luz ao seu redor. Alguns pareciam quase se dissolver no ar, como se fossem feitos da mesma luz que envolvia toda a floresta.

Iris sentiu o coração acelerar ao perceber que estava no mundo espiritual, no Bosque Lertipreu, um lugar limial sobre o qual ela havia lido muito tempo atrás, quando era criança e desvendava os mistérios do mapa e da chave, um lugar mágico, uma outra dimensão onde cada ser era um reflexo da luz das estrelas, de certa forma espíritos.

Iris ficou parada e a raposa que a observava chegou mais perto mas saiu correndo quando vários lobos prateados correram sorrindo e dando gargalhadas, ao mesmo tempo um cavalo chegou trotando e parou diante de Iris

Iris ficou de boca aberta quando o cavalo foi cercado por uma luz prateada e se tornou uma garota que usava uma túnica prateada, seus cabelos prateados voavam para trás em uma brisa inexistente, enquanto a luz ao redor dela desaparecia

- Quem é você?

A garota perguntou. Iris não respondeu imediatamente, ela estava chocada. Notou agora que a garota não era uma fada, ela não sabia a que mundo pertencia tal pessoa que não fosse uma fada, e aqueles animais, ela só havia visto em livros

- Eu perguntei quem é você.

A garota perguntou novamente. Iris percebeu um tom de fúria em sua voz; a garota estava furiosa porque Iris não pertencia àquele lugar. Era assim que ela estava se sentindo, uma intrusa.

- Eu me chamo Iris.

- O que traz uma fada ao Bosque Lertipreu? Você não pertence a esse lugar. Vá embora.

Iris não se mexeu, ela estava em choque. Então, mexendo novamente em suas vestes, pegou a chave e um pedaço de pergaminho.

- Olha eu não sei seu nome...

A garota respondeu:

- Me chamo Shyon, guardiã e protetora do mundo espiritual , dona de todas as respostas sobre todas as dimensões.

Ao dizer isso todos os animais que estavam por perto fizeram uma respeitosa reverência.

Iris se aproximando mais de Shyon, e estendeu os objetos. 

- Há muito tempo eu encontrei essa chave e esse mapa, procuro respostas.

Shyon deu uma olhada rápida nos objetos. Então disse:

- Siga-me.

Ao dizer isso, Shyon transformou-se novamente em um cavalo e disparou, galopando com uma rapidez impressionante. Suas patas mal tocavam o chão, deixando um rastro prateado que cintilava atrás dela. Iris correu atrás, esforçando-se ao máximo para acompanhá-la, mas, ao perceber que Shyon era muito mais rápida, decidiu levantar vôo. Suas asas bateram com força, impulsionando-a para frente em meio à velocidade alucinante do rastro deixado pelo espírito.

A floresta ao redor parecia um borrão prateado enquanto elas avançavam. Árvores altas, com folhas luminosas e galhos retorcidos, passavam tão rápido que Iris quase não conseguia distinguir os detalhes. O cenário era como um rio prateado de sombras e luzes, movendo-se em ondas com o vento de sua corrida.

- Ei! Espere!

Mas shyon pareceu não ouvir, pois ela continua correndo muito rápido, Iris via como ela ziguezagueava quando aparecia uma árvore ou outro animal na frente.

Mesmo voando, Iris não conseguia alcançar Shyon; a única coisa que podia fazer era seguir o brilho do rastro prateado, cintilante como estrelas caindo. Sem perceber, ela deixou para trás o bosque iluminado e adentrou uma região de completa escuridão. O ambiente ao redor transformou-se em trevas densas, onde nenhuma luz penetrava, exceto a leve claridade de sua própria aura e a luz distante de Shyon, que seguia à frente, como um farol distante.

A única outra fonte de luz era um brilho à frente, uma abertura distante, quase como uma porta que pulsava, convidando Íris a segui-la para o desconhecido.

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