Capítulo 11
UMA POSSÍVEL AMIZADE, UM FUTURO SOMBRIO
Helianthus estava em um dos pátios do castelo, sozinho, refletindo sobre o que fazer. Ele estava confuso, preso em um dilema ou, em outras palavras, em um conflito interno. Seus pensamentos, já bastante divergentes, agora colidiam ainda mais com suas atitudes, especialmente porque ele estava profundamente apaixonado por Amarílis.
Então era isso não era ele estava profundamente apaixonado por ela uma coisa que ele nunca sentiu amor.
Amarílis, aquela fada, a pequena criança que ele conheceu tantos anos atrás, em sua única tarde de felicidade durante a infância. Em retrospecto, aqueles foram os únicos momentos realmente felizes de sua vida. Quando estava com ela, Amarílis despertava o melhor dele. Sua irmã e seu melhor amigo também eram muito importantes, mas ninguém provocava em Helianthus o que Amarílis fazia.
" Por que tudo deu errado"
Ele se perguntou imaginando como tudo poderia ter sido se tivesse acontecido diferente se sua mãe não tivesse chegado lá com os pais que amarilis.
Helianthus olhou para um galho de árvore, onde um casal de lindos pássaros dourados, com olhos tão azuis quanto safiras, piavam felizes. Ele percebeu a melodia perfeita e adorável que faziam, observando-os construírem um ninho tão dourado quanto eles. Ele sorriu, mas seu sorriso era triste, algo que refletia em seu olhar. Então, ele se lembrou daquele dia, muitos anos atrás, quando conheceu Amarílis.
Na época, ele era apenas um garoto, com não mais que oito anos, e já havia sofrido tanto na vida. Sua mãe, que ele sempre detestara, o torturava, assim como à sua irmã mais nova. Ela o forçava a fazer coisas que ele não queria, mas ele as fazia para proteger sua irmã, que sempre era ameaçada.
Naquele dia, como em tantos outros, não havia comida em casa. Por isso, ele deixou Íris em casa. Ele sempre fazia isso quando sua mãe não estava e não havia o que comer. Saía não para comprar comida, mas para roubá-la. Naquela época, ele não sabia, mas os comerciantes da feira, geralmente, não se importavam e até davam comida a ele. Mais tarde, ele descobriria que isso acontecia por medo — medo de sua mãe, um medo que ele já conhecia desde cedo.
Nesse dia, porém, não era dia de feira. Ele já estava voando há algumas horas, sem encontrar nada, pois não queria entrar em nenhum estabelecimento. Começou a pensar que voltaria para casa de mãos vazias, quando algo voando muito rápido esbarrou nele. O impacto revelou ser uma fada, com asas recém-nascidas lilases, vestindo um vestido rosa e com cabelos castanhos.
— Você deveria olhar por onde anda, garota! Aliás, o que alguém como você faz aqui? — perguntou, ainda impactado.
A garota o encarou e perguntou, confusa:
— Como assim, alguém como eu?
— Alguém de lá — respondeu, apontando na direção de onde a garota viera.
Eles conversaram por um tempo, e, em um determinado momento, Helianthus abriu suas grandes asas negras e pediu para a garota segui-lo. O Helianthus de oito anos achava engraçado ver Amarílis, com suas asas desajeitadas, tentar voar e falhar. Ele riu sem pudor e gargalhou da garota, que disse que iria pegá-lo. Depois disso, ambos começaram a brincar felizes, voando tão rápido que não perceberam quando chegaram em Νεράιδα.
Mas, para eles, crianças inocentes, isso não faria diferença. Afinal, era apenas um lugar, certo? Mas não era um lugar seguro para Helianthus ou qualquer outra fada de Mediocris, inocente ou não.
— Meu nome é Helianthus Annuus — ele disse, feliz por, pela primeira vez, se apresentar a alguém que não fugira ao saber quem ele era.
— E eu sou Amarílis. Vamos brincar de magia?
Ele não entendeu o que a garota queria dizer. Ora, ele nunca brincara com outra criança, muito menos de magia. Amarílis explicou, mas ele ainda não entendeu muito bem, então pediu para que ela começasse. A garota esticou o braço, e ele observou atentamente enquanto vários pontos luminosos surgiam e voavam em sua direção. Ele sentiu cócegas, mas não riu.
Chegou sua vez de fazer magia. Ele esticou o braço e abriu a mão na direção de Amarílis, tentando mentalizar os mesmos pontos luminosos que ela havia conjurado. No entanto, antes mesmo de conseguir, algo inesperado aconteceu, algo que arruinaria o dia das crianças, especialmente o dele. Ele estava tão feliz, mas a briga que sua mãe teve com Agave e a pequena discussão que se seguiu foram apenas o começo. Depois que Amarílis e sua mãe se foram, Helianthus foi levado de volta para casa por Zaieva e pelos guardas, sofrendo terrivelmente.
Zaieva o arrastou pelo céu de volta a Mediocris, e assim que entraram em casa, ela o jogou no chão com violência. Fez um movimento brusco com o braço, e um som agudo encheu o ambiente. Helianthus, contorcendo-se de dor no chão, gritou, mas Zaieva o ignorou e repetiu o movimento, lançando outra rajada de dor nele, que soltou mais um grito.
— Cala a boca agora! Ou você vai ver o que é dor de verdade, garoto! Engole esse choro ou vou te dar um motivo para chorar — ela ameaçou.
Ele parou instantaneamente de chorar. Sabia que, se sua mãe quisesse, o feitiço de dor poderia ser muito mais poderoso do que aquilo que estava sentindo. Então, apenas soluçou baixinho.
— Agora, responda sem mentir! Responda todas as minhas perguntas ou será sua irmãzinha quem vai sentir dor no seu lugar. Você quer isso?
Helianthus não confiava na própria voz para responder, pois sabia que, se falasse, recomeçaria a chorar. Apenas abanou a cabeça e abaixou os olhos, mas isso foi um erro. Zaieva fez outro movimento brusco com o braço, e ele sentiu uma chicotada de dor, mas não gritou nem gemeu.
— Olhe para mim quando eu estiver falando com você!
Ele ergueu o olhar, e, como não sentiu outra onda de dor, ficou parado, temendo que o próximo movimento trouxesse ainda mais sofrimento.
— Por que você não estava em casa?
Helianthus demorou a responder, o que irritou Zaieva. Ela odiava se irritar, então ergueu o braço e lançou outra rajada de dor sobre ele. Finalmente, ele respondeu, gaguejando:
— Fo… fome, mamãe. Eu e Íris… então, eu saí para procurar comida.
— Em Νεράιδα, Helianthus? Quantas vezes eu te disse para não ir lá!?
Outra rajada de dor o atingiu, mais forte desta vez. Ele gritou, e seu grito carregava toda a angústia e dor que estava sentindo. A dor era como finas adagas atravessando todo o seu corpo, repetidas vezes. Ele passou cerca de 23 minutos sentindo chicotadas de dor que Zaieva lançava sobre ele, enquanto ela ria, desfrutando de seu sofrimento.
– Eu... eu... eu sei que não devo ir lá. Fo-foi um acidente, mãe. Eu não queria ir, acho que nem ela queria. Pelo menos, não foi nossa intenção. Eu estava procurando algum lugar para pegar comida e ela esbarrou em mim. Então, a gente começou a brincar e, quando percebemos, já estávamos lá, mamãe.
Ele não sentiu outra rajada de dor. Achava que era porque não mencionara o nome de Νεράιδα, pois tinha medo de dizê-lo e apanhar de novo.
– Você pensou o quê, Helianthus?
Ela perguntou parada olhando ele no chão então e ele com a voz chorosa respondeu
– Eu estava brincando com ela e achei que a gente pudesse ser ami...
– Amigos?
Zaieva disse a palavra com nojo, como se fosse algo contagioso e letal. Então, ela movimentou o braço rápido demais, e Helianthus sentiu outra dor percorrer seu corpo, mas não foi como todas as dores que ela já tinha lançado sobre ele por mais forte que se fossem essa tinha o peso que ele nunca sentiu foi a surra mais forte que ela deu a ele em toda sua vida, o garoto se contorceu no chão , soltando mais um grito.
– Você pensou que vocês iriam ser amigos? Helianthus, você achou que chegaria perto da princesinha queridinha de Νεράιδα e que seriam amigos? Que ideia ridícula!
Ela disse com sarcasmo, dando as costas ao garoto no chão, que voltara a chorar. Porém, ao se virar de novo, Helianthus viu algo que o assustou ainda mais. Não era o mesmo olhar de fúria assassina de momentos atrás. Parecia haver algo diferente brilhando em seus olhos.
– Mas que bela ideia, Helianthus. Acho que você não é tão ingênuo quanto parece.
Então, Zaieva fez algo ainda mais inesperado. Ela o ajudou a se levantar, abraçou-o e o carregou até o quarto.
– Você deve dormir agora, meu filho. Na verdade, todas as noites você deve dormir tranquilamente. Não o incomodarei mais durante a noite.
– Como assim, mamãe?
– A partir de amanhã, seus dias serão diferentes. Muito diferentes. Quero que o futuro rei de Νεράιδα tenha ótimas noites de sono. Amanhã, providenciarei uma cama muito mais confortável para você. Meu filho, você merece dormir como um rei, e não em trapos.
Zaieva, depois daquele dia, começou a tratar Helianthus de uma forma completamente diferente. Ah, sim, tudo fazia parte de seu grande plano.
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