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Tome cuidado, para que não lhe seja oferecida uma aventura que, se aceita, o mergulhará na mais profunda desgraça.

ㅡ J. M. Barrie


Elizabeth Darling não era o tipo de pessoa que costumava ter muitos pesadelos.

Entretanto, naquela noite ela teve um pesadelo.

E quando acordou, nada mais seria o mesmo.

Tic tac.

O barulho de um relógio soou através do vazio preenchido pela escuridão esmagadora.

ㅡ Wendy Darling. ㅡ o nome dela parecia ser sussurrado por todas as direções, sussurrado por uma voz grotesca que exalava perigo e dor.

Tic tac.

Novamente o som do relógio soou, parecendo um lembrete constante de como o tempo dela era curto. De como a morte parecia estar a rondando.

ㅡ Preparada para morrer, Wendy Darling? 

Elizabeth acordou assustada.

Seu coração batia como louco e ela ainda conseguia ouvir o som do relógio dentro de sua cabeça.

Uma brisa fria a atingiu e confusa ela olhou para sua janela.

A mesma janela que estava trancada com um cadeado dês da manhã de seu aniversário de dezesseis anos à quase um ano atrás.

Para o total espanto de Elizabeth, sua janela estava aberta, totalmente aberta, o enorme cadeado estava longe de ser visto.

Confusão inundou a mente de Elizabeth. Ela se sentou rapidamente na cama e ligou seu abajur.

A luz da lua junto da luz do abajur permitiram que Elizabeth visualizasse uma figura masculina de costas para ela observando sua estante de livros, um livro caído aos seus pés.

ㅡ Você estava tendo um pesadelo? ㅡ a voz dele tinha um sotaque diferente, antigo, era uma voz jovem e atraente.

Elizabeth arregalou os olhos e ligou as luzes do quarto.

O desconhecido se virou para ela, ele usava roupas verdes simples, seus cabelos loiros com tons de cobre, estavam bagunçados e seus olhos, seus olhos eram verdes, mas não um verde qualquer, parecia que havia uma floresta dentro dos olhos dele, eram os olhos mais verdes que Elizabeth já havia visto, e talvez os olhos mais bonitos que ela já havia encarado.

ㅡ Quem diabos é você? E como diabos você entrou no meu quarto?
ㅡ Elizabeth perguntou pegando o abajur da sua mesa de cabeceira e o apontando para o desconhecido de olhos verdes.

ㅡ Eu sou o Peter. ㅡ o garoto alto disse, um sorrisinho presunçoso em seus lábios avermelhados. ㅡ Peter Pan. ㅡ ele continuou. ㅡ E eu entrei pela janela, eu a abri com magia.
ㅡ ele disse com tranquilidade.

A cara de Elizabeth foi impagável, e depois de ficar um minuto inteiro em choque, ela se pegou gargalhando do desconhecido e potencialmente ladrão.

ㅡ Um segundo. ㅡ ela pediu enquanto tentava regular a respiração, achando mais graça da situação do que deveria.

Peter a encarou confuso, não sabendo ao certo qual era a graça que ela estava vendo.

ㅡ Tudo bem ladrãozinho, sua piada foi ótima, realmente ótima, por esse motivo, e pelo trabalho que você teve pra arrombar a minha janela, eu vou te deixar ir sem ligar para a polícia. ㅡ Lizzie murmurou com um leve sorriso nos lábios.

ㅡ Piada? ㅡ Peter perguntou confuso.

Elizabeth arqueou uma sobrancelha. Talvez o ladrãozinho fosse meio burro ou meio lerdo. Talvez os dois.

ㅡ É. Sobre você ser o Peter Pan e abrir minha janela com magia.
ㅡ Lizzie disse como se fosse óbvio.

Peter riu levemente.

ㅡ Mas não é piada, meu nome é Peter Pan e eu abri sua janela com magia.
ㅡ o garoto disse como se isso também fosse algo óbvio.

O aperto de Elizabeth aumentou no metal do abajur e ela olhou para o celular na mesa de cabeceira.

Seu melhor amigo ainda estava a mandando mensagens.

ㅡ Olha ladrãozinho, porque você não faz o favor de parar de mentir e ir embora antes que eu perca a paciência e ligue pra polícia?

ㅡ Eu não estou mentindo Elizabeth.

ㅡ Como diabos você sabe meu nome, seu delinquente? ㅡ Elizabeth perguntou assustada.

ㅡ Como eu disse, eu sou o Peter Pan e você me chamou.

ㅡ Você não acha mesmo que eu sou estúpida o suficiente pra acreditar que você é o Peter Pan né?ㅡ Elizabeth apontou o abajur para o menino.

ㅡ Você desejou algo não é Elizabeth? Antes de se deitar. ㅡ o garoto disse se aproximando lentamente da cama de casal da menina, a Darling o encarou assustada. ㅡ Você desejou nunca crescer, e seu desejo chegou até a Terra do Nunca. Eu escutei sua voz, e percebi como seu pedido era sincero, muito sincero.

Elizabeth arregalou os olhos assustada e se preparou para acertar o garoto com o abajur, entretanto Peter segurou o objeto quando ela tentou o bater.

ㅡ Eu vim até aqui te propor algo. ㅡ o garoto disse, um sorriso estranho em seus lábios, uma satisfação estranha em seus olhos, o coração de Elizabeth acelerou e um arrepio passou pelo corpo dela.

O sorriso do menino aumentou quanto de repente os pés dele saíram do chão e ele começou a levitar e levitar até se sentar no ar com as pernas cruzadas.

Elizabeth se afastou do menino o mais rápido que pôde, tentando se levantar e se embolando com seu edredom no processo.

Peter voou até a garota que estava do outro lado da cama, seus olhos arregalados e suas mãos trêmulas.

ㅡ Eu disse que eu não estava mentindo. ㅡ Peter disse calmamente, como se falasse com uma criança. Ele colocou o abajur dela na outra mesa de cabeceira.  ㅡ Eu não vou te fazer mal algum, não precisa sentir medo de mim.

ㅡ Você está sentado no ar bem na minha frente, desculpe se eu não estou pulando de alegria por estar presenciando algo fodidamente bizarro. ㅡ Elizabeth falou um minuto depois.

Peter riu levemente, achando a garota engraçada de uma forma diferente do habitual.

ㅡ Lamento muito por ter a assustado. ㅡ ele se desculpou. ㅡ Você acredita que eu sou o Peter Pan agora?

Lizzie o encarou, sua respiração pesada e as mãos ainda trêmulas, sua cabeça tentando processar tudo o que estava acontecendo, tentando processar que o garoto desconhecido na frente dela estava voando e aparentemente era realmente o Peter Pan das histórias.

ㅡ Nada disso faz sentido. ㅡ Lizzie murmurou. 

ㅡ É normal estar confusa, mas não posso ficar aqui por muito tempo, você tem que decidir rápido Wendy. ㅡ Peter disse, seus pés voltando para o chão. 

Elizabeth se virou para ele, um fogo em seus olhos que não estava lá a um segundo atrás.

ㅡ Meu nome é Elizabeth. Elizabeth! ㅡ ela elevou o tom de voz. ㅡ E decidir o quê exatamente ?

Do lado de fora, Bethoveen começava a latir desesperadamente, enquanto arranhava as portas dos fundos. 

ㅡ Bethoveen. ㅡ Lizzie murmurou e se levantou correndo até sua janela, seu cachorro não podia ser visto por ela.

ㅡ Elizabeth, você tem que decidir logo.

ㅡ Decidir o quê ? ㅡ ela se virou para encarar o menino ao lado dela, ele era alguns centímetros  maior, e ele olhava para Elizabeth fixamente.

ㅡ Eu vim até aqui para te propor algo. ㅡ ele relembrou. ㅡ Você chamou por mim, e eu estou aqui pra te levar para Terra do Nunca, se você assim desejar.

A declaração pegou Elizabeth desprevenida. Ela? Na Terra do Nunca? Quando ela era criança ela pensava muito nisso, em se aventurar por aí, mas agora? Ela realmente queria isso? Queria realmente deixar tudo que ela conhecia? Seu melhor amigo, seu cachorro, sua avó, sua vida.

ㅡ Pense bem Elizabeth, na Terra do Nunca ninguém a diria o que fazer, como se vestir, como se comportar ou se você deve ou não se casar, você seria livre, dá pra imaginar? ㅡ ele continuou, parecendo menos inabalável. 

ㅡ Mas-

ㅡ Eu ouvi sua avó falando com alguém mais cedo, assim que cheguei, ela estava marcando a data do seu casamento. ㅡ Peter informou. Elizabeth arregalou os olhos e deu alguns passos para trás em choque, as mãos abraçando o próprio corpo. 

ㅡ Eu posso ajudar Elizabeth. Posso te levar para longe, para um lugar melhor, não era isso que você queria? Não foi por isso que você me chamou? ㅡ Pan continuou, suas palavras deslizando na mente de Elizabeth como música.

Passos soaram pelo corredor, os olhos de Peter se tornaram urgentes.

ㅡ Rápido Elizabeth, você precisa se decidir. ㅡ ele pressionou.

Elizabeth estava em um frenesi de pensamentos, decidida ela correu até o closet, vestindo uma calça jeans e um moletom por cima do pijama. Ela também jogou algumas roupas e outras coisas importantes dentro de uma mochila que ficava no closet e voltou para o quarto se achando louca.

Peter estava sentado no beiral da janela dela, olhando para as estrelas.

Elizabeth parou por um momento, algo dentro dela a dizendo que ela não deveria fazer o que estava prestes a fazer, ela deu um passo para o lado, em direção a porta de saída, entretanto, passos soaram novamente a assustando, Peter se virou para ela, seus olhos verdes brilhando, ele se levantou e se aproximou dela.

ㅡ Elizabeth? ㅡ a voz de sua avó soou do outro lado da porta, ela bateu na porta rapidamente. ㅡ O que está acontecendo? Por que as luzes estão acesas? 

Elizabeth se virou para a porta, entretanto, Peter segurou seu queixo levemente e a fez o encarar.

ㅡ Eu posso salvar você Elizabeth, me deixe salvar você. ㅡ ele sussurrou, sua mão livre sendo estendida para a garota.

ㅡ Meu Deus, não, ele está aí não é? 
ㅡ a avó de Elizabeth parecia desesperada ao lado de fora. ㅡ Não confie nele Wendy, não confie-

Barulhos de chaves soaram, mas Elizabeth estava concentrada demais olhando os olhos dele, quase como se ele tivesse a enfeitiçado. 

ㅡ Liberdade Elizabeth, não foi isso que você sempre quis? Eu posso te dar isso. Você só precisar pegar minha mão e então você estará salva. Nada de casamento ou alta sociedade. ㅡ ele sussurrou levemente. ㅡ O que você me diz, Elizabeth Darling?

A chave foi inserida na fechadura da porta, Bethoveen derrubou a porta dos fundos e correu desesperadamente escada acima.

Peter a encarou, esperando pela resposta dela, ansiando por isso, seus olhos estavam selvagens agora e eles eram a coisa mais linda que ela já havia visto.

A chave foi rodada, Bethoveen chegou ao corredor do quarto da dona.

ㅡ Eu aceito. ㅡ ela murmurou selando seu destino.

Peter Pan sorriu, um sorriso prepotente, seus olhos brilharam com malícia. 

A avó de Elizabeth Darling adentrou o quarto da garota, Bethoveen logo atrás, as luzes estavam acesas, a cama desarrumada, a janela aberta, as cortinas sendo balançadas pelo vento.

Um livro estava no chão. O nome Peter Pan parecia zombar da mulher idosa, deixando claro quem havia vencido.

E Elizabeth Darling não estava em lugar algum de seu quarto.

Ela havia sumido.

O Monstro havia a encontrado.

I. Olá pessoas, isso não é uma alucinação, eu finalmente postei capítulo dessa história.

II. Mas me digam, o que acharam do capítulo? Gostaram?

III. Por hoje é só, mas nos vemos em breve.
Byee ♡.

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