No entanto...

... me lembro como se fosse hoje, apesar de ter sido ontem…

Ao despertar na manhã seguinte as vozes foram novamente embaralhadas em minha cabeça e após exatos três dias uma nova frase surgiu.

Ela era muito prática e ia de encontro com a minha excelente performance.

“Pare de prestar atenção e as vozes desaparecerão!”

Fiz exatamente o que a voz me mandava, um autômato perfeito.

Me medicava, dormia, acordava, tomava banho, comia alguma coisa, lia para distrair meus pensamentos, uma rotina muito equilibrada.

Alguns dias depois a voz me deixou e, é claro, o zumbido voltou.

Só que agora reparado, não era mais aquela turbina de avião, estava mais para um leve apitinho igual ao de uma panela de pressão quando começa a ferver.

Como se fosse uma nova pessoa, totalmente recuperada, um mês depois eu voltei para me consultar com o psiquiatra e o cumprimentei efusivamente, afirmando que ele conseguira me devolver a paz que eu precisava para retornar para a minha vida normal.

O zumbido que eu tinha, que ele prontamente me disse que provavelmente viveria comigo até o fim da minha vida, agora não causava incômodo algum.

Finalizei lhe dizendo que ele conseguira me salvar, pois eu estava prestes a tirar a minha vida e ele praticamente me curou.

Fui muito sincero com o psiquiatra, de fato ele me salvou. Ele só errou numa coisa: o zumbido, alto ou baixo, pelo menos este que eu ouvia levemente agora, não morreria comigo. Nisso ele se enganou redondamente.

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