• Actitud •

Capítulo 1 - O início.

As luzes fortes incomodavam a mulher que minutos atrás dormia tranquilamente em sua cama, mas a voz estridente de Zenaki Suhaylah fez Eleanor se contorcer exasperada pela presença da mãe.

— Você não vai deixar de ir hoje, Eleonora! — exclamou animada para a filha, que já estava sentada na cama passando as mãos sobre o rosto sonolento.

— Não me chame de Eleonora! — exclamou emburrada.

Para infelicidade da engenheira, seu pai fez o favor de registrá-la da maneira que mais lhe agradava, não acatando ao desejo de sua mãe que até hoje insistia em chamá-la da maneira errada, Eleonora e não Eleanor.

— Você sabe que o papai só convidou para não parecer grosseiro. Eu não quero ir a esse evento. — bufou estressada, amarrando os cabelos em um rabo de cavalo e levantando para ir em direção a seu frigobar e abrindo uma garrafa de água.

— Ele não fez isso, Elle. — sua mãe afirmou séria, pegando o controle das cortinas e abrindo as que ainda permaneciam fechadas. — Os cabeleireiros e maquiadores estão chegando, Chloe já avisou que os vestidos estão prontos e o motorista já foi buscar. Sem objeções, abnataya*! Ele está tentando... — Sra. Suhaylah sorriu fraco, na tentativa de não aprofundar o assunto.

Eleanor detestava os eventos de família, independente de qual delas fosse. Pessoas mesquinhas esbanjando os bilhões que tinham na conta bancária, na tentativa de serem melhores que umas às outras.
Crescer na alta sociedade nunca foi um problema para a mulher, algumas pessoas que faziam parte do meio que não deixavam o lugar ser o mais agradável do mundo.
Neta de um dos sheiks mais importantes de Dubai e com certa pressão em seus ombros não tardou em sair dos Emirados Árabes. Estudou sua vida inteira em um internato inglês e depois foi para Madrid, no intuito de fazer sua faculdade e lidar com a aproximação forçada de seu pai, que não fora presente boa parte de sua infância e adolescência.

— Não demore! O lanche foi servido no terraço, passe para comer alguma coisa! — escutou as últimas ordens da mãe e observou-a andar elegantemente sobre seus saltos finos, ultrapassando a porta de seu quarto.

Pior do que ser neta de sheik em Dubai, era ser filha de Florentino Pérez em Madrid. Ter seu rosto em diversas sites de fofocas e perceber olhares gordas em cima de si era algo que a incomodava, afinal privacidade era algo que ela fazia questão de ter.

Naquela noite, teria o jantar de Natal do Real Madrid, e ela como filha do presidente do clube foi convidada juntamente com sua família para prestigiar a comemoração.

Pensava seriamente nas diversas formas de se livrar do compromisso daquela noite, mesmo sabendo que não conseguiria, após um belo banho e diversas fungadas contrariada foi até o terraço ao encontro de Zenaki.

— Se não é a minha princesa! — a mãe da mulher exclamou, atraindo todos os olhares para cima da engenheira.

— Boa tarde. — cumprimentou as pessoas presentes e foi em direção à sua mãe que já estava sentada fazendo babyliss em seu cabelo. — Você está incrível, assim o coração jovem de papá não vai aguentar. — riu do próprio comentário, recebendo uma revirada de olhos.

Zenaki, era a princesa da família Suhaylah. A aventureira que passou boa parte da sua vida viajando, parou em Madrid onde conheceu Florentino Pérez, com quem viveu um romance proibido de um ano, resultando em uma gravidez precoce. O desespero tomou conta da adolescente que na época preferiu voltar para sua terra e o braço de seus pais, que por muito tempo jogaram na sua cara o erro que ela tinha cometido. Zenaki que sempre se mostrou forte e independente fez de tudo para que Eleanor tivesse tudo de melhor, a poeira baixou e os pais da mulher apesar das críticas da sociedade estavam felizes com o nascimento da neta.
O erro que eles tanto amavam, a engenheira de nanotecnologia, a filha e neta excepcional, número um em todas as atividades que fazia e mestre em fugir de ocasiões especiais.

— Você está linda. — escutou de sua mãe, assim que terminou de fechar o colar em seu pescoço.

Observava seu reflexo a sua frente e sentia satisfação, analisou o coque frouxo, o vestido preto com plumas, e sua famosa maquiagem clean.
Simples. Preferia sempre ser simples, sem atenções e reservada, situações não muito frequente em sua vida.

Os flashes no carro que estava com sua mãe e seu padrasto os cegavam a medida que se aproximavam à Ciudad Real Madrid. O motorista abriu a porta do carro e cumprimentou os três educadamente.
Entraram no salão atraindo os olhares da comissão técnica e de boa parte dos jogadores que já estavam presentes.
Foram até a mesa que estava reservada para eles se familiarizando rapidamente com as pessoas dali.

Eleanor cumprimentou seus irmãos e sentou ao lado de María Pérez, meia-irmã alguns anos mais nova.

— Onde está o papá? — perguntou em um sussurro, agradecendo ao garçom que acabara de servir sua taça de champanhe.

— Circulando. — respondeu dando de ombros. — Soube que o Aarón passará uma temporada em Madrid, eles já sabem? — María se referiu aos seus pais, que insistentemente tentavam fazer acontecer um casamento arranjado entre a mulher e seu melhor amigo.

— Não, mas com certeza ele aparecerá pela minha casa e pela sua, então cedo ou tarde saberão. — suspirou alto, incomodada com a situação que sempre a deixava envergonhada, mesmo que para seu melhor amigo fosse motivo de boas risadas.

Eleanor aproveitou a noite, falou superficialmente com todos e logo preferiu voltar para casa, sem atenção, olhares e motivos para que falassem dela. Com o intuito de encerrar a noite, caminhou elegantemente até a mesa em que o pai estava, pronto para se livrar daquela festa.

— Com licença! — pediu, atraindo os olhares de alguns jogadores que conversavam com Florentino. — Papá, eu tenho que ir, amanhã tenho que estar cedo no trabalho, podemos sair para jantar? — abaixou e aproximou do pai sussurrando no ouvido do senhor.

— Claro que sim, mi hija! Ligo para você. — abraçou a filha, que retribuiu ainda desconcertada pela intimidade que os dois estavam construindo. Pediu licença e deu um aceno de cabeça como despedida para os demais.

Se despediu sorrateiramente de quem tinha mais intimidade e do mesmo jeito caminhou lentamente em direção ao carro que estava apenas aguardando por ela. Ouviu seu nome sendo proferido e foi impedida assim que sentiu uma mão agarrando seus braços.

O homem colocou as mãos no peito, ofegante, tentando recuperar seu fôlego pela corrida que tinha acabado de fazer para alcançar Eleanor. Ela aguardava silenciosa, analisando minuciosamente tudo o que o homem à sua frente fazia.

— Florentino pediu para que eu te entregasse isso. — puxou um pedaço de guardanapo de seu bolso, estendendo para a árabe. — Ele pediu para abrir quando chegar em casa, ordens dele. — o homem sorriu brincalhão, na esperança de uma resposta positiva da mulher.

Eleanor estreitou os olhos desconfiada da ação do jogador que permanecia parado a sua frente. Puxou o papel da mão dele e no mesmo instante abriu, percebendo os olhos arregalados do homem ao ver a reação rápida da engenheira.

"Gostaria de levá-la para jantar algum dia. Entenderei como confirmação se aparecer no próximo jogo.
xx Nacho Fernandez xx"

— Obrigada. — agradeceu, observando as bochechas do jogador adquirirem um tom mais avermelhado.

Sem delongas esticou as mãos devolvendo o pedaço de guardanapo e deu as costas para o jogador que não esperava tal atitude.

— Foi um prazer conhecê-la. — vociferou mais alto, recebendo um polegar positivo como resposta da mulher que já estava de costas entrando em seu carro.

Eleanor que estava mais preocupada com o fim das férias só pensava no quanto precisava de uma hidromassagem naquele noite.

Nota da Autora:
1. abnataya: filha em árabe.
2. Aáron Gárcia é um personagem de autoria da sterndsuedens ainda em andamento.
3. Chloe Ortega é uma personagem de minha autoria, vocês podem encontrar a fanfic em meu perfil e terão acesso à Destiny.
4. Eleanor tem um instagram @eleanorperezs  fiquem a vontade para conhecê-la melhor.

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