CAPÍTULO 43 - CAEL MARTEL - PARTE 02

Cael Martel

Eu não conseguia raciocinar, tanto que comecei a rir sem parar, ao ponto de deixar o cara sem graça.

- Como vocês dois não são gêmeos? Você é a cara do Yuri.

- Moço, você está me constrangendo! Mas obrigado mesmo assim! Olha, eu preciso ir...

- Não! Não, por favor não! Desculpe meu jeito. É que fiquei em choque ao ver a miniatura do Yuri Martel.

- Você é algum ex namorado dele?

- Não!

- Eu só quero deixar avisado que, por mais que eu seja quase irmão gêmeo (com 10 anos de diferença um do outro) do Yuri, eu não sou gay, se é isso que quer saber.

- Não, que isso! Prazer, meu nome é Cael Martel – disse cumprimentando-o.

Ele me encarou como se fosse uma assombração e deixou o seu copo de acrílico cair no chão!

- Sou o seu primo do sul – disse puxando ele para um abraço.

- Me desculpe não o reconhecer, é que eu nunca tinha o conhecido de verdade. Veio fazer o que aqui em Sampa?

- É uma longa história, mas teremos muito tempo para conversarmos!

Ao fundo, Yuri observava-nos com o sorriso mais estampado da face da Terra. Ele deveria estar naquele misto de felicidade com medo do irmão o rejeitá-lo. Yago ainda me encarava com olhar sério.

- Mal posso deixar o Cael e ele logo já vai conhecendo homens aqui – disse o Yuri chegando ao nosso lado.

Yago colocou a mão na boca para conter o choro, mas era inevitável. Yuri, com todo aquele tamanho todo, envolveu o pequeno Yago em seus braços e o espremeu. Ambos estavam abraçados, no meio da boate bombando, chorando como duas crianças, durante uns 15 minutos. Eles se abraçavam, se soltavam, davam beijos na bochecha, se olhavam. Eu estava ali parado em meio a um monte de homem suado, sem camiseta. A única coisa que podia fazer era esperar.

- Você é namorado do meu irmão? – perguntou uma moça vindo e me abraçando.

- Deus do céu! Vocês todos nasceram da mesma placenta? – perguntei a versão feminina do Yuri.

- Todos falam isso, mas não! temos 01 ano de diferença entre idade.

- E não, sou seu primo Cael!

- Jura? Meu primo Cael, fazendeiro?

- Exato!

- Muito prazer te conhecer – disse ela vindo num abraço apertado.

- Desculpe se ofendi, mas vestidos assim, iguais, falaria fácil que vocês são namorados. Ficou lindinho vocês dois usando a mesma roupa.

- Não, apenas somos primos mesmo! Mas esse lance de vir com a mesma roupa é do seu irmão!

- Bem a cara dele!

- YARAAAAAAAAAAA – berrou o Yuri soltando o Yago e quase quebrando a menina no meio.

E mais uma vez eu fiquei sozinho enquanto os três se abraçarem e conversar entre eles. Fiquei um pouco com o coração apertado de ver aquela cena linda e lembrar de algo que poderia ter tido, mas a vida me levou. Deixei os 03 em família e fui até o bar pegar outra bebida.

- Ficou bonito com essa roupa gaúcha – disse um rapaz atrás de mim.

Ao contrário de vários homens ali, no qual o Yuri dizia ser barbie, esse rapaz era do meu tamanho, barbudo, parrudo que nem o Yuri, com dentes tão brancos que poderiam ser facilmente vistos do outro lado da pista.

- É nessas horas que você agradece o elogio ou manda eu ir embora... – disse ele abrindo um sorriso lindo.

"Na verdade, esse sorriso, mais whisky me deixou completamente sem jeito!"

- Me desculpe – respondi sem jeito – acho que estou meio bêbado. Muito obrigado pelo elogio.

Ele apertou minha mão e veio me dar um abraço forte. Depois, ficou apenas um palmo de mim, olhando dentro dos meus olhos e aquele sorriso que estava me deixando completamente excitado. Me afastei um pouco antes que ele me agarrasse.

- Me chamo Cael.

- Meu nome é José! Lindo nome Cael. Bem diferente. É daqui de Sampa?

- Não, venho de muito longe. Bem longe, na verdade. Minha cidade fica tão longe que nem sei se está no mapa.

Ele apenas ria e eu apenas não conseguia parar de sorrir para ele. Nunca na minha vida eu tinha sentido atração por bocas. De verdade era a parte do corpo que eu menos prestava atenção. Mas a dele, estava tão irresistível, que eu mal parava de lamber meus lábios na vontade que fiquei de beijá-lo.

- Faz o que da vida? – perguntou ele encostando seu rosto no meu, passando sua barba em minha orelha.

"Filha da puta!"

- Sou fazendeiro e peão de rodeio você?

- Nossa, que bacana! Peão de rodeio, tipo: daqueles que montam em touros?

- Esse mesmo!

- Nunca tinha conhecido um peão antes. E por favor, não se ofenda! É que geralmente não vem peões para esse tipo de balada.

A cada pergunta ele encostava um centímetro mais perto de mim, até que por fim, colocou a mão na minha cintura e não tirou mais. Pelo que eu entendi sobre o Yuri, não havia nada de errado em colocar a mão uns nos outros. Eu estava todo meloso com uma cara que eu não conhecia. Talvez porque era primeira vez que estava sendo cortejado por homens.

- Entendi! – respondi todo bobo - e o que você faz?!

- Professor de português!

- Nunca conheci um professor de português! Na minha escola era apenas mulheres. E que vergonha, você vai ficar reparando na forma que eu falo!

- Sou professor de português nas escolas de segunda às sextas. Sábados, domingos e feriados eu sou apenas o José.

- Interessante a forma de pensar!

- Por quê?

- Porque tenho que ser fazendeiro de segunda a segunda – disse fazendo o rapaz sorrir.

- Então você mora longe de toda civilização, é fazendo, é peão de rodeio, é o mais lindo da balada? Quem é o idiota que te deixou sozinho?

- Que xavequinho que 04ª série amigão! E vamos lá fora "amor" – disse o Yuri entrando no meio de nós dois e segurando minha mão com força.

Meu estômago afundou na hora. Estava tão hipnotizado pelo paulista lindo que mal dei conta que estava com Yuri.

- Você é o Yuri Martel – disse rapaz ficando sério – me desculpe, não sabia que o Cael estava....

- Namorando? Sim, estamos! Ele faz questão de lembrar a cada 02 minutos que até estranhei ele não comentar contigo, não é "amor"?

- Eu e o José estávamos trocando uma ideia apenas...

O Yuri me olhou com uma cara de "zero amigo". Sem falar no papelão que paguei. Há horas atrás meu ataque de ciúmes no carro. Agora já estava quase agarrando o rapaz na balada. Era bom ficar com a cabeça baixa e prepar o psicológico para o sermão. Ele me puxou com força para fora da boate, chegando ao lado dos irmãos.

- Então amor, 05 minutos sozinho e já me dando galho?

- Eu não estava fazendo nada!

- Quiçá eu quando estava com meus amigos!

- Que está acontecendo? – perguntou a Yara apontando para nossas mãos dada.

- Achei que você não fosse gay! – disse o Yago olhando para irma.

- É, foi que ele me disse!

- Não somos nada! Ele tá com medo que eu saia usando drogas, por isso não quer que eu fique sozinho por aí! Então combinamos de sermos namorados de mentirinha e andarmos de mãos dadas pela boate! Diz ele que isso evita que todos fiquem pulando no meu pescoço– disse ele ficando roxo de raiva – ai fui encontrar vocês e estava ele lá, quase abraçadinho com o cara.

Na verdade, meu coração até encheu de alegria ao vê-lo enciumado por mim. Sempre ouvir dizer que ciúmes é bacana, mas nunca tinha acontecido comigo.

- Cael faz bem pedir isso a ele! Yuri parece cadela no cio quando está andando sozinho. Todo mundo vem em cima.

- Mas eu não estou fazendo nada! Estou sendo eu mesmo.

- Ninguém está te contrariando. Apenas achamos certo o Cael pedir que você fique com ele. Se realmente o lance for drogas.

- Eu, depois de ver o Yuri dessa forma, dúvido que seja apenas drogas o problema! – disse a Yara sorrindo.

- Cala a boca idiota! – disse o Yuri soltando a minha mão e indo abraçar o irmão.

- Tá, tá bom então! – disse a Yara fazendo gestos de "tá bom" com as mãos – Cael eu não conheço, mas os meus irmãos.

- Mudar de assunto gente. Se eles disseram que não tem nada, então não tem nada e pronto.

- E então Cael, o que vai ser? Estamos ainda de acordo ou você quer mudar de opinião?

Estava tão penetrado na conversa que mal me dei conta que estava ali.

- Vai continuar com o acordo Yuri – disse o Yago abraçando o Yuri e tampando a boca dele com a mão.

- Que porra, o Cael tem boca e pode responder por ele mesmo! – disse o Yuri soltando dos braços do irmão e ficando de mãos dadas com o ele – Vai Cael.

- Continua... o... acordo... que eu fiz – respondi sem graça, com a voz falhando, enquanto os três Martel me encaravam.

E mais uma vez chegou um dos fãs do Yuri, abraçando ele ao ponto de tirá-lo do chão e o enchendo de beijos. Ele ficou abraçado com o cara enquanto eles colocavam a amizade em dia.

"Por que tem que ficar agarrando todo mundo?!"

- Viu? – perguntei para Yara e o Yago e concordaram comigo.

O Yuri percebeu que ele era o assunto da roda e logo despediu do amigo. Ficamos lá fora, nós três, enquanto amanhecia. Yago e o Yuri quase não se desgrudavam. Era uma melação que, quem nãos os conheciam, facilmente diriam que eles formavam um casal.

- Eu sempre disse aos meus pais que os dois eram namorados! Que era incesto, mas ninguém me deu bola – disse a Yara me tirando do transe – Eu de você ia lá e puxava o Yuri pelos braços, já que ele ficou enciumadinho por você!

Que capacidade infernal de ler meus pensamentos ela tinha.

"Ou será que estava ficando cada vez mais perceptível meus sentimentos por ele?"

- É eu deveria mesmo!

- Você realmente não sente nada pelo meu irmão?

- É... sentir o quê?

- Cael, você não tira os olhos dele. O encara de cima embaixo e está batendo os pés, com esse tique nervoso, louco para falar com ele.

"De fato ela lia pensamentos!"

- Olha, de fato eu estou querendo falar com ele, até porque eu só conheço aqui em Sampa. Sem ofende-la!

- Não ofende, fica tranquilo. Mas Cael, tem certeza que é apenas isso? Você é um cara que seus olhos te entregam sabia? Juro que quero o melhor para meu irmão. Não sou de ficar fofocando.

- Obrigado, mas eu não sinto nada por ele. Gosto dele, mas é apenas isso! Ele se tornou um irmão para mim.

-YURI! O CAEL DISSE QUE VOCÊ É "APENAS" UM IRMÃO PARA ELE – berrou ela no meio da The Week.

"Desgraçada!"

- Que vocês estão falando aí? – perguntou o Yuri chegando de mãos dadas com o irmão perto de nós.

Minhas bochechas e orelhas estavam em brasas.

- Ele disse que te considera um irmão para ele. Levando em consideração que vocês e o Yago se comem, ele te ama!

- Que tosca! Tudo isso é inveja Yara? Que o Yago ama mais eu que você?

- Inveja de duas veadas? Nunca! Olha quanto homem aí – disse ela apontando para vários homens lá fora - Agora que já ficou a boate toda com seu irmão, poderia fazer a gentileza de leva-la ao banheiro? Juro Cael que arranco o "pintinho" dele se ele der a mão para algum cara longe de ti. Além do mais, já que são namorados de mentirinha, não tem problema o seu namorado andar com sua cunhada.

"Que porra! Mais uma vez um dos irmãos tirando o Yuri perto de mim."

- Sua irmã o chamou de veado! Tu disse lá no bar que não era.

- E sou hétero! Yuri é meu irmão, sempre fomos muito apegados. O que o povo pensa a respeito de mim, nem me atinge.

- Desculpa se ofendi!

"Eu querendo ser o gentil e só estou dando bola fora!"

- Imagina! É essa tosca que fica enchendo o saco. Tudo o que o Yuri e a Yara falar, você não considera.

- E as pessoas não pegam no seu pé por ficar agarrado com o Yuri?

- Na verdade eu ia mesmo perguntar sobre você ser homem, mas já que tocou no assunto...

- Para ambos eu estou pouco me fodendo o que as pessoas acham! Nem perco tempo com comentários de estranhos. Tenho 25 anos, trabalho, sou formado e ninguém paga minhas contas. Sobre ser hétero, hétero que é hétero, não fica se importando com o que os outros falam. Porque quando você tem sua sexualidade definida, pouco importa o que vão achar de ti. Se você mãos dadas, beija outro cara no rosto, brinca com seus amigos...O importante é as pessoas pararem de procurar atingir as outras e cuidar mais das suas vida.

"É Cael, foi falar o que quis...!"

- De verdade Yago, não quis ofender!

- Relaxa Cael, não ofendeu – disse a miniatura do Yuri após um ano de Crossfit vindo e me dando um abraço forte.

- Caramba! Como você é forte – disse passando a mãos na minha costelas recém quebradas.

Ao fundo Yuri e Yara voltavam do banheiro quando mais um "amiguinho" o agarrou. A Yara que não percebeu que o irmão tinha ficado para trás, se juntou a nós me dando um abraço e um beijo na bochecha O Yuri estava todo meloso com um musculoso que deveria dar dois dele.

"Por que tem que ficar agarrando todo mundo?!"

- Agora te entendo Cael, meu irmão é foda! Mas não fica grilado não, aqui é normal amigos ficarem assim.

- MAS POR QUE ELE TEM QUE FICAR AGARRANDO TODO MUNDO? – perguntei aos berros.

Mas meu sentimento falou mais alto naquela hora. Já estava saturado de monte de caras ficarem agarrando o Yuri a noite toda. Se isso era sinônimo de diversão, então eu não queria mais isso!

~D>OK

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