CAPÍTULO 30 - CAEL MARTEL
NARRADO POR Cael Martel
Acompanhei aquele homenzarrão imenso vindo em minha direção. Meu coração estará tão disparado que o ar entrava com dificuldade em meu pulmão. A noite anterior era uma das melhores lembranças que tive na minha vida. Era a maior sensação de felicidade desde que tive meu irmão. Dormir naqueles braços fortes, sentindo aquele cheiro, cheiro do Yuri, com o seu coro quente colado ao meu, de longe, era a melhor sensação, o maior ponto erótico da minha vida. Meu pau sempre contribuía ficando excitado ao vê-lo. Na verdade, só de ouvir a sua voz eu já me excitava. Agora, sem dúvida alguma, eu estava completamente apaixonado pelo meu primo. Bebi um gole de pinga, descendo rasgando pela minha garganta, na esperança que acalmasse meus ânimos.
- Aconteceu algo de especial nesse ser humano para ele abrir a porteira para mim? – perguntou o Yuri vindo em minha direção.
Apenas sorri por dentro, mas minha cara continuava mais seria possível.
- Já se despediu dele? – perguntou apontando o Zebu com a cabeça.
- Como assim?
- Ué, ele vai embora!
- Mas eu montei ele. Não era para ser meu? – disse ele atônito, com uma cara de espanto.
- Ok! Ele custa 04 milhões de reais! Compre-o.
- Mas não era para ser meu?
- Se fosse um touro daqui sim, mas ele não é daqui. Ele viaja de cidade para cidade para outros montarem. Mas não precisa chorar, você foi o primeiro do Brasil.
Ele fitou o animal triste. Como se eu tivesse tirado o seu maior presente. Foi até ele e ficou acariciando o animal.
- Eu vou sentir falta dele – disse ele com os olhos marejados.
Como eu estava ficando bobo. Tudo o que ele fazia era motivo de eu achar lindo.
- Mesmo o cu do mundo não evitou o tornar famoso, não é? Dois dias de fotos, aplausos, fama. Isso é você, não é?– perguntei deixando-o sério.
- Pois é! Não tinha pensado por esse lado.
- Você gosta disso? – perguntei ao vê-lo fazendo cara de que não entendeu nada - De ser o cara mais falado?
- Lógico! Mas confesso que já cansei de tudo isso!
- Capaz! – disse ele balançando a cabeça negativamente.
- Não preciso provar nada para você. Ainda mais você que é teimoso como uma mula. Mas eu queria não ser mais o Yuri Martel.
- Chega a ser ridículo pensar que você não gosta da fama. Seus olhos brilhavam na festa de ontem.
- Porque tive motivo! Porque eu estava lá! Mas se você perguntasse "Yuri você gostaria de ser famoso, de ir fazer locução, de ir em festas, montar o Zebu?" Yuri responderia que "Não!". Quero dizer, se depender de mim, não jamais buscaria a fama! Mas se eu já estiver no ambiente, ai não vejo problema.
- E por que desfazer de tudo que você tem?
- Porque não me trouxe nada além da dor para todos que estavam ao meu redor. Fui preso, mexia com drogas, vivi de orgias e putaria.
- Então sossega o facho.
- Já estou sossegado! Estou vivendo uma vida que jamais pensei que viveria. Mexer com galinha, porco, vaca, você – disse fazendo-me fechar ainda mais a cara – isso jamais sonharia.
- E depois que sair daqui? – perguntei sentindo meu estômago afundar ao pensar que esse dia chegaria.
- Gostaria muito de ter o meu espaço, trabalhar, encontrar alguém que me ame de verdade e possa curtir a minha vida a dois.
- Deve chover pessoas no seu pé. Não falta amores pra tu.
- Chove! Mas todos são interessados pela fama e pelo corpo. Todos querem atualizar o status no Facebook e colocar "relacionamento sério com Yuri Martel" e grupos de festas no Whatsapp.
- O que é isso?
- Facebook e Whatsapp? – perguntou ele atônito - Se eu te falar que é exatamente isso que procuro num homem, você ainda não acreditaria!
Continuei a encará-lo sem entender aquele sorriso.
- Ambas são redes sociais. Foram elas e mais algumas que me tornaram o cara que sou. Nelas você expõe sua vida da forma que quer. No meu caso eu mostrava tudo. Logo, atraia um bando de seguidores. Esses seguidores que querem ter se relacionar comigo. A maioria delas são tão fúteis, como eu era. Eu queria, hoje, conhecer um cara como você. Pacato, que vive de boa, se possível que não saiba o que é Facebook ou Whatsapp.
- Eu já disse para você parar com essas graças?
- Ah, para vai! Mais uma vez você acha que estou dando em cima de ti?
- Acabou de dizer que quero um cara como eu!
- Estou falando do estilo de vida e não do Cael.
A cada resposta daquelas meu coração ia apertando mais e meu estomago ficando fundo. Bebi outro gole de pinga e continua a encara-lo.
- Temos algo em comum primo, você também está achando que o "mundinho seu" gira no seu umbigo.
- Que você está falando, moleque sem noção?
- Olhe pra você: sem educação, mal encarado, de mal com a vida, nunca sorri pra ninguém, depressivo. Sem falar nesse seu de cabelo de Pocahontas com a barba de Gandalf. Só de olhar, nota-se que ele nunca vira um condicionador na vida. Gosto do seu estilo de vida e não de você!
Meu coração agora começava a espremer de tal forma que sentia que ia sair pela minha boca.
- Aposto que aquele ruivo tem tudo isso! – disse arrancando um sorriso dele.
- Alan? Ele é gentil, simpático, educado, cheiroso, cabelo e barba bem cortados. Aquilo sim é homem. O que ele sobra de gentileza, falta no coração. Ele é mais outro que quer apenas sexo comigi.
- Nossa, então já achou seu pretendente.
- Cala a boca! Não fique com esses mi-mi-mis seus ai, não. Não falei de Alan, falei de um homem de verdade. Gentil, que sorri, tem uma boa aparência, que me faça sorrir, que me leve pra passear, mesmo que seja nunca cidade aqui ao lado, apenas para tomar sorvete. Que tenha, acima de tudo, humildade. Que valorize coisas mais simples da vida como: cantar para mim, que faça um belo jantar ou me leve pra jantar, que curta uma tarde de frio, vendo filmes ou apenas batendo papo. Que me ame e consiga entender minhas manias. Então Cael, você, de longe, não encaixa nesse perfil! – disse ele soltando todo ar do pulmão e se levantando – vou lá ficar com o Zebu. É minha última noite minha com ele.
Apenas concordei com a cabeça e fui lá ara dentro tomar o meu banho. O banheiro era o cômodo mais longe da sede, então lá soltei todo o choro que havia guardado naquela conversa. Porque já não estava conseguindo conter minhas emoções que vinham do coração. Chorei por longo tempo, ao ponto de toda água do balde acabar. Me enxuguei e fui para cozinha colocar o jantar para esquentar. Pouco tempo depois, o Yuri passou por mim, com sorriso bobo e foi tomar o seu banho. Na volta ele me contara todo o plano que o meu pai tinha para tirar a montanha de mim. Mais uma vez foi um baque. Já estava emocionalmente abalado pelo cara que estava apaixonado, agora vem mais essa bomba do meu pai. Comemos em silêncio enquanto organizava meus pensamentos.
- Você está bem? – perguntou ele me encarando.
- Como ficaria?
- Apenas perguntei! Isso se chama gentileza.
- Ele pode fazer isso? – perguntei quase sem voz – Me tirar daqui?
- Tirar eu acredito que ele não vai tirá-lo, mas ele vai comandar a montanha agora. Agora você vai trabalhar para ele.
- É lógico que ele jamais me tiraria daqui! Ele quer me humilhar na frente de todos. E nada mais humilhante seria eu obedecer às ordens de todos que eu pus aqui.
- Entendo!
- Mas aposto toda minha vida que ele o colocará de gerente. Ou seja, você jamais me prejudicaria, não é?
- Por mais tentador que seja o ver sendo humilhado, eu ainda acredito no que eu vi na arena. Milhares de pessoas gritando o seu nome. Nem eu e nem seu pai jamais arrancaria tudo o que você representa para esse povo. Você é reconhecido pelo trabalho, por melhorar a vida de todos, por salvar pessoas que morreriam nas ruas. Eles o reconhecem e o seguiria para qualquer canto desse país. Eles o vê como um líder e isso não é algo que seu pai possa apontar com o dedo. Isso é algo que se conquista.
- Você acha tudo isso de mim? – perguntei sentindo minhas orelhas arderem.
- Sim! Sem dúvidas. O que você tem de estúpido, ignorante, otário, compensa como um grande líder.
Apenas o fitei em silêncio. Senti uma sensação boa vindo daquele comentário.
- Então o Cael Martel vai precisar dos favores do veado, drogado, ex-presidiario? Quanta reviravolta em poucos dias, não?
" Sim, eu precisaria daquele moleque ao meu lado!"
- Se você acha que ficará com joguinhos de chantagem comigo, saiba que não vai funcionar! Esta pode ser minha montanha, mas se a não tiver mais, ainda há ar em meus pulmões e muita força de vontade de trabalhar. Eu não passo fome! Eu não sou "chantageavel". Pode apostar nisso!
- Essa é uma das minhas maiores certezas, fica frio! Mas, antes de você supor que eu te trairia, eu lhe adiante. Yuri Martel tem coração e sabe respeitar e valorizar o melhor das pessoas.
- Hum!
- Mas me pergunto, você há anos é o rei da montanha. Por que agora ele vai querer fazer isso contigo?
- Eu não faço a mínima ideia!
- Bom, se eu puder ajudar em alguma coisa me avise. Boa noite! – disse ele se levantando e indo dormir.
Acompanhei aquele boizão indo até o seu quarto. Ele usava só um short velho e um abrigo. Suas coxas eram tão grossas que o short mais surrado dele colado ao seu corpo. Coxas grossas e tatuadas. Imagino a dor que deve ter sido ao tatuar o corpo inteiro.
"É Cael, o seu primo conseguiu o que ninguém na vida jamais conseguira, fazer o meu coração bater de novo!"
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